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ARTIGO COM VÍDEO –  Depois de África do Sul e Nova Zelândia decidirem quem será o primeiro finalista da Copa do Mundo, será a vez no domingo de Austrália e Argentina decidirem a outra vaga. Os australianos têm a mesma ambição que neozelandeses e sul-africanos: o terceiro título mundial, que os colocaria no topo do ranking da história dos Mundiais. A Argentina, por outro lado, jamais passou das semifinais, onde esteve apenas uma vez, em 2007. Tudo o que vier daqui para frente para os argentinos será histórico.

 

Neste ano, as duas equipes só tiveram o que comemorar até aqui. Os Wallabies voltaram a sorrir no Rugby Championship com vitórias sobre Argentina (fora de casa), África do Sul e Nova Zelândia para selar a conquista, ao passo que os Pumas pela primeira vez evitaram a última posição da competição ao vencerem pela primeira vez na história fora de casa a África do Sul. Entretanto, no confronto direto com os Wallabies, foram os aussies que levaram a melhor, e com sobras: um contundente 34 x 9. Hora do troco?

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Nas quartas de final da Copa, a Argentina impressionou e passou com louvor a Irlanda, depois de também fazer uma grande primeira fase, que teve apenas uma esperada – mas batalhada – derrota para a Nova Zelândia. A Austrália, por outro lado, fez uma primeira fase impecável, derrotando Inglaterra e Gales, mas, sem Pocock, quase foram derrotados pela Escócia nas quartas, vencendo em um jogo polêmico, que teve penal equivocadamente marcado para os australianos no minuto final. Ainda assim, apesar de ter se salvado na bacia das almas, a Austrália não deve ser erroneamente julgada, pois brilhou durante o ano todo. Cansaço?

 

Na primeira fase, Los Pumas tiveram o melhor ataque do Mundial, enquanto os Wallabies foram os donos da melhor defesa – ao lado da Irlanda, que desmontou depois contra os argentinos. Apesar de ter caído no grupo da morte, a Austrália terminou a primeira fase com números expressivos nas formações,  tendo sido a segunda seleção com mais laterais roubados e a terceira com mais scrums roubados, evoluindo demais graças ao trabalho do argentino (ironicamente) Mario Ledesma como treinador de scrum. Do lado do Pumas, além do sempre poderoso scrum, foi a sua linha incisiva, que captou a atenção, com um ataque veloz e letal. A Argentina abisma a todos na sua taxa de eficiência, com um índice de 0.88 pontos marcados para cada 1% de posse de bola, a melhor entre todas as seleções da Copa (a Nova Zelândia chega a 0.87, enquanto a Austrália é a quinta em eficiência).

 

Para domingo, a Austrália terá dois cruciais retornos para recuperar seu rendimento: Israel Folau e David Pocock, recuperado de lesão, enquanto James Slipper entra na vaga do lesionado Scott Sio. Los Pumas, por sua vez, comemoraram o retorno do centro Marcelo Bosch, após cumprir suspensão, com Matías Moroni – que impressionou positivamente contra os irlandeses – voltando ao banco.

 

No scrum, a Austrália terá sua grande prova de fogo, pois terá pela frente o time cuja técnica fez os aussies evoluíram. A saída de Scott Sio é uma preocupação, pois vinha se destacando, e a experiência de homens como Ayerza e Creevy será essencial para a Argentina impor sua força. Para os Wallabies, a liderança de Stephen Moore será central para os australianos segurarem a força do scrum sul-americano. No lateral, Dean Mumm, que foi a arma aussie no lateral na primeira fase, está no banco, mas os Pumas foram apenas seguros até aqui no lateral, sem conseguir tantas roubadas.

 

Na terceira linha que mora a grande vantagem australiana, pois os Wallabies são donos do melhor trio do mundo, com David Pocock instrumental no sucesso da equipe, atuando ao lado de Michael Hooper e Scott Fardy, outra arma do lateral. O sistema de defesa australiano em triângulo e um contra-aruck brutal sempre muito efetivo no breakdown colocarão o grande desafio para os Pumas na partida. Caberá a Lobbe, Matera e Senatore quebrar a supremacia australiana na base e impedir os turnovers, mas a tarefa não será nada fácil, apesar da qualidade sul-americana. Porém, no jogo de contato mais curto, a estratégia argentina de intercalar homens grandes com atletas velozes correndo pelo meio vem se provando parte do segredo do sucesso da equipe que, portanto, não fugirá do contato. Enquanto Lobbe ou Senatore investem sobre a defesa, a back three argentina aparece para romper em velocidade, com os pontas com frequência aparecendo no centro do campo.

 

É justamente a back three argentina que chama mais a atenção, com Tuculet, Cordero e Imhoff oriundos do sevens mostrando qualidade extrema na mudança de direção em suas corridas, infernizando os oponentes. A Austrália, por outro lado, conta com a potência de Folau e de Ashley-Cooper e com a experiência de Drew Mitchell. A velocidade pode não ser a mesma da Argentina, mas a força na quebra dos tackles e a qualidade técnica são invejáveis. E os centros? O equilíbrio é total, com a Argentina usando dois atletas criativos pelo meio, com Marcelo Bosch instrumental no jogo de chutes ao lado de Hernández, El Mago, que atua como um segundo abertura ao lado de Nico Sánchez. A Austrália tem também seu segundo abertura na figura de Matt Giteau, enquanto Kuridrani é força e potência para romper as defesas e muita qualidade defensiva.

 

Resta os duetos de scrum-half e abertura. Enquanto Sánchez vem despontando no campeonato e mostrando muita qualidade nos chutes, a Austrália conta com Bernard Foley, que conquistou de vez a camisa 10, apesar de ainda não ser encontrado a constância necessária para um abertura campeão do mundo, em especial nos chutes. Entre os 9s, Martin Landajo também assegurou a titularidade, mas terá pela frente a experiência de Will Genia, que já passou por provas maiores.

 

Se a Austrália tem o favoritismo do seu lado, por conta da história e do que fez até aqui em 2015, a Argentina chega com plenas condições não apenas de ir à final, mas inclusive de ser campeã. O que parecia antes um palpite arriscado ganhou ares de aposta quente. Para quem acha que o campeão será conhecido no sábado, é bom ficar de olho no que esses dois times serão capazes no domingo. Garantia de emoção de sobra e imprevisibilidade.

 

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14h00 – Austrália x Argentina, em Twickenham, Londres

Árbitro: Wayne Barnes (Inglaterra)

Assistentes: Jaco Peyper (África do Sul) e George Clancy (Irlanda) / TMO: Ben Skeen (Nova Zelândia)

 

Argentina: 15 Joaquin Tuculet, 14 Santiago Cordero, 13 Marcelo Bosch, 12 Juan Martin Hernandez, 11 Juan Imhoff, 10 Nicolas Sanchez, 9 Martin Landajo, 8 Leonardo Senatore, 7 Juan Martin Fernandez Lobbe, 6 Pablo Matera, 5 Tomas Lavanini, 4 Guido Petti, 3 Ramiro Herrera, 2 Agustin Creevy (c), 1 Marcos Ayerza.

Suplentes: 16 Julian Montoya, 17 Lucas Noguera Paz, 18 Juan Figallo, 19 Matias Alemanno, 20 Facundo Isa, 21 Tomas Cubelli, 22 Jeronimo de la Fuente, 23 Lucas Gonzalez Amorosino.

 

Austrália: 15 Israel Folau, 14 Adam Ashley-Cooper, 13 Tevita Kuridrani, 12 Matt Giteau, 11 Drew Mitchell, 10 Bernard Foley, 9 Will Genia, 8 David Pocock, 7 Michael Hooper, 6 Scott Fardy, 5 Rob Simmons, 4 Kane Douglas, 3 Sekope Kepu, 2 Stephen Moore (c), 1 James Slipper.

Suplentes: 16 Tatafu Polota-Nau, 17 Toby Smith, 18 Greg Holmes, 19 Dean Mumm, 20 Sean McMahon, 21 Nick Phipps, 22 Matt Toomua, 23 Kurtley Beale.

 

Histórico: 24 jogos, 18 vitórias da Austrália, 1 empate e 5 vitórias da Argentina. Último jogo: Argentina 9 x 34 Austrália, em 2015 (The Rugby Championship);

 

*Horários de Brasília

 

The Rugby Championship 2015: