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A grande notícia dessa sexta feira foi a decisão da CBRu a respeito do adiamento da partida entre Wallys e Rio Branco, válido pela Taça Tupi.

 

Recapitulando:
1 – Rio Branco e Wallys deveriam ter se enfrentado pela 3a rodada do Super 8 no dia 08/08, véspera de Dia dos Pais.
O campo, considerado em condições ruins pela arbitragem, não foi liberado para a partida, e o árbitro não realizou a partida. Posteriormente, foi realizada uma partida entre Rio Branco e Alto Tietê, pelo Paulista D, competição da Federação Paulista de Rugby (que nada tem a ver com a CBRu nesse caso).

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2 – Segundo relatos, o Wallys ofereceu uma alternativa para o dia seguinte, para depois descobrir que o campo não poderia ser usado pois haveria um evento no local. O Rio Branco também não encontrou uma alternativa imediata para realizar o jogo.

3 – O Wallys atualmente lidera a Série B Paulista, e por isso, tem o calendário totalmente comprometido até pelo menos o dia 26/27 de setembro, na semifinal do campeonato. Se chegar à final, ainda joga no dia 17/18 de outubro. Não tem datas livres.

4 – O regulamento diz:
3.5.1 – Adiamento de partida por responsabilidade de um dos clubes:

Caberá ao árbitro julgar se o atraso de uma partida é de responsabilidade de um dos clubes. Caso ocorra o atraso para o início da partida, o procedimento deverá ser:
a) Reunião do árbitro com representantes dos dois clubes, para que um novo horário seja estabelecido;
b) Caso não haja consenso entre os clubes envolvidos quanto ao novo horário para o início da partida, fica estabelecido que a espera máxima será de 30 minutos, contados a partir do horário oficial de início da partida;
c) Caso a partida não se inicie no novo horário determinante, o clube causador do atraso será punido com W. O.

 

Maaaaaaaaaaaaaaaaaas
3.5.2. – Adiamento de partida por “motivos de força maior”:
Uma partida poderá ser adiada por “motivos de força maior” pelas seguintes critérios:
a) Condições climáticas que inviabilizem a partida (a julgamento do árbitro responsável);
b) Ausência de condições do campo e entornos (a julgamento do árbitro responsável);
c) Perturbações nas malhas aérea e rodoviária comprovadas;
d) Saída do médico por mais de uma (1) hora para atendimento de pessoas envolvidas na partida;
e) Em caso de omissão ou dúvida, o julgamento da condição de “força maior” caberá à CBRu.

 

E no campo da punição correspondente:
“Campo de Jogo – O clube que não cumprir com as exigências de campo, será multado em R$500,00 (quinhentos reais) podendo ainda o jogo, a critério do árbitro da partida, não ser realizado em função de não se atingir índices mínimos de jogo e de segurança, devendo tal fato e suas razões constarem no relatório do árbitro.”

 

Clique aqui para acessar o regulamento completo.

 

Resultado esperado:
O Rio Branco deveria ser punido com multa de R$500,00 e uma nova partida ser remarcada.

 

Resultado efetivo:
O Rio Branco foi punido com multa de R$500,00 e perdeu os pontos da partida.

 

Opinião Portal do Rugby
O fato do campo ter sido rejeitado por um árbitro e liberado por outro não valida o argumento de que o campo de fato tinha condições de jogo. A CBRu tem responsabilidade, pois até 2014, os campos eram homologados pela mesma antes da realização dos campeonatos, avaliando as condições de segurança, infraestrutura de apoio e do campo de jogo. Não houve incidentes parecidos nesse ano. Em 2015 essa verificação não foi feita. A Band Arena, onde o Band Saracens mandou seus jogos até 2013 estava em condições semelhantes e nunca mais foi utilizado para partidas oficiais.

 

Por outro lado, o bom senso tem que ser levado em conta. Um clube com quase 40 anos de história com jogadores experientes deveria saber que um lugar desse não é o local que se apresente para um campeonato nacional, ou que ao menos, pode dar alguma margem a contestação da arbitragem responsável pela segurança daqueles que irão disputar a partida. Conheço os responsáveis por encontrar o campo e o manager, trabalham duro pelo time e carregam nas costas a responsabilidade com muito pouco apoio externo. Mas erraram na avaliação.

 

Isso é suficiente para conceder os pontos da partida ao Wallys? Não, não é. A decisão parece ter sido feita na medida para o fato de que o Wallys realmente não tem datas disponíveis para jogar. A CBRu dividiu em duas as punições (a perda dos pontos e o placar de 24 X 0 aplicado ao lado responsabilizado previsto para casos de WO e a indisponibilidade de campo por força maior) e aplicou ao caso, usando a oportuna prerrogativa “Em caso de dúvidas de interpretação ou omissão deste regulamento e de seus efeitos, a CBRu, através de sua diretoria, resolverá o caso”.

 

E as outras duas partes interessadas? Maringá e Londrina podem ficar descontentes, pois terão que jogar pelos seus pontos contra o Rio Branco, ao passo que o Wallys ganhou 5 sem entrar em campo.

 

Calendário:

Há que se acrescer outro problema: o Wallys não tem datas disponíveis pois também joga o Paulista B, que é disputado ao longo do ano todo. Ao contrário do Rio Branco, que joga o Paulista A, disputado apenas no primeiro semestre, para não conflitar com os torneios nacionais (Super 8 e Taça Tupi). Nesse caso, há um problema de articulação entre calendários nacional e estadual, que se torna sério a partir do momento que uma equipe da segunda divisão paulista, cujo calendário não está adaptado ao calendário de competições nacionais, ganha vaga justamente em um torneio nacional. Nesse caso, não é problema do Rio Branco o fato do Wallys não ter datas. Mas, o Wallys trabalhou de acordo com o calendário que lhe foi apresentado, não contando com a incapacidade do Rio Branco em ter um campo decente.

 

Uma alternativa poderia ter sido o Rio Branco pedir auxílio à CBRu no momento do cancelamento do jogo, uma vez que deveria ter sido responsabilidade da entidade ter antes vetado o campo. Nesse caso, uma opção poderia ter sido o CT de São José no dia seguinte, para apagar o incêndio, já sabendo das dificuldades de datas do Wallys. Ou ir atrás de outros clubes ou mesmo da Federação Paulista de Rugby. Nessas horas, diálogo é tudo, bem como cooperação entre todas as partes e solidariedade, pelo bem do rugby.

 

Resumo e lições a aprender:

O Wallys não tem responsabilidade nenhuma pela decisão ter lhe favorecido. Mas, nas redes sociais se tornou vítima involuntária dos Pelicanos que se viram injustamente punidos. O alvo das críticas deveria ser a CBRu e o seu regulamento falho que mais uma vez gera muitas discussões e pouca clareza ou segurança para os clubes disputando o campeonato. Que os ânimos se esfriem e as equipes, quando voltarem a se encontrar pela competição, façam um jogo justo e respeitoso.

 

Para a CBRu, a recomendação é de que no ano que vem vale passar por uma área jurídica. Conhecemos um bom advogado para indicar:

SAMI ARAP SOBRINHO – Presidente da CBRu
OAB: 97542SP

6 COMENTÁRIOS

  1. Perguntas simples: O arbitro que nao quis apitar o jogo – nao tem nome?
    O campo era tao ruim assim – como o informado no relatorio do arbitro?
    Se temos um regulamento – o mesmo tem q ser cumprido:
    Digo isso pois vejo sempre clubes e times punidos fora de campo por essa panela que temos hoje no Rugby Brasileiro – sendo a Uniao e as Federações, que sempre levam em conta amigos, historia e panelas!
    Ou se faz valer – ou se faz a verdadeira festa brasileira!!!!
    ps: me perdoem os redatores, mas 40 anos ou 10 anos de tradição nao mudam em nada o que está acordado e escrito no regulamento! O que foi definido – esta definido!
    Abraços a todos – e tenho aqui minha opiniao. Pedro Ernesto Cursino