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ARTIGO COM VÍDEO – Uma batalha campal decidida do jogo mais coletivo do mundo, mas definida na genialidade dos “generais” sul-africanos. África do Sul e Gales colidiram no campo de Twickenham pela primeira partidas as quartas de final da Copa do Mundo e o resultado foi um drama inesgotável arrastado até o fim, com os Springboks liquidando a fatura com a genialidade dos influentes Duane Vermeulen e Fourie Du Preez. África do Sul 23 x 19 e garantida nas semifinais. Já Gales, de tantos nomes na enfermaria, vai para casa de cabeça em pé, mas com o gosto amargo de que podia mais.

 

A partida começou com Gales superior. Logo aos 3′, o jovem Tyler Morgan roubou a bola e George North conseguiu bom avanço, com a bola sendo aberta com velocidade até a outra ponta, mas sem conseguir a finalização. Apesar do domínio galês, foram os sul-africanos que inauguraram o marcador, com Handré Pollard arrematando com precisão o primeiro penal da partida, aos 7′. Não tardou e, aos 12′, Pollard adicionou mais três pontos para os verdes, colocando 6 x 0, quando os sul-africanos já detinham maior volume de posse de bola.

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Gales não demorou para dar o troco, com Dan “Macarena” Biggar colocando o primeiro penal para os vermelhos. Gales começava a evitar o contato físico, mas a África do Sul puxava o jogo para o físico, onde poderia levar vantagem. Aos 16′, Pollard não titubeou e guardou mais um penal. O caminho para Gales se abriu com a bola aérea no fundo do campo e, aos 17′, Biggar chutou um up and under e Willie Le Roux vacilou, estava mal posicionado e o próprio Biggar apanhou a bola antes, servindo Gareth Davies para o try inaugural, que colocava os Dragões na frente.

 

A partida se equilibrou, Gales mostrou mais inspiração com a bola em mãos, mas a África do Sul logo abriu sua caixa de ferramentas no jogo de contato e, enquanto os Springboks pecavam no manuseio, os galeses cediam penais. Aos 20′, Pollard devolveu a vantagem no marcador à África do Sul. Du Preez ainda buscava criar algo diferente para os Boks, arriscando chute cruzado para JP Pietersen, mas sem sucesso.

 

Na reta final da primeira etapa, Gales conquistou maior domínio territorial e, aos 39′, Biggar teve a chance para virar, mas acertou penal na trave. Mas, os vermelhos mantiveram a posse da bola depois dos 40′ at Biggar desferir o drop goal que deixou Gales na frente no intervalo, 13 x 12.

 

A volta dos vestiários não começou bem para os Springboks, com Pollard perdendo penal fácil aos 42′. Biggar respondeu com precisão aos 46′ e os vermelhos já alargavam o placar. A África do Sul logo passou a prevalecer e o físico jogou contra Gales, que se mostrava mais desgastado, sobretudo com menos tempo de descanso do que os sul-africanos, vindo de outra batalha, contra os Wallabies, no sábado anterior. Porém, defensivamente, Gales seguia impecável e, aos 49′, após estafantes 17 fases verdes Gales recuperou a posse de bola em suas 22, se safando do perigo. Mas, por pouco tempo. Os Boks retomaram a posse no ataque e armaram o drop goal para Pollard, que virou o placar.

 

As estatísticas já mostravam mais do que o dobro de tackles aplicados por Gales, que se restringia a se defender, evitando disputar a bola no lateral e se focando nos contra-rucks e mauls, onde se saía bem. Aos 54′, Pollard voltou a preocupar a defesa sul-africana errando mais um penal. A África do Sul já acumulava na metade da segunda etapa nada menos que 78% de posse de bola e sua linha passava a acelerar o jogo. Le Roux apareceu mais arrancando de trás, enquanto De Allende e Kriel seguiam perigosos na busca dos espaços pelo meio. Aos 60′, foi a vez de Habana acelerar e garantir um precioso penal para os Boks, que Pollard não desperdiçou, virando o placar para os Boks, 18 x 16.

 

A batalha do breakdown pendia a favor dos Boks, que puniam os britânicos pelos penais. Gales não estava morto, apenas de não conseguir entrar nas 22. Aos 62′, novo valioso penal foi garantido pelos Dragões, punindo a pressão excessiva de Etzebeth, e Biggar colocou Gales na frente, 19 x 18. A África do Sul parecia perder um pouco da intensidade após efetuar muitas substituições, mas retornou à pressão nos minutos finais, garantindo o drama e obrigando o cansado time galês a mostrar um trabalho hercúleo de defesa. Aos 73′, Dan Biggar saiu de campo – e insatisfeito – com concussão, enquanto Fourie Du Preez, com toda a sua experiência, trazia o jogo totalmente a favor dos Boks, conduzindo o trabalho no ataque com precisão, paciência e inteligência. Aos 74′, a África do Sul ganhou scrum nas 22′ e outro gênio deu as cartas. Duane Vermeulen conduziu a formação, que começou a girar e, muito inteligentemente, o oitavo saiu pelo lado cego, chamou a marcação e desferiu um magistral offload de passe reverso encontrando ninguém menos que Du Preez, que recebeu a voou para o try da vitória e da classificação. Um dos grandes momentos da Copa do Mundo, sem dúvida.

 

Os vermelhos não tinham mais capacidade de reação. Pat Lambie ainda arriscou um último drop goal sem sucesso para os sul-africanos, mas sem consequência. A África do Sul garantiu uma épica vitória, 23 x 19, em um jogo que moeu fisicamente os dois lados, mas pendeu a favor dos bicampeões mundiais. Fourie Du Preez, e seus mais de 100 passes no jogo, Schalk Burger, com impressionante 26 corridas – quase o dobro do segundo jogador – e liderando o número de tackles, e Duane Vermeulen, com 84 metros corridos, mostraram a diferença para os verdes na zona aguda da partida, fazendo a diferença tanto no breakdown como na transição da bola entre as unidades. Méritos para os gigantes de verde e ouro, mas palmas para o esforço galês ao longo de todo o Mundial.

 

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África do Sul 23 x 19 Gales, em Twickenham, Londres

Árbitro: Wayne Barnes (Inglaterra)

Assistentes: George Clancy (Irlanda) e JP Doyle (Inglaterra) / TMO: Graham Hughes (Inglaterra)

 

África do Sul

Try: Du Preez

Penais: Pollard (5)

Drop goals: Pollard (1)

15 Willie le Roux, 14 JP Pietersen, 13 Jesse Kriel, 12 Damian de Allende, 11 Bryan Habana, 10 Handré Pollard, 9 Fourie du Preez (c), 8 Duane Vermeulen, 7 Schalk Burger, 6 François Louw, 5 Lood de Jager, 4 Eben Etzebeth, 3 Frans Malherbe, 2 Bismarck du Plessis, 1 Tendai Mtawarira.

Suplentes: 16 Adriaan Strauss, 17 Trevor Nyakane, 18 Jannie du Plessis, 19 Pieter-Steph du Toit, 20 Willem Alberts, 21 Ruan Pienaar, 22 Pat Lambie, 23 Jan Serfontein.

 

Gales

Try: G Davies

Conversões: Biggar (1)

Penais: Biggar (3)

Drop goals: Biggar (1)

15 Gareth Anscombe, 14 Alex Cuthbert, 13 Tyler Morgan, 12 Jamie Roberts, 11 George North, 10 Dan Biggar, 9 Gareth Davies, 8 Taulupe Faletau, 7 Sam Warburton (c), 6 Dan Lydiate, 5 Alun Wyn Jones, 4 Luke Charteris, 3 Samson Lee, 2 Scott Baldwin, 1 Gethin Jenkins.

Suplentes: 16 Ken Owens, 17 Paul James, 18 Tom Francis, 19 Bradley Davies 20 Justin Tipuric, 21 Lloyd Williams, 22 Rhys Priestland, 23 James Hook.