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Um jogo história para Samoa. A nação de 200 mil habitantes, colônia da Nova Zelândia entre 1914 e 1962, jamais havia recebido uma partida dos All Blacks. Nesta quarta-feira, os samoanos puderam desfrutar pela primeira vez da presença da melhor seleção do mundo em seu território, com Samoa e Nova Zelândia colidindo no charmoso Apia Park, em Apia, capital do país. O resultado foi uma sofrida e pouco convincente vitória neozelandesa por 25 x 16, diante de uma aguerrida seleção da casa, que vendeu caro sua derrota para os campeões do mundo.

 

O evento começou com um duelo de danças de guerra, como esperado. Primeiro, o haka neozelandês, seguido do siva tau samoano, aqueceram os ânimos para o jogo. Em campo, a primeira etapa foi muito parelha e de poucos espaços, com Samoa resistindo muito bem aos avanços dos campeões mundiais. Escalando uma seleção de muita qualidade, estrelada, e pesada no pack, Samoa foi capaz de manter a Nova Zelândia longe de seu in-goal durante todo o primeiro tempo, restando aos All Blacks apostarem nos penais, que sua terceira linha foi arrancando. Dan Carter teve os três primeiros penais da partida, convertendo dois para abrir 6 x 0 aos visitantes. Aos 23′, Tusi Pisi levou a já inflamada torcida – que fez festa durante o jogo todo – ao delírio com um brilhante penal do meio campo para reduzir a diferença. Porém, Carter ainda teve mais dois arremates ao H, levando a peleja para o intervalo em 12 x 3 para os kiwis. Ao final do primeiro tempo, a Nova Zelândia contou com apenas 55% de posse de bola a seu favor, com 63% de território, mas sem conseguir passar pelo ferrolho samoano.

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Os All Blacks tentaram quebrar o gelo logo no começo do segundo tempo, com Carter dando a assistência com os pés para George Moala, em seu debut, se antecipar ao tackle e girar sobre Tuilagi para correr para um belo try inaugural, convertido por Carter. A resposta samoana veio rápido com novo penal de Pisi, aos 51′. O abertura levou a torcida à festa aos 56′ com mais um penal, dando reais esperanças ao torcedor samoano de que um resultado grandioso poderia ocorrer, com a equipe azul crescendo e se soltando no jogo, com mais trabalho de mãos do que no primeiro tempo. Carter, contudo, tentou esfriar a reação samoana com mais um penal aos 59′. Mas, os pontos não surtiram efeito, Samoa seguiu melhor na partida e, aos 66′, os anfitriões cravaram um lindo try, iniciado com um turnover em ruck sobre Sonny Bill Williams com Kahn Fotuali’i. Na sequência, Faosiliva atropelou a defesa, Fotuali’i reciclou e novamente Faosiliva partiu com a bola para cravar o try, convertido por Pisi. 22 x 16 e chances de  vitória renovadas para  Samoa.

 

Os donos da casa aumentaram a pressão, jogando de forma incisiva, vertical e com tackles sempre fortes, fazendo os neozelandeses sentirem o peso do jogo, aliado ao calor. Mas, mesmo na adversidade, a frieza dos All Blacks é implacável e, aos 75′, Carter não titubeou punindo Samoa com um penal na hora errada. Com mais de um try de diferença e menos de 5 minutos para o fim, as chances de uma primeira vitória samoana sobre a Nova Zelândia minguaram, os All Blacks garantiram o controle do jogo e trabalharam a bola perigosamente com muita qualidade nas 22 de Samoa, mas o try final não veio.

 

Apesar da ausência de atletas de Highlanders e Hurricanes, a Nova Zelândia passou perto de ser surpreendida por Samoa e fez um jogo de pouca inspiração, que deixou alguma preocupação em seu torcedor. Já Samoa mostrou a força do Pacífico Sul e se tivesse mais oportunidades de enfrentar – e receber em seu estádio – grandes seleções do mundo, juntando seus melhor atletas mais vezes, poderia bater algumas das grandes potências do mundo e dar ainda mais trabalho na Copa do Mundo.

 

A Nova Zelândia se prepara agora para a abertura do Rugby Championship, quando, no dia 17 deste mês, enfrenta em casa a Argentina, em Christchurch. Samoa, por sua vez, disputará a Copa das Nações do Pacífico, medindo forças na estreia no dia 18 os Estados Unidos, em San Jose, na Califórnia.

 

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Samoa 16 x 25 Nova Zelândia, em Apia

Árbitro: Jaco Peyper (África do Sul)

 

Samoa

Try: Faosiliva

Conversão: Tusi Pisi (1)

Penais: Tusi Pisi (3)

15 Tim Nanai-Williams, 14 Alofa Alofa, 13 Paul Perez, 12 Johnny Leota, 11 Alesana Tuilagi, 10 Tusi Pisi, 9 Kahn Fotualii, 8 Ofisa Treviranus (c), 7 Jack Lam, 6 Alafoti Faosiliva, 5 Kane Thompson, 4 Teofilo Paulo, 3 Census Johnston, 2 Ole Avei, 1 Sakaria Taulafo.

Suplentes: 16 Ma’atulimanu Leiataua, 17 Viliamu Afatia, 18 Anthony Perenise, 19 Joe Tekori, 20 Maurie Faasavalu, 21 Pele Cowley, 22 Faialaga Afamasaga, 23 Ken Pisi.

 

Nova Zelândia

Try: Moala

Conversão: Carter (1)

Penais: Carter (6)

15 Israel Dagg, 14 George Moala, 13 Ryan Crotty, 12 Sonny Bill Williams, 11 Charles Piutau, 10 Dan Carter, 9 Andy Ellis, 8 Kieran Read, 7 Richie McCaw (c), 6 Jerome Kaino, 5 Sam Whitelock, 4 Luke Romano, 3 Owen Franks, 2 Keven Mealamu, 1 Tony Woodcock.

Suplentes: 16 Hika Elliot, 17 Wyatt Crockett, 18 Nepo Laulala, 19 Brodie Retallick, 20 Matt Todd, 21 Brad Weber, 22 Colin Slade, 23 Charlie Ngatai.
 

Foto: @AllBlacks (Twitter)