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Entre as mais importantes notícias do rugby brasileiro no mês de agosto está a separação dos elencos das seleções brasileiras de rugby XV e de sevens que será efetuada pela CBRu. Para esclarecer melhor o assunto, o Portal do Rugby conversou com João Nogueira, Coordenador Técnico da entidade. Confira a entrevista!

 

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– Quais os motivos da decisão de separar os elencos de XV e de sevens masculinas? Desde quando o projeto vem sendo pensado e quando entrará efetivamente em vigor?

[João Nogueira – CBRu] Victor, a decisão de separar os grupos de atletas é totalmente técnica e tem como base a necessidade de treinamentos específicos distintos tanto na parte técnica e tática como na área de preparação física.

A utilização de praticamente todos os atletas de Seven na seleção de XV acarreta um excesso de volume de trabalho, que gera um desgaste elevado e a propensão ao aumento do número de lesões. No caso do Brasil, as duas temporadas, Seven e XV, têm seu pico de trabalho muito próximo, o que complica o aproveitamento dos atletas nos dois programas.

Desde 2010, quando se iniciou o processo de solicitação de verbas junto ao Governo Federal para apoiar o rugby, foi pensada essa possibilidade.

 

– A separação será acompanhada pela profissionalização plena do elenco de sevens?

[João Nogueira – CBRu] O processo que se inicia neste momento é de auxilio para que os atletas possam desenvolver o seu potencial através do aumento da frequência dos treinos tanto físico quanto táticos e, para isso, através do projeto via SICONV, a CBRu poderá disponibilizar uma bolsa para os participantes no programa.

 

– A separação será total? Países como Canadá, EUA, Portugal e Espanha, que jogam todas as etapas da Série Mundial de Sevens, aproveitam alguns atletas do sevens também na seleção de XV, já que o rugby local é amador. Isso poderá ocorrer também no Brasil?

[João Nogueira – CBRu] Inicialmente a separação é quase total, mas sempre existindo a possibilidade de um ou outro atleta ser aproveitado no outro programa se assim a comissão técnica decidir. Mas, o objetivo é ter os atletas focados no seu projeto.

Nos países onde os atletas são aproveitados em ambos os programas existe uma gestão do volume de trabalho para evitar o acúmulo de esforço e lesões e, como você pode perceber, todos eles pertencem ao hemisfério norte, onde os picos de performance nos dois programas são mais distantes em termos de calendário.

– Os atletas do sevens seguirão jogando XV com seus clubes? Com qual frequência?

[João Nogueira – CBRu] Os atletas da equipe de Seven manterão a atividade pelos clubes normalmente, porém, em vésperas de competições e viagens, serão poupados desses compromissos.

A gestão de lesões e desgaste físico também será monitorada pela Comissão Técnica de modo a zelar pela saúde e segurança dos atletas.

 

Com menos jogos disputados pelo feminino, não consideram que possa faltar ritmo de jogo por parte das atletas?

[João Nogueira – CBRu] As atletas da equipe feminina seguem exatamente o mesmo sistema. Os campeonatos nacionais e estaduais são a única fonte de jogos que nossos atletas têm logo é de interesse da Comissão Técnica que eles joguem o máximo possível.

Elas podem e devem continuar a jogar pelas suas equipes de origem ou pelas que escolherem jogar uma temporada, exatamente para manter o ritmo de jogo. Em alguns jogos ou finais de semana, em função das decisões da Comissão Técnica elas, assim como eles, serão vetados de participar nos jogos de seus clubes.

Entre as razões estão lesões, proximidade de competições internacionais importantes, necessidade de reduzir o volume de trabalho de algum atleta ou outro motivo pertinente.

Na primeira etapa do Super Sevens solicitamos às atletas que jogaram o Mundial da Rússia que não participassem para cumprir um período de repouso após 12 meses de treinos e competições desde agosto de 2012. Esta pausa se tornou necessária para dar o descanso necessário a este grupo de atletas. Um segundo grupo não jogou este evento por estar na Universiade em Kazan. Na segunda etapa todas as atletas que não estão afastadas pelo Departamento Médico jogaram em Curitiba.

– Quantos torneios o time de sevens a CBRu planeja para o time masculino em 2013-14? A quantidade de torneios justifica a separação?

[João Nogueira – CBRu] Estão no planejamento uma viagem para a Nova Zelândia em novembro, a participação no circuito Sul-Americano de Sevens (Punta del Este e Viña), em janeiro e fevereiro, e os Jogos Sul-Americanosm em marçom na cidade de Santiago, no Chile.

Dependendo dos resultados que obtivermos outros torneios serão agregados ao programa em função das classificações obtidas.

– Com qual frequência a seleção de XV e a seleção de sevens treinarão? Onde serão os treinos?

[João Nogueira – CBRu] O ritmo da equipe de XV será mantido e aproximadamente uma vez por mês a equipe se reunirá para treinar.

O Seven terá a possibilidade de manter treinamentos quase que semanais.

 

– Como serão escolhidos os atletas que integrarão cada uma das seleções?

[João Nogueira – CBRu] A definição dos atletas é pautada pela capacidade técnica e pela necessidade de cada programa, XV e Seven. Os treinadores e demais Comissão Técnica definiram que atletas integrariam cada grupo em função das suas características técnicas e físicas.

 

– Quais as estratégias que estão sendo implementadas para garantir que atletas do maior número possível de clubes e estados sejam analisados para cada um dos elencos?

[João Nogueira – CBRu] Os treinadores do programa de Alto Rendimento estão se deslocando para assistir o maior número de jogos possível em diversas cidades e a cada concentração podem e serão chamados atletas para avaliação.

Os vídeos de todos os jogos do Super 10 e Super Sevens têm auxiliado bastante também nesse processo de identificação de talentos nos clubes.

 

– Como deverá ser o calendário do time de XV no próximo ano? Quantos jogos e giras são estipulados?

[João Nogueira – CBRu] Essa é uma questão ainda um pouco em aberto, mas a CBRu está trabalhando para que a preparação para o CONSUR A seja ainda de melhor qualidade da que ocorreu em 2013.

 

– É correto afirmar que o sevens será priorizado, em função da modalidade integrar o programa olímpico em 2016?

[João Nogueira – CBRu] A ideia é que não existam prioridades relativas entre os dois projetos. Cada um terá seus objetivos finais específicos e suas metas intermediárias de performance.

O XV terá como objetivo a classificação para o Mundial de 2019 e o Seven a participação na Olímpiadas e no Circuito Mundial de Sevens Masculino.

 

Adendo

Acerca das questões colocadas, o presidente da CBRu, Sami Arap, ainda lembrou que “o calendário de seleções da CBRu não depende da CBRu; depende de decisões do IRB e da Consur, nessa ordem. Não somos tier 1 ou 2 (nível RWC) e, por isso, não somos prioridade no IRB e na Consur, salvo em relação a Rio 2016. A CBRu somente tem condições de fechar seu calendário internacional (e depois o nacional) após IRB e Consur definirem as datas de seus torneios oficiais, nos quais nossas seleções poderão participar. Conforme é sabido por todos, cada programa será melhor estruturado de acordo com o volume de recursos financeiros que seja destinado a CBRu via COB e ME-Siconv (somente para 7s), ME-LIE (somente para XV) e patrocínios”.

Sami Arap frisou ainda que a CBRu necessita de mais recursos do que os que possui hoje para dar seguimento à semi-profissionalização dos atletas das seleções.