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Grupo de clubes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o Movimento Rúgbi Brasil publicou hoje na página da Liga Nordeste um manifesto em repúdio ao cancelamento de uma reunião entre o grupo e a CBRu. O espaço está aberto para resposta. Segue a nota na íntegra:

 

“O Movimento Rúgbi Brasil busca neste ato, repudiar o cancelamento da reunião marcada pelo próprio CEO da CBRu Agustín Danza (Confederação Brasileira de Rugby) para o dia 07/07/2016, faltando apenas 6 dias para o encontro. O cancelamento ocorreu menos de 24 horas após o envio da proposta da Ata de Reunião, gerando transtornos para vários dirigentes de várias regiões e perdas financeiras, sendo que essa não foi a primeira vez. A reunião original estava marcada para o mês de junho, sendo transferida para essa segunda data e, posteriormente, cancelada novamente.

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Buscamos, também, trazer à tona algumas discussões que seriam avaliadas na oportunidade, como a realidade do falho “Projeto” de desenvolvimento do rúgbi em território nacional, que favorece um seleto grupo de 6 federações das duas principais regiões político-econômica, sudeste e sul. Nesta relação pode-se gerar disparidades regionais irreversíveis, mas ainda há tempo de mudar essa situação que nada se assemelha aos princípios básicos do Rúgbi, como respeito, integridade e solidariedade.

 

O cerne principal da mobilização do Movimento Rúgbi Brasil é de gerar oportunidades para nossos atletas, para nossas equipes, para nossos clubes, para todas as regiões do Brasil, ou seja, queremos que a CBRu execute a sua finalidade de fato, disseminar e criar bases sólidas para a construção do rúgbi nacional. Hoje, a política de instalação do rúgbi não gera possibilidades para os atletas evoluírem em suas cidades de origem, sendo o motivo a barreira geográfica que separa Sudeste e Sul do resto do Brasil. Através desse obstáculo, os atletas não podem evoluir no esporte, quem consegue superar esse obstáculo necessita de recursos e sair de seus locais de origem para continuar jogando rúgbi e tentar oportunidade de seguir a carreira de atleta profissional.

 

Acreditamos que o que vale é a resposta em campo, é o campo quem decide a vitória ou a derrota, e os rumos do rúgbi nacional não podem ser decididos apenas em escritórios e de forma política, queremos que o campo seja a resposta do rúgbi brasileiro. O rúgbi é o esporte que mais cresce no Brasil hoje, fruto desse desenvolvimento se deve aos esforços extremos de dirigentes e atletas que seguem no caminho da dedicação voluntária a esse esporte que se fundamentou em esforços independentes, assim, o rúgbi continua a sua história, e encontra-se em pleno processo de assimilação na cultura brasileira.

 

É pertinente e atual a discussão sobre a distribuição espacial dos investimentos e áreas de influência no desenvolvimento do rúgbi em território nacional, e suas possíveis consequências se o mesmo modelo de desenvolvimento for mantido, acreditamos que pode ser gerado analogamente o que assistimos com o futebol nacional, clubes e federações com disparidades regionais gritantes e aparentemente inalcançáveis, formando um verdadeiro oligopólio. A intenção não é fazer conexões com os processos de instalação de cada um dos esportes no Brasil, mas buscamos mostrar que apesar das inúmeras diferenças de instalação, os resultados gerados podem ser os mesmos em termos de desenvolvimento, e não aceitamos esse modelo.

 

A adoção de políticas que favorecem a atividade esportiva e econômica do rúgbi não são distribuídas de forma democrática, levando para poucas regiões a possibilidade de investimento em desenvolvimento e infraestrutura, para assim seguir os trilhos do profissionalismo, e naturalmente pelo fato de a CBRu intervir nestas regiões geram oportunidades e credibilidade para possíveis investimentos, tendo em vista que a CBRu é o órgão máximo e gestor do Rúgbi no Brasil.

 

Hoje, não há política de desenvolvimento regional do rúgbi sendo implementada em território brasileiro, não existem ações que estimulem o desenvolvimento de equipes em áreas geográficas em que a renda e a produção são menores que nos centros dinâmicos da economia nacional. A crítica baseia-se na realidade dos moldes da gestão atual (fruto histórico), que fechou os olhos para a crescente e acelerada criação independente de associações, agremiações, federações, e equipes, deixando-as marginalizadas do processo de desenvolvimento de criação de competições que integrem as diversas regiões do país.

 

Ao relacionar o rúgbi e a política, não pretendemos reduzir a prática do rúgbi à política, como se a prática esportiva fosse mero reflexo da segunda. De forma geral, buscamos demonstrar a existência de uma relação desarmônica no desenvolvimento do rúgbi em território nacional. Neste sentido, o Movimento Rúgbi Brasil surge como voz na busca do desenvolvimento justo e democrático.

 

Continuaremos a nossa trajetória em busca de informações, debates, propostas, críticas e soluções, tornando democrático o acesso ao esporte, pois é um direito dos cidadãos. Estamos abertos para todos que queiram fazer parte desse nascente Movimento, onde todas as regiões são bem vindas e estão convidadas (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).

 

Atenciosamente,
Movimento Rúgbi Brasil.”

 

Foto: Final do Nordeste Super XV – CE NaFor x Orixás

14 COMENTÁRIOS

  1. Se por uma lado nao entendi por que a CBRu cancelou o encontro, por outro me preocupa as entrelinnhas desta carta(espero ter entendido o portugues errado, pois o teor me preocupa) que pode caminhar em direcao ao que esta acontecendo na South Africa, ou seja, uma msg subliminar de quotas, neste caso regionais. Igualdade de condicoes, igualdade de competicoes, a diferenca esta no talento e na dedicacao. O resto eh coisa de politicagem incompetente.

  2. Realmente !! eles estão querendo um sistema de cotas !! Igual eu sempre me pergunto ao exemplo de São Paulo aqui existe times da serie B..C e D que são muito fortes, ao ponto que me pergunto beleza a cbru tem que dar oportunidade para quem e forte mas oque garante que um timE CAMPEÃO DO NORDESTE e realmente melhor que um time campeao da serie C aqui de São Paulo?? Duvido muito . Então antes de forçar a barra querendo ter vagas por meio de cotas pensem que aqui no sudeste e no sul existem muitos clubes bons que também querem ter sua oportunidade, mas por um lado certo que e o lado do trabalho !!

  3. Por vários anos o Sul também ficou à margem da atenção da ABR e naquela época nem existia orçamento milhonário pro rugby.
    Embora tenha contribuído com ideias pra essa reunião (a pedido do Presidente da FRMT, da qual sou Conselheiro Fiscal) nem sabia da existência deste “Movimento”, mas acredito que vários pontos desta carta merecem atenção.
    Alguém mencionou “cotas” e não vi isso em nenhum ponto. O que se pleiteia é reconhecimento aos avanços que temos conseguido nestas regiões. Apesar das distâncias entre as cidades onde o rugby é praticado, campeonatos regionais são disputados há anos.
    Se o nível de jogo é igual ou não? Só em campo pra decidir.
    O time que comecei a montar em 2007 e retomado em 2012, foi oficialmente fundado em 2013, sagrou-se campeão do Centro Oeste de Seven em 2015 e campeão da Taça Pantanal de Rugby XV (MS e MT) este ano, devendo disputar a final do CO (Pequi Nations) dia 20/08 e 17/09 com o campeão da Taça Cerrado (GO e DF). Serão 1.720km para cada time, sem nenhuma ajuda de custos, basicamente “paitrocínios” e ações entre amigos.
    Mas desde já deixo convite pro time que queira fazer uma “gira” pelo interior do Mato Grosso para medir forças com os queixadas. Se o nível do jogo não estiver à altura, podem ter certeza que o Terceiro Tempo segue as antigas tradições.

    O que a confederação deveria é propor alternativas para que o(s) campeão(ões) regionais possam participar, pelo menos, de seletivas para competições nacionais. Ninguém quer vaga cativa, mas, seguindo o princípio do jogo, ter o direito a disputar a posse.
    Na mesma linha, apoio para o desenvolvimento regional, disponibilizando, com algum subsídio, Educadores. Os valores cobrados para disponibilizar cursos são bastante altos e os interessados das outras cidades ainda precisam custear despesas de logística, quando não sacrificar algum dia de trabalho ou estudo.
    Não listado na carta, mas importante para TODAS as regiões é a divulgação com alguma antecedência do Calendário de Torneios, para que o planejamento Regional possa se adequar ao Nacional.

    Ainda, não creio que ir contra a confederação, ou criar agremiações paralelas ajude, pois sem reconhecimento oficial as coisas serão ainda mais complicadas. Cabe às federações exercer suas funções estatutárias e fazer valer sua voz, do mesmo modo que os times devem fazer regionalmente.

  4. Se por uma lado nao entendi por que a CBRu cancelou o encontro, por outro me preocupa as entrelinnhas desta carta(espero ter entendido o portugues errado, pois o teor me preocupa) que pode caminhar em direcao ao que esta acontecendo na South Africa, ou seja, uma msg subliminar de quotas, neste caso regionais. Igualdade de condicoes, igualdade de competicoes, a diferenca esta no talento e na dedicacao. O resto eh coisa de politicagem incompetente.

  5. Realmente !! eles estão querendo um sistema de cotas !! Igual eu sempre me pergunto ao exemplo de São Paulo aqui existe times da serie B..C e D que são muito fortes, ao ponto que me pergunto beleza a cbru tem que dar oportunidade para quem e forte mas oque garante que um timE CAMPEÃO DO NORDESTE e realmente melhor que um time campeao da serie C aqui de São Paulo?? Duvido muito . Então antes de forçar a barra querendo ter vagas por meio de cotas pensem que aqui no sudeste e no sul existem muitos clubes bons que também querem ter sua oportunidade, mas por um lado certo que e o lado do trabalho !!

  6. Por vários anos o Sul também ficou à margem da atenção da ABR e naquela época nem existia orçamento milhonário pro rugby.
    Embora tenha contribuído com ideias pra essa reunião (a pedido do Presidente da FRMT, da qual sou Conselheiro Fiscal) nem sabia da existência deste “Movimento”, mas acredito que vários pontos desta carta merecem atenção.
    Alguém mencionou “cotas” e não vi isso em nenhum ponto. O que se pleiteia é reconhecimento aos avanços que temos conseguido nestas regiões. Apesar das distâncias entre as cidades onde o rugby é praticado, campeonatos regionais são disputados há anos.
    Se o nível de jogo é igual ou não? Só em campo pra decidir.
    O time que comecei a montar em 2007 e retomado em 2012, foi oficialmente fundado em 2013, sagrou-se campeão do Centro Oeste de Seven em 2015 e campeão da Taça Pantanal de Rugby XV (MS e MT) este ano, devendo disputar a final do CO (Pequi Nations) dia 20/08 e 17/09 com o campeão da Taça Cerrado (GO e DF). Serão 1.720km para cada time, sem nenhuma ajuda de custos, basicamente “paitrocínios” e ações entre amigos.
    Mas desde já deixo convite pro time que queira fazer uma “gira” pelo interior do Mato Grosso para medir forças com os queixadas. Se o nível do jogo não estiver à altura, podem ter certeza que o Terceiro Tempo segue as antigas tradições.

    O que a confederação deveria é propor alternativas para que o(s) campeão(ões) regionais possam participar, pelo menos, de seletivas para competições nacionais. Ninguém quer vaga cativa, mas, seguindo o princípio do jogo, ter o direito a disputar a posse.
    Na mesma linha, apoio para o desenvolvimento regional, disponibilizando, com algum subsídio, Educadores. Os valores cobrados para disponibilizar cursos são bastante altos e os interessados das outras cidades ainda precisam custear despesas de logística, quando não sacrificar algum dia de trabalho ou estudo.
    Não listado na carta, mas importante para TODAS as regiões é a divulgação com alguma antecedência do Calendário de Torneios, para que o planejamento Regional possa se adequar ao Nacional.

    Ainda, não creio que ir contra a confederação, ou criar agremiações paralelas ajude, pois sem reconhecimento oficial as coisas serão ainda mais complicadas. Cabe às federações exercer suas funções estatutárias e fazer valer sua voz, do mesmo modo que os times devem fazer regionalmente.