Foto: Bruno Ruas

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ARTIGO OPINATIVO – Nossa coluna A VOZ DO RUGBY – coluna aberta para a comunidade enviar textos – recebeu um artigo de Marcelo Benvenutti (contador, escritor e rugbier) fez um balanço das finanças da Confederação Brasileira de Rugby dos últimos anos à partir dos dados disponíveis no portal de governança da entidade.
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por Marcelo Benvenutti

Analisando historicamente o balanço da Confederação Brasileira de Rugby (nos comentários o link para o documento oficial de 2018), podemos chegar às seguintes conclusões:

– Conforme o gráfico detalhado por origens de receitas, em 2018 as mesmas aumentaram em quase 30% (28,65% para ser mais exato) em reação ao ano de 2017, sendo nominalmente a maior receita da história (sem correção monetária). Mais da metade deste acréscimo oriundo de convênios e adiantamentos com e do (extinto) Ministério dos Esportes;

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– Destes recursos governamentais, 76,5% dos adiantamentos são para serem investidos na seleção masculina de XV (gráfico Recursos Recebidos a Aplicar), demonstrando em números a estratégia da confederação, que seja, investir pesadamente no rugby masculino para tentar massificar o esporte e atrair novos interessados e consumidores. Se ela é correta ou não, só o tempo dirá;

– Dos aumentos de receitas, além de (possíveis, não encontrei essa informação) adiantamentos de recursos de patrocinadores, também teve um incremento (bem interessante) por conta da venda de ingressos para jogos da seleção de XV (especificamente o jogo contra os Maoris All Blacks em 2018). É uma ação que deverá se repetir em acréscimo de dinheiro por conta do jogo contra os Barbarians em novembro de 2019, no Morumbi;

– As despesas e gastos com organização de competições continuam no mesmo patamar de 2017, cerca de R$ 15,5 milhões, que, somadas à redução dos valores da folha de pagamento (queda de 34% em 2018) e outras despesas administrativas e fiscais, fez com que 2018 fosse superavitário, diminuindo em cerca de 20% o déficit acumulado da instituição;

– Tal déficit, aproximadamente quatro milhões de reais, é também suportado por empréstimos de “mecenas”, alguns empresários, abnegados amantes do rugby. Assim como as despesas economizadas com voluntários, que vão (segundo o documento da CBRu) desde pequenas ações pontuais até o trabalho ordinário dos dirigentes, chegam à casa dos 700 mil reais;

– As renúncias fiscais despendidas pelo governo federal por impostos aos quais a entidade é imune, somam mais de 2 milhões de reais;

– Por fim, a World Rugby, acreditando e apostando no Brasil como um futuro e promissor mercado para o tradicional esporte bretão, também adiantou para 2019 mais de 1,3 milhões de reais;

Relatório do auditor independente

As apostas estão feitas, as cartas na mesa, resta saber se a mão do rugby brasileiro é boa para a sequência do jogo. Quem aí paga pra ver?