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ARTIGO OPINATIVO – Você já deve ter percebido duas obsessões desta coluna. Uma é a expansão geográfica de nosso rugby. E a outra é o XV feminino.

Como hoje é Dia Internacional da Mulher, nada mais óbvio do que tratar de outro elefante na sala: teremos XV feminino no Brasil?

Primeiramente, é importante lembrar que a América do Sul é o único continente que não tem competição de XV feminino de seleções no mundo e que jamais teve uma equipe participando da Copa do Mundo Feminina.

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A inexistência da possibilidade de um calendário regional é um dos motivos para nunca ter havido qualquer sinal de que poderia ser remontada uma seleção brasileira, sendo que a única vez que houve uma equipe, em 2008, foi necessário ir à Europa para jogar.

É claro que a existência de uma seleção não deveria preceder a existência de clubes. Afinal, primeiro têm que existir equipes jogando a modalidade no país para depois ser formada uma seleção. Mas com o foco todo no sevens olímpico há pouco incentivo hoje para que os times femininos façam o sacrifício de colocarem seus esforços na montagem de jogos de XV, afinal, seria necessário juntar clubes, montar combinados, para que isso fosse possível.

Ações de XV já existem, como por exemplo em São Paulo (sobretudo com o Band Saracens) ou em Goiás, mas o estímulo hoje é zero além da paixão. E um dos maiores motivos é a ausência de um espaço no calendário, que é 100% (ou quase isso) do sevens. Seria preciso reservar um espaço no calendário bem delineado para o XV, para auxiliar em um trabalho mais focado nele, ao menos em parte do ano. E isso passa por CBRu e federações estaduais, no diálogo delas com os clubes que queiram dar esse passo.

 

É possível termos Yaras XV?

Sim. A Copa do Mundo Feminina de 2021, que será na Nova Zelândia, ainda não teve seu calendário de Eliminatórias confirmado para fora da Europa, mas certamente ele ocorrerá inteiro no próximo ano. Ainda não é claro como funcionará. Para o Mundial 2017, Ásia e Oceania disputaram juntas 2 vagas, ganhas por Japão e Hong Kong, enquanto a África desistiu das disputas. O rugby feminino africano deverá voltar a pleitear um lugar em 2021, com a seleção sul-africana hoje estando bastante ativa. Quênia e Uganda são outros países que têm seleções de XV feminino e poderão se somar às asiáticas.

A grande conquista após a Copa do Mundo de 2017 foi a criação de um campeonato na Oceania com Fiji, Samoa, Tonga e Papua, que parecem começar a despertar para o XV. Nessa esteira, seria possível ver algo na América do Sul, com 3 países tendo condições de número e qualidade de jogadoras para iniciarem um trabalho no XV: Brasil, Colômbia e Argentina.

A criação de um Três Nações Sul-Americano Feminino para o ano que vem poderia ser o motor para que o calendário ganhe um espaço para jogos entre selecionados regionais de XV no Brasil, criando um espaço extra para a prática sistemática do XV feminino.

Treinos conjuntos entre clubes de determinadas regiões (o que não é nenhuma novidade) seguidos de um calendário de jogos que não conflite com o sevens. Aliás, houve tentativas recentes sem aderência, o que faz questionar se foi falta de interesse ou problema de organização. Mas a aderência recente ao League sugere que vontade existe, se bem coordenada.

Não seria fácil o processo e já ficou tarde para se começar tal projeto, uma vez que cometer erros em seu início será natural, mas ainda haveria tempo, pois a vontade existe e está cada vez mais evidente dentro da comunidade do rugby feminino.

Partiu esse novo projeto? Passou da hora.

1 COMENTÁRIO

  1. Seria muito interessante montar seleções regionais femininas. Onde poderia juntar os times de sevens feminino dentro do Estado e marcar encontro periódicos para treinamento e jogos contra selecionados de outro Estado. Não é preciso a Cbru tomar a iniciativa as federações estaduais poderiam tomar a iniciativa de estimular os times femininos dentro de seus Estados.