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Hoje o Portal do Rugby começa uma série especial de artigos de fim de ano que pretende abordar o rugby no Brasil fora das 6 federações já filiadas à CBRu. Como cada estado se vê, quais os seus problemas, seus planos e suas esperanças? Damos voz ao rugby nacional, escolhendo 2 figuras do rugby de cada estado para comentarem. Vamos nessa?

O estado que inaugura esta série é o Piauí. Conversamos com André Magalhães, do Piauí Rugby Clube, e Carlos Marvel, do Delta, sobre a situação do estado. Confira!

 

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Número de clubes: 3 – Delta, Piauí e Parnaíba

Número de jogadores no CNRU: 183

Federação: em formação

Campeonatos Estaduais: Campeonato Piauiense de XV

Participações nos Nacionais: Super Sevens Feminino (Delta)

Participações nos Regionais: Nordeste Super XV e Circuito Interestadual de Sevens

Títulos fora do estado: 1 título do Nordeste de Rugby XV (Piauí, em 2014)

 

Como você enxerga o rugby no estado nos últimos 5 anos?

André: Os últimos 5 anos foram marcados por ascensões e declínios. Em 2014, o Piauí conquistou o título de campeão nordestino e tinha tudo para ser uma equipe para ingressar no circuito nacional. Porém, o ano consecutivo foi marcado pelas novas regras da CBRu para entrar na série B, o que acabou impossibilitando a participação do clube e o sonho de representar o estado em campeonatos nacionais. O ano de 2015 também foi marcado por separações de atletas entre clubes piauienses, o que diminuiu a qualidade das equipes mas trouxe um equilíbrio maior entre as disputas dentro do Estado. Por outro lado, a equipe feminina do Delta conseguiu o feito de ingressar no circuito nacional e hoje se mantém na elite do sevens brasileiro. Temos um imenso orgulho delas e continuamos com nosso trabalho para colocar uma equipe masculina no mesmo patamar.

 

Marvel: Nesses 5 anos surgiram o Parnaiba e o Delta de Teresina (fundado na UFPI e com atletas da mesma), que ao longo dos tempo foram se formando e abandonando o clube ou continuando. Em tese, o Delta até hoje tem como foco o sevens, masculino e feminino, e o seu juvenil (que vem segurando o time masculino por esse tempo). Como o André disse, sem competições mais empolgantes, os atletas migram para regiões que tem mais competições ou largam o rugby. Mas o ano de 2017 foi muito bom para o Delta em geral. Depois de uma boa safra no masculino de 2016, conseguimos jogar com a nossa própria equipe, depois de 3 anos com nossos jogadores atuando em competições de XV por outras equipes Fomos até a semifinal do Nordeste Super XV.

Já no Feminino, estamos galgando sonhos maiores, que é ficar entre os 4 melhores do país e, de preferência, entre as 3, para ganharmos a bolsa-atleta, permitindo às atletas se dedicarem mais ao esporte.

Conseguimos também separar e criar treinos exclusivos para uma base M16 e M18 masculino e ainda estamos sonhando com uma feminina. Em 2018, buscaremos competições e investimento nessas categorias.

O maior feito do Delta nesse período foi o de sempre conseguir emplacar atletas na seleção. Em 2013 tivemos o Cairo no Juvenil, depois veio Patricia *Patika*, que passou todo 2015 com as Yaras. Na sequência veio a Patricia Bodman e por último a Lilo e a Adda. Quem sabe em 2018 mais alguém consegue.

Sobre o XV, o Piauí conseguiu realizar a primeira competição de XV masculino, que já foi um grande passo. O Parnaiba é uma equipe que surgiu no final de 2013 e a cada ano vem ganhando seu espaço no estado e no Nordeste, com bons atletas masculinos, assim como o Piauí Rugby Clube. Porém, ambos ainda precisam construir categorias juvenis e o feminino. O Parnaíba se destacou nos últimos anos e continua sendo o clube com mais tendência a crescimento, por ser um time do interior e por ter melhores apoios. Se conseguirem manter um projeto bem estruturado, serão um grande clube.

 

Quais vem sendo as maiores dificuldades na região?

André: As maiores dificuldades de todos esses anos, e acredito que as mesmas de vários clubes brasileiros, é o apoio financeiro e um local adequado para praticar o esporte. Esse último foi o maior empecilho e acabamos até mesmo parando o treinos por falta de local para treinar. Acabamos recorrendo ao aluguel de um campo, que é pago através da contribuição dos atletas. Ao mesmo tempo, foi uma ótima escolha, pois temos um local muito agradável e de qualidade para realizar os treinos e acreditamos que futuramente estaremos mantendo ele através de apoio privado.

Fora isso, o incentivo público é praticamente inexistente, assim como para qualquer esporte desenvolvido por aqui. Apenas alguns poucos esportes e clubes de futebol possuem tal apoio, mas são completamente voltados para a política.

 

Marvel: Concordo com o André em tudo.

 

Qual a situação do juvenil, da arbitragem e dos treinadores?

André: Acredito que essa é a parte mais deficiente do estado. Existiram situações pontuais para estimular ou desenvolver tanto das categorias de base quanto a parte de arbitragem e evolução de treinadores. O desenvolvimento infantil e juvenil traz consigo dificuldades relacionadas aos horários, local para treino e disponibilidade de pessoas capacitadas para desenvolverem esse trabalho. A arbitragem sofre com alguns ataques e cobranças indevidas durante os jogos e muitos acabam se desestimulando para a atividade, sendo que os poucos que se mantêm realizam poucos jogos. Fora os cursos que dificilmente são realizados na região nordeste.

Particularmente eu vejo um problema ainda maior por aqui. Poucas pessoas trabalham o respeito dentro das equipes, o que acaba afastando potenciais árbitros, treinadores e pessoas que possam ajudar de alguma forma com o desenvolvimento do rugby. Na hora de falar do esporte, todos enchem o peito para falar de valores. Na prática, poucos entendem o real motivo de praticar e desenvolver o rugby.

 

Marvel: Reforçando o que André falou, em nosso estado tem muita gente querendo ser treinador campeão ao invés de Educador dentro e fora de campo. Isso faz com que os atletas pensem que antes de ser campeão há toda uma preparação, física, tática e técnica, sem falar do aprendizado com relação ao respeito que o rugby prega. Isso tem levado a uma imagem ruim interna de episódios de desrespeito.

 

Quais os planos da região para 2018 e para o futuro?

André: Em 2018 vamos procurar desenvolver o rugby dentro do Estado. Nos últimos anos o campeonato nordestino foi marcado por desorganização e desistências, o que desestimulou muito a realizar o alto investimento para participar da competição. Ainda não há nada concreto, mas já estamos conversando entre as equipes para ter uma competição bem organizada e que busque divulgar o esporte, não apenas resultados e campeões.

Uma federação também está nos planos, mas ainda há muito o que conversar para que exista realmente um papel para ela, não apenas um nome para fingir que as coisas são organizadas.

 

Marvel: Nossos planos são:

  • Sevens de Fevereiro a Abril (masculino e Feminino);
  • cursos em Maio (inclusão dos rugby nas escolas);
  • XV de junho a setembro;
  • Amistosos de XV em outubro e novembro;
  • Viagem com uma seleção juvenil do estado
  • Poder disputar a Copa Cultura Inglesa em dezembro;

 

Campeonato Piauiense 2017

ClubeCidade PJVED4+-7PPPCSP
ParnaíbaParnaíba15430121873255
Delta
Teresina104202116888-20
PiauíTeresina74103125893-35
*Jogos do Nordeste Super XV entre clubes piauienses valem como o 1º turno do Campeonato Piauiense
DiaHoraLocalCasa vs Adversário
18/03/2017TeresinaDelta19X20Piauí
29/04/2017ParnaíbaParnaíba 17X12Piauí
27/05/2017ParnaíbaParnaíba 18X20Delta
01/07/2017TeresinaPiauí26X29Delta
22/07/2017ParnaíbaDelta00X24Parnaíba
25/11/2017TeresinaPiauí00X28 (WO)Parnaíba

 

Obrigado André e Marvel pelos esclarecimentos.