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O pontapé inicial para o Rugby Championship 2017 será dado nesse sábado, com as quatro grandes seleções do Hemisfério Sul entrando em campo. All Blacks (Nova Zelândia), Wallabies (Austrália), Springboks (África do Sul) e Pumas (Argentina) medirão forças nos meses de agosto, setembro e outubro, em duelos de ida e volta, e a pergunta que fica é: alguém será capaz de tirar o título dos neozelandeses?
Desde que o Tri Nations (disputado entre 1996 e 2011 entre Austrália, Nova Zelândia e África do Sul) virou The Rugby Championship (com a inclusão em 2012 da Argentina) os All Blacks venceram simplesmente todos os títulos, exceto em 2015, quando a Austrália quebrou a hegemonia neozelandesa.
As duas primeiras rodadas da competição opõem os rivais vizinhos, com Wallabies e All Blacks jogando entre si de um lado e Springboks e Pumas do outro. A terceira e a quarta rodada terão sul-africanos e argentinos visitando australianos e neozelandeses, ao passo que nas duas rodadas finais a situação se inverterá, com Austrália e Nova Zelândia viajando à África do Sul e Argentina.
Para a prévia do campeonato Victor Ramalho e Francisco Isaac fizeram suas apostas em cada time para a temporada. E lembre-se: jogos com transmissão da ESPN!
África do Sul
Victor Ramalho: O rugby sul-africano visitou vários círculos do inferno nos últimos anos, mas parece que os Springboks estão prontos para finalmente renascerem. E o Rugby Championship de 2017 é o passo fundamental para os Boks entrarem em 2019 podendo ser protagonistas na Copa do Mundo. Allister Coetzee está apostando em novos valores, mas fez uma convocação novamente questionável, que não reflete a relação de forças das franquias do país apresentada no último Super Rugby. Resta saber se o treinador será capaz de fazer com que seu grupo jogue com personalidade e praticando um rugby “à Lions”, mais aberto e menos ortodoxo. Se os Springboks conseguirem uma unidade no elenco, têm hoje as melhores condições de serem vice-campeões. O desempenho em junho contra a França empolga o torcedor e oferece confiança ao elenco, mas A distância para os All Blacks é ainda muito grande e seria uma imensa surpresa se os Boks emergissem campeões;
Posição: Vice campeã
Francisco Isaac: Um ano ligeiramente diferente para os Springboks de certeza… porquê? Bem, a queda da Austrália, a manutenção dos Lions como 2ª melhor equipa do Super Rugby, a definição de um quinze base forte e sólido e a “paz” dada à equipa técnica sul-africana vão elevar os boks para este Rugby Championship. As vitórias ante a França (três em três) são prova da capacidade dos sul-africanos, que têm no seu rugby “pesado”, “agressivo” e físico uma “ponte” boa para atingir a vitória;
Posição: Vice campeã
Argentina
Victor Ramalho: O rugby argentina passa por muita desconfiança. Se no ano passado o fraco desempenho dos Jaguares era visto com naturalidade, por estarem estreando no Super Rugby, neste ano não havia desculpas. Os Jaguares foram muito mal na liga do Hemisfério Sul, mesmo com uma tabela favorável que não previa confrontos contra neozelandeses. Os Pumas, no entanto, tiveram tempo para trabalharem desde a eliminação e com um grupo coeso poderão renovar suas ambições. A hora é de estudo e reflexão para saber qual o caminho para um trabalho que consiga tirar do elenco talentoso da Argentina o seu melhor em meio a tantas viagens – e já sem qualquer fator de surpresa a seu lado;
Posição: 3ª colocada
Francisco Isaac: O que esperar? Uma dúvida muito grande esta Argentina em 2017… verdade que perdeu dois jogos contra a Inglaterra sempre por muito pouco, mas também essa selecção inglesa estava longe de ser a melhor de todas… a saída de Isa, a queda de forma física de Creevy e Sanchéz, a alguma instabilidade de políticas de convocação podem ser problemas para os Pumas. Contudo, creio que aquele Tango dos Pumas vai se fazer sentir, principalmente nos jogos em “casa”;
Posição: 3ª ou 4ª colocada
Austrália
Victor Ramalho: O bastão do inferno foi passado da África do Sul para a Austrália. O ano de 2017 é certamente o mais baixo da história do rugby australiano, recheado por um desempenho pífio de suas equipes no Super Rugby – nenhuma vitória contra neozelandeses pela primeira vez, com o melhor time do país somando menos pontos que o pior dos vizinhos. Para completar a crise, a ejeção do Force do Super Rugby e a manutenção do Rebels – de campanha tenebrosa – levou a disputas legais, demissão de diretoria e emotividade fora de campo, com agora dezenas de atletas de boa qualidade – afinal, o Force foi o segundo melhor time da Austrália no ano – sem emprego. Em campo, Michael Cheika terá uma missão dificílima que é fazer os Wallabies recuperarem seu melhor – e o desempenho da seleção em junho não foi nada empolgante, com derrota em casa para uma desfalcada Escócia. O fundo do poço ainda não chegou para os Wallabies – e ele seria o último lugar no Rugby Championship;
Posição: 4ª colocada
Francisco Isaac: O que esperar: Ano “-1” para os Wallabies que enfrentam uma crise de resultados, identidade e imagem em 2017. A queda abismal das franquias aussies, a má forma de grandes jogadores como Israel Folau ou Tevita Kuridrani, a “guerra” de escolhas de Cheika e os problemas no tipo de jogo escolhido pelo seleccionador australiano (o apoio e contra-ataque foram problemas nítidos no jogo contra a Escócia) são problemas graves para este TRC. Vou gostar de ver como Hooper, Kerevi, Beale e a formidável 1ª linha (Kepu, Sio e Alaalatoa) vão reagir já na Bledisloe Cup;
Posição: 3ª ou 4ª colocada
Nova Zelândia
Victor Ramalho: Alguém duvida? A Nova Zelândia é absolutamente favorita a vencer o Rugby Championship e dificilmente irá perder a taça. O campeonato é dos All Blacks há bastante tempo e o desempenho de suas equipes no Super Rugby apenas mostra que o rugby neozelandês está alguns degraus acima de todos. A dúvida é se eles somarão 6 vitórias bonificadas ou se alguém negará aos All Blacks o bônus ofensivo em algum duelo. O único jogo que a hegemonia neozelandesa pode ficar em risca é na visita à África do Sul;
Posição: Campeã
Francisco Isaac: O que esperar: Campeões de novo? Possível. Para os que não percebam bem, os All Blacks estão em “renovação” de equipa, com introduções de vários jogadores jovens (Jordie Barrett, Rieko Ioane, Ngani Laumape, Ardie Savea, Scott Barrett, Ricky Riccittelli), misturando-os com os mais experientes, o que vai dar numa mistura explosiva. As frustrações das Series dos Lions vão ser lançadas nos seus adversários do TRC. Não há crise na Nova Zelândia, há “paz”… e vontade de voltar a provar que são os melhores;
Posição: Campeã
Calendário
*Horários de Brasília
Dia 19 de agosto
07h00 – Austrália x Nova Zelândia, em Sydney
12h00 – África do Sul x Argentina, em Porto Elizabeth
Dia 26 de agosto
04h35 – Nova Zelândia x Austrália, em Dunedin
16h30 – Argentina x África do Sul, em Salta
Dia 09 de setembro
04h35 – Nova Zelândia x Argentina, em New Plymouth
07h00 – Austrália x África do Sul, em Perth
Dia 16 de setembro
04h35 – Nova Zelândia x África do Sul, em North Harbour (Auckland)
07h00 – Austrália x Argentina, em Canberra
Dia 30 de setembro
12h00 – África do Sul x Austrália, em Bloemfontein
19h30 – Argentina x Nova Zelândia, em Buenos Aires
Dia 07 de outubro
12h00 – África do Sul x Nova Zelândia, na Cidade do Cabo
19h30 – Argentina x Austrália, em Mendoza
Campeões
País | Número de títulos | Anos dos títulos | Vices | 3ºs | 4ºs |
---|---|---|---|---|---|
Nova Zelândia | 17 | 1996, 1997, 1999, 2002, 2003, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017, 2018 e 2020 | 5 | 3 | 0 |
Austrália | 4 | 2000, 2001, 2011 e 2015 | 13 | 7 | 0 |
África do Sul | 4 | 1998, 2004, 2009 e 2019 | 6 | 12 | 1 |
Argentina | 0 | 1 | 1 | 7 |
2012 - 2019 - The Rugby Championship (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina);
2020 - Tri Nations Series (Nova Zelândia, Austrália e Argentina);
2021 - The Rugby Championship (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina);