Jonah Lomu jogou as duas Copas do Mundo e só foi campeã na de sevens.

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Um ótimo assunto que surge sempre que tem Copa do Mundo de Sevens é: quais jogadores que jogaram a Copa do Mundo de Sevens também participaram da Copa do Mundo de Rugby XV? Convidamos Caio Brandão, do Acemira Rugby, de Belém, fanático por história da bola oval, para fazer esse levantamento!

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Não são poucos os jogadores e treinadores presentes nas Copas do Mundo das duas principais modalidades do rugby union, embora tal número tenha diminuído nas últimas edições dada a segmentação cada vez maior nas principais seleções para cada variedade. Na edição 2018 da Copa do Mundo de Sevens-A-Side, serão dez remanescentes da Copa do Mundo de XV.

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Na primeira edição do mundial de Sevens, em 1993, a história era outra. Dez era apenas o número somado de argentinos e canadenses com experiência prévia no mundial de XV (cinco em cada). Ou de romenos e samoanos, também com cinco cada um.

Só de italianos haviam sete, incluindo o superpontuador Diego Domínguez, além de seis japoneses, quatro dos EUA, dois fijianos e dois franceses (incluindo Éric Bonneval, vice da primeira Copa de XV, em 1987), além de um cada de Escócia, Irlanda, Nova Zelândia e Tonga (Manu Vunipola, tio dos irmãos Vunipola que defenderam a Inglaterra na última Copa de XV).

Em 1993, os grandes astros eram a dupla David Campese e Michael Lynagh, os únicos presentes que já eram campeões mundiais – ambos pela Austrália em 1991. Eles também participaram em 1997. Campese era àquela altura o maior pontuador em jogos de seleções. Mas os dois somados não chegaram à fama do maior popstar do XV que posteriormente jogou sevens: foi na modalidade reduzida, em 2001, que Jonah Lomu pôde ser campeão mundial da bola oval, após as decepções com os All Blacks em 1995 e 1999.

O Canadá é o recordista de jogadores nas duas Copas: três dezenas, incluindo dois participantes do último mundial de XV: os aberturas Conor Braid e Harry Jones. Samoa e Argentina estão no degrau logo abaixo, com 27 participantes (já incluindo treinadores). Brian Lima, reconhecido como recordista de edições em Copas de XV (único presente em cinco), também foi extremamente assíduo no sevens, participando em três edições.

Do lado dos Pumas, parte significativa deve-se à cuidadosa preparação à edição que sediaram em Mar del Plata, em 2001, onde somente um convocado (Francisco Leonelli, presente também em 2005) não foi aproveitado no mundial de XV.

Na realidade, houve até mais samoanos entre os dois torneios. Quatro deles defenderam o país nos mundiais de XV ao passo que, no de sevens, jogaram pela Nova Zelândia, com Frank Bunce jogando pelas duas nações também no XV e Tim Nanai-Williams sendo o nome mais recente desse intercâmbio. Já Alama Iremia fez o inverso, e pôde defender Manu Samoa e All Blacks também no mundial de sevens.

Os Estados Unidos já usaram 25 rugbiers nas duas Copas, com destaque ao sexteto presente também nas Olimpíadas de 2016 (Chris Wyles, Andrew Durutalo, Zack Test, Folau Niua, Brett Thompson e Danny Barrett). Japão e Geórgia, por sua vez, já tiveram 21 jogadores nas duas Copas, e Fiji já teve vinte.

“Reis do Sevens”, os fijianos vêm de fato se especializando na modalidade reduzida. Leone Nakarawa vem sendo o único ponto em comum mais recorrente, sendo inclusive o único representante das Copas de XV a ser campeão olímpico – tanto pelos alvinegros como no geral. O nome mais reconhecido do país, porém, é Waisale Serevi, nome presente em sete Copas do Mundo entre XV e Sevens, onde venceu em 1993 e 2005 e foi eleito o melhor jogador em 1997 e 2005. Jogou ainda a de 2001, sendo o recordista de mundiais jogados no sevens (quatro).

Outra menção fijiana deve ser feita a Fili Seru, o primeiro a jogar as três Copas de Rugby: 1991 no XV, 1993 no Sevens e a de 1995 no código rugby league, que por sua vez cedeu aos mundiais de sevens Waisale Sukanaveita (em 2009, após jogar o torneio de XIII no ano anterior) e Semi Radradra (convocado agora para 2018, após disputar 2013 no outro código).

Como Sukanaveita e Radradara não jogaram a Copa de XV, não entraram nas estatísticas. O mesmo se aplicou ao samoano John Schuster (1995 no League, treinador em 2005 no sevens), ao tonganês Willie Wolfgramm (1993 no sevens, 1995 e 2000 no League), ao australiano Michael O’Connor (jogador campeão em 1989 no XIII, treinador de sevens em 2009 e 2013) e ao binacional Henry Paul – que defendeu a Nova Zelândia natal no mundial de XIII em 1995 e 2000 e a Inglaterra no sevens em 2005.

Já outros jogadores também jogaram as três Copas, como Fili Seru: o neozalendês John Timu e o Allan Bateman participaram ambos da edição de 1995 do rugby league, e o irlandês Brian Carney, da de 2000.

Vale notar anda como o mundial de sevens foi um ponto de partida para jogadores icônicos das Copas de XV, algo que se nota especialmente entre as seleções do escalão superior, mais comedidas (normalmente por volta de uma dezena de “bimundialistas”).

O melhor jogador da edição inaugural, em 1993, foi Lawrence Dallaglio, campeão no XV dez anos depois, participando ainda de outras duas edições da modalidade ampliada. O torneio contou ainda com quatro futuros campeões de XV com a África do Sul dali a dois anos: Chester Williams, lembrado como único negro daqueles Springboks, além da lenda Joost van der Westhuizen, Ruben Kruger e André Joubert.

A primeira copa de sevens contou também com o galês Neil Jenkins, que viria a se tornar o primeiro rugbier a chegar aos cem pontos em jogos de seleções de XV (em cujas Copas jogaria em 1995 e 1999). Maior pontuador do Dragão, Shane Williams jogou a edição de sevens em 2001 antes de defender Gales nos três torneios de XV seguintes.

Na Romênia, a Copa “menor” de 1997 foi o ponto de partida para Lucian Sîrbu aparecer em quatro torneios de XV. A mesma edição foi a primeira Copa (seja de sevens ou XV) de Olivier Magne e os irmãos Marc e Thomas Lièvremont, vice-campeões com a França dois anos depois no XV, bem como do japonês Daisuke Ohata, o maior tryman dos jogos de seleções.

Já a Nova Zelândia viu o mundial reduzido revelarem diversos jogadores do elenco bicampeão nas últimas edições de XV, como Julian Savea, participante do sevens em 2009. Mils Muliaina (2001 e 2011) e Waisake Naholo (2013 e 2015) puderam ser campeões nos dois formatos. Só eles e o inglês Dallaglio, por hora, conseguiram.

Por fim, eis os jogadores de 2018 remanescentes das Copas de XV: além dos canadenses Braid e Jones, dos ianques Thompson e Barrett e do “olímpico” Nakarawa, também os galeses Lloyd Williams e Cory Allen, os tonganeses Jack Ram e Fetuʻu Vainikolo, o uruguaio Gastón Mieres (todos de 2015) e o russo Vladimir Ostroushko (2011). Abaixo, a relação histórica completa, do maior para o menor com os binacionais por último.