Seleção Indígena Australiana fazendo sua dança de guerra. Foto: NRL.com

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ARTIGO COM VÍDEOS – A sexta-feira em Melbourne, na Austrália, foi de All Stars Matches da NRL! O Rugby League (o rugby de 13 jogadores) australiano e neozelandês está em sua pré temporada e neste ano o evento das estrelas ganhou cara nova. Foram 2 jogos entre as seleções aborígene/indígena da Austrália e maori da Nova Zelândia, a primeira feminina e a segunda masculina, envolvendo os principais atletas aptos a defenderem tais equipes. Vitória neozelandesa no feminino e australiana no masculino.

A NRL terá seu pontapé inicial no dia 14 de março.

 

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Aborígenes ou Indígenas australianos?

O Indigenous All Stars é o nome oficial da seleção indígena australiana. A equipe é oficialmente chamada de “indígena” porque a equipe é aberta tanto a aborígenes como aos ilhéus de Torres. Explicamos:

  • Antes da chegada dos europeus no século XVIII, a Austrália era povoada por diversas populações genericamente conhecidas como “aborígenes”. Os aborígenes são um conjunto de povos, distintos entre si, que falam (ou falavam) ao redor de 300 línguas, de 28 famílias linguísticas diferentes. O que une todos os aborígenes é o fato dessas populações serem nativas e únicas da Austrália;
  • Porém, nas ilhas do extremo nordeste da Austrália, as ilhas Torres, a população nativa mescla origens papuas, com ligação com povos da Papua Nova Guiné, e melanésias, isto é, a família de povos que habitam as ilhas Fjii, Ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledônia e partes da Papua Nova Guiné. Ou seja, os Ilhéus de Torres não se consideram “aborígenes”;
  • Cerca de 750 mil australianos se identificam como aborígenes e pouco menos de 50 mil como Ilhéus de Torres (mas apenas cerca de 4 mil vivem nas ilhas);

Por tais razões, a camisa da seleção indígena possui as bandeiras aborígene e de Torres. A equipe é conhecida como Dreamtime, em alusão à mitologia comum entre os povos aborígenes que fala em um “tempo fora do tempo”, um tempo mitológico dos deuses.

 

Maoris?

Já os maoris são a população nativa da Nova Zelândia, de origem polinésia (a família de povos que também compreende Samoa, Tonga, Tahiti, Ilhas Cook, Havaí, entre outros). Na Nova Zelândia, o Rugby League tem bastante popularidade entre os maoris, assim como o Union.

 

Os jogos

Diante de 18.802 torcedores, as duas partidas começaram com ações de valorização das culturas aborígene e maori, que incluíram a haka neozelandesa e a dança de guerra aborígene.

Entre as mulheres, as maoris triunfaram no aperto, 8 x 4.

Depois, entre os homens, a vitória foi do Dreamtime australiano por 34 x 14. Josh Addo-Carr (2 vezes), Bevan French, Blake Ferguson, David Fifita, Cody Walker e Josh Kerr marcaram os tries australianos, enquanto Dane Gagai (2 vezes) e Esan Marsters cruzaram o in-goal para os neozelandeses.

O que é o Rugby League?

O Rugby League é uma modalidade do rugby que nasceu em 1895 no Norte da Inglaterra. Na época, o rugby (o Rugby Union) proibia o profissionalismo no mundo todo, mas um grupo de clubes ingleses se opôs à proibição de pagamentos a jogadores e romperam com a federação inglesa, formando uma liga independente. A fim de mudar a dinâmica do jogo e torná-lo mais aberto, a liga passou a promover mudanças nas suas regras, criando uma modalidade distinta, jogada com regras diferentes e organizada por entidades distintas do Union. O League, no entanto, se difundiu fortemente apenas no Norte da Inglaterra e na Austrália, onde é mais popular que o Union. O esporte ganhou popularidade ainda na Papua Nova Guiné (país da Oceania onde é o League e não o Union que reina) e, em menor dimensão, na Nova Zelândia e em algumas partes da França, onde segue bem abaixo do Union.

Quais as principais diferenças do League para o Union?

  • O League é jogado por 2 times de 13 jogadores cada, com 4 reservas, sendo que um atleta que foi substituído poderá retornar a campo. A modalidade reduzida principal é o Nines, de 9 jogadores de cada lado;
  • No League, o try vale 4 pontos, a conversão 2, o penal 2 e o drop goal (chamado também de field goal) 1 ponto;
  • Não existem rucks. Quando um atleta sofre o tackle, é seguro e vai ao chão o jogo é parado. O atleta com a bola é liberado, rola a bola com os pés para trás e o jogo é reiniciado. É o chamado “play the ball”;
  • Cada equipe tem direito a realizar 5 vezes o play the ball e, na sexta vez que um atleta é derrubado, a posse da bola troca de equipe. É a chamada “Regra dos 6 tackles”. Com isso, é comum após o 5º tackle a equipe com a posse da bola chutá-la;
  • Se a equipe defensora tocar na bola entre um play the ball e outro a contagem de tackles é zerada. Quando uma equipe com a posse de bola comete um erro de manuseio e a bola troca de posse o primeiro tackle é considerado “tackle zero” e a contagem se inicia apenas após ele;
  • Não há lineouts. A reposição da bola que saiu pela lateral é feita a partir de um scrum. Penais chutados para a lateral são cobrados com free kick;
  • Na prática, os scrums não possuem disputas, pois a equipe que introduz a bola na formação pode introduzi-la diretamente no pé de sua segunda linha. Porém, a equipe sem a bola pode tentar empurrar a formação para roubar a bola (o que é raro de acontecer);
  • Não existe o mark. Com isso, chutes no campo ofensivo são frequentes;
  • Um chute dado atrás da linha de 40 metros do campo de defesa que saia pela lateral após a linha de 20 metros do campo ofensivo é chamado de “40/20” e premia a equipe chutadora com a manutenção da posse da bola e com a contagem de tackles zerada;
  • A numeração dos atletas no League muda. Os números mais altos são para os forwards e os números menos são para a linha. O fullback é o camisa 1 e o pilar o 13, por exemplo;