Foto: Crusaders

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ARTIGO OPINATIVO – Já não há espaço para dúvidas, os Crusaders são novamente os campeões do Super Rugby, ou pelo menos, do Super Rugby Aotearoa, depois de realizarem uma reviravolta mais que esperada frente aos Highlanders. Enquanto isso, os Hurricanes ganharam na recepção aos Chiefs que assim fecham a competição sem qualquer vitória conquistada.

Mas quais foram os pontos fortes e fracos do fim de semana? E quem foram os melhores? A nossa análise explica o que precisas de saber ao detalhe

 

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“Ups”: a tripla ameaça de trás dos Crusaders e o pack dominante dos Hurricanes

Sevu Reece, George Bridge e Will Jordan… que tripla inimaginável que detém um poder profundo (e praticamente imparável) no conseguir mudar por completo um jogo e, porque não, um campeonato de um momento para o outro. Para perceber rapidamente o impacto do três-de-trás dos Crusaders revelamos os números que importam: Sevu Reece com 104 metros conquistados, 2 quebras-de-linhas, 8 defesas batidos (foi quem melhor conseguiu se desfazer de adversários nos ‘saders) e uma assistência; George Bridge foi capaz de bisar no encontro, partiu a linha em três ocasiões e só preciso de 50 metros para se desfazer de 4 adversários; e Will Jordan voltou a bater a barreira dos 100 metros (mais precisamente 122), penetrou a linha de vantagem e saiu disparado por duas ocasiões, sem esquecer as duas assistências (uma dos quais brilhante para um dos tries de George Bridge) e os 3 defesas batidos.

Ou seja, uma prestação de uma escala extraordinária que estendeu o tapete vermelho para a vitória que possibilitou aos homens de Scott Robertson levantar o título de campeões do Aotearoa. Mas o que significam estes números em termos de jogo jogado? Total desconstrução da estrutura defensiva dos jogadores dos Highlanders, que conseguiram amparar os golpes diretos mas foram incapazes de parar a velocidade dos pontas e defesa dos Crusaders, que foram extremamente ágeis a explorar as inversões de bola e encontrar o espaço certo para iniciar uma combinação de perigo total e que significou num primeiro momento um avanço consecutivo no terreno e num segundo try.

A destreza e a capacidade rápida para perceber a disposição do sistema defensivo mais recuado dos Highlanders por parte de Reece, Bridge e Jordan foi essencial para que  os agora campeões do SR Aotearoa fossem capazes de chegar à vitória, depois de um jogo equilibrado e de resultado improvável até aos minutos finais.

Entre Hurricanes e Chiefs, depois de um encontro ligeiramente caótico, foi a equipa da casa a garantir os 5 pontos graças a uma prestação eficiente nas linhas atrasadas e uma de grande domínio e controlo nos avançados, em que Du’Plessis Kirifi, Scott Scrafton, James Blackwell, Dane Coles e Ardie Savea impuseram a sua vontade especialmente no breakdown e nas saídas após a formação-ordenada, seja a atacar ou defender.

Os Chiefs tentaram criar movimentações bem ritmadas e impulsionadas por aquela magia de Damian McKenzie e Brad Webber (voltou a realizar uma boa exibição depois de algumas menos positivas nas últimas semanas), mas a verdade é que a maior fisicalidade dos Hurricanes foi decisiva para fechar constantemente todos os caminhos até à área de validação, mostrando os atletas da franquia de Wellington uma predisposição física para edificar uma boa mancha defensiva, que ia sendo ocupada com a mesma eficácia e agressividade, com uns quase 90% de eficácia no que toca ao tackle.

Os processos defensivos e a atitude de rapidamente sair do chão para voltar a estar presente na linha de defesa foi algo que evoluiu durante esta competição no Aotearoa para os Hurricanes e a verdade é que podiam ter chegado ao título, lembrando que foram os únicos capazes de derrotar os Crusaders.

A jogada de Reece que deu o try dos Crusaders (00:47)

“Downs”: Chiefs fecham temporada amarga

Podíamos falar do facto dos Highlanders e Crusaders terem realizado exibições medianas na defesa, notando-se demasiados erros no tackle ou na capacidade de manter uma boa linha defensiva (pareceu que ambas equipas concentraram-se mais em atacar), mas o destaque negativo da semana tem de ir novamente para os Chiefs, que apesar de terem lutado para sair com outro resultado foram incapazes de fazer frente à agressividade física dos Hurricanes e responder de outra forma ao encontro que pôs fim à sua campanha decepcionante no Super Rugby Aotearoa.

Tudo aconteceu aos comandados de Warren Gatland durante estas quase 10 semanas, desde derrotas consumadas nos últimos minutos (aquele drop de Bryn Gatland no encontro de abertura da competição foi a primeira estocada), a tries perdidos por erros impensáveis, lesões constantes (a exemplo disso foi a saída de Sam Cane neste último encontro, depois de um embate contra o joelho de Jordie Barrett) e a falhas de concentração inexplicáveis como aconteceu naquela reviravolta dos Highlanders em Hamilton.

Terá sido só responsabilidade do treinador e equipa técnica, dos jogadores ou de um combo que também foi influenciado por outros factores? Neste momento, Warren Gatland e os principais jogadores como Brad Webber, Aaron Cruden, Sam Cane e Damian McKenzie têm responsabilidades acrescidas, pois a partir de certo momento faltaram ideias para o timoneiro dos Chiefs em tentar dar outra resposta naqueles 20 minutos finais e aos atletas foi preocupante a falta de concentração e foco quando se deram complicações algo inesperadas, observando-se que a ausência de nomes como Nathan Harris, Broadie Retallick, Tyler Ardon ou Solomon Alaimalo (só jogou a espaços) fizeram alguma diferença no final das contas.

Os craques da rodada: Reece, Frizell, Coles e Wainui

O ponta dos Crusaders foi espetacular com a bola na mão e na recepção dos pontapés, rasgando a defesa dos Highlanders em várias ocasiões, com aquela passada estonteante e que desperta qualquer público meio adormecido, sem precisar de fazer tries.

Frizell é definitivamente uma das referências dos Highlanders, seja pela excelência no tackle (15 tackles em 16 tentativas), breakdown (3 turnovers), no carregar da oval, no qual foi capaz de marcar dois tries, penetrar a defesa por 3 ocasiões e impor 4 tackle busts.

Por falar em avançados, Dane Coles tem sido um dos líderes do pack dos Hurricanes, estando a realizar novamente uma época daquelas que o elevou ao estatuto de melhor hooker do mundo do Rugby. Frente aos Chiefs foi capaz de fazer 1 try, colocou a oval corretamente bem no alinhamento em 9 de 10 ocasiões e foi sempre um perigo à solta no jogo contínuo.

Sean Wainui foi dos pontos mais positivos dos Chiefs seja neste jogo ou durante toda a competição, responsável por ser constantemente um perigo iminente à ponta que mostra todo um repertório de truques e técnicas de elevada qualidade, como se viu no try marcado neste último encontro.

Os números

Mais pontos marcados: Richie Mo’unga (Crusaders) – 12 pontos
Mais tries marcados: Shannon Frizell (Highlanders), George Bridge (Crusaders) e Peter Umaga-Jensen (Hurricanes) – 2
Mais quebras de linha: Sean Wainui (Chiefs) – 4
Mais tackles: Shannon Frizell (Highlanders) – 16 (15 efetivos )
Mais turnovers: Shannon Fizell (Highlanders) – 3
Mais defesas batidos: Josh Ioane (Highlanders) – 9
Melhor da Jornada: Will Jordan (Crusaders)

Try de Sean Wainui (2:36)