Elia Green pela Austrália no Rio 2016. Foto: World Rugby/Rio 2016

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ARTIGO OPINATIVO – Neste dia 28 de abril, o rugby sevens completa 137 anos de existência. Criada em 1883 pelo escocês Ned Haig, na cidade de Melrose, a modalidade reduzida do rugby nasceu com o intuito de ajudar financeiramente seu clube. Um torneio com vários times jogando ao mesmo tempo significa mais pessoas envolvidas, em especial na cidade da Scottish Border, onde fica Melrose, caracterizada por ser uma zona rural de pequenas cidades.

A ideia se popularizou, permitindo a confraternização simultânea de muitas equipes, assim como oferecendo atividade a quem não conseguia colocar 15 jogadores em campo. Tal combinação de fonte de receitas, confraternização (espírito do rugby) e desenvolvimento (ofertar atividade a mais equipes) mostra até hoje que o sevens é um poderoso instrumento de difusão do rugby. Em todos os níveis, gêneros e faixas de idade, o sevens precisa ser pensado como modalidade essencial para o fomento do rugby.

Nos últimos 30 anos, no entanto, o sevens entrou em sua “maioridade” no mundo. Com a criação em 1993 da Copa do Mundo de Rugby Sevens (Rugby World Cup Sevens), o sevens deixou de ser apenas uma modalidade recreativa, quase auxiliar, para criar seu próprio domínio, tornando-se uma modalidade de alto rendimento, com características próprias e, cada vez mais, com atletas especializados.

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A introdução do rugby sevens como modalidade olímpica em 2009 deu ao jogo reduzido uma nova posição dentro do mundo do rugby. O sevens vem possibilitando que mais países caminhem na direção da profissionalização, seja de suas federações, seja de seus atletas. Em países onde o rugby não é popular, a via olímpica de financiamento tem garantido a evolução do esporte, simplesmente por fazer parte dos Jogos Olímpicos.

Aqui no Brasil mesmo testemunhamos como receitas vindas do fomento governamental aos esportes olímpicos permitiram primeira a profissionalização do staff da Confederação e, depois, dos atletas. Do mesmo modo, o status olímpico igualmente torna o esporte mais atrativo para a iniciativa privada. O “ecossistema” ampliou-se no Brasil e em vários outros países do mundo.

Não apenas os Jogos Olímpicos em si são importantes. O status olímpico também fez o rugby sevens ser incorporado por outros eventos poliesportivos, como os Jogos Pan-Americanos, os Jogos Sul-Americanos, os Jogos Asiáticos. Para países que têm poucas esperanças de estar nos Jogos Olímpicos em um esporte coletivo, poder jogar seu evento continental é igualmente um estímulo ao desenvolvimento da modalidade e traz investimentos.

Mais do que isso, além de permitir que o rugby se estruture onde antes ele era precário, o sevens também vem sendo crucial para o início de um processo, ainda tímido, de profissionalização do rugby feminino. Diferente do rugby masculino, que já contava em 2009 com um cenário profissional em alguns países por conta da popularidade do rugby XV, o sevens abriu caminho para que o até então totalmente amador rugby feminino ganhasse um primeiro estágio de profissionalização, impulsionado pelo olimpismo. Hoje, esse profissionalismo crescente do rugby sevens feminino vem trazendo frutos positivos no mundo todo ao XV feminino.

Nunca podemos nos esquecer de quão importante é o sevens e do quanto o rugby brasileiro – e o rugby de muitos outros países emergente da bola oval – deve à modalidade de 7 atletas.