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O Rugby brasileiro evoluiu muito nos últimos anos, não só quantitativamente, mas também qualitativamente. Com a iniciação de jovens ao esporte em idades cada vez menores, notamos um apuramento da técnica em fases que não eram possíveis anos atrás, dedicação e disciplinas maiores ao programa de treinamento, alimentação e condicionamento físico, nutridos pela possibilidade bem real de receber (por meio do Bolsa Atleta, por exemplo) incentivos financeiros para se dedicar ao Rugby cada vez mais, algo impensável há apenas cinco ou seis anos atrás. Muitos jogadores, em idades variadas dão um passo além, e procuram aperfeiçoar seus conhecimentos no esporte direto na fonte onde ele é vivido de forma mais intensa, em países com grande tradição, como Irlanda, Argentina, Inglaterra e França, por exemplo. Matheus Cruz, do Jacareí, ganhou a bolsa Michel Etlin, após ser eleito melhor jogador junior pela CBRu, e vai treinar na Nova Zelândia, seguindo os passos de João Bello, contemplado no ano passado, mas que retornou a Portugal, segundo informações.

Jogador do SPAC e da seleção brasileira M19, Rafael “Raj” Spago, foi mais um a seguir esse caminho agora em fevereiro de 2014, ao se tornar o primeiro brasileiro a ser aceito na Sharks Academy, em Durban, África do Sul.

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 A jornada de Raj começa muito antes do tempo presente. Ela se iniciou em 2012, com o contato a diversas academias de Rugby, como por exemplo o Crusaders High Performance Program em Christchurch (NZL), e a Bristol Academy of Rugby, em Bristol (ING), mas aquela que reunia as melhores condições de seu ponto de vista foi a academia dos Sharks, que prontamente lhe deu um não como resposta à primeira solicitação. Mesmo com o envio de muito material de referência para avaliação técnica, como vídeos e avaliações do jogador, foram mais sete as negativas que se seguiram ao longo do ano, até que sua solicitação fosse aprovada e o jogador iniciasse seus treinos. Não faltou apoio dos Hillbillies (equipe de veteranos local, irmã do Keep Walking, de São Paulo) e de Beukes Cremer, sul-africano eleito melhor jogador do país em 2013 pela CBRu. Definitivamente, não é fácil querer estar entre os melhores.

Na primeira semana, o jogador foi avaliado por quatro treinadores durante os treinos, que atestaram sua capacidade  técnica em seguir o programa previsto no restante do ano. “Me pareceu um outro esporte…a intensidade e velocidade dos treinos é totalmente diferente, e a bola não cai no chão em momento nenhum!” recorda Federico Spago, pai do jogador, que acompanhou os primeiros treinos.

O programa do Sharks consiste em uma série de treinos diários em tempo integral, intercalando o trabalho de campo com academia e sala de aula. Todos os alunos ainda jogam em dois times geridos pelo Sharks, o Collegians e Rovers, responsáveis por revelar dezenas de Springboks, entre eles, JP Pietersen, Frans Steyn, Ryan Kankowski, Beast Mtawarira, entre outros.

Nessa semana, Raj já participou de seu primeiro jogo, atuando como abertura, em partida que será utilizada como parte da seletiva para o Varsity Championship e em junho, ele deve participar da seletiva para o Sharks U19. O feedback dos técnicos chamou atenção para seu jogo de chutes, algo que todos nós podemos notar nos jogos do SPAC, eseu comando de voz com os companheiros, muito positivo para sua primeira participação. 

 

Agradecemos aos pais Federico e Rebeca Spago pelo apoio com as informações. Sua dedicação ao apoiar seus filhos a atingir seus objetivos é louvável, e fruto de muito sacrifício, como acompanhamos sempre durante os jogos de categorias de base em São Paulo. Desejamos ao Raj todo sucesso em sua jornada, e que sirva de insipração para muitos outros.