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Pois então, o que percebo é que de fato não se trata de dinheiro!

No texto anterior (Uma relevância de legado: o caminho para os Clubes brasileiros) comentei sobre relevância, a busca pela representatividade local, pelo reconhecimento no trabalho realizado e valor junto a sociedade!

Isso se traduz em uma palavra Propósito! Sim, algo que necessita ser compreendido e reforçado por todos os Clubes do Brasil, claro que na minha visão dado o que pude ver e conviver na modalidade que atuo.

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Nossos Clubes ainda passam por muita instabilidade organizacional, isso porque, trabalhos não são continuados, metas imediatistas, foco em resultados (na maior parte das vezes não alcançáveis a curto prazo) contraditórios, entre outros desvios que vivenciamos ano após ano.

Um tanto crítico esse texto, mas para gerar uma reflexão positiva e que possa ajudar de alguma forma para o futuro de algum Clube que perceba uma forma diferente de atuar. Essa crítica pode ser compreendida da seguinte forma:

  • Volte no tempo em que você entrou em seu Clube
  • A partir daí comece a fazer o seguinte exercício:
  • Utilize lápis e borracha ?
  • Bom, a partir daí busque relembrar tudo que foi positivo e negativo. Tenha como orientação o tempo (na horizontal) e as conquistas e perdas (na vertical) de forma sincera (aqui é necessário maturidade).
  • Avalie o seguinte:
    • Troca de direção
    • Pessoas envolvidas com as atividades do Clube
    • Quantidade de praticantes de forma geral
    • Quantidade de praticantes por categoria
    • Participação em ações da sociedade (desfile 7 de setembro, jornadas pedagógicas, gincanas, campanhas e etc…)
    • Saúde financeira do Clube
    • Quantidade de patrocinadores
    • Participação em competições municipais, estaduais, nacionais e internacionais
    • Entre outros critérios que você achar necessário avaliar
    • Qual o nível de autonomia (financeira, técnica e administrativa) o Clube possui

Entenda Clube como sendo uma instituição com:

  1. Local fixo para prática e convívio (praça não pode ser considerada nessa avaliação)*
  2. Local seguro
  3. Local higiênico
  4. Pelo menos 4 categorias estruturadas (infantil, infanto juvenil, juvenil e adulto para ambos naipes)

* Praça não é considerado um local seguro e higiênico por não ter espaço para banho e necessidades básica e não ser segura e fechada.

Com base nessa premissa, avalie a história do seu Clube desde o momento em que você começou a praticar a modalidade.

Se a premissa definida para avaliação te gerou um incomodo e tu está buscando forma de resolver essa definição, para tudo e se pergunte:

  • Quando o Clube se reuniu para definir estratégias para resolver essa situação?
  • Quanto de tempo e esforço foi envolvido para buscar superar essa necessidade?
  • Quando foi o marco da conquista do nosso espaço (alugado ou não)?

Por que essa premissa? Porque se formos analisar as demais modalidades, praticamente todos são realizados em espaços fechados, seguros e com estrutura para higiene (banho e necessidades básicas), gerando senso de pertencimento, localidade social e engajamento do grupo.

Ok, temos tudo isso! Bom, então avalia se no passar do tempo houve uma média crescente ou manutenção do nível elevado, porém, sem tirar o item 4, esse é fundamental em qualquer Clube. Dessa forma há garantia de perpetuação das categorias e manutenção competitiva.

Mesmo assim, meu Clube se define apenas em um grupo (adulto/juvenil), em um dado momento aspirações de crescimento irão surgir por parte do grupo, pois renovação é algo necessário para continuidade desse grupo.

Uma vez que o Clube está constituído juridicamente, as obrigações começam a surgir e relembrando o texto anterior, para se ter um apoio de fato da comunidade, algo deve ser feito para ter tal engajamento e investimento de boa parcela desses stakeholders (uma pessoa ou um grupo, que legitima as ações de uma organização e que tem um papel direto ou indireto na gestão e resultados dessa mesma organização).

Ou seja, dinheiro sem um propósito real é mais um problema, não apenas para o Clube mas para todo o meio envolvido. Quem investe perde, quem recebe perde e novamente o circulo vicioso se fecha.

Temos que buscar propósitos maiores, mirar no alto, pensar a longo prazo e ter a consciência que talvez não sejamos nós que vamos aproveitar, mas com certeza, alguém irá lembrar no futuro quando fizer essa mesma dinâmica, te colocando (aqui não precisa ser apenas um indivíduo mas também um grupo de pessoas) em um nível de relevância e importância que sirva de exemplo sempre.

 

Escrito por: Lucas Toniazzo – gestor da Federação Gaúcha, educador World Rugby de arbitragem e leading rugby