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O teatro está montado e as cortinas do maior espetáculo do rugby mundial se abrirão nessa sexta-feira, dia 18, às 16h00, no templo do rugby mundial, o estádio de Twickenham e seus 82.000 lugares, em Londres, capital da Inglaterra. Em campo, a seleção da casa, a Inglaterra, que vai ao Mundial entre as favoritas, recebe a sempre perigosa seleção de Fiji, que teve o grande azar de cair no grupo da morte, o Grupo A, onde também estão Gales, Austrália e Uruguai.

 

A Inglaterra do técnico Stuart Lancaster vai a campo inalterada com relação ao time que venceu a Irlanda por 21 x 13 no último dia 5, tendo o elenco mais jovem de todo o Mundial, com 26,2 anos de média. O favoritismo é todo do time inglês, que terá que lidar com a pressão de jogar em casa na partida de abertura e contra uma equipe sempre muito ofensiva e imprevisível como Fiji. Lancaster é justamente a arma para lidar com a pressão, pois o treinador é conhecido por sua calma e habilidade em lidar com o grupo, buscando transmitir ao seu elenco valores além das quatro linhas. O tempo de preparação que a Rosa teve também deve ser destacado, pois nenhum time inglês até hoje desfrutou de uma concentração tão longa quanto a que tiveram os comandados de Lancaster. A inexperiência, por outro lado, já mostrou pesar no Six Nations, quando os ingleses perderam o título, depois de largarem de forma excepcional vencendo Gales em Cardiff na abertura.

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Os amistosos de preparação, no entanto, deixaram algumas dúvidas para o torcedor, especialmente após os ingleses sofrerem nas formações, em especial no scrum, contra a França. A Rosa tem um tight 5 considerado um dos melhores do mundo, apoiando-se em dois dos melhores pilares do momento, Joe Marler e Dan Cole, enquanto a segunda linha de Courtney Lawes e Geoff Parling (que ganhou a posição de Joe Launchbury ao fazer um jogo perfeito nos laterais contra a Irlanda) é verdadeiro pesadelo a qualquer adversário. A terceira linha, por sua vez, também é muito forte, com Chris Robshaw aclamado na condição de capitão, Ben Morgan, que ganhou a posição de Billy Vunipola, e Tom Wood, sempre versátil. Mas, os Bleus puseram a prova os homens de frente ingleses e levantou alguma desconfiança.

 

Para a partida de abertura, a Inglaterra tem tudo para ser dominante no pack, pois Fiji tem sérios problemas no setor, sobretudo no scrum e na primeira linha, que não tem nenhum atleta jogando em uma liga de alto nível. O trabalho para resolver os problemas no setor vem sendo feito pelo assistente técnico sul-africano Frans Ludeke, mas ainda assim as formações impõem grandes dificuldades aos melanésios. O lateral é outro problemas, mas a presença do excelente Leone Nakarawa, do Glasgow, na segunda linha, mostra potencial para os fijianos no setor e é famoso, não só pela força física, como pela capacidade nos offloads. A terceira linha também é de qualidade, e pode, ao menos, buscar não dar tanta vantagem ao time inglês, tendo o capitão Akapusi Qera atuando ao lado do bom Waqaniburotu, muito duro no tackle. Apesar dos problemas nos forwards, o técnico John McKee já conseguiu dar maior solidez a Fiji no jogo de contato, rendendo o título da última Copa das Nações do Pacífico.

 

O equilíbrio maior estará na linha, onde Fiji reina, mas quem chama a atenção é a Inglaterra. O que antes parecia um problema para Fiji, a dupla de scrum-half e abertura é excelente, tendo o elétrico Matawalu, decisivo no título do Glasgow no PRO12, sempre acelerando o jogo e tendo a seu lado o jovem promissor Ben Volavola, que já mostrou qualidade nos pés que não é tão frequente entre os fijianos. A dupla jogará frente a frente com Ben Youngs, que chegará a 50 jogos pela seleção (tendo jogada o Mundial de 2011) e George Ford, que emergiu como o dueto favorito de Lancaster para a Inglaterra. A dupla está em ascensão e seu jogo de chutes táticos de Ford está em evolução. Mas, é na sua qualidade em armar o jogo, sobretudo com espaços curtos, que vem se provando o diferencial para Ford, e jogar ao lado de Youngs, sólido e consistente, capaz de fazer o básico bem feito, garantirá a produtividade inglesa na linha. Atrás de Ford, Barrit e Joseph fazem uma excelente dupla de centros, ambos criativos, e o entrosamento de Ford com Joseph vem se provando uma arma para a Rosa. Lancaster aposta muito em um jogo aberto e ofensivo, um “rugby total”, que em na capacidade de Barritt e Joseph darem fluidez ao jogo um aspecto importante. Nas pontas, Jonny May está em alta e é sempre decisivo, assim como o outro ponta, Anthony Watson, genial no side-step. Atrás, Mike Brown é o fullback que garante solidez e segurança para o jogo dos demais backs fluir.

 

Fiji, do outro lado, é uma seleção abusada, com atletas de linha definidores e muito físicos, que parecem mais perigosos que nunca por conta da competente dupla de 9 e 10. Goneva é o homem a dar estabilidade e potência no meio, atuando ao lado de Lovabalavu. Se o jogo fluir entre os dois, na ponta estão o mamute Nemani Nadolo – com absurdos 1,95, 130 kg e velocidade invejável – e o incisivo Nayacalevu, com Talebula dando segurança com a 15.

 

O resumo da opera vê uma Inglaterra sob pressão, mas com clara vantagem sobre um perigoso oponente. Os ingleses são superiores, mas somente vencerão a partida e conseguirão um precioso bônus ofensivo – essencial no grupo da morte – caso saiam vitoriosos no aspecto psicológico. Os tackles fortes e a habilidades com a bola em mãos tornam Fiji um indesejável catalisador de uma possível pane mental na Rosa, mas com o jogo dominado entre os forwards, todas as chaves para a vitória estarão nas mãos dos anfitriões.

 

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16h00 – Inglaterra x Fiji, em Twickenham, Londres – ESPN AO VIVO

Árbitro: Jaco Peyper (África do Sul)

Assistentes: John Lacey (Irlanda), Stuart Berry (África do Sul) / TMO: Shaun Veldsman (África do Sul)

 

Inglaterra: 15 Mike Brown, 14 Anthony Watson, 13 Jonathan Joseph, 12 Brad Barritt, 11 Jonny May, 10 George Ford, 9 Ben Youngs, 8 Ben Morgan, 7 Chris Robshaw (c), 6 Tom Wood, 5 Geoff Parling, 4 Courtney Lawes, 3 Dan Cole, 2 Tom Youngs, 1 Joe Marler.

Suplentes: 16 Rob Webber, 17 Mako Vunipola, 18 Kieran Brookes, 19 Joe Launchbury, 20 Billy Vunipola, 21 Richard Wigglesworth, 22 Owen Farrell, 23 Sam Burgess.

 

Fiji: 15 Metuisela Talebula, 14 Waisea Nayacalevu, 13 Vereniki Goneva, 12 Gabiriele Lovobalavu, 11 Nemani Nadolo, 10 Ben Volavola, 9 Nikola Matawalu, 8 Sakiusa Masi Matadigo, 7 Akapusi Qera (c), 6 Dominiko Waqaniburotu, 5 Leone Nakarawa, 4 Apisalome Ratuniyarawa, 3 Manasa Saulo, 2 Sunia Koto, 1 Campese Ma’afu.

Suplentes: 16 Tuapati Talemaitoga, 17 Peni Ravai, 18 Isei Colati, 19 Tevita Cavubati, 20 Peceli Yato, 21 Nemia Kenatale, 22 Joshua Matavesi, 23 Aseli Tikoirotuma.

 

Histórico: 5 jogos, 5 vitórias da Inglaterra. Último jogo: Inglaterra 54 x 12 Fiji, em 2012 (amistoso);
Foto: Mike Hewitt/Getty Images