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A Top League 2018, o Campeonato Japonês, ganha mais notoriedade em cada edição. Exatos 385 dias antes do pontapé inicial para a Copa do Mundo de 2019, a Top League entrega aos torcedores japoneses o que ela já vem fazendo nos últimos anos: disputas empolgantes com grandes estrelas mundiais. Vamos analisar alguns itens sobre esta temporada, que promete consolidar o rugby de clubes na terra do sol nascente.

 

A organização

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A Top League é a herdeira do Campeonato Japonês de Corporações, o que significa que a competição envolve equipes mantidas por grandes empresas do país.

Na hierarquia do rugby japonês, a Top League posiciona-se abaixo do Sunwolves, o time do Japão que disputa o Super Rugby. Mas a Top League é disputada em período distinto do Super Rugby e para esta temporada a competição foi reduzida para acabar em dezembro, e não mais em janeiro, permitindo melhor preparação para os Sunwolves, que jogam o Super Rugby a partir de fevereiro.

A edição 2018 da Top League terá início justamente no dia 31 de agosto e encerramento no dia 15 de dezembro. A fórmula é a seguinte:

  • As 16 equipes foram divididas em 2 grupos com 8 times cada, com cada equipe enfrentando apenas oponentes de seu grupo, em um total de 7 rodadas na primeira fase, que se encerra no dia 20 de outubro;
  • Os 4 primeiros colocados de cada grupo avançarão às quartas de final, que serão disputadas no dia 1º de dezembro, após a pausa para os amistosos da seleção japonesa em novembro;
  • As semifinais serão no dia 8 de dezembro e a final no dia 15;
  • Nas mesmas datas, os 4 últimos colocados da Top League enfrentarão mata-mata contra os 4 primeiros colocados do Top Challenge, a 2ª divisão, valendo 4 vagas na Top League de 2019;

Além da liga, em novembro e em janeiro será disputada a Copa da Top League, sem os jogadores envolvidos nas seleções nacionais. Essa competição substitui a antiga Copa do Japão.

 

Panasonic Wild Knights: Uma mão na taça?

Os Cavaleiros Selvagens estão novamente na rota da taça. A equipe comandada por Robbie Deans perdeu pouquíssimas peças, dentre elas o afastamento de David Pocock, que se dedicará ao rugby australiano visando a copa do mundo.  No geral, a equipe é praticamente a mesma que chegou ao vice-campeonato da última edição.

Atletas como Berrick Barnes, Digby Ioane, Akihito Yamada, Yoshikazu Fujita, Ryu Koliniasi Holani, Shota Horie e  Fumiaki Tanaka mostram como esta equipe é perigosa e pode novamente ser a maior pontuadora de toda a liga, como vem sendo por boa parte desta década.

 

Suntory Sungoliath: O mais importante é saber vencer!

O maior campeão da década vem com quase em sua totalidade formado por atletas locais. Com somente seis estrangeiros, a comissão técnica vitoriosa de Keisuke Sawaki conta com o conjunto que trabalha como um motor, vencedor das últimas duas edições e cinco títulos no todo. O grande nome é ninguém menos que o abertura e centro australiano Matt Giteau, ex Toulon e Wallabies.

Novamente a equipe da famosa marca de bebidas vem muito forte, pronta para o terceiro título seguido. O novo e mais conhecido reforço, Matt Lucas irá reencontrar Amanaki Mafi, logo na segunda rodada, quando os amarelos enfrentarão os Shining Arcs. Para quem não lembra, há exatos seis meses, após agredir Mafi com um “soco gratuito” no abdômen, culminando em uma briga generalizada. Isto ocorreu na vitória dos Rebels de Melbourne contra os Brumbies pelo Super Rugby. George Smith, veterano australiano, deixou o time.

 

Toshiba Brave Lupus: Por uma temporada modesta

A equipe vermelha é tradicional por montar bons times. Chegaram quatro jogadores com experiência de Super Rugby: Mike Harris, Henco Venter, Haylett-Petty e Johnny Fa’auli. Liam Messam, James Moore, Stephen Donald e Cory Jane seguiram seus caminhos em outros times. O treinador sul-africano Jimmy Stonehouse deixou o comando da equipe para voltar ao seu país natal, a equipe tem como treinador Tomohiro Seagawa, conhecido por levar o sevens nipônico ao quarto lugar nas olimpíadas do Rio em 2016.

 

Canon Eagles: Águias alçando vôos maiores

Já conhecido por abrigar peças importantes dos Sunwolves como Yu Tamura, Ed Quirk e Hosea Saumaki, os Eagles anunciaram duas contratações de peso: O All Black Israel Dagg e o ex-treinador springbok Allister Coetzee. A equipe também trouxe de volta ao pacífico o scrum-half Michael Dowsett, que após duas temporadas no Aviva Premiership, atuou somente sete vezes pelo Worcester Warriors na liga inglesa marcando nenhum try. O jogador aparece muito pouco por temporada, tendo média inferior a dez por ano.

Rynier Bernardo, Fred Zeilinga e Jan de Klerk também são atletas de potencial, que se jogarem em alto nível, podem alavancar os Eagles a uma boa temporada, ou quem sabe brigar até mesmo pelo caneco.

 

Toyota Verblitz: Dos Cheetahs aos Universitários

O elenco modesto do sempre forte Verblitz agora conta com nada menos que oito contratações de universitários, principalmente de Teikyo e Tokai. Male Sau, peça importante do Yamaha Júbilo vestirá verde juntamente com 3 ex-Chetaahs: Reniel Hugo, Carl Wegner e  Clinton Swart. Achou pouco? Ainda tem mais sul-africano! Jannes Kirsten vem direto dos Bulls para sua primeira temporada na terra do sol nascente.

 

Yamaha Júbilo: Mudar pode ser preciso

Os azuis de Iwata não conseguem transformar o bom rugby e o favoritismo em títulos. Ao que parece, o time está, embora que discretamente, mudando. O Jogador sul-africano medalhista de bronze no Rio 2016, duas vezes vice campeão do Super Rugby pelos Lions Kwagga Smith é a mais nova contratação no pack de forwards. Goromaru não tem mais Van den Heever para disputa interna na vaga de fullback, com a saída confirmada para a equipe de Chiba, os Spears.

Male Sau é uma grande perda , sem esquecer de Rocky Havili. No papel, nenhuma das novas contratações estão no nível das que saíram. A equipe continua forte, mas está envelhecendo e se forçando ao reinvento. Ainda assim segue favorita a fase final.

 

Kubota Spears: Contratações de peso

Assim como já vimos em várias temporadas, e sempre dando muito errado, os Spears  apostam em craques para somar em uma equipe desnivelada como um todo Duane Vermeulen,  Gehard van der Heever e o gigante Ruan Botha têm o dever de transformar a terceira defesa mais vazada da edição anterior, e ao mesmo tempo tem também o oitavo melhor ataque, capitaneado pelo ídolo Harumichi Tatekawa. O time reforçou seu pack de forwards e gera expectativas positivas, soa como postulante as vagas dos playoffs, rivalizando com os Eagles.

 

Dan Carter nos Steelers

Os Steelers, apesar de serem da elite, não são conhecido por se centralizar em um único jogador, ou melhor, não eram. Sim, jogadores como Jaque Fourie já foram a “cara do time” por algumas ocasiões, mas agora os vermelhos de Kobe “ostentam” a provável maior contratação da história do esporte no país, como um todo, em todos os tempos. Dan Carter, 3 vezes eleito o melhor jogador do mundo e campeão com os All Blacks da Copa do Mundo de 2015, é a contratação do ano.

Para aqueles que estão ansiosos para assistirem o gênio em ação, isso ainda vai demorar. Carter não está escalado para a estréia em casa contra os Shining Arcs. Para os desavisados, Hayden Parker é o camisa 10, depois da excelente temporada pelo Sunwolves e da idade avançada do bicampeão mundial. A equipe continua forte como nas outras temporadas, mas mesmo assim contratou 15 atletas, alguns rodados, como Richard Buckman e Atsushi Hiwasa.

 

Toyota Shuttles: Aposta no salvador da pátria

Os Shuttles montaram um time bastante fraco, como de costume, mas apostam suas fichas em Christian Lealiifano. Se este jogador está chegando com intenções de algo maior que simplesmente participar, ele terá o maior desafio de sua carreira, já que a equipe caiu em um grupo difícil e tem chances muito remotas de classificação.

 

Shining Arcs e Black Rams

Os Black Rams, dentre suas dispensas, perderam Franco Mostert para o Gloucester. A equipe trouxe para esta temporada quatro atletas do pacifico: Tim Bateman, Bryce Hegarty, o All Black Helliot Dixon (Highlanders) e Jacob Skeen. Na equipe amarela temos Alex Mafi, Garth April e Robert Kruger como reforços.

O que vemos nas duas equipes é a tentativa de manter seus respectivos elencos da última edição do torneio. Uma tentativa válida, sendo que com tantas contratações e dispensas, se torna difícil o entrosamento. Lembrando o caso do rebaixado Red Hurricanes que provavelmente foi o time que mais contratou craques em um único pacote no mundo em 2015 e acabou amargando um péssimo resultado naquela ocasião.

 

Na prateleira de baixo…

Nas demais equipes prevalecem basicamente os elencos da edição passada. Há muitas adições de jogadores universitários, principalmente de Teikyo, Tokai e Meiji. Times como Honda Heat, Blues e Coca-Cola não fizeram loucuras e mantiveram seus esquadrões da última temporada aliados a pacotes de universitários.

 

O que esperar do torneio?

A primeira coisa importante é salientar que os times universitários foram novamente sacados do All-Japan, portanto quem vence a Top League também conquista a Copa do Japão. O campeonato nacional foi dividido por duas conferências de oito times cada. Tanto na conferência vermelha quanto na branca, cada equipe se enfrenta uma vez dentro de seu grupo, totalizando 7 jogos na primeira fase.

Os quatro primeiros de cada chave avançam pelos títulos. Há quartas de final, semifinal e final.  Os demais times perdedores entram em um novo campeonato, onde disputarão as vagas do 5º Lugar até o 16º. Todo mundo tem motivos para lutar até o último apito. Perto da Copa do Mundo de 2019 o país se tornou uma vitrine para o mundo e é hora de “mostrar serviço”.

 

ClubePrefeituraJogosPontos
Grupo A
Kobelco SteelersKobe730
Toyota VerblitzToyota726
Suntory SungoliathTóquio726
NTT Shining ArcsChiba719
NEC Green RocketsChiba714
Toyota Industries ShuttlesNagoya712
Hino Red DolphinsTóquio76
Munakata Sanix BluesMunakata 70
Grupo B
Yamaha JubiloShizuoka728
Panasonic Wild KnightsGunma727
Kubota SpearsChiba723
Ricoh Black RamsTóquio720
Honda HeatSuzuka714
Toshiba Brave LupusTóquio712
Canon EaglesTóquio712
Coca-Cola West Red SparksFukuoka70
- Vitória = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por 7 pontos ou menos de diferença = 1 pontos extra;

- 4 primeiros colocados de cada grupo vão às quartas de final;

Escrito por: Leandro Vieira