Foto: Rebels

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ARTIGO OPINATIVO – Impressionante e de forma algo imprevisivel, os Melbourne Rebels foram até Sydney dar uma lição de rugby aos NSW Waratahs que não tiveram forma de suster o maior ímpeto ofensivo do adversário, acabando derrotados por uns contundentes 10-29!

“Ups”: Rebels engrenam, Brumbies polivalentes

Dos cinco elencos que compõem este Super Rugby AU, os Melbourne Rebels são aquele que apresenta maior número de Wallabies a jogar em conjunto, com Matt Toomua, Marika Koroibete, Dane Haylett-Petty e Reece Hodge a serem os nomes mais sonantes de uma equipa que no entanto parecia postulada a ficar entregue à luta para fugir do último lugar. Contudo, na visita ao campo dos ‘tahs vimos exactamente o oposto, já que a equipa de David Wessels obliterou por completo com os adversários do dia, completando uma exibição magnânime não só na utilidade dada à oval nas combinações ofensivas, como no maniatar por completo das operações atacantes da formação contrária.

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Foi impressionante a entrega e foco total dos Rebels no ataque ao breakdown, com sucessivas recuperações de bola no chão – Hardwick e Wells destacaram-se neste sector -, partindo rapidamente para um contra-ataque penetrante e que causou confusão e, subsequentemente, problemas para os Waratahs.

Matt Toomua geriu satisfatoriamente as movimentações dos Rebels, aplicando bons cross-kicksup n’ unders que impuseram uma pressão total sob os Waratahs. A formação de Melbourne acelerou a oval, procurou espaços, garantiu boas plataformas de ataque e mostrou-se agressiva em todos os parâmetros do jogo, impondo uma diferença estrondosa nos números, já que somaram 8 quebras-de-linha e 32 defesas batidos para apenas 3 e 6 respectivamente dos Waratahs, tendo sido Marika Koroibete, Andrew Kellaway e Dane Haylett-Petty essenciais para esta vitória estrondosa. A manter um bom pulsar de dinamismos, velocidade de movimentos eficaz e vontade de tentar manter um fluxo contínuo de jogo, os Rebels podem efectivamente incomodar qualquer uma das outras franquias, mas claro que tudo também depende se os seus avançados vão apresentar uma boa qualidade de jogo.

Por sua vez, os Brumbies podem não ter uma backline tão reputada – sim têm Tevita Kuridrani, um dos Wallabies mais conhecidos dos últimos dez anos -, mas são efectivamente a equipa mais perigosa no contra-ataque, e a formação da Western Force bem pode queixar-se desse aspecto. A franquia de Canberra marcou dois ensaios logo nos primeiros 10 minutos, após duas recuperações de bola dentro dos seus 22 metros, transformando aquilo que parecia uma situação perigosa do adversário em dois ensaios seus de final elegância e qualidade.

Pete Samu foi o denominador explosivo em ambas, uma vez que o nº8 encontrou uma nesga de espaço para soltar depois um offload “impossível” que desencadeou uma jogada letal, terminada aos 2′ por Tom Wright (130 metros, 2 perfurações e 6 defesas batidos) e aos 6′ pelo centro Irae Simone (exibição compacta), num claro exemplo de que os Brumbies são um elenco perigoso e sempre disposto a arriscar um pouco mais, duas facetas encontradas só em equipas que lutam por títulos.

Se o ataque foi eficaz e profundo, a vertente defensiva foi ainda melhor, tendo sido implacáveis como provam as 92 em 97 tentativas de placagens e 8 turnovers, limitando as opções dos homens da Force, que nunca conseguiram marcar ensaio, apesar de terem estado por dois momentos mais de 4 minutos perto da linha da área de validação. Os Brumbies são em dúvida a equipa mais sólida, ágil e fisicamente estável deste Super Rugby AU, que fazem tudo praticamente bem, garantindo vitórias mesmo sem um rugby espectacular durante todo o jogo, bastando só ser genial quando importa.

“Downs”: Force muito esforço e pouco proveito; Waratahs sem rumo

Como dizíamos, a franquia de Perth teve pelo menos uma dezena de oportunidades para meter pontos no placard, sem nunca o conseguirem, muito devido ao equilíbrio defensivo dos Brumbies mas também à forma confusa como lidaram com a oval.

Nunca houve um real sentido de ameaça, apostando totalmente em fases curtas e entradas junto ao ruck, com os piques a nunca resultarem em nada de positivo, alimentando a confiança dos Brumbies sempre que estes conseguiam pôr fim à tentativa de fazer ensaio da Western Force. Viram-se bons pormenores e ideias, faltando outra vontade de penetração e uma agressividade nos picos de velocidade para se dar uma rotura defensiva nos Brumbies. Jono Lance apresentou-se demasiado recuado e o três-de-trás, que tantos ensaios tem fornecido nesta época, não tiveram uma clara situação de perigo, ajudando isto para que terminassem com um score de zero no fim dos 80 minutos.

Demasiado pesaroso e desastroso foi o jogo dos Waratahs, que apesar de terem conseguido começar bem o encontro frente aos Rebels, rapidamente “desapareceram” do terreno de jogo entregando o domínio aos seus rivais de Melbourne. A genialidade e maior sentido de risco de Will Harrison não chega (lembrando que o jovem sub-20 australiano ainda comete alguns erros nas escolhas das jogadas ou em manter um controlo de bola sólido), é preciso bem mais para medir forças frente a franquias mais eficientes no ataque, sendo que o mais preocupante é a forma como caíram constantemente nos mesmos erros no breakdown ou na proteção de bola junto ao ruck, um factor que retirou-lhes tempo de bola e oportunidades de ataque.

Foram 18 penalidades cometidas contra 8 dos Rebels, mais do dobro que o adversário, provando que algo não está bem em termos de liderança, capacidade de leitura dos problemas no momento imediato e de manter uma atitude resiliente, expondo que a juventude dos Waratahs está mais verde em comparação com a dos Reds, por exemplo. Nada do que os Waratahs fizeram foi elegante ou minimamente apelativo, tendo apostado em demasia em pontapés que só beneficiaram a estrutura de jogo dos Rebels – Koroibete, Petty e Kellaway “agradeceram” -, oferecendo por completo o domínio de jogo e territorial aos seus adversários (29% de posse de bola e 21% de ocupação de território), e isto explica o registo final de 10-29 (poderia ter sido pior caso Toomua tivesse encaixado todos os pontapés de penalidade).

Os craque: Koroibete, Hardwick, Wright, Samu

Não há dúvidas que é um dos melhores pontas a nível mundial, tanto pela fisicalidade desconcertante que impõe a cada entrada sua no espaço ou mesmo na cara do adversário, tendo completado 65 metros conquistados, 3 quebras-de-linha e 8 defesas batidos, sem esquecer o ensaio conquistado nos últimos dois minutos.

Richard Hardwick continua a pedir novas chamadas aos Wallabies (internacional por duas ocasiões) e os quatro turnovers no breakdown foram essenciais para os Rebels. Foi o melhor placador do lado da franquia de Melbourne (11 placagens e 100% de eficácia) e o 2º avançado com mais metros percorridos durante o encontro.

Do encontro entre Force-Brumbies, as nossas escolhas caíram em dois atletas da franquia de Canberra, de seus nomes Tom Wright e Pete Samu. O ponta registou uns impressionantes 131 metros e duas quebras-de-linha, sendo que a forma como apareceu no centro do terreno e no apoio rápido foram dois pormenores impressionantes, sendo um constante perigo para a defesa contrária. Pete Samu foi estrondoso quer no ataque, defesa ou no liderar, impondo uma excelência constante aos Brumbies, sem esquecer aqueles offloads que resultariam em ensaios.

Números:

Mais pontos marcados: Matt Toomua (Rebels) – 19 pontos
Mais ensaios marcados: Vários – 1
Mais quebras-de-linha: Marika Koroibete (Rebels) – 3
Mais placagens: Henry Stowers (Force) – 15
Mais turnovers: Tevin Ferris (Force) – 3
Mais defesas batidos: Marika Koroibete (Rebels) – 8
Melhor da Jornada: Marika Koroibete (Rebels)

 

Try de Koroibete (3:41)