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No começo do mês, a CBRu lançou a primeira edição da coluna do Agustín Danza, CEO da CBRu, um complemento ao quadro “Fale com o CEO” que vai ao ar pelo Facebook. As ações tem como objetivo esclarecer os motivos por trás de algumas ações desenvolvidas pela CBRu em temas relevantes, dando maior transparência à entidade.

Aproveitando essas iniciativas que são mais do que bem vindas, procuramos aprofundar alguns dos temas apresentados para contribuir com a discussão, enviando perguntas para o Agustín, a quem agradecemos pela prontidão em responder.

Clique aqui para conferir a íntegra da coluna inaugural do Agustín Danza.

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“Aumentar as receitas da CBRu, através dos nossos principais produtos (patrocínio de seleções nacionais e eventos de grande porte) – vale ressaltar que estes “recursos livres” serão reinvestidos nas bases, torneios nacionais e capacitações; e, em um segundo momento, aumentar a captação de torcedores, fãs e jogadores masculinos e femininos de rugby, através de uma maior visibilidade das nossas seleções nacionais de XV e de 7s, e de melhores resultados no Alto Rendimento.”

Portal do Rugby – Qual a estimativa de receitas livres que a CBRu pretende atingir em 2016? Faltando menos de quatro meses para o fim do ano, acredita que a meta será alcançada?

 

Agustin Danza – A meta deste ano de receitas livres não foi alcançada já que a saídas de Outback no final de dezembro e da JAC em março não estavam planejadas. Isto impactou fortemente na nossa previsão de receitas livres. Fora isto, as outras receitas livres previstas foram todas captadas, com atrasos nos pagamentos (reflexo da crise do Brasil) que impactou no nosso Cash Flow, mas que já conseguiremos regularizar em outubro. O montante recursos livres captado foi de: R$2.820.000.

 

“O investimento que fazemos no Desenvolvimento e na Base visa três principais objetivos: Aumentar a qualidade e quantidade de torneios nacionais e/ou jogos nos torneios nacionais para todas as categorias; Criar uma base sólida de rugby infanto-juvenil através do Rugby Escolar; Criar um grupo de técnicos capacitados que garantam a correta formação e desenvolvimento dos nossos jogadores através das categorias. Hoje, já temos inserido o Rugby Escolar em 10 cidades do Rio Grande do Sul e 20 municípios em São Paulo, além de competições exclusivas de base, como a Copa Cultura Inglesa, apoiamos projetos internacionais, como o Get Into Rugby, desenhamos projetos de impacto escolar, como o Impact Beyond (que apresentou o Rugby para 2.000 escolas no Rio de Janeiro, das quais mais de 10% adotou o rugby como prática recorrente), e contamos com uma equipe de desenvolvimento que oferece o rugby aos municípios e treina profissionais locais, para que eles espalhem a modalidade na sua cidade.”

PdR – Pode informar em quais cidades a CBRu teve responsabilidade direta na inserção do Rugby no currículo escolar? Tenho conhecimento de iniciativas individuais de clubes no interior do RS, no Paraná e de ONGs (caso da Hurra! e VOR) e clubes em São Paulo, que me parecem ter mais mérito em aplicar e capacitar professores na rede pública de ensino de forma contínua. Caso meu entendimento esteja errado, por que a CBRu não atuou em conjunto com os clubes e organizações desde o princípio? Como é feito o acompanhamento dessas iniciativas onde já houve capacitação?

 

AD – O trabalho da CBRu junto a escolas começou Há alguns anos com o lançamento do programa Rugby nas Escolas, num formato semelhante ao de Portugal. Este projeto começou com João Uva que realizou formações em algumas escolas da capital e no caso de Jacareí com toda rede municipal. No ano seguinte, já sem o Uva, passamos para São José dos Campos, Novo Hamburgo e Toledo. Jacareí se manteve com Workshop e realização de festival no fim do ano. Nos anos seguintes, até hoje o trabalho tem sido monitorar e manter estas iniciativas iniciais e aumentar a difusão do Rugby nas escolas buscando impacto em larga escala.

 

A proposta da CBRu é, através de parcerias com Secretarias de Educação e Esporte, formar os professores de Educação Física das escolas para que estes ensinem Rugby como conteúdo de suas aulas tornando o esporte perene na escola, e paralelo a isso formar o clube em DCRJ para que realmente possamos aproveitar tal oportunidade e aumentar o número de praticantes nos clubes.”

 

Temos tido bons resultados por conta da parceria com os clubes, pois eles são a peça fundamental nesta empreitada. Os clubes que despertam para o Processo DCRJ (disseminação > captação > retenção de jogadores) para formar suas categorias de base, garantem sustentabilidade para o clube (esportiva e financeiramente). Neste caminho existem clubes que implantam o Rugby nas escolas por eles mesmos (implantam uma pessoa do clube fazendo clínicas ou aulas de rugby nas escolas em que firmam parcerias), muitos destes nos procuram depois de um tempo. Existem ainda os clubes que logo no começo nos procuram para saber como criar estas parcerias e fazer este trabalho.

 

Existem ONGs que fazem este trabalho no Brasil, mas nem sempre são atividades vinculadas a clubes ou à CBRu, assim como existem clubes que já fazem e que nunca buscaram apoio da CBRu. Disponibilizamos ajuda a todos, identificamos as necessidades e contribuímos sempre que possível.

 

Temos diversos casos deste tipo: Samambaia – Cauan fez cursos da CBRu mas a concepção, execução e monitoramento de todo projeto escolar é deles. Mantemos relacionamento com ele a distância. Juazeiro do Norte – Neumayer nos chamou para alguns cursos, entendeu o trabalho e dá continuidade como desejado. Vitória Rugby tem seguido os mesmos passos. Enfim, alguns bons exemplos que começaram conosco e hoje seguem seu caminho. Temos grande exemplos de outros que não fizeram nada conosco e fazem bom trabalho VOR, Hurra!, Jaguars, São José Rugby e RPT (Rugby para Todos).

 

O importante é compreender o papel de cada instituição. Os clubes tem este papel de entrar em contato com as escolas da sua região, isso lhes trará maior número de praticantes. Já a CBRu tem o papel de fornecer formação aos profissionais das escolas via parcerias macro com entidades governamentais.

 

Aqui em São Paulo a CBRu ainda não firmou uma grande parceria com a Secretaria Estadual, mas sim com algumas diretorias regionais de ensino onde fizemos capacitações e assim impactos vários municípios. Quando afirmamos inserindo o Rugby Escolar estamos dizendo que faremos a formação de professores em Rugby Escolar, ou seja o começo de um relacionamento com este professor que passa por monitoramento após a formação.

 

No Paraná a história é muito boa: Fizemos no passado bom trabalho de capacitação em Toledo (parceira clube e secretaria municipal de educação), aproveitaram para convidar algumas cidades vizinhas que foram até estas formações. Este trabalho foi mantido pela Secretaria de Educação, que sem apoio posterior conseguiu engajar outros municípios e formar um grupo que incluiu o Rugby no Currículo do Oeste do Paraná.

 

Em Curitiba, fizemos a formação de vários professores escolares e nesta oportunidade conhecemos e começamos a negociação com o coordenador de Educação Física da rede Estadual. Finalmente esta parceria se consolidou este ano e no dia 16 de setembro fizemos a formação dos coordenadores regionais.

 

No Espírito Santo, em parceria com o Vitória Rugby Clube capacitamos a rede municipal e estadual de Vitória e Vila Velha, tal trabalho tem manutenção e monitoramento do clube até hoje com realização de clínicas e festivais escolares.

 

O mais importante é que queremos e apoiamos os clubes que queiram adquirir conhecimento DCRJ para que garantam autonomia e sustentabilidade para o futuro. Nosso trabalho e poder facilitar a captação de atletas infanto-juvenis dos clubes nas escolas, capacitando tanto as escolas como os profissionais dos clubes para que isto aconteça.

 

Quanto aos locais impactados por nós, temos a relação abaixo. Os locais marcados com (*) são aqueles onde o clube tem aplicado CDRJ com qualidade: São José dos Campos, Jacareí, Toledo, Novo Hamburgol*, Taubaté, Mogi das Cruzes*, Ilhabela*, São João da Boa Vista*, Aguaí, Vinhedo*, Valinhos, Campinas*, Indaiatuba*, Louveira*, Jundiaí, Itapeva, Americana*, Santa Bárbara D’Oeste*, Piracicaba, Barueri*, São Carlos, Sorocaba, Salto, Itu, Santana de Parnaíba,
Tremembé, Suzano, Campo Grande,Três Lagoas, Dourados, Primavera do Oeste, Manaus*, Parintins, Vitória*, Vila Velha*, Juazeiro do Norte*, Esteio*, Ivoti*, Porto Alegre, Sapiranga*, Caxias do Sul*, Guaíba*, Farroupilha, Estrela* e Chuí.

 

Para o acompanhamento hoje temos os clubes que nos informam a situação e em alguns lugares contato direto com secretarias, o que honestamente não é o ideal, entendemos que os clubes devem ter este controle. Estamos estudando as possibilidades também pelo CNRu.

 

PdR – Qual a diferença do Get into Rugby e do Impact Beyond?

 

AD – Impact Beyond é o termo utilizado pela World Rugby quantos todas as ações realizadas aproveitando a oportunidade de um grande evento de Rugby. Tivemos Impact Beyond em todas as edições de WSWS (Série Mundial de Sevens Feminina) em Barueri (visitas de seleções nas escolas) e o mais longo que tivemos foi pelos Jogos Olímpicos onde trabalhamos por 4 anos desde a formação de clubes até o programa de disseminação do Rugby nas escolas em maior escala nos últimos dois anos realizado lindamente por Marcel e Deborah. Foram impactadas 2.000 escolas no RJ com uma taxa de retenção de 10% aproximadamente.

 

Get into Rugby é a ferramenta on line para apoio técnico de clubes e escolas que engajam num Processo DCRJ. Ou seja, Marcel, Deborah e todos os clubes que assumem o compromisso de trabalho em aplicam o Processo DCRJ utilizam a ferramenta Get Into Rugby o que também nos frente dados da aplicação como questionado, uma vez que mensalmente o número de praticantes deve ser fornecido para se manter no Processo.

 

PdR – Mas não houve nenhuma competição organizada pela CBRu com ênfase nas categorias de base esse ano.

 

AD – A Copa Cultura Inglesa, já não tem XV desde julho de 2013 (eram o de inverno XV e de verão 7). Passou para o modelo Seven para otimizar o tempo de competição e adequando-o à realidade dessa faixa etária (com XV jogadores dobravam jogos ocasionando lesões e em alguns casos doentes durante ou após a competição).

 

“Nos próximos meses devemos mais ter novidades nesse campo. Podemos adiantar três notícias:
– O Rugby Escolar acabou de ser aceito pela Secretaria de Educação e Esporte de Paraná e do Rio Grande do Sul. Iniciaremos as capacitações dos professores dos estados neste mês de setembro. Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro estão analisando a nossa proposta. Cada escola com rugby terá acesso a nossa ferramenta de Educação a Distância e receberá a visita do nosso responsável regional de Desenvolvimento, para monitorar o avanço dos treinamentos. O próximo passo será trabalhar na conexão das escolas com rugby com os clubes mais próximos a elas.”

 

PdR – Essa ferramenta não poderia ter acesso compartilhado aos clubes que tenham iniciativas em andamento com a rede pública, e assim uniformizar o conhecimento?

 

AD – Estarão disponíveis a todos, mas o desenvolvimento está trabalhando da seguinte forma: desenha e modela a proposta, aplica, faz revisão e depois abre para todos. Em pouco tempo já está aberto a todos. Não apenas este mas diversos cursos serão disponibilizados em formato EAD. Teremos cursos a Distância, cursos Semi Presenciais e Cursos Presenciais.

 

“Enviamos um projeto de Lei de Incentivo ao Esporte – LIE para o Ministério de Esporte que visa implementar um torneio juvenil M15 e M17 em cada uma das 6 Federações filiadas à CBRu, impactando 12 clubes de cada categoria e fornecendo 8 a 10 jogos para até 58 clubes. Esperamos, com isto, melhorar as ferramentas de captação de jogadores juvenis dos clubes, que agora poderão oferecer mais jogos para suas categorias de base.”

 

PdR – Esses torneios vão se sobrepor aos campeonatos já existentes em São Paulo e Rio Grande do Sul? Nos demais estados, onde ainda não existem jogadores em boa quantidade nessa faixa etária, um campeonato me parece secundário. As Federações estaduais foram consultadas para ajudar a entender a real necessidade de cada região?

 

AD – Como foi explicado e debatido amplamente na reunião aberta de clubes (onde o Portal participou), o projeto do Torneio Juvenil foi o resultado do trabalho em equipe da CBRu com todas as Federações. Especificamente foi feita uma reunião de trabalho individual com cada Federação e duas reuniões grupais de trabalho com todas as Federações, chegando juntos ao formato final do torneio. Ele foi desenhado replicando a realidade de cada Federação. Os requisitos para os clubes e Federações foram obtidos em consenso, assim como a tabela.

 

O campeonato foi entendido como fundamental, muito pelo contrário a sua opinião. Foi feito um trabalho de diagnóstico, que cada federação fez e apresentou, considerando quais eram as principais necessidades e empecilhos. O resultado foi o desenho do torneio. A lógica é a de criar um incentivo para que os clubes possam detectar e reter jogadores. Sem um torneio atrativo que te permita oferecer jogos para os jogadores, é impossível você detectar e reter durante anos a jogadores nas faixas etárias de 14 a 17 anos. Eles precisam se sentir engajados e motivados. A CBRu cobrirá os principais custos do torneio, hoje colocados como o principal impedimento para que o Rugby Juvenil cresça nos estados e os clubes deverão se focar na detecção e treinamentos dos jogadores.

 

Tudo isto está no documento compartilhado da estratégia 2017-2023, apresentado na reunião aberta. Se for no nosso website vc poderá fazer o download e obter todas as informações.

 

É importante colocar que nada acontece isoladamente. Junto com isto, estaremos fazendo as detecções antropomórficas que alocarão jogadores para os clubes, estaremos desenhando capacitações para rugby juvenil, que serão lançadas no ano que vem, além de estar dando muita mais exposição ao esporte da TV Aberta, entre outras coisas.

 

“Já temos um projeto aprovado de Lei de Incentivo ao Esporte –LIE, que se encontra em fase avançada de captação, que visa atender no mínimo 5.000 crianças e adolescentes de 6 a 19 anos, obrigatoriamente matriculadas na rede nacional de ensino. Serão 27 cidades atendidas diretamente e os seus respectivos municípios vizinhos, atingindo assim o número mínimo estimado de 500 cidades. Em cada cidade polo, principal cidade da região, atingiremos o número mínimo de 20 escolas, para então propiciar a capacitação de educadores que possam iniciar o desenvolvimento do Rugby com os alunos matriculados na rede de ensino local. Além da capacitação de profissionais em temas eminentemente ligados ao Rugby como; Treinamento Técnico/Tático, Arbitragem, Rugby infantil, Primeiros Socorros e Gestão Esportiva direcionada ao Rugby, também realizaremos 6 festivais que, em conjunto com os governos municipais, promovam a integração entre a comunidade local e os educadores em capacitação. Cada festival poderá contar com até 300 crianças e adolescentes perfazendo um total de 1800 beneficiários.”

 

PdR – Quais cidades devem ser atendidas pelo projeto? Entendo que um estudo prévio foi feito para definir os locais contemplados. Esses festivais irão atender todas as cidades em que esse projeto for implantado?

 

AD – Estamos em fase de captação, devemos aguardar para poder fazer algumas alterações e cortes caso necessário, mas temos objetivo de impactar estados federados e não federados. Vamos aguardar o lançamento oficial, para poder comunicar as informações finais.