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ARTIGO COM VÍDEOS – A Retrospectiva da Copa do Mundo de 2015 nós já fizemos (clique aqui para conferi-la). Mas, o ano não foi apenas de Mundial no rugby internacional. Hora de repassar 10 destaques do planeta oval em 2015!

 

Irlanda é bicampeã europeia!

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O ano começou, como sempre, com a disputa do título europeu, desta vez mais quente porque a Copa do Mundo estava no horizonte. E as disputas foram de tirar o fôlego, com a Inglaterra largando com tudo vencendo Gales fora de casa por 21 x 16. Mas, o que parecia ser a volta da Rosa ao topo não se confirmou. Em Dublin, a Irlanda superou a Inglaterra por 19 x 9, com try isolado de Henshaw. Mas, na rodada seguinte Gales derrotou a Irlanda, 23 x 16, e a decisão do título foi para a última rodada para ser apurado pelo saldo de pontos. E a rodada final foi de arrepiar, com Gales fazendo 61 x 20 sobre a Itália, mas sendo superado no saldo pela Irlanda, que aplicou 40 x 10 na Escócia. E, no jogo final, a Inglaterra precisava conquistar um saldo de 26 pontos para ser campeã, mas venceu a França 55 x 35, em jogo maluco, faltando apenas 1 try convertido para erguer o troféu.

 

No fim, a Irlanda comemorou seu segundo título de Six Nations consecutivo, o que não ocorria desde 1948-49.

 

Toulon eterno: tricampeão europeu

O próximo campeão europeu do ano foi conhecido em maio, com a grande final da Champions Cup, a Copa Europeia. E o feito foi único. Pela quinta vez na história, dois clubes franceses se encararam na grande final, em Londres, e pela primeira vez na história uma equipe conquistou três título consecutivos da Copa Europeia. O galático Toulon mostrou a força de seu elenco milionário e superou na decisão o rival Clermont, por 24 x 18, com o australiano Drew Mitchell fazendo o try da vitória aos 69′. Pela segunda vez na história da competição, novamente diante do Toulon, o Clermont encerrou a Copa Europeia com o vice campeonato, novamente tendo seu sonho do inédito título frustrado.

 

Além do tricampeonato europeu, a festa no Toulon foi para as despedidas de Carl Hayman, Ali Williams e Bakkies Botha, que penduraram as chuteiras ao final da temporada.

 

Fiji reina no sevens

Após nove torneios em cinco continentes desde outubro, a Série Mundial de Sevens definiu seu grande campeão em maio, no torneio de Londres. A temporada esteve entre as mais equilibradas dos últimos anos, com Fiji, África do Sul e Nova Zelândia jogando torneio a torneio de olho na liderança. Mas, no fim, venceu de fato o melhor time da atualidade. Sob o comando do técnico inglês Ben Ryan, Fiji falou mais alto, venceu quatro dos nove torneios (na Austrália, Estados Unidos, Hong Kong e Escócia), contra dois títulos da África do Sul, um da Inglaterra e um dos Estados Unidos e se sagrou campeão do circuito pela segunda vez na história, a primeira desde 2006, pondo fim a um incômodo jejum para os chamados “reis do sevens”.

 

Na etapa final, em Londres, Fiji terminou com o terceiro lugar, mais do que suficiente para erguer o troféu, com Nova Zelândia e África do Sul decepcionando e terminando em quinto e sexto lugares, respectivamente. A grande surpresa veio dos Estados Unidos, com as Águias impressionando e fazendo história ao conquistarem pela primeira vez um torneio da Série Mundial de Sevens.

 

Com os resultados da temporada, Fiji, África do Sul, Nova Zelândia e Inglaterra (Grã-Bretanha) se juntaram ao Brasil como as primeiras classificadas ao Rio 2016. No segundo semestre, pelos circuitos continentais, seria a vez de França, Austrália, Japão, Quênia, Estados Unidos e Argentina conquistarem suas vagas nos Jogos Olímpicos.

 

 
Black Ferns imbativeis

A Série Mundial de Sevens Feminina terminou no fim de semana seguinte à masculina, em Amsterdã, e coroou a quase imbatível Nova Zelândia, que conquistou seu terceiro título do circuito consecutivo. As Black Ferns conquistaram os quatro primeiros torneios do ano, mas derraparam na reta final, com a Austrália vencendo na Inglaterra e com o Canadá quebrando o tabu e finalmente conquistando um título, na Holanda. Nova Zelândia, Canadá, Austrália e Inglaterra (Grã-Bretanha) asseguraram suas vagas no Rio 2016 através do circuito.

 

Nos torneios continentais no segundo semestre França, Japão, Fiji, Quênia, Estados Unidos e Colômbia carimbaram suas vagas aos Jogos Olímpicos.

 

Glasgow, Stade Français e Saracens soltam grito entalado

Ainda em maio, as três grandes ligas europeias tiveram seu desfecho, e os três títulos foram especiais.

 

No PRO12, a Liga Ítalo-Celta, que reúne equipes de Itália, Irlanda, Escócia e Gales, pela primeira vez na história o título foi para um time escocês. O Glasgow Warriors fez uma campanha irrepreensível, terminando a primeira fase no primeiro lugar e batendo os gigantes irlandeses Ulster, na semifinal, e Munster, na grande decisão, para soltar o grito inédito de campeão. 31 x 13 irretocáveis na final, em solo irlandês, marcando um passo decisivo rumo ao renascimento do rugby escocês.

 

No Top 14 francês, o título não foi inédito, mas marcou o fim de um incômodo jejum. Segundo maior campeão francês, o Stade Français, de Paris, não levantava a taça desde 2007 e, capitaneado pelo italiano Sergio Parisse, voltou a levantar o troféu da França com vitória sobre o favorito Toulon na semifinal, 33 x 16, e sobre o “sempre vice” Clermont na final, 12 x 6, com 4 penais do sul-africano Morné Steyn.

 

E na Inglaterra o título da Premiership ficou nas mãos do Saracens, de Londres, que não festeja a conquista desde 2011. Na final, os Sarries superaram o Bath, segundo maior campeão do país, que não chegava à final desde 2004 e não ganhava o título desde 1996. O jejum do Bath seguiu, mas o do Saracens (curto, é verdade) acabou. 28 x 16. E não foi só isso para os Saracens. O time londrino ainda conquistou a Copa Anglo-Galesa, vencendo o Exeter Chiefs na final, e pela primeira vez fez dobradinha, levando dois títulos na temporada.

 

Ainda na Inglaterra, nota para o título do Gloucester na Challenge Cup, a segunda copa europeia, vencendo os escoceses do Edinburgh na final.



 

Nova Zelândia volta ao topo no juvenil

Junho foi mês de Mundial M20 na Itália e festa neozelandesa. Os Baby Blacks ostentam a condição de maiores campeões juvenis, mas não levantavam a taça do Mundial desde 2011. E a espera acabou, com a Nova Zelândia de Tevita Li, Akira Ioane e Jeremy Black vencendo a Inglaterra, campeã das dois anos anteriores, na final, 21 x 16.

 

Um mês antes, em Lisboa, a Geórgia fez história ao faturar o Troféu Mundial Junior, a segunda divisão mundial, alcançando a promoção à elite mundial de 2016. A Geórgia substituirá a rebaixada Samoa, enquanto Fiji e Tonga seguiram na segunda divisão, marcando momentos ruins do rugby do Pacífico Sul.


 

Highlanders, a primeira vez nunca se esquece

Em julho, foi o Super Rugby que conheceu seu desfecho, com uma reta final de alto nível que acabou com campeão inédito. Após uma campanha quase perfeita na temporada regular, o Hurricanes alcançou a grande final em casa contra o Highlanders, dono da segunda melhor campanha, em final entre dois neozelandeses que jamais tinha levantado a taça. E liderados pela dupla Lima Sopoaga e Aaron Smith, os Highlanders de Dunedin triunfaram em Wellington por 21 x 14, apesar dos esforços de Ma’a Nonu e Conrad Smith para se despedirem em alta dos ‘Canes.

 

Título dos Highlanders!

 

Wallabies e Los Pumas comemoram quebras de jejuns

Em agosto, foi a vez da Austrália quebrar um jejum. Depois de três anos de existência do Rugby Championship e três anos de títulos dos All Blacks, os Wallabies, enfim, festejaram o título do campeonato do Hemisfério Sul, e de forma invicta. Os australianos venceram de forma milagrosa os Springboks na abertura do torneio, 24 x 20, com o try da vitória de Kuridrani saindo aos 80′. Na sequência, 34 x 9 sobre a Argentina fora de casa e, na grande decisão, 27 x 19 sobre a Nova Zelândia, com try decisivo de Nic White. Michael Hooper, David Pocock, Scott Fardy, Matt Giteau, Adam Ashley-Cooper & cia prometiam para o Mundial.

 

Já a Argentina finalmente conquistou uma vitória na competição, quebrando o tabu. O triunfo veio fora de casa, sobre a África do Sul (foto), marcando a primeira vitória dos Pumas sobre os Springboks na história. 37 x 25, com Juan José Imhoff anotando três tries em Durban.


 

Dan Carter melhor do mundo

Com o fim da Copa do Mundo, o World Rugby anunciou os melhores de 2015 e o prêmio de melhor jogador do mundo ficou pela terceira vez com o neozelandês Dan Carter, que se igualou a seu compatriota Richie McCaw como os únicos homens a ostentarem três troféus de melhor do mundo.

 

O técnico australiano Michael Cheika foi premiado como melhor treinador do mundo, enquanto o sul-africano Werner Kok ficou com o prêmio de melhor jogador de sevens. No feminino, o prêmio de melhor jogadora de XV ficou com a neozelandesa Kendra Cocksedge e a melhor do sevens foi a também neozelandesa Portia Woodman.

 

Já também All Black Julian Savea ganhou o prêmio de melhor try do ano, com seu try sobre a França na Copa do Mundo.


 

RIP, Jonah Lomu

Mas, 2015 não foi perfeito, infelizmente. No fim do ano, o mundo oval – ou melhor, o esporte mundial – lamentou a morte do ex All Black Jonah Lomu, um dos maiores nomes da história do rugby mundial (para muitos, o melhor da história). Lomu foi vítima da síndrome nefrótica, que já o havia tirado dos gramados em 2003 e, depois, definitivamente em 2009.

 

Lomu foi o mais jovem All Black, disputando um total de 63 partidas pela seleção, anotando 37 tries. Foi também o maior anotador de tries da história da Copa do Mundo de Rugby, com 15 (ao lado de Bryan Habana), campeão mundial de Sevens em 2001 e responsável por alguns dos mais icônicos lances do rugby mundial.

 

Deixa saudades. Obrigado por tudo Jonah, RIP.