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ARTIGO COM VÍDEO – Na madrugada deste sábado, Nova Zelândia e Argentina mediram forças em Hamilton, na Nova Zelândia, e os All Blacks se mantiveram na liderança isolada do Rugby Championship sem qualquer susto. Os campeões mundiais se impuseram mais uma vez e seguiram com 100% de aproveitamento no torneio com um triunfo por 57 x 22 sobre os aguerridos Pumas.

 

Os Pumas de Hourcade foram obrigados a realizar algumas alterações no time principal, já que Lavanini, Montero e Leguizámon (todos jogadores decisivos no último jogo frente aos Springboks) não estiveram disponíveis para o jogo por lesão. Petti, Moroni e Desio foram chamados ao XV titular, com Kremer (3ª linha de 19 anos) a preencher a vaga no banco de suplentes. Do lado dos All Blacks, Julian Savea regressou ao XV, assim como Ryan Crotty, que voltou a vestir a camisa 12.

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Após o sempre assustador haka, os Pumas mostraram as suas garras com um try ao minuto 2 da autoria de Santiago Cordero, que “agradeceu” o passe para chegar à linha de try neozelandesa. Com a conversão de Sanchez, a Argentina entrou “quente” para o jogo… o que foi, também, algo problemático uma vez que nos dez minutos seguintes a equipe de Daniel Hourcade cometeu 4 penalidades, que os “arrastou” até à sua área de try e proporcionou o empate à equipe da casa. E tudo começou, precisamente, com uma penalidade junto à área de validação argentina (após um pontapé de reinício de jogo de fraca qualidade que Coles carregou com facilidade), transformada em formação ordenada e, depois, em try com Savea a culminar uma combinação com Smith e Barrett. A Argentina sempre que tinha a bola em seu poder conseguiu trabalhar com qualidade, com boa condução da oval, muita paciência no uso das suas unidades e inteligência no ataque à defesa All Black. Duas penalidades aos 14’ e 19’ colocaram a Argentina na frente do placar por 13-07, castigando uma Nova Zelândia pouco eficaz e algo “adormecida”.

 

Um dos problemas dos campeões do Mundo estava na leitura de jogo pouco clara… Barrett teve duas penalidades aos postes, todas elas de difícil execução e, quem conhece o abertura dos Hurricanes sabe que o seu pontapé aos postes não é uma arma formidável, estando longe da qualidade de Dan Carter por exemplo. Teria sido mais útil a Barrett e à Nova Zelândia colocar a bola no line-out e, a partir daí, ir em busca de jogadas de velocidade que se materializassem em pontos. Mas na ausência de pontapés aos postes convertidos, surgiu Julian Savea, que voltou a arrancar e a quebrar a linha de vantagem, para depois Barrett receber e transmitir a bola para Ben Smith para o 14-12 aos 25’. Logo de seguida, nova penalidade All Black aos 27’permitiu, mais uma vez, a Sanchez  encontrar o caminho dos postes e dar vantagem de um ponto aos Pumas. Só que a Argentina estava a “desaparecer” do jogo, possibilitando aos da casa terem mais bola e mais hipóteses em conseguirem a reviravolta. A partir dos 30’ foi isso que aconteceu com Israel Dagg a converter uma penalidade dos 40 metros e, depois, uma bola entregue pelos Pumas, com Sanchez a executar um pontapé que a Nova Zelândia transformou em try, em que Ben Smith aplicou um grubber para Beauden Barrett captá-lo antes de Tuculet e sair disparado para o 24-16 aos 36’. Antes do apito final, Sanchez voltou a converter nova penalidade para o 19-24, com os All Blacks a saírem para o intervalo na frente do resultado. O problema para os argentinos seria a forma física e dinamismo da segunda parte: mantém-se ou vai ter uma queda abrupta como aconteceu no Mundial? Do outro lado, a Nova Zelândia não está a conseguir lidar com a Argentina em termos de jogo no chão, com Sam Cane a estar em mau plano defensivo, com 3 penalidades nos primeiros 40’.

 

Logo no início da segunda parte, o azar “bateu à porta” de Sam Cane, com o 3ª linha a ter que sair por lesão (potencialmente no joelho) o que permitiu a entrada de Ardie Savea. A Argentina entrou melhor, com uma condução de bola sem erros e que foi premiada com nova penalidade, que Sanchez atirou aos postes para o 22-24. Aaron Smith, Dane Coles e Joe Moddy saíram todos, para a entrada de Perenara, Crockett e Taylor. Estas substituições surtiram efeito com os All Blacks a conquistarem 14 pontos em menos de 3 minutos, com Ryan Crotty (após uma tremenda jogada de Beauden Barrett e a velocidade de jogo de Perenara) e Faumina (nova jogada de Julian Savea à ponta, com o seu irmão Ardie a trabalhar bem no meio) aos 53’ e 56’ respectivamente.

 

A Argentina esteve até aos 50’ a fazer o seu jogo, sem arriscar muito no jogo ao largo, tentando conquistar metros no jogo fechado,  para depois pelo meio (entre o canal do 8-10) encontrar espaço suficiente para que Moroni, Cordero ou Tuculet conseguissem descobrir espaço suficiente para chegar ao try. Só que estas ações caíram por terra, uma vez que esse tipo de jogo obriga a um esforço redobrado, no qual os neozelandeses dominavam por completo. A 2ª parte estava a ser um show ao jeito dos All Blacks, com um domínio territorial impressionante (fora os primeiros 8 minutos) e uma qualidade de jogo acima do da Argentina… para a equipe da casa, em boa hora surgiu Julian Savea, que foi o principal “agitador” com mais de 110 metros conquistados e 6 quebras de linha. A Argentina tinha de voltar a demonstrar a qualidade defensiva da primeira parte ou do segundo jogo com a África do Sul, para tentar lutar, pelo menos, por um ponto de bônus defensivo. Contudo, a queda abrupta física aconteceu e mesmo com a liderança e raça de Creevy, foi impossível para os Pumas aguentarem a “muralha”, já que Ryan Crotty voltou a entrar na área de validação após uma boa combinação entre avançados e ¾’s, quando o relógio marcava 62’. Daqui até ao final, a Nova Zelândia marcou mais 2 tries com Ben Smith (67’) e Luke Romano (76’, talvez o try mais estranho do jogo, com a bola a saltar no peito de Dagg para o 2ª linha apanhar a bola) a inscreverem o seu nome na lista de marcadores.

 

A Argentina teve uma boa primeira parte, sem conseguir mais do que try e uma mão cheia de penalidades todas convertidas por Sanchez. Faltou velocidade, faltou arriscar e faltou “pulmão” para aguentar os 80 minutos na “montanha russa” dos All Blacks. A ausência de alguns jogadores pode, também, ter tido algum efeito negativo, já que a Argentina tem falta de soluções no banco para responder às necessidades de jogo, um setor onde os neozelandeses foram buscar forças extra para suprimir a reação Puma e conquistar mais  5 pontos neste Rugby Championship. No setor defensivo foi aonde se assistiu uma diferença maior (para além de nos tries ou metros corridos): 130 tackles contra 98, sendo que os All Blacks só falharam 10% dos seus tackles, enquanto que os argentinos erraram o “alvo” em mais de 25% dos seus 100 tackles. Num jogo frente à Nova Zelândia não podem existir erros nem dar espaço de jogo aos All Blacks… algo que a Argentina da segunda parte permitiu.

 

Infelizmente, há uma nota final de jogo: Craig Joubert conseguiu complicar um jogo que nunca ia ser fácil. Passou os primeiros 40 minutos atrás dos All Blacks, a castigar várias ações defensivas como faltas (pelo menos duas são questionáveis) ou a permitir que a Argentina conseguisse impor aquele jogo mais “caótico” nos rucks com algumas faltas que o árbitro sul-africano não “apanhou”. Assim como, nas formações ordenadas estava com uma tendência para “encontrar” faltas na Argentina, o árbitro deste jogo teve uma prestação pouco clara, algo lenta e pouco eficaz. Os All Blacks perceberam os ritmos e forma de apitar de Joubert e tomaram outra via para evitarem faltas e penalidades.

 

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Nova Zelândia 57 x 22 Argentina, em Hamilton

Árbitro: Craig Joubert (África do Sul)

 

Nova Zelândia

Tries: B Smith (2), Crotty (2), J Savea, Barrett, Faumuina e Romano

Conversões: Barrett (6) e Cruden (1)

Penais: Dagg (1)

15 Ben Smith, 14 Israel Dagg, 13 Malakai Fekitoa, 12 Ryan Crotty, 11 Julian Savea, 10 Beauden Barrett,
9 Aaron Smith, 8 Kieran Read (c), 7 Sam Cane, 6 Jerome Kaino, 5 Samuel Whitelock, 4 Brodie Retallick, 3 Owen Franks, 2 Dane Coles, 1 Joe Moody;

Suplentes: 16 Codie Taylor, 17 Wyatt Crockett, 18 Charlie Faumuina, 19 Luke Romano, 20 Ardie Savea, 21 TJ Perenara, 22 Aaron Cruden, 23 Anton Lienert-Brown;

 

Argentina

Try: Cordero

Conversão: Sánchez (1)

Penais: Sánchez (5)

15 Joaquín Tuculet, 14 Matías Moroni, 13 Matías Orlando, 12 Juan Martín Hernández, 11 Santiago Cordero, 10 Nicolás Sánchez, 9 Martín Landajo, 8 Facundo Isa, 7 Javier Ortega Desio, 6 Pablo Matera, 5 Matías Alemanno, 4 Guido Petti Pagadizabal, 3 Ramiro Herrera, 2 Agustín Creevy (c), 1 Nahuel Tetaz Chaparro;

Suplentes: 16 Julian Montoya, 17 Lucas Noguera, 18 Enrique Pieretto, 19 Marcos Kremer, 20 Leonardo Senatore, 21 Tomas Cubelli, 22 Santiago Gonzalez Iglesias, 23 Ramiro Moyano.

 

 

PaísJPPaísJP
Grupo AGrupo B
Austrália38Nova Zelândia39
Fiji37França37
EUA36Espanha35
Colômbia33Quênia33
Grupo C
Grã Bretanha39
Canadá37
Brasil35
Japão33Veja mais

 

Escrito por: Francisco Isaac

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