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ARTIGO COM VÍDEOS – A quarta rodada do Super Rugby foi cheia, com todos os 18 times em campo, e apenas uma equipe segue invicta. É o Sharks, da África do Sul, que fez no sábado clássico com os Bulls e ficou em um empate que o manteve na liderança do Grupo Sul-Africano. Enquanto isso, o Jaguares, da Argentina, debutou em casa na competição e acabou conhecendo sua segunda derrota no Super Rugby, caindo no aperto diante dos neozelandeses do Chiefs, que assumiram a liderança do Grupo Australasiano. Os Chiefs tomaram a posição dos Brumbies, que perderam a invencibilidade caindo contra o Stormers.

 

Nas demais partidas, grande vitória do Highlanders fora de casa sobre o Waratahs, em um dos jogos mais aguardados da jornada; triunfo avassalador do Hurricanes contra o Force; atropelo do Crusaders para cima do Kings; triunfo do Lions em dérbi sul-africano contra o Cheetahs; derrota em Tóquio do Sunwolves diante do Rebels; e empate entre Reds e Blues. Confira agora as resenhas, por Francisco Isaac.

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Hurricanes atropelam o Western Force

O jogo de abertura da 4ª jornada do Super Rugby seria entre dois pólos opostos: Canes’ os vice-campeões de 2015 frente ao último classificado dessa edição. Não só isso, mas como também pelo facto da equipe de Wellington ter um rugby muito superior em relação aos australianos do Western Force. Em semana que disseram “adeus” a Nehe Milner-Skudder (luxação no ombro foi mais grave do que inicialmente suposto), a equipe dos furacões sabia que tinha de manter as boas exibições das últimas duas semanas. Dito e feito, um 41-06 (o resultado mais desnivelado do Super Rugby 2016). Os primeiros vinte minutos não tivemos qualquer ponto dos Hurricanes, com a Western Force a dar uma excelente réplica defensiva (iam 20 tackles só neste primeiro ¼ de jogo), colocando várias dificuldades à equipe da casa, que cometeu alguns erros no handling – aproveitou Peter Grant para somar os três primeiros pontos do jogo. Só que aos 25’ lá veio o 1º try dos Hurricanes, com Danes Coles a receber um passe de Victor Vito (boa saída do alinhamento) e a “cravar” os primeiros pontos para os da casa. Beauden Barrett converte e soma mais uma penalidade nos minutos seguintes…

 

Western Force sentindo-se “ameaçada” voltou a mostrar um lado mais duro e subiu na pressão ao portador da bola, recuperando algumas bolas no ruck e alinhamento (Matt Hodgson estupendo no breakdown). Permitiu-lhes subir e marcar nova penalidade por P. Grant para o 10-06 aos 43’. A partir dos 56’ “destruíram” por completo os visitantes. Cinco tries: 1º por J. Marshall a concluir uma jogada algo confusa, onde os Force ficam mal na “fotografia”; 2º por TJ Perenara (3º try da temporada), a concluir uma quebra de linha de Halaholo; 3º, mais uma vez com Halaholo a quebrar a linha para a bola voltar a ser trocada por alguns jogadores da equipe de Wellington com B. Thompson a conseguir chegar à área de validação aos 67’ (29-06); 4º de Laumape, aos 73’; e por fim a partir de um maul dinâmico, Ardie Savea caiu e deu por concluído o 41-06. A equipe da Western Force estava a realizar a um jogo impressionante a nível da defesa até ao minuto 55, com MattHodgson (13 tackles e 3 turnovers) e os 2ªs linhas R. Haylett-Petty e Adam Coleman (16 tackles no total) a serem os rochedos australianos. Contudo, com um jogo de rugby é feito de 80 minutos e não de 55, a maior vontade da equipe dos Hurricanes veio ao de cima, muito devido à entrada de Halaholo (vale a pena acompanhar o ponta na época da sua afirmação no Super Rugby) e a subida de passada de Vito (o asa é em forma assume um papel determinante na sua equipe), chegando ao 41-06.

 

Highlanders emergem vitoriosos em jogão em Sydney

Ufff…. Deve ter sido esta expressão dos Highlanders quando Nick Briant, o juiz do jogo, assinalou para o final dos 80 minutos…. 26-30, tremendo encontro com vários tries e momentos de grande intensidade das duas formações. Início auspicioso dos Highlanders, que a partir de um alinhamento, chegaram ao seu 1º try, onde R. Thompson (ex-Crusader) abre um “buraco”, que realiza um offload de “elegância” (a fazer lembrar Sonny Bill Williams) para Ryan Tongia, o ponta, a fazer o primeiro try. Waratahs aos 15’ quase que chegavam que empatavam, com Kurtley Beale a fugir bem, a ganhar metros sem ter o apoio necessário para atingirem a área de validação. L. Sopoaga converteu uma penalidade (um caso sério nos pontapés aos postes) e foi dos melhores em campo (não precisou de ganhar muitos metros com a bola nas mãos para ser um dos responsáveis pelos 30 pontos dos Highlanders). Aos 28’, W. Palu (nº8 internacional pelos wallabies) com um knock on comprometedor, permitiu a L. Coltman apanhar a bola e no momento que foi placado fez um offload para Liam Squire correr em direcção à área de try para 17-00! Os erros dos da casa iam-se amontoando, como foi no 3º try dos neozelandeses aos 35’, onde L. Sopoaga faz um crosskick para Matt Fades chegar 1º do que Israel Folau – abordou de forma pouco agressiva – com o ponta a fazer um pequeno passe com o pé para Elliot Dixon (o asa pode ser uma solução para a posição nº6 dos AllBlacks) “assinar” o seu nome no placar. O 4º try nasce de um erro de Zac Guildford, que aborda de forma errada uma bola no ar, possibilitando a E. Dixon a captar do ar sem oposição e fugir em direcção à linha.

 

Pelo visto, foi necessário estarem a perder por 30 para assumirem outra postura, com D. Gibson (treinador dos australianos) a efectuar três alterações que modificaram o jogo por completo: Holloway, com três tries (nunca tinha feito algum), onde o 2º foi das melhores jogadas do encontro (K. Beale assiste com um offload). T. Robertson também fez a sua estreia na lista de scorers da noite, a partir de um turnover e um handoff a Aaron Smith para o 30-19. Highlanders com o jogo garantido estavam a entrega-lo com uma série de erros desnecessários, especialmente na forma de como iam ao contacto com a bola ou do apoio pouco claro ao portador da bola. Mesmo com o 4º try de Holloway, aos 71’, nada mais aconteceu, já que os Highlanders impediram que dois alinhamentos finais resultassem em pontos. 30-26, Jed Holloway recebe os nossos aplausos, assim como Tom Roberton, que entraram para mudar o jogo por completo… sinal negativo para Paulo ou Mumm que tiveram vários “furos” abaixo do esperado. Do lado Highlander destacar as exibições de toda a 3ª linha (30 tackles divididas pelos 3) com Squire e Dixon a protagonizar um jogo bem electrizante. Lima Sopoaga e Ben Smith (realmente dá-se ao luxo de ser o melhor nº15 do Mundo) foram uns dínamos na produção ofensiva, o 1º com 103 metros conquistados e o segundo pelos três tries que criou para a sua equipe.

 

Empate em clássico sul-africano mantém Sharks no topo

Tubarões e Touros um empate final que não o teria sido, não fosse J. Pietersen, o médio de abertura dos Sharks, falhar uma penalidade aos 81’ (já para lá do soar da buzina) frontal e sem qualquer dificuldade… a pressão apoderou-se do nº10 sul-africano e a bola passou completamente ao lado. Foi um jogo repartido em termos de controle e domínio, com a equipe da casa a chegar ao intervalo a ganhar por 13-06, com uma exibição de “gala” de Brummer que transformou uma penalidade e realizou um bom drop, para além do passe para o try de Warrick Gelant, o defesa (realizou uma exibição também de nível). A equipe dos Sharks defendeu bem, porém o ataque estava pouco “lúcido”, com W. Le Roux a passar muito ao lado do jogo, com amplas dificuldades em entrarem em boas movimentações ofensivas. K. Cooper e L. Adriaanse, hooker e pilar respectivamente, com 20 tackles no total, para além de 6 TO – na guerra das scrums o empate também foi técnico. Um jogo intenso que ia sendo decidido nos detalhes

 

Depois, na 2ª parte lá voltaram os tubarões a subir de ritmo e a crescer em cada confronto físico, a cada tackle, começando a perceber que era possível chegar ao try. Aos 50’ chegou o 13-13, com Willie Le Roux a executar um pontapé bem ao seu jeito, conseguindo seguir bem a oval, captá-la e fazer o seu try. Depois, Pietersen ampliou para o 16-13 (54’) o que deixava a equipe dos touros em desvantagem. O melhor rugby, de ambas as equipas, estava “paralisado” pelas defesas bem orquestradas e que tentavam a todo o custo evitar novos tries ou cometer penalidades (ao todo um 20 penalidades, com os Sharks a cometer mais duas) que lhes comprometesse o jogo. Aos 79’, após 8 fases de ataque os Bulls arrancaram uma boa penalidade, que foi logo direcionada para os postes, onde o pé de T. Schoeman não falhou a conversão, dando o 16-16. Depois lá veio o “episódio Pietersen” que deixou as bancadas do Loftus Versfeld em estado de choque… todos os pontos são importantes e deixar uma vitória fugir por um par de centímetros pode criar problemas no futuro. Um dado interessante para tomarem em atenção: os Bulls tiveram a oportunidade de fazer 54 tackles, com só 40 a serem eficazes. Já do lado dos Sharks, 119, mas só 8% erraram o alvo.

Blues e Reds empatam e não se livram da desconfiança

Empate técnico e tático entre os neozelandeses dos Blues e australianos dos Reds. Tana Umaga não terminou o jogo satisfeito, já que os seus avançados a partir dos 15 minutos tiveram dificuldades em contrariar a scrum dos Koalas (7 penalidades conquistadas pelos Reds nesse sector). Um 25-25, que só foi possível quando I. West, o abertura da equipe de Auckland, teve a oportunidade de chutar aos postes dentro dos 22 metros. Porém, nenhuma das equipas poderia estar “feliz” com este resultado já que ambas tiveram oportunidades (várias) para “matar” o jogo em diferentes fases do cronômetro. Começaram melhor os Blues com um try de West, que foi só graças a uma jogada de excelente entendimento com os seus centros, tendo o abertura a possibilidade de somar os primeiros 5 pontos (7 com a conversão) logo aos 9’. A resposta dos koalas chegou dois minutos depois, quando os Blues cometeram um erro de handling (o 1º de vários), com C. Feauai-Sita a chegar à linha de try para o empate. Os Reds iam tendo problemas muito sérios no alinhamento (em todo o jogo perderam 5 em 19), o que lhes tirava a posse de bola em momentos críticos do jogo… num desses alinhamentos perdidos, os Blues captam a bola no ar e enviam de imediato para B. Hall, com o scrum-half a fazer uma jogada com Moala e West, finalizada pelo próprio médio de scrum-half.

 

Com um 15-07 no placar, foram os Reds a subir a “parada”, chegando a dominar o território e a posse de bola, conseguindo até ao final da primeira parte conquistar 5 penalidades, em que McIntyre conseguiu converter por duas vezes, levando uma desvantagem de dois pontos para o intervalo (13-15). Os Reds aos 59’ chegaram ao try por Frisby com o mérito a recair na forma como Etu Nabuli, o ponta que veio do Rugby League, a furar o espaço, derrubando os dois centros dos Blues para assistir S. Kerevi. Aos 60 minutos, novo try, desta feita por J. McIntyre (realizou um bom jogo, não fossem os vários pontapés que falhou) metendo em 25-15. Aos 74’, B. Guyton chega ao try com um pick bem trabalhado, um try contra a corrente do jogo. Os Reds podiam ter mesmo “morto” o jogo, com uma penalidade aos 78’ que castigou nova falta da 1ª linha dos Blues na FO (amarelo para S. Mafileo)… J. McIntyre não quis ir aos postes, optando por ir a um alinhamento… uma decisão errada, já que foram os visitantes a tirar “frutos”, conquistando-a, e após 23 (!) fases de jogo, lá arrancaram uma penalidade frontal que ditou o tal empate. Nota para a lesão de J. Kaino (luxação no ombro direito), não se sabendo a gravidade da mesma – Ben Lam, centro dos Blues, terminou a temporada com uma lesão no joelho. dado curioso é o facto da equipe dos Blues só ter ganho quatro jogos fora entre 2012 e 2016, sendo que durante o “reinado” do Super Rugby em 25 jogos ganharam só por duas vezes for. Blake Gibson continua a despontar na equipe (10 tackles e 2 turnovers), com I. West cada vez melhor no pontapé e no jogo à mão, para além da excelente entrada de A. Ionae na 2ª parte (fez muita falta dentro de campo). O outro Ioane, Rieko, realizou um jogo paupérrimo, com vários erros no handling, tackle pouco eficaz e sem a velocidade pedida ao ponta. McIntyre no melhor e pior, executando bem o jogo à mão e um jogo q.b. ao pé (precisa de melhorar, tivesse acertado todos os pontapés os Reds tinham ganho o jogo) para além Eto Nabuli e N. Frisby (o scrum-half não pára quieto).

 

Japoneses seguem sem vitórias no Super Rugby

Tóquio deu as boas-vindas ao Super Rugby, recebendo os seus “vizinhos” australianos dos Rebels, num jogo muito importante para os Sunwolves. Início com uma disputa equilibrada, vincando bem o trabalho no ruck e breakdown dos lobos nipônicos, que tentavam a todo o custo não permitir qualquer turnover dos Rebels – Tusi Pisi fez os primeiros pontos através de penalidade. A equipe australiana aproveitou aos 9’ para virar uma scrum dos da casa a seu favor, em que após algumas repetições, Jordy Reid, o asa, agarrou na bola e facilmente chegou ao seu primeiro try no Super Rugby . A terceira linha da scrum-half de Melbourne realizou uma excelente prestação com 30 tackles somadas, 3 turnovers, dois tries (e duas assistências do nº8) e um domínio impressionante nos rucks ou na scrum.

 

Isto complicou a “vida” aos Sunwolves, já que estavam a encontrar uma oposição muito capaz do outro lado, apostando em pontapés de penalidade invés de arriscar e ir ao alinhamento (os mauls dinâmicos eram constantemente parados pelos avançados australianos). Tusi Pisi e J. Debreczeni trocaram “agressões”, com duas penalidades para cada um… este resultado prolongou-se até ao minuto 48’, quando B. Meehan a seguir a uns rucks, consegue encontrar espaço para meter a bola bem dentro da área de validação. A seguir a isto a pressão sobre a defesa dos Sunwolves foi crescendo, criando amplas dificuldades na forma de responder aos tries dos Rebels, que viu Tom English, o ponta, a furar a linha e correr desamparado por mais de 60 metros para elevar a contagem para o 28-09. Coube aos Rebels chegar a novo try por Sean McMahon, o nº7, a aproveitar para cair dentro da área de validação após uma boa combinação com o nº8, Adam Thompson. J. Debreczeni esteve imbatível no jogo ao pé, assegurando 15 pontos, agradecendo o excelente jogo da sua avançada que esteve em forma top nos rucks, scrums e alinhamentos. Sunwolves entre o jogo da semana passada e este, perderam algum do seu vigor criativo, com. Nota mais para o centro, H. Tatekawa, um lutador tremendo, entregando-se ao jogo (100 metros conquistados) e alguns momentos de maior qualidade.

 

Crusaders não perdoam franquia mais problemática do campeonato

Tarde fácil e sem problemas para os Crusaders, que mantém um bom caudal atacante (13 tries em três jogos, a contar com este), naquilo que poderá ser uma possível candidatura a um lugar do playoff de campeão do Super Rugby. Por sua vez, a equipe dos Kings tinha, à partida para este encontro, alguns problemas por resolver nomeadamente no confronto físico e na subida em linha… uma das defesas mais premiáveis versus um ataque avassalador. Resultado? 57-24 para a equipe de Christchurch, numa das suas melhores exibições da temporada. Até foram os sul-africanos de Eastern Cape a adiantar-se no placar com 10 pontos em dez minutos, com L. Fouche a converter uma penalidade e um try, esse da autoria de L. Vulindlu, aproveitando uma intercepção após um mau passe de W. Crockett, o pilar internacional pela Nova Zelândia. A partir deste momento veio a avalanche dos cruzados, que ao galope de Nadolo conseguiram 6 tries no espaço de 38 minutos. O ponta das Fiji teve direito de fazer o 1º, que na sequência de um offload “mágico” de J. Tupou (nº8) entra pela ponta da área de validação dos Kings. Aos 17’, J. McNicholl aproveita um knock on de C. Cloete para interceptar a bola e correr mais de 50 metros sem oposição… cada vez mais fácil em chegar à área dos sul-africanos, com erros graves no breakdown (9 turnovers consentidos), entregando o “jogo” aos Crusaders. O 3º de Ben Funell, o pilar a fazer de ponta recebendo a bola de Fonotia que realizou um excelente side step para “prender” a linha adversária.

 

Grande espetáculo ofensivo dos Crusaders que em todo o jogo conquistaram mais de 600 metros, para os mesmos carries que os seus adversários, demonstrando o “fosso” profundo entre as duas formações… mas não se ficaram por aqui, já que Nadolo (desde o Mundial de 2015 que nunca mais abrandou) aos 30’ volta a finalizar uma movimentação simples, de excelente qualidade e que brindou a equipe da casa para o 29-10. Depois foi a continuar a somar pontos com R. Mo’unga e M. Drummond para o 43-10. O nº10 dos Crusaders, R. Mo’unga, chegava assim aos 16 pontos no jogo, através de conversões, penalidades e try premiando uma excelente partida. Entre os 50 até ao final do encontro, as duas equipas ainda marcaram dois tries cada, com Tori (60’) e Samu (77’) para os Crusaders e Marutulle (51’) e Cloete (65’) para os Southern Kings. Vitória fácil dos Crusaders que só sentiram amplas dificuldades nos primeiros 10 minutos, soltando-se para vários tries, muita explosão, velocidade e com um Nadolo em tremenda forma. Kings vão tendo as normais “dores” de crescimento do Super Rugby… são uma equipe nova, precisam de criar “raízes” e um elo de ligação entre os seus jogadores.

 

Leões vencem no Clássico dos Grandes Felinos

Lions somam nova vitória no seu 4º jogo para o Super Rugby (só uma derrota, frente aos Highlanders), abrindo espaço para uma temporada diferente? O ano passado nos primeiros 4 jogos somaram 3 derrotas, o que se verifica uma diferença total para 2016. Um 39-22 final, onde a equipe com menos erros no handling e contacto saiu com a vitória (por exemplo, as Cheetahs falharam 40 tackles contra apenas 14 dos Lions), o público do Emirates Airlines Park saiu brindada com um jogo entusiasmante. Os Lions entraram a perder – como a maioria das equipas que saíram com a vitória neste fim de semana – para depois passarem para a frente do resultado fruto de quatro tries: aos 18’ E. Jantjies foge bem à defesa dos visitantes para chegar à área de validação e converter o try (o médio de abertura dos leões teve “direito” a 17 pontos); o médio de scrum-half, F. de Klerk não quis ficar atrás do médio de abertura e tira a bola de forma rápida de um ruck para se atirar para dentro da área de try; já muito perto do intervalo Minsi, numa entrada fulgurante, quebra a linha e faz o 24-03.

 

Domínio territorial (63% para 37%), melhor trabalho com a bola nas mãos e, claro, uma maior vontade de procurar o espaço, permitiu que os Lions construíssem a vantagem necessária para uma segunda parte mais descansada… sem “tirar” a atenção da velocidade e raça dos Cheetahs. Mais tries na 2ª parte, com um a abrir, de R. Ackerman, a receber do nº9 dos Lions, subindo a contagem para 31-03. As Cheetahs não tinham nada a perder e iniciaram um processo de risco assumido… era necessário algum lance mais individual que motivasse a equipe de Free State. Esse momento aconteceu quando S. Petersen, o ponta sul-africano, arranja forma de passar pela bem desenhada linha defensiva dos leões, atingindo a linha de try após uma boa corrida de 20 metros. Apesar de terem sofrido mais dois tries até ao final (contrapondo com um mesmo aos 80’ por Corne Fourie), os Lions não perderam o jogo, somando mais uma vitória, que os lança na luta pelo 1º lugar no seu grupo. Destaque máximo para Ruan Combrinck que devorou mais de 100 metros, disponibilizando-se para 13 carries, num jogo em que, interessantemente, aplicou 6 tackles efetivos e 2 turnovers (é um luxo ter um ponta que goste de contribuir para a defesa). Nas Cheetahs o “segredo” esteve no lançar dos suplentes com Zeilinga, Prinsloo e Meyer a ajudarem a modificar o jogo.

Brumbies perdem invencibilidade no Cabo

A surpresa da jornada, não há margem para dúvidas, esteve no DHL Newlands quando os Stormers impuseram uma pesada derrota aos Brumbies por 31-11. O que não foi surpresa, foi o facto de Jaco Peyper ter realizado mais uma desastrosa arbitragem… no espaço de 1 ano já foram 6 os jogos que o juiz teve nota negativa, incluindo um jogo em Março passado entre a Irlanda e a França para as Seis Nações. Uma tarde muito “física” do Super Rugby, sem dúvida alguma, com as duas formações a realizarem um total de 187 tackles, em que só 8% não acertaram no alvo. Stormers e Brumbies ficaram muito próximos em números estatísticos (315 para 303 metros percorridos, sul-africanos e australianos respectivamente) e mesmo no que toca ao jogo, os erros foram mínimos. Nos primeiros 40 minutos, os Brumbies tiveram dificuldades em conseguir encontrar “buracos” para perfurar, perdendo 3 alinhamentos quando estavam em excelente posição para atacar a área de validação dos da casa… contudo, Etzebeth esteve imperial nesse setor, roubando várias bolas, deixando os Stormers em “segurança”. Kurt Coleman converteu duas penalidades, em que uma delas resultou de uma queda da scrum (discutível se não houve derrube partilhado…).

 

Pouco depois, Tevita Kuridrani consegue quebrar a linha ao seu estilo (força, raça e velocidade… é um powerhouse o centro wallabie) para encontrar H. Speight a pedir a bola à ponta, transmitindo-a para o 06-05. Siya Kolisi, aos 54’ aproveita para chegar ao try após 10 fases de ataque dos Stormers, com o sul-africano a entrar curto e a partir de ruck. Pouco depois, quando estava um 16-11 no placar, com os Brumbies a crescer no domínio territorial (ligeiramente), John Mann-Rea desfere uma agressão e é expulso com cartão vermelho… o hooker será levado a um júri para decidir se a suspensão prolonga-se por mais que uma semana, com algumas reticências na gravidade e intenção (o cartão amarelo teria sido suficiente). Mesmo com a penalidade, os Brumbies acreditavam conseguir virar o resultado, lutando com muito “coração” (D. Pocock tentava motivar os seus colegas a trabalhar bem no breakdown e a serem rigorosos na execução dos alinhamentos) à procura de uma “fagulha” que os levasse ao try da “cambalhota”. Aos 76’, após uma boa movimentação ofensiva dos australianos, os Stormers conseguem conquistar um ruck (muito bom trabalho de Kolisi) e em poucos movimentos chegam ao try, com Dillyn Leyds a fugir bem ao contacto e mergulhar para o try… porém, parece que o ponta na queda deixa a bola cair para a frente, muito por mérito da boa pressão de J. Tomane, o ponta wallabie. O árbitro voltou a ir ao TMO e numa decisão polémica (Peyper está  pedir que se abra um inquérito às suas últimas atuações) decide dar try. Os Brumbies ficaram visivelmente agastados com esse desfecho, não tendo forças para fazer frente ao try do 31-11, da responsabilidade de Vincent Koch, o pilar a fechar o jogo.

 

Jaguares não têm estreia dos sonhos em Buenos Aires

Bem-vindos ao José Amalfitani, estádio do Vélez Sársfield desde 1943 e agora partilhado com os Jaguares da Argentina. Incrível jogo que tivemos a oportunidade de assistir, com os argentinos a ficarem a escassos minutos de uma vitória em casa. Melhor os Chiefs, que nos parecem ser uma das melhores equipas deste Super Rugby, a par dos Highlanders, Brumbies, Sharks e Stormers, com um espectáculo vibrante. 3-3 aos 12’, pontapés da autoria de Aaron Cruden e Nicolás Sánchez (este jogo foi um reviver do Mundial 2015), com A. Creevy a conseguir novo try(2º esta época) após um maul. Os Chiefs não gostaram da “mordidela” dos Jaguares e partiram para um maior controlo de território, conquistando 10 pontos num espaço de 10 minutos, com McNicol a receber um passe H. Elliot (a jogarem bem no risco) e com o defesa a explorar bem uma subida em falso de De la Fuente (o centro ia procura a intercepção mas ficou a meio caminho). Outro jogo em que as tackles foram um tónico forte para uma “luta” intensa que se fez sentir, especialmente, no bloco dos avançados com as scrums a demonstrarem um equilíbrio perfeito (perderam uma cada). Sam Cane versus Agustín Creevy, imperando as vontades do líder dos Jaguares perante a sagacidade do asa dos All Blacks. James Lowe aos 52’ volta a mexer no placar, numa das melhores jogadas deste fim de semana do Super Rugby (em 5 passes dois foram em offload, Sonny Bill Williams “ensinou” bem os seus colegas). A reacção dos Jaguares tardou a acontecer – se tivessem chegado a novos pontos 5 minutos antes, tinha feito a diferença -, com Landajo a mergulhar a partir de um ruck. Na jogada seguinte, Santiago Iglesias escapa-se pelo corredor exterior, entregando a Moroni para o jovem ponta “dançar” por entre Chiefs e chegar ao 3º try dos Jaguares. Agora eram os argentinos na frente por 26-23 a 6 minutos do final do encontro.

 

Não fosse uma super jogada dos Chiefs e os Jaguares tinham saído do seu 1º jogo em casa com uma espectacular vitória… ora, em 2 fases, os neozelandeses fizeram cerca de 5 passes sempre com um apoio inacreditavelmente rápido (ao jeito do estilo All Black), com McKenzie, que transmite a Cruden que tem um side step “mágico” e finaliza num belo offload para B. Weber chegar ao try da vitória. Para os Chiefs assegurarem este jogo foi preciso uma exibição elegante da sua linha de ¾’s, com Cruden (27 passes tanto quanto o seu scrum-half, para além de 80 metros conquistados… ficará com o lugar de Dan Carter na selecção?), McKenzie (o defesa vai brilhando nesta temporada) e Anton Lienert-Brown (duas assistências para try para além de 8 tackles de excelente eficácia) a serem as unidades nucleares do jogo dos chiefianos. Nos Jaguares, Landajo (mais uma bela exibição do nº9 dos Pumas), Creevy (aos 31 anos pode dar-se ao luxo de ser um dos melhores hookers do Planeta) e Santiago Cordero (faz uma falta tremenda à Europa não ter este “diamante” bem lapidado da Argentina) a serem os Jaguares de garra.

 

Super Rugby logo

Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão

Hurricanes 41 x 6 Force

Waratahs 26 x 30 Highlanders

Bulls 16 x 16 Sharks

Sunwolves 9 x 35 Rebels

Crusaders 57 x 24 Kings

Reds 25 x 25 Blues

Lions 29 x 22 Cheetahs

Stormers 31 x 11 Brumbies

Jaguares 26 x 30 Chiefs

 

EquipeConferência*PaísCidadeJogosPontos
Grupo Australásia
HurricanesNeozelandesaNova ZelândiaWellington1553
HighlandersNeozelandesaNova ZelândiaDunedin1552
ChiefsNeozelandesaNova ZelândiaHamilton1551
CrusadersNeozelandesaNova ZelândiaChristchurch1550
BrumbiesAustralianaAustráliaCanberra1543
WaratahsAustralianaAustráliaSydney1540
BluesNeozelandesaNova ZelândiaAuckland1539
RebelsAustralianaAustráliaMelbourne1531
RedsAustralianaAustráliaBrisbane1517
ForceAustralianaAustráliaPerth1513
Grupo África do Sul
LionsÁfrica 2África do SulJoanesburgo1552
StormersÁfrica 1África do SulCidade do Cabo1551
SharksÁfrica 2África do SulDurban1543
BullsÁfrica 1África do SulPretória1542
JaguaresÁfrica 2ArgentinaBuenos Aires1522
CheetahsÁfrica 1África do SulBloemfontein1521
KingsÁfrica 2África do SulPorto Elizabeth1509
SunwolvesÁfrica 1JapãoTóquio1509
- Vitória = 4 pontos;
– Empate = 2 pontos;
– Derrota = 0 pontos;
– Vencer marcando 3 ou mais tries que o oponente = 1 ponto extra;
– Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

Classificam-se às quartas de final:
- o 1º colocado de cada uma das 4 conferências*;
- mais três equipes de melhor campanha no Grupo Australásia;
- mais a equipe de melhor campanha no Grupo África do Sul;

 

Escrito por: Francisco Isaac
Foto: Jaguares.com.ar