Tempo de leitura: 5 minutos

 

Por João Gabriel Rodrigues

- Continua depois da publicidade -

São Paulo

Um empurra, o outro rebate. Entre respostas e argumentos, segue indefinido o imbróglio para que São Januário seja a sede do rúgbi nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Há quase duas semanas, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), pediu pressa ao clube carioca, mas pouca coisa mudou desde então. A entidade precisa, em dezembro, dar uma resposta ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e, ainda sem plano B, aguarda a decisão do clube.

Eurico Miranda, presidente do Conselho de Beneméritos, diz que o projeto de mudanças no estádio ainda não foi apresentado. Roberto Dinamite, presidente do clube, reconhece que o projeto não está pronto e afirma que os detalhes de como serão as obras estão sendo discutidos com o Comitê Organizador. A entidade, no entanto, diz que a definição não passa por suas mãos.

De acordo com a assessoria do Comitê, a única conversa neste sentido ocorreu com os engenheiros do Comitê Olímpico Internacional (COI), que visitaram São Januário logo depois da assinatura do acordo com o Vasco. A intenção era definir o que teria de ser mudado no estádio para abrigar os Jogos. Dinamite garante que o projeto está evoluindo e que não há riscos de que a competição vá para outro lugar.

– O projeto em si ainda não existe, está sendo trabalhado. A engenharia está trabalhando nisso. Então, nesse primeiro momento, estamos conversando com o comitê. Ainda está em estudo, tanto por parte do Vasco quanto do Comitê (Organizador dos Jogos Rio-2016), como vai ser implantado – disse Dinamite, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.

A preocupação do Comitê fica por conta das declarações de Eurico, ex-presidente vascaíno. O cartola diz que é obrigação de Roberto apresentar o projeto a todos os conselhos do clube e afirma que é contra as obras no local até que comprovem que a cessão de São Januário para os Jogos Olímpicos será benéfica para o Vasco.

– Não me apresentaram nada. O papel do Conselho Benemérito é fiscalizar. Se isso não o obriga a apresentar, tudo bem. Se ele pensa dessa maneira, vamos ver se efetivamente vai ser assim. Eu sou claro: se eu não tomar conhecimento, sou contra. Mas se for bom para o Vasco, eu estou de acordo. Por enquanto, não acho nada porque, até agora, ninguém tem nada. Se tivessem, já tinham apresentado. Com os ônus e os bônus. Se realmente for bom para o Vasco, para mim, ótimo. Isso não é assunto político, isso não é da corrente A ou B. Isso deve ser analisado porque compromete o patrimônio do Vasco. E a gente tem que dar a opinião sobre isso. É dever de oficio.

Dinamite afirma que o projeto só será apresentado aos conselhos quando estiver pronto, o que seria em uma etapa mais à frente. O Comitê, porém, teme que os conselheiros vascaínos vetem a obra depois que o estádio já estiver confirmado junto ao COI como sede do rúgbi. O presidente vascaíno garante que não há esse risco.

– No momento, não cabe declaração no sentido de dizer que é contra ou a favor. Nós estamos iniciando um processo. O Vasco, em si, não é contra. Em um primeiro momento, o Vasco quer e vai fazer parte das Olimpíadas. Em um segundo momento, os conselheiros vão tomar ciência do projeto. A coisa está vindo ao contrário. Estamos vendo as demandas que se fazem necessárias. E a partir do momento que se tenha essa parte técnica pronta, vamos apresentar a todos. Estão criando uma situação desnecessária, que não cabe. Vamos atender às exigências do COB naquilo que é papel do Vasco. O Vasco hoje tem diretoria e presidente. E todos concordamos. Vamos respeitar tudo, conselheiros, tudo. Queremos e vamos fazer a coisa certa. Os interesses do Vasco vão ao encontro disso, participar das Olimpíadas.Vamos melhorar todas as instalações. São benfeitorias que vão vir para o clube.

Um dos principais nomes da campanha carioca, o prefeito Eduardo Paes brincou com a situação e garantiu que o rúgbi será disputado em São Januário.

– O Vasco não tem problemas, vai chegar ao G-4 (brincou, em uma referência ao Campeonato Brasileiro de futebol). Não tenho dúvidas de que um clube glorioso como o Vasco só vai se beneficiar nas Olimpíadas, e ter o rúgbi em São Januário é fundamental para ter orçamento para transformar o estádio mais fantástico que é a Colina em algo mais moderno – disse Paes, em evento sobre os Jogos.

O comitê estipulou o fim do mês de outubro como prazo para que o Vasco apresente uma garantia de que o projeto não seja vetado pelo próprio clube no futuro. A preocupação é com a vinda de membros do COI para uma visita-técnica ao Rio de Janeiro em dezembro, quando a sede já deverá estar definida.

– O COI está nos cobrando – disse Nuzman, que também é presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, em evento no mês passado.

O tempo que o Vasco ficaria sem poder usar sua casa é incerto e dependeria do período previsto para as obras, que serão financiadas por meio de um fundo público. As instalações precisariam de ajustes para receber o esporte, calouro em Olimpíadas. O clube, no entanto, não gastaria nada.

*colaborou Guilherme Marques, do Rio de Janeiro

Fonte: Globo Esporte