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ARTIGO COM VÍDEO – A capital da Nova Zelândia finalmente está em festa! Os Hurricanes de Wellington são os mais novos campeões do Super Rugby! Na madrugada de sábado, os aurinegros derrotaram na grande final do Hemisfério Sul os Lions, da África do Sul, em final inédita entre duas equipes que jamais haviam conquistado o máximo título da região. Com uma vitória sólida por 20 x 03, os Hurricanes deixaram de ser o único time neozelandês sem títulos da competições e se tornaram a nona equipe campeã do Super Rugby – e o terceiro campeão inédito dos últimos três anos – e o quinto campeão inédito dos últimos seis anos! – provando o equilíbrio e a alternância no topo do Super Rugby.

 

A Nova Zelândia somou sua 14ª conquista do campeonato, acumulando hoje exatamente o dobro de conquistas de suas franquias que os títulos australianos e sul-africanos somados. Uma verdadeira hegemonia. Para os Lions de Joanesburgo ficou a certeza de uma geração promissora que reconduziu o time da maior cidade da África do Sul a um lugar de destaque no cenário mundial, alcançando sua primeira final na era profissional do Super Rugby.

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Ao final da temporada, o australiano Israel Folau, do Waratahs, terminou como o maior artilheiro de tries da liga, com 11, enquanto Beauden Barrett, campeão com os Hurricanes, foi o artilheiro em pontos, com 223.

 

Um vendaval engoliu os leões – Por Francisco Isaac

Furacões e Leões um jogo muito aguardado pelos fãs do Hemisfério Sul… os Hurricanes que desde Maio voltaram a uma excelente forma (última derrota a 7 de maio frente aos Sharks), com Beauden Barrett, TJ Perenara e Ardie Savea numa forma espetacular, enquanto que os Lions sagraram-se o melhor ataque da fase regular (535 pontos), com os fantásticos Faf de Klerk, Elton Jantjies ou Ruan Combrinck. As duas melhores equipes de toda a época estão na final, após uns excelentes quartas de final e semifinais nas quais ambas demonstraram todo o seu poder técnico e físico.

 

O início do jogo foi ao jeito do Super Rugby com um ritmo alto, uma “agressividade” técnica surpreendente (vejam com o os da casa aplicaram um tipo de tackle que os Lions não conseguem fazer a diferença no contacto) e com Barrett a fazer a diferença desde o 1º minuto. A primeira oportunidade para estrear o marcador da final foi dos sul-africanos, mas Jantjies não conseguiu converter a penalidade que teve direito. Aos 10’ nova penalidade, desta vez para os Hurricanes, possibilitou Barrett em fazer o 3-0 quando minutos antes tinham feito try, que fora anulado por knock-on de Brad Shields (decisão correta). Os neozelandeses tinham entrado com um plano bem concebido para parar o lineout dos Lions, que nas primeiras 3 tentativas perderam a bola no ar.

 

Entre os 13 e 17 minutos os Leões esboçaram uma reação ao início de jogo forte dos da casa, mas em vão… as boas corridas de van Rensburg ou Jantjies saíram sempre goradas perante a defesa astuta e equilibrada dos Hurricanes, que invés de irem no 1º momento às pernas, optavam por segurar os seus adversários no ar o que lhes atrasava o jogo rápido que de Klerk gosta de impor. Após esse período, vieram os Furacões em busca de mais pontos… e o conseguiram. Uma bela entrada de Ardie Savea aos 20’, em que mesmo agarrado por 2 jogadores conseguiu ganhar mais de 20 metros… o lance acabou em bola para os Lions, dentro dos 22 metros, e depois de mais de uma série de tackles, Jantjies atira um passe mal feito para Mapoe e este, sem que ninguém o esperasse, atira um pontapé rasteiro que foi parar à mão esquerda de Cory Jane… correu menos de 5 metros para o try. 10-00, com conversão de Barrett.

 

Os Lions não se deixaram afetar por este contratempo e foram em busca de pontos e da sua primeira vitória no Super Rugby. Finalmente vimos alguma da sua agressividade em jogo, assim como a técnica de gestão de bola (de Klerk está exímio neste “departamento”) que tanto dominaram até a este momento do Super Rugby. A nova carga dos Lions, entre os 25’ e os 33’, acabou por terminar sem pontos, para além de uma penalidade de Jantjies para o 10-03. Até tiveram uma boa oportunidade de fazer mais três, porém um excesso de confiança em achar que os Hurricanes voltariam a reincidir numa falta na scrum, correu mal. A equipe de Wellington (3ª final em toda a sua história no Super Rugby) trabalhou bem nesse momento e conseguiu conquistar o scrum e uma penalidade… alívio na defesa, Hurricanes conseguiram controlar o jogo até ao intervalo. Os Lions estavam pouco eficazes na conclusão de metros conquistados, ou seja, conseguiam correr com a bola, fazer algumas movimentações como gostam (mas nem tantas como o costume) para depois perderam a bola num turnover, knock-on ou saírem para fora de campo. Muito se deve à forma como os Hurricanes defendiam e a leitura defensiva que faziam a cada nova jogada dos Lions (se Jantjies estivesse mais alongado e profundo, a pressão é feita só por 2 jogadores, mas em caso que Jantjies recebesse a bola só um mais atrás do ruck e em linha com o mesmo a pressão era feito de forma que o abertura fosse logo “tackleado” ou atirasse a bola de qualquer forma para os seus colegas das linhas atrasadas).

 

O reinício do encontro, começou com mais Hurricanes, que, infelizmente, perderam o seu hooker e um dos líderes, Dane Coles, devido a lesão. Os Lions voltaram a crescer nos primeiros minutos mas novamente uma defesa agressiva e bem apetrechada dos Furacões, varreu as aspirações dos sul-africanos em fazer novos pontos nesta 4ª investida até aos 22 metros dos da casa. Com três penalidades, os Hurricanes tiraram a bola dos seus 22 e foram subindo sempre no terreno, até que uma falta em fora de jogo de Mostert permitiu a Barrett converter novamente uma penalidade….13-03 aos 51’. Até este período, os Leões tinham tido pouco Jantjies ou de Klerk, em termos de jogo aberto ou de iniciativas boas dos próprios, mas havia um jogador que estava “gigante”… van Rensburg, o 1º centro. 7 carregadas e 35 metros conquistados, o jovem com 21 anos estava a demonstrar que aguentava com a pressão de uma final.

 

Um jogo com uma agressividade alta, com mais de 150 tackles no total das duas equipes (só 15 falhadas), onde a batalha no contacto físico curto ia ditando a toada do jogo… os Hurricanes não pareciam confortáveis em abrir jogo, optavam por fechar mais, trabalhar nesse espaço curto e depois atirar a bola para longe, com um pontapé de Marshall, Perenara ou Barrett. Do outro lado, uma equipe que nos surpreendeu o ano inteiro estava adormecida… Jantjies algo longe do jogo, Mapoe sem bola para conseguir procurar aquelas quebras de linha do costume e Rensburg substituído por contusão. Faltava aquele último passe que possibilitasse surgir aquele try da reviravolta. Bem, a “chama” dos Lions extinguiu-se, por fim, aos 68’ abrindo caminho para novo try dos Hurricanes, num lance em que até tinham recuperado a bola no lineout… bola perdida, aos saltos e o substituto de Coles, Riccitelli dá um pequeno pontapé, para aparecer em alta velocidade Barrett… o abertura mergulhou, esticou os braços e faz try. 20-03 com 10 minutos de jogo pela frente, mas com os Lions já sem 3 das principais unidades e os Hurricanes a jogar com o tempo e com cabeça.

 

A partir daqui foi um jogo caótico, com as duas equipes a conseguirem virar rucks (os Hurricanes em 5 minutos fizeram 4 turnovers, com Ardie a conquistar dois), a tentarem jogar à mão a partir de todo o lado e a procurarem erros defensivos, especialmente nos flancos onde as equipes já pouco defendiam com força.

 

Naquele que foi o jogo de despedida de Victor Vito e de Willis Halaholo, que partem, ambos, para o Hemisfério Norte, os Hurricanes inscrevem o seu nome na lista de campeões do Hemisfério Sul. Com mérito! Quem tem TJ Perenara, tem um “tackleador” nato, um controlador de scrums e um “bicho” de trabalho que faz uma ligação excelente entre avançados e linhas atrasadas; quem tem Ardie Savea, tem explosão, ritmo, liderança (com 22 anos já tem os olhos de todos em cima de si), um “tackleador” temível (só nos jogos a eliminar fez cerca de 42 tackles e 9 turnovers) é um jogador que desequilibra qualquer jogo a qualquer momento; e, por fim, quem tem Beauden Barrett tem… o melhor abertura no Mundo. Vejam a forma como ele encara cada jogo, com uma corrida com a bola espetacular (é difícil pará-lo quando tem um espaço mínimo para fugir), um pontapé de jogo corrido muito forte (os pontapés aos postes ainda não são uma tremenda especialidade, mas está quase lá) ou como se entrega ao tackle (só na final fez 10 tackles, o mesmo que fez nas meias) e uma mente brilhante no que toca à construção de lances de ataque, de ideias para sair a jogar e mesmo de organização defensiva. Os Lions foram, sem dúvida, uma das melhores equipes desta temporada mas quebraram psicologicamente no jogo mais importante. Muitos dirão que a culpa se deveu à falta de confiança de Jantjies, mas há que olhar mais a fundo e ver que o pack sul-africano só dominou na scrum e pouco mais fez ao longo do jogo, não dando continuação aos bons jogos que vinham a fazer. Os campeões são estes, os Hurricanes são os novos “monstros” do Super Rugby!

 


Super Rugby logo

 

Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão

FINAL

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Hurricanes 20 x 03 Lions, em Wellington

 

Hurricanes

Tries: Jane e Barrett

Conversões: Barrett (2)

Penais: Barrett (2)

15 James Marshall, 14 Cory Jane, 13 Matt Proctor, 12 Willis Halaholo, 11 Jason Woodward, 10 Beauden Barrett, 9 TJ Perenara, 8 Victor Vito, 7 Ardie Savea, 6 Brad Shields, 5 Michael Fatialofa, 4 Vaea Fifita, 3 Ben May, 2 Dane Coles (c), 1 Loni Uhila.

Suplentes: 16 Ricky Riccitelli, 17 Chris Eves, 18 Mike Kainga/Reggie Goodes, 19 Mark Abbott, 20 Callum Gibbins/Tony Lambourn, 21 Jamison Gibson-Park, 22 Vince Aso, 23 Julian Savea.

 

Lions

Penal: Jantjes (1)

15 Andries Coetzee, 14 Ruan Combrinck, 13 Lionel Mapoe, 12 Rohan Janse van Rensburg, 11 Courtnal Skosan, 10 Elton Jantjies, 9 Faf De Klerk, 8 Warren Whiteley, 7 Warwick Tecklenburg, 6 Jaco Kriel (c), 5 Franco Mostert, 4 Andries Ferreira, 3 Julian Redelinghuys, 2 Malcolm Marx, 1 Dylan Smith.

Suplentes: 16 Armand van der Merwe, 17 Corné Fourie, 18 Jacques van Rooyen, 19 Lourens Erasmus, 20 Ruan Ackermann, 21 Ross Cronjé, 22 Howard Mnisi, 23 Jaco van der Walt.

 

Lista de campeões do Super Rugby (desde 1996)

1 – Crusaders (Nova Zelândia) – 7 títulos

2 – Blues (Nova Zelândia) – 3 títulos

Bulls (África do Sul) – 3 títulos

4 – Brumbies (Austrália) – 2 títulos

Chiefs (Nova Zelândia) – 2 títulos

6 – Highlanders (Nova Zelândia) – 1 título

Hurricanes (Nova Zelândia) – 1 título

Reds (Austrália) – 1 título

Waratahs (Austrália) – 1 título

 

Lista de campeões por país desde 1996

1 – Nova Zelândia – 14 títulos

2 — Austrália – 4 títulos

3 – África do Sul – 3 títulos

 

Lista de campeões do Super 10, Super 12, Super 14 e Super Rugby (desde 1993)

1 – Crusaders (Nova Zelândia) – 7 títulos

2 – Blues (Nova Zelândia) – 3 títulos

Bulls (África do Sul) – 3 títulos

Reds (Austrália) – 3 títulos

5 – Brumbies (Austrália) – 2 títulos

Chiefs (Nova Zelândia) – 2 títulos

7 – Lions (África do Sul) – 1 título

Highlanders (Nova Zelândia) – 1 título

Hurricanes (Nova Zelândia) – 1 título

Waratahs (Austrália) – 1 título

 

Lista de campeões por país desde 1993

1 – Nova Zelândia – 14 títulos

2 – Austrália – 6 títulos

3 – África do Sul – 4 títulos