Foto: Lais Zampiere

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ARTIGO OPINATIVO – Hora de passar a limpo 2019! Ano de altos e baixos para nosso rugby. Vamos relembrar juntos 10 fatos (positivos ou negativos) que marcaram o ano do nosso rugby.

 

10 – O caos dos campeonatos nacionais

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Nosso rugby de clubes viveu um momento baixo em 2019, com o caos produzido no início dos campeonatos nacionais. Com o ex-Ministério do Esporte demorando a liberar verbas de Lei de Incentivo, a CBRu postergou o início de suas competições nacionais até o limite do calendário, que se somaram ao caos financeiro e escassez de recursos humanos deixado na saída do antigo CEO.

O Super 13 teve uma debandada, com 3 clubes desistindo do torneio, sem reposição, que criaram um “estranho” Super 13. Além disso, a Taça Tupi morreu, com um campeonato de apenas 3 partidas. O Super Sevens Feminino igualmente foi afetado, sendo o último a ter início, precisando de uma mudança no seu formato, com os clubes de elite jogando apenas 4 torneios (sem as atletas da seleção). Já a Copa Cultura Inglesa, tão importante para o rugby juvenil, foi postergada ainda indefinidamente, ao passo que o sevens masculino adulto não teve vez. Ano para (não) se esquecer.

A única novidade positiva em termos de campeonatos foram as inéditas transmissões do Campeonato Paulista pela TV NSports.

 

9 – São José e Pasteur, Band Saracens e Melina celebram ano

Entre os clubes, houve notas muita positivas. No masculino, São José e Pasteur só tiveram o que celebrar. O Pasteur se reforçou e brigou por título, conquistando o Paulista de modo emocionante. Já o São José afastou o jejum e voltou a ser campeão brasileiro, vencendo o Super 13 em final de alto nível contra a Poli.

No feminino, Band Saracens e Melina voaram baixo e decidiram o título do Super Sevens. Depois de tanto flertar com a taça, o Band finalmente se sagrou campeão brasileiro, ao passo que o Melina mostrou a qualidade do seu projeto e pela primeira vez disputou o título nacional, quase coroando o Mato Grosso.

8 – Peru de boas e más lembranças

Os Jogos Pan-Americanos rolaram em Lima, no Peru, com decepções do lado brasileiro. Pela primeira vez na história o Brasil foi derrotado por uma seleção sul-americana no rugby feminino, caindo diante da Colômbia na decisão da medalha de bronze. A glória colombiana veio na prorrogação, com try de ouro decretando o histórico 29 x 24. Porém, nem tudo foi ruim para o Brasil em Lima, pois antes do Pan, as Yaras estrearam o novo estádio de rugby do Peru com o Pré Olímpico, sendo campeãs e conquistando vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

A seleção masculina, por outro lado, quase fez história de modo positivo e flertou com a inédita medalha de bronze. Porém os Tupis perderam a conquista também na prorrogação diante dos Estados Unidos, 24 x 19.

7 – Freguês? O Canadá caiu em Sanja!

Freguesia é exagero. Mas o voo alto da Seleção Brasileira Masculina neste ano veio no rugby de 15 jogadores com os Tupis vencendo pela segunda vez na história o Canadá. 18 x 10 em São José dos Campos, com Josh chutando 6 penais implacáveis.

6 – Estivemos na Copa do Mundo!

O Brasil esteve bem representado na Copa do Mundo de Rugby deste ano! Não em campo, mas fora dele. A equipe do Portal do Rugby, com HP, Ruas e Telefone, fez uma cobertura histórica, passando dois meses no Japão e produzindo uma quantidade de reportagens de alta qualidade impressionante.

Enquanto isso, todos os jogos ganharam transmissões ao vivo da ESPN com o programa Scrum diário debatendo a competição. Victor Ramalho, do Portal do Rugby, esteve nessa.

Sem dúvida, a Copa do Mundo de Rugby ganhou um trabalho brasileiro de cobertura consistente e digno de seu tamanho em 2019.

5 – Mundial M20 no Brasil!

Pela primeira vez na história o Brasil foi palco para um Mundial M20, com a segunda divisão da categoria tendo suas disputas em São José dos Campos. Receber o evento foi uma iniciativa positiva, com grandes jogos sendo assistidos no Estádio Martins Pereira, em especial pelo ótimo nível de Japão, Portugal e Uruguai.

O Brasil ainda está distante no M20, mas os Curumins conseguiram uma emocionante vitória sobre Hong Kong na decisão de 7º lugar, 32 x 29 na prorrogação. No entanto, as categorias de base logo viraram preocupação, com o Brasil perdendo em novembro para o Paraguai no M19.

O ano do rugby juvenil foi fraco, com apenas São Paulo conseguindo evoluir de fato com seu modelo de competições.

4 – Público minguando

Em 2019 assistimos com preocupação à diminuição do público que assistiu no estádio à seleção brasileira. No meio do ano, o Brasil recebeu ineditamente duas seleções que já jogaram a Copa do Mundo, Espanha e Romênia, mas o público que torcer pelos Tupis no estádio foi mínimo. O público não melhorou muito em novembro para o amistoso contra Portugal, mas ao menos o ambiente no Estádio do Nacional foi melhor que os jogos de Osasco (Espanha) e Jundiaí (Romênia).

 

3 – Renasceu o XV feminino

Fato importantíssimo para nosso rugby foi a recriação da Seleção Brasileira Feminina de Rugby XV, 11 anos após sua primeira partida. Com o anúncio da criação do primeiro Sul-Americano da categoria em 2020, valendo como parte das Eliminatórias para a Copa do Mundo, o Brasil voltou a montar sua seleção e fez amistosos na Colômbia. O resultado foi derrota para as colombianas por 28 x 07, mas que é parte do aprendizado.

Foram registrado ainda amistosos de clubes, estimulados pela nova oportunidade do XV feminino.

2 – Barbarians trouxeram campeões mundiais e grandes craques ao Brasil

O grande momento do rugby no Brasil em 2019 foi certamente a vinda dos Barbarians ao país. Os Barbarians (tradicional combinado internacional) trouxeram 3 campeões mundiais pela África do Sul para encararem o Brasil – “Beast Mtawarira”, Makazole Mapimpi e Lukhanyo Am – além de craques da categoria do capitão irlandês Rory Best (aposentando-se) e do francês Mathieu Bastareaud.

O Bradesco de novo investiu no evento e o Morumbi ganhou um público que, apesar de ser menos da metade daquele que prestigiou Brasil e Maori All Blacks em 2018, foi positivo. Os Tupis brilharam com direito a lindo try na jogada de Daniel Sancery com Maranhão, valorizando a vitória dos Barbarians por 47 x 22. Dia inesquecível em São Paulo.


1 – Yaras faturaram Hong Kong e voltaram à elite mundial!

Certamente, o maior momento do rugby brasileiro em 2019 aconteceu na Ásia, em abril. A Seleção Brasileira Feminina fez história e se sagrou campeã do torneio de Hong Kong, que serviu como a segunda divisão mundial do sevens feminino, garantindo seu retorno ao Circuito Mundial de Sevens, isto é, ao Top 11 do mundo. O título veio com vitória sobre a Escócia por 28 x 19.

Já em outubro as Yaras reestrearam na elite mundial no torneio dos Estados Unidos. Na etapa seguinte, em Dubai, o Brasil venceu o Japão, mas a briga pela permanência na elite está sendo dura.

Menção honrosa: Foram 5 anos e meio no comando dos Tupis – e certamente os melhores anos da história de nossa seleção. Rodolfo Ambrosio se despediu do comando da equipe ao final de 2019 e só temos a agradecer pelos resultados obtidos pela equipe neste período. Fica a menção honrosa!

 

Menção nada honrosa: Neste ano o flagelo do racismo deu as caras no nosso rugby com o caso ocorrido no Estádio da Montanha, em Bento Gonçalves, entre Farrapos e Jacareí. O comportamento abjeto foi registrado envolvendo torcedor (não identificado) e se somou ao reprovável comportamento de alguns outros torcedores que ameaçaram a integridade física da arbitragem naquele dia triste. Não lembrar não é uma opção.

 

E a Superliga?

A criação da Superliga sul-americana, com o Corinthians representando o Brasil a partir de 2020, não entrou na lista por motivo simples: ainda não sabemos muito sobre como será montado o time brasileiro e, afinal, a Superliga é na verdade um fa4to para 2020.