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ARTIGO COM VÍDEOS – ATUALIZADO – A Champions Cup, a Copa Europeia de Rugby (antiga Heineken Cup) viveu neste final de semana as disputas de sua fase de quartas de final. No sábado, dois dérbis ingleses definiram o que já era sabido: um inglês no mínimo já está assegurado na grande final. O Wasps, bicampeão europeu em 2004 e 2007, derrotou o Exeter Chiefs, 25 x 24, em jogo decidido no detalhe e voltou a uma semifinal da competição pela primeira vez desde seu último título, tendo agora pela frente o Saracens, força dominante dos últimos anos na Inglaterra, que assegurou sua classificação pelo quarto ano seguido às semifinais ao bater o Northampton Saints por 29 x 20 e segue na busca de seu primeiro título.

 

Já no domingo, outro inglês, o Leicester Tigers, carimbou sua vaga passando pelos franceses do Stade Français por 41 x 13, enquanto Racing e Toulon fizeram o clássico francês da rodada. Após três títulos europeus consecutivos, o “bicho papão” do continente, enfim, foi derrotado, sucumbindo diante do rival parisiense por 19 x 16. Os Tigers, campeões em 2001 e 2002, voltam às semifinais pela primeira vez desde seu vice campeonato de 2009, ao passo que o Racing alcança pela primeira vez em sua história um lugar entre os quatro melhores do Velho Continente.

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As duas semifinais serão disputadas em solo inglês, nos dias 23 e 24 de abril, enquanto a grande final ocorrerá em Lyon, na França, no dia 14 de maio.

 

Em duelo de sensações inglesas, Wasps prevalece em jogo dramático – Por Francisco Isaac

Wasps e Exeter Chiefs abriram no sábado as quartas de final da Copa Europeia com duelo muito aguardado em Coventry, que acabou com uma preciosa vitória do time da casa por 25 x 24, negando a Exeter sua primeira ida às semifinais do torneio. Não bastou a paixão e o “Rugby Positivo” de Rob Baxter para levar os Chiefs ao sonho da sua primeira meia-final da Champions Cup. Um try já em cima dos 80’ de Charles Piutau, com a conversão de Jimmy Gopperth trucidou as esperanças de termos a nova coqueluche europeia no topo da Europa.

 

O ferrão das vespas fez-se sentir só nos primeiros 10 minutos e nos últimos 15, o suficiente para carimbar uma vitória e o apuramento para as semifinais, onde vão encontrar os Saracens. James Haskell e George Smith foram uns devoradores de turnovers, conquistando um total de 8, algo que perturbou, em certos momentos, as tentativas de try da equipe dos Chiefs. Lembrar que os Exeter Chiefs já ganharam aos London Wasps na presente temporada por 41-27, em Londres para a Aviva Premiership. Mas a equipe das vespas está feita para estes jogos, é na fase a eliminar que se dão melhor, apesar de não serem os campeões da Aviva ou da Champions Cup. Gopperth converteu dois pontapés de penalidade, para um 06-00, que foi desfeito pela mão e “raça” de Thomas Waldrom à passagem dos 32’, através de um bom maul. Gopperth volta a ter uma oportunidade clara para o 9-7, mas falha o pontapé e vê a sua bola embater no poste… Steenson capta-a, sai disparado colocando em Whitten que ao pontapé mete nos 22 metros dos Wasps,. Estes tentam jogar à mão, mas um mau passe de Gopperth permite a Waldrom interceptar a bola e chegar aos postes para novo try dos visitantes… 14-06. Estava feito a reviravolta para o pânico dos adeptos da equipe da casa… seria possível tamanho upset?

 

Thomas Waldrom foi a 19 tries nesta temporada (13 na Aviva e 6 na Champions Cup), sendo uma das melhores unidades da equipe do sul da Inglaterra, e talvez, um dos melhores 8 da atualidade. Na reabertura do jogo, Piutau aproveitou uma série de erros de tackle dos Chiefs, atingindo a área de try e o 14-11. Resposta de força dos Chiefs que voltam a subir as linhas de ataque, a procurar espaço para novo try, conseguindo abrir brechas na ponta, com Piutau a pedir um apoio mais claro dos seus pontas. Após 7 fases de ataque, onde os picks claros e bem trabalhados (um must desta equipe), Harry Williams, que tinha entrado para o lugar de Mitch Lees, conseguiu arrastar-se para dentro da área de validação. Converte Steenson. Woodburn vê negado um try por um passe seu para a frente que daria a G. Parling o 31-11… o domínio ia recaindo nos “ombros” dos Chiefs, com os Wasps “confusos” com o jogo mais dinâmico da equipe de Rob Baxter. Estão a tentar ser mais fiéis a princípios “lentos”, o que agradecem os Chiefs. Aos 63 dá-se o turnover do encontro, e quando dizemos turnover do encontro tem a ver com um roubo de bola de Young sob a linha de try dos Wasps, chegando as vespas ao try em pouco mais de três fases por Halai, a passe de Piutau. Os Chiefs perderam o jogo nesta bola, uma vez que estavam em cima da linha de try, como iríamos ver. Mas como dissemos, uma pressão intensa, uma vontade de chegar às semifinais e um Piutau numa forma inacreditável, levou as vespas ao try do 25-24 para a loucura nas bancadas. Olly Woodburn foi das melhores unidades dos Chiefs, a conquistar vários metros e um criador de espaços… conseguiu atirar Short, um dos melhores pontas da liga inglesa, para o banco. Smith e Piutau dividem os louros, com o antigo internacional australiano implacável rucks e Piutau a ser um mágico com a bola nas mãos… por mais de uma vez, entrou e só após três defensores caírem em cima é que foi ao chão.

 

Placar final, 25 x 24 para o time de Coventry, que retorna a uma semifinal da Copa Europeia pela primeira vez desde seu último título, em 2007, quando ainda era baseado na Grande Londres.

Saracens alcança sua quarta semifinal europeia seguida – Por Francisco Isaac

A melhor equipe inglesa do momento quase que disse “adeus” à competição, uma vez que realizou uma das piores exibições na presente temporada… Os Saints iam saindo com a vitória, quase sem saber como, com os irmãos Pisi a realizarem boas exibições, para além de um “agressivo” Courtney Lawes (12 tackles), a castigar Farrell, Taylor ou Barritt.Os Saracens se impuseram por 29 x 20 e garantiram mais uma participação nas semifinais da Copa Europeia.

 

Uma primeira parte muito mal jogada, apesar de um tempo espetacular em Inglaterra, deixou os adeptos presentes com alguma preocupação: os Sarries estavam a ter problemas em segurar a bola nos rucks ou em furar a linha. Richard Wigglesworth teve sérios problemas em pôr a bola a “rolar”, com Owen Farrell longe das suas melhores exibições. A boa pressão defensiva dos Saints garantiu mesmo um try de Ken Pisi, a tramar o ataque dos Saracens que arriscaram demais. Steve Myler para a conversão (foi sempre um perigo com a bola nos pés) e chegámos ao fim da primeira parte para o 10-06. A equipe visitante estava intragável na hora de defender, realizando 60 tackles no espaço de 40 minutos, errando muito pouco na abordagem ao contacto… Lawes esteve gigante, mas há que se aplaudir também a exibição de Luther Burrell, que impediu Farrell e Ashton de quebrarem a linha de vantagem, aos 33’ e 37’ respectivamente.

 

Mas a fibra de campeão vem sempre na melhor hora, como foi demonstrativa a meia hora final dos Sarries: Billy Vunipola somou mais de 80 metros com a bola nas mãos, a criar brechas e erros na defesa dos Saints, que já estavam com a jogar mais que o coração do que a cabeça; Chris Ashton e Chris Wyles acordaram na 2ª parte e foram quebrando a linha sempre que possível, arrastando os Saints para trás, de forma cada vez mais perigosa. Antes do try da reviravolta, os Saracens viram dois tries serem negados, primeiro aos 55’ quando o passe para Ashton proveio de uma falta de Will Fraser (obstrução deliberada) e aos 60’ o pick de George Kruis foi feito de forma ilegal. Mas no rugby, quando uma equipe exerce este tipo de pressão e mantém um rigor e paciência acaba por ver chegar boas notícias. Chris Ashton, após tantas semanas de castigo em que falhou as Seis Nações, saiu disparado da sua linha e num bom side step atingiu a linha de try aos 67’, colocando os Saracens na frente (19-13). O jogo, até ao final, pertenceu à equipe da casa que ainda chegou ao try por mais uma vez, desta feita pelo  outro ponta, Chris Wyles, o americano a quebrar a linha após mais uma entrada de Vunipola, que tinha sacado a bola num ruck. Courtney Lawes ainda tentou dar algum ânimo, com um try aos 80’, que já de nada serviu para as aspirações dos Saints. Saracens ganharam para o susto, só que um crescimento exponencial na 2ª parte, deu-lhes os pontos necessários para novo apuramento para as semifinais da competição europeia. 29 x 20 para os londrinos, que alcançaram a semifinal europeia pelo quarto ano consecutivo, seguindo na busca de um título inédito.

 

Agora será entre Wasps e Saracens, entre Haskell e Vunipola, entre Piutau e Farrell… um clássico inglês no caminho para a final da Champions Cup.

Após 7 anos, Leicester Tigers volta a uma semifinal

No domingo, as emoções da Champions Cup foram abertas com o único confronto entre equipes de países diferentes. Os ingleses do Leicester Tigers receberam os franceses do Stade Français e sepultaram a péssima temporada que vem fazendo o atual campeão do Top 14 – e atual antepenúltimo colocado de sua liga nacional.

 

O primeiro try dos Tigers saiu pouco depois do kick-off, com Manu Tuilagi interceptando passe equivocado dos parisienses para disparar para o try. O Stade Français não tardou a reduzir, com Morné Steyn chutando um penal com precisão, mas desperdiçando o seguinte. O troco inglês veio aos 15′ com Freddie Burns em penal,  mas Steyn respondeu logo aos 24′ na mesma moeda. O aparente equilíbrio logo seria desfeito. Aos 30′, o fijiano Goneva apanhou um chute pobre de Steyn e não perdoou, arrancando para o segundo try de Leicester, que já não deixava dúvidas sobre quem era superior. O try foi sentido pelos visitantes e 3 minutos mais tarde foi a vez de Freddie Burns marcar mais um try para os Tigers, em mais um passe interceptado – dia para Steyn esquecer. 24 x 6.

 

No segundo tempo, o Stade Français ensaiou sua reação, com Dupuy anotando o primeiro try dos visitantes, após receber passe de offload de Parisse. Mas, a resposta foi instantânea e Goneva cravou o quarto try inglês, depois de grande arrancada de Tait. O golpe foi fatal e o Stade Français não esboçou mais qualquer reação. Fitzgerald faria ainda o quinto try dos verdes e, aos 65′, o ponta tonganês Veainu daria números finais à peleja com o sexto try dos donos da casa. Implacáveis 41 x 13 de uma vitória indiscutível dos Tigers, melhores em todos os aspectos, e festa em Leicester, talvez a cidade mais feliz do esporte inglês no momento.

 

Após três títulos seguidos, o Toulon é eliminado na Copa Europeia

A jornada de quartas de final foi encerrada com o clássico francês entre Racing e Toulon, em Paris. Atual tricampeão europeu, o Toulon viajou à capital em busca de seguir no caminho para se igualar ao Toulouse com os únicos tetracampeões do continente. Mas, o sonho do time milionário do sul da França foi adiado pelo também milionário clube parisiense, que segue sua saga rumo ao topo do rugby europeu, alcançando pela primeira vez em sua história as semifinais da Champions Cup.

 

A queda do campeão começou a ser construída logo no kick-off, com o Toulon cedendo o primeiro penal logo na largada, para Dan Carter inaugurar o placar a favor o Racing. E, na retomada da disputa, Mermoz efetuou uma passe desastroso apanhado por Imhoff, que disparou para o primeiro try da partida. 10 x 0 para os parisienses, em menos de 5 minutos de partida. Mas, a força do Toulon é óbvia e o troco saiu rápido, com Charles Ollivon cravando o try rubronegro, depois de Tuisova quebrar a linha defensiva dos donos da casa.

 

Depois dos 10 minutos alucinantes, a partida esfriou, com a força física dos dois lados prevalecendo. Delon Armitage e Jonathan Pelissié tiveram uma chance cada para empatar a partida com penais para o Toulon, mas ambos jogaram fora suas chances. Já Machenaud assumiu os chutes para o Racing em momento que Da Carter ficou de fora e também desperdiçou penal para sua equipe. Foi apenas a instantes do intervalo que Pelissié chutou com precisão penal para empatar a partida em 10 x 10.

 

No segundo tempo, Pelissié virou o placar para o Toulon, em novo penal cedido pelo Racing, mas o empate saiu logo na sequência, com Machenaud, finalmente, acertando penal para os parisienses. O Toulon se desestabilizou e voltou a entregar penal para o Racing, com Machenaud embalando e devolvendo a frente aos Elefantes. Os rubronegros cresceram no jogo de contato e os Ciel et Blanc provaram a força de sua defesa, resistindo às investidas do Toulon que, no entanto, saiu premiado com o penal de empate para Pelissié. Sem espaços, o jogo seguiu tenso, com as penalidades se provando fiéis da balança. Aos 69′, Armitage teve chute de 50 metros e não foi feliz. Aos 73′, foi a vez de Machenaud ter em seus pés a vitória do Racing, mas jogou fora penal frontal. O Racing cresceu nos minutos finais, manteve a posse no ataque e trabalhou as fases até arrancar um penal final, aos 78′, que Machenaud converteu, dando a vitória tão sonhada aos azuis de Paris. 19 x 16, e fim da hegemonia do Toulon na Europa.

 

A batalha física contra o Toulon não foi a mais vistosa, com muitos erros dos dois lados e poucas emoções no jogo aberto. Agora, o Racing se prepara para viajar no dia 24 a Nottingham, na Inglaterra, onde enfrentará o Leicester Tigers, que deverá encher o estádio da cidade vizinha. Quem irá prevalecer? O rugby milionário mas de brilho duvidoso nsta temporada do Top 14 ou o rugby moderno, aberto e em franca evolução da Premiership?

 

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Rugby Champions Cup 2015-16 – Copa Europeia de Rugby

*Horários de Brasília

Sábado, dia 09 de abril

Quartas de final

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Wasps (Inglaterra) 25 x 24 Exeter Chiefs (Inglaterra), em Coventry

 

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Saracens (Inglaterra) 29 x 20 Northampton Saints (Inglaterra), em Londres

 

Domingo, dia 10 de abril

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Leicester Tigers (Inglaterra) 41 x 13 Stade Français (França), em Leicester

 

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Racing (França) 19 x 16 Toulon (França), em Paris

 

Semifinais

Dia 23 de abril: Wasps x Saracens, em Reading

Dia 24 de abril: Leicester Tigers x Racing, em Nottingham