Foto: Bruno Ruas @ruasmidia

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ARTIGO OPINATIVO – O Rugby Championship 2020 vai mesmo acontecer, sofrendo só uma pequena-grande alteração, que passa por toda a competição vir a ser jogada num só local, ficando os atletas a viver no mesmo espaço durante seis semanas. Faltando ainda algum tempo para o pontapé de início do primeiro encontro, avançamos com uma proposta de convocatória para cada uma das quatro selecções, começando pelos Wallabies. Quem são os nossos convocados e o porquê de algumas escolhas, tudo explicado neste artigo!

Antes de mais, estabelecemos alguns vectores importantes para chegar à lista final, começando logo pelo número de atletas escolhidos, tendo fica estabelecido em 33. Contudo, há uns quantos nomes que acreditamos terem uma vaga chance de verem os seus nomes anunciados para os treinos e, porque não, até na convocatória para os amigáveis pré-TRC, ficando assinalados esses por um par de parênteses. A sublinhado são os nomes menos consensuais, mas pela época realizada tanto no Super Rugby “normal” e Aotearoa e por apresentarem qualidades que se encaixam no perfil dos All Blacks deveriam merecer a chamada.

Para evitar confusões também deixamos aqui alguns nomes que já não são solução devido aos contratos que têm ou por terem abandonado a Austrália em definitivo e que não são viáveis via da Giteau Law: Samu Kerevi (Japão), Will Genia (Japão), Izack Rodda (Lyon), Tolu Latu (Stade Français), Christian Leali’ifano (Japão), Benardo Foley (Kubota Spears)

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A convocatória do FairPlay.pt

Por posições são estes os nossos escolhidos:

Pilares: Allan Alaalatoa, Scott Sio, Harry Johnson-Holmes, Taniela Tupou e Pone Fa’amausili (James Slipper)

Talonadores: Folau Fainga’a, Brandon Paenga-Amosa e Jordan Uelese (Tom Horton)

Segundas-linhas: Lukhan Salakaia-Loto, Rob Simmons, Angus Scott-Young e Rory Arnold (Adam Coleman)

Terceiras-linhas: Pete Samu, Michael Hooper, Liam Wright, Harry Wilson, Richard Hardwick e Lachlan Swinton (Isi Naisarani)

Formações: Nic White, Tate McDermott e Joe Powell

Aberturas: James O’Connor, Matt Toomua e Will Harrison (Noah Lolesio)

Centros: Chris Feauai-Sautia, Tevita Kuridrani, Reece Hodge e Irae Simone (Kurtley Beale)

Pontas: Andrew Kellaway, Filipo Daugunu e Marika Koroibete (Byron Ralston)

Defesas: Dane Hayllett-Petty e Jack Maddocks (Tom Banks)

Quem estará no “sindicato” dos Wallabies?

Comecemos pelos homens da primeira-linha… Allan Alaalatoa, Scott Sio e Taniela Tupou estiveram todos no Rugby World Cup 2019 e será normal um retorno destes três aos convocados, excluindo então Sekope Kepu (aos 34 anos decidiu ir jogar para Inglaterra) e James Slipper, para promover duas novidades: Harry Johnson-Holmes e Pone Fa’amausili.

Porquê estes dois? Johnson-Holmes tem sido um dos melhores atletas dos Waratahs nas últimas duas temporadas, contribuindo não só com um trabalho total na formação-ordenada, mas também com uma capacidade técnica para criar alguns problemas no contacto, seja através do offload ou um passe antes da placagem. Já Fa’amausili foi uma das revelações dos Melbourne Rebels neste ano de Super Rugby (seja o geral como o AU), ostentando um físico assustador que lhe permite criar problemas na linha defensiva contrária (1,96 metros e 130 kilos) e apesar de ainda precisar de ser trabalhado na formação-ordenada, é certo que o pilar de 23 anos está na linha para vir a ser um dos novos pilares dos Walabies.

Nos talonadores tudo igual, devendo Folau Fainga’a assumir a titularidade, mas seguido de perto por Brandon Paenga-Amosa (um dos principais avançados dos Queensland Reds) e Jordan Uelese, sendo este um dos sectores que mais tempo precisará até estar no ponto de qualidade para os Wallabies – juntámos Tom Horton a correr por fora, mas não deverá faltar muito até que o o atleta dos Waratahs atinja esse patamar de internacional pela Austrália.

Na 2ª linha vamos ter uma luta tão intensa como na 3ª, sabendo que a titularidade deverá rondar na possível parelha entre Rob Simmons e Rory Arnold (em altura, é o par mais alto do Mundo), porém é possível de que Salakaia-Loto interfira e até roube o lugar a Simmons, uma vez que oferece muito mais em termos do jogo corrido e no combate defensivo. Angus Scott-Young poderá ser a 4ª escolha ou Adam Coleman, mas gostávamos de ver o lock dos Reds a merece a confiança da equipa técnica dos Wallabies tanto pelo índice de trabalho alto que apresenta e durabilidade física ostentada ao longo dos 80 minutos.

Chegamos finalmente à 3ª linha e a questão principal vai para: quem vai ser asa e quem vai para nº8? Pete Samu vai jogar a 8? Ou Dave Rennie pode confiar essas funções ao novo wonderkid Harry Wilson, jogador dos Reds que tem realizado uma extraordinária época no Super Rugby?

Com Michael Hooper a ser rei e senhor da camisola 7, possivelmente Liam Wright poderá envergar a nº6 e, na nossa opinião, o trabalho de terceira-linha centro deveria ficar entregue a Pete Samu, já que potencia a saída na formação-ordenada para um nível de letal, somando-se ainda o handling apetrechado de desequilibrios e um pulmão duradouro e surpreendente. Richard Hardwick e Lachlan Swinton deveriam ser chamados, pois o primeiro é um dos melhores trabalhadores no breakdown de momento e na placagem, enquanto o segundo é uma força da natureza extraordinária que faz mossa no contacto.

A nova linha de Rennie: quem vai ser?

A saída de Will Genia abriu espaço para a discussão de quem vai ser titular e suplente nestes próximos quatro anos, sendo que Nic White possivelmente sai na frente e Tate McDermott estará na sombra. White tem todo um repertório de qualidades que lhe permitem sair na frente da discussão, como a capacidade extraordinária para ler o jogo, o jogo ao pé que cria constantemente problemas e um ritmo extremamente elevado com capacidade para apanhar os seus adversários desprevenidos.

Tate McDermott é, no entanto, um competidor natural pela titularidade como formação, muito por causa da velocidade de mãos que detém, a soberba genialidade técnica e o excelente trabalho na comunicação. Duas excelentes soluções, acompanhados, ao que tudo indica, por Joe Powell dos Brumbies.

E o que dizer acerca dos aberturas? Bernard Foley e Christian Lealiifano disseram adeus ao rugby australiano e nenhum destes dois nomes parecem estar interessados em fazer um retorno aos Wallabies, forçando a Dave Rennie ter de escolher um novo criativo para os próximos jogos… e anos. Por isso, se a opção recair em James O’Connor ou Matt To’omua, será que é hipotecar o futuro dos Wallabies? Ou a experiência de To’omua ou O’Connor são fundamentais neste momento?

Dependendo de qual é a visão de Rennie e a equipa técnica lidera por si, a verdade é que existem dois jovens a correr por fora, sendo eles Will Harrison e Noah Lolesio, tendo ambos realizado boas exibições durante a época de franquias de 2020. Apesar destes dois terem aquela jovialidade e irascibilidade que podem influenciar positivamente a equipa no querer jogar rápido e arriscar, a garantia de ter O’Connor ou To’omua como nº10 passa pela segurança e estabilidade durante o decurso de um jogo, sobrevivendo mais facilmente à pressão alta de jogos de um patamar superior.

Sem Samu Kerevi e Jordan Petaia para este ano – o atleta dos Reds está a recuperar de uma grave lesão, enquanto Kerevi está a jogar no Japão nos próximos dois anos -, as escolhas podem bem passar por Reece Hodge e Tevita Kuridrani ou até por Matt To’omua e Reece Hodge, sendo que há outra parelha de qualidade mas de grande risco que passa por Chris Feauai-Sautia e James O’Connor. Todos oferecem qualidades diferentes, sendo Hodge o mais equilibrado mas o menos espectacular, enquanto O’Connor notabilizou-se no último mundial como 2º centro. O problema fica para a posição de primeiro centro, uma vez que Samu Kerevi tinha conquistado o lugar nos três últimos anos, levando ao surgimento de dúvidas em quem realmente pode fazer mossa nesse lugar.

E chegamos finalmente ao último sector, que poderá ter dúvidas desde já desfeitas para o lugar de ponta esquerda e defesa, papéis a desempenhar pelos habitués Marika Koroibete e Dane Haylett-Petty, respectivamente. Na ponta direita possivelmente há um nome que ganhou força no RWC 2020, e é o de Reece Hodge, mas não sendo um titular inabalável nos Melbourne Rebels, era de grande interesse dar oportunidade a  Andrew Kellaway ou Filipo Daugunu, com qualquer destes dois possuírem um perfil demolidor com a bola na mão e um pico de velocidade vertiginoso, já para não falar a fome de gostarem de surpreender o ataque adversário com intercepções. Jack Maddocks é um nome com possibilidades de fazer parte do elenco para o The Rugby Championship 2020, não tendo grandes oportunidades de conquistar a titularidade.

Tomar em atenção a jogadores que estão lesionados mas podem regressar a tempo, com bastante, pouco ou nenhum tempo de jogo no Super Rugby AU: Jordan Petaia (centro-Reds), Noah Lolesio (abertura-Brumbies), Greg Holmes (pilar-Force), Toni Pulu (ponta-Brumbies) e Tom English (centro-Rebels).

São várias as possibilidades, quase infindáveis as várias combinações, lançando Dave Rennie num exercício mental extenuante mas apetecível, tendo nas mãos a possibilidade de começar a desenhar uma grande parte do elenco que vai estar no próximo Mundial de Rugby já a partir de 2020.

 

A genialidade de Will Harrison