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O torneio mais glamouroso e cobiçado do seven-a-side mundial, Hong Kong foi disputado neste fim de semana, com dois torneios do World Rugby em paralelo. Enquanto os grandes do mundo jogavam a sexta etapa da Série Mundial de Sevens Masculina, doze seleções emergentes, entre elas o Brasil, se enfrentavam pelo Torneio Qualificatório, tendo como prêmio a promoção à elite do circuito mundial na próxima temporada.

O desfecho foi um título inspirador de Fiji no torneio principal, que deixa a equipe na segunda posição do circuito, e o triunfo da Rússia no Qualificatório. Com  título, os russos garantiram vaga em todos os torneios da Série Mundial de Sevens 2015-16. Para o Brasil, restou a certeza de boas apresentações e duas vitórias, antes da eliminação nas quartas-de-final diante do Zimbábue, que seria vice-campeão do torneio.

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Brasil faz boa figura em Hong Kong, mas cai nas quartas-de-final

O primeiro dia de jogos foi grandioso para o Brasil. Os Tupis abriram o torneio com uma vitória inédita sobre a seleção da casa, Hong Kong, cotada como favorita do grupo. O Brasil largou na frente após começo intenso, com Martin cravando após boa pressão brasileira no scrum. A virada de Hong Kong foi rápida, com dois tries antes do intervalo e um cartão amarelo para o Brasil, de Martin. Porém, no segundo tempo, o Brasil mostrou grande poderio defensivo e físico superior, segurando as investidas dos Dragões para se manter no páreo até o fim. Faltando pouco mais de 1 minuto para o fim, Boy desferiu um chute inteligente para o fundo do campo, apostou corrida com os oponentes e cravou um lindo try para os Tupis, empatando a partida. E, no minuto final, veio a virada, Fiori colocou pressão na saída asiática, o Brasil garantiu a posse, e Martin investiu pela ponta para fazer o try da virada. 17 x 12, números finais.

Já na segunda partida, o resultado positivo contra o Uruguai não veio, mas outro bom desempenho foi mostrado pelos Tupis, Superiores fisicamente, os brasileiros também mantiveram o jogo parelho até o fim. O começo não foi bom, com os Teros abrindo 14 x 0, punindo o Brasil pelos erros forçados e as falhas de tackle. Mas, ainda na primeira etapa, os Tupis deram o troco, com arrancada fulminante de Careca, quebrando os tackles uruguaios para cravar um belíssimo try. Porém, no segundo tempo, o Brasil não conseguiu manter a posse da bola e o Uruguai controlou as ações. A defesa brasileira fechou os espaços e a partida se encerrou nos mesmos 14 x 7 da primeira etapa.

A terceira partida se deu no dia seguinte, diante do México. Os Tupis começaram desorganizados e desfocados e levaram dois tries dos mexicanos, indo para o intervalo atrás no placar, 10 x 7, apesar do belo try de Boy, que correu 100 metros para marcar em contra-ataque. No segundo tempo, contudo, o Brasil se impôs com tranquilidade, com Pedrinho virando o marcador logo após o reinício. Martin, Rambo e Careca deixaram seus tries e o placar se encerrou em 33 x 10.

O limite do Brasil foi a fase de quartas-de-final. Os Tupis enfrentaram a rápida e forte seleção do Zimbábue e deu adeus à promoção com derrota por 21 x 14. Diante dos africanos, o Brasil sai atrás no placar logo no primeiro lance, com Mundariki mostrando a velocidade dos Cheetahs. Os Tupis tiveram a posse, trabalharam no ataque, mas não passaram pela defesa verde e, após erro de mãos do Brasil, o Zimbábue anotou novo try antes do intervalo, 14 x 0. Na segunda etapa, o Brasil começou bem, teve continuidade no ataque, mas foi deixando o try escapar com uma sequência de erros próximos ao in-goal. A persistência foi, contudo, premiada, e Portugal cravou o try aproveitando o erro do lateral africano. Mas, os Cheetahs deram o troco imediato, na velocidade, com chute para o in-goal finalizado com try. Com a bola em mãos, o Brasil chegou a seu segundo try, bem trabalhado, com Lucas Muller, mas o tempo já estava esgotado. Despedida honrosa.

 

Rússia começa fria, mas esquenta e fatura o Qualificatório!

A Rússia não fez uma boa primeira fase em Hong Kong. Os Ursos venceram sem inspiração Tunísia e Coreia do Sul e foram derrotados pela sensação do torneio, a Papua Nova Guiné. Papua, aliás, foi junta da Espanha a única seleção com três vitórias na primeira fase. Eram os espanhóis, no entanto, que apresentavam o melhor rugby no início do torneio, tendo vencido por apertados 10 x 0 a grande batalha do Grupo G com Zimbábue, depois de ambos atropelarem a fraca Guiana e a decepção Tonga, que sequer conseguiu chegar às quartas-de-final. O Grupo E, o grupo do Brasil, por sua vez, teve Hong Kong na primeira posição, após se recuperar da derrota para os Tupis vencendo o Uruguai.

Nas quartas, a Rússia cresceu e, com o mamute Ostroushko inspirado, derrotou Hong Kong por 24 x 0. A Papua seguia seu conto de fadas superando bem o Uruguai, 38 x 10, ao passo que a Espanha trucidava a Coreia, 47 x 5. Nas semifinais, Espanha e Zimbábue voltaram a se enfrentar e, dessa vez, os Cheetahs emergiram vitoriosos, batendo os Leões pela primeira vez na história. 24 x 14, enquanto a Rússia tinha sua revanche contra os Pukpuks papuásios: 26 x 7 para os Ursos, com controle completo da posse de bola. E o segredo russo está mesmo no preparo físico de sua equipe, que foi crescendo conforme o torneio entrava em seu clímax. Mas, com o Zimbábue, não houve facilidade, com a velocidade de homens como Chitokwindo, imparáveis. O primeiro tempo foi emocionante, com três tries para os russos e dois para os zimbabuanos, 17 x 14. Mas, os africanos cresceram na segunda etapa e Chiwanza virou o placar em outra arrancada. O final foi emocionante e, no lance final, Ostroushko atropelou a defesa verde e correu para o try do título russo. 22 x 19.

 

Fiji voa, vence Hong Kong, e embola Série Mundial

No torneio principal da Série Mundial de Sevens, quem comemorou foi Fiji, campeão invicto do torneio e agora segunda colocado da temporada, apenas dois pontos abaixo da líder África do Sul, mas um ponto somente acima da terceira colocada Nova Zelândia que, se vencer a próxima etapa, em Tóquio, assumirá a liderança do circuito. É emoção de sobra na reta final da temporada.

Na primeira fase, Fiji e África do Sul sobraram. Os fijianos não tiveram problemas para passar por Samoa, Canadá e pela convidada Bélgica, terminando no primeiro lugar do Grupo A. A África do Sul, por sua vez, também acabou na liderança tranquila do Grupo C, superando Argentina, França e Japão.

Por outro lado, a Nova Zelândia teve problema e não convenceu. Os All Blacks abriram o torneio com vitória boa sobre a Escócia, mas quase protagonizaram o papelão de sua história ao se safaram por sorte de uma derrota para Portugal, que acabou terminando o torneio na lanterna. Os portugueses fizeram um jogo maiúsculo, se mantiveram na cola no placar e, no última lance, Pedro Guedes fez o try que empatou o placar para os ibéricos. Se a conversão fosse precisa, Portugal comemoraria a maior vitória de sua história, mas o chute não foi bom e o 24 x 24 foi decretado. Os All Blacks acabaram se reerguendo e passaram pela Austrália por 14 x 5 no último jogo do grupo. 

Mais equilibrado foi o Grupo D, que teve novamente os Estados Unidos, em franca ascensão, na primeira posição. Os americanos conseguiram um empate com a Inglaterra e se sobressaíram contra Gales e Quênia para terminarem com saldo de pontos superior ao dos ingleses. Quênia, apesar do veterano Colins Injera ter alcançado o recorde de pontos em Hong Kong, sendo o maior tryman da história do torneio, fracassou e ficou na última posição.

Ingleses e australianos venderam caro suas derrotas nas quartas-de-final. Fiji sofreu para vencer por apenas 14 x 12 a Inglaterra, ao passo que a Austrália levou a virada da África do Sul apenas no finzinho, 7 x 5. Já a Nova Zelândia fez outro jogo de muitos pontos, mostrando deficiências defensivas: 31 x 21 contra a Argentina. Enquanto isso, os Estados Unidos paravam na renascida Samoa, 26 x 15.

Nas semifinais, Samoa quase frustrou os All Blacks. Os samoanos largaram atrás, 12 x 0 no primeiro tempo, mas reagiram com tries de Vaa e Toloa, virando o placar para 14 x 12 com pouco tempo para o fim. Mas, no lance derradeiro, a Nova Zelândia ganhou um penal e Webber chutou para dar a vitória aos Homens de Preto, 15 x 14, aos trancos e barrancos. Fiji, por sua vez, passou pela prova de fogo diante da África do Sul, que não comemorou nenhum título até aqui em 2015, acumulando três terceiros lugares neste ano. 21 x 15 foi o placar para os fijianos, com jogo em dois tempos bem distintos. No primeiro, Fiji abriu 21 x 0, com tries de Vunisa, Kunatani e Tuwai. Mas, os Boks reagiram na segunda etapa e também chegaram a três tries, com Horne, Afrika e Senatla, pagando pelos erros em todas as conversões. Contido, para não deixar a liderança escapar, a África do Sul manejou uma vitória segura sobre Samoa, na disputa do terceiro lugar. 26 x 5.

Nas disputas das taças menores, o destaque ficou com a semifinal da Taça Prata (o Plate) entre Austrália e Inglaterra, uma disputa direta pelo quarto lugar, isto é, pela classificação aos Jogos Olímpicos. E foram os australianos que falaram mais alto, vencendo por 12 x 7, com dois tries de Cameron Clark. Os Thunderbolts australianos ainda faturaram o quinto lugar, passando pelos Estados Unidos por 21 x 17, o que deu a Austrália, quarta colocada da temporada, excelentes seis pontos de vantagem sobre os ingleses, quintos, na classificação.

Na finalíssima, Fiji provou ser mesmo o melhor time da temporada. Os fijianos voaram sobre os All Blacks, aplicando 33 x 19, com nada menos que 21 x 5 só no primeiro tempo. Rawaca, com dois tries, fechou o torneio como o maior anotador de tries. Curry, com dois tries, ainda manteve esperanças para a Nova Zelândia no segundo tempo, mas Veremalua e Domolailai fecharam a conta a favor de Fiji, campeão!

Em seis etapa, Fiji venceu três, a África do Sul duas e a Nova Zelândia apenas uma. A próxima parada é Tóquio, nos dias 4 e 5 de maio.

 

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Hong Kong Sevens – 6ª etapa da Série Mundial de Sevens 2014-15 – em Hong Kong, China

Torneio Principal

Grupo A: Fiji, Canadá, Samoa e Bélgica;

Grupo B: Nova Zelândia, Austrália, Escócia e Portugal;

Grupo C: África do Sul, França, Argentina e Japão;

Grupo D: Estados Unidos, Inglaterra, Quênia e Gales.

 

Torneio Qualificatório (2ª divisão mundial)

Grupo E: Brasil, Hong Kong, Uruguai e México;

Grupo F: Rússia, Papua Nova Guiné, Coreia do Sul e Tunísia;

Grupo G: Espanha, Tonga, Zimbábue e Guiana.

 

Tabela

Vermelho = Torneio Qualificatório

Azul = Torneio Principal

 

Sexta-feira, dia 27 de março

Zimbábue 36 x 0 Guiana

Espanha 27 x 5 Tonga

Papua Nova Guiné 19 x 0 Tunísia

Rússia 14 x 7 Coreia do Sul

Uruguai 21 x 0 México

Hong Kong 12 x 17 Brasil

Zimbábue 41 x 0 Tonga

Espanha 50 x 5 Guiana

Papua Nova Guiné 21 x 19 Coreia do Sul

Rússia 26 x 5 Tunísia

Uruguai 14 x 7 Brasil 

Hong Kong 38 x 5 México

Inglaterra 26 x 19 Gales

Estados Unidos 21 x 14 Quênia

França 24 x 7 Japão

África do Sul 24 x 0 Argentina

Austrália 33 x 5 Portugal

Nova Zelândia 26 x 7 Escócia

Canadá 28 x 12 Bélgica

Fiji 38 x 12 Samoa

Tonga 36 x 24 Guiana

Coreia do Sul 21 x 7 Tunísia

Brasil 33 x 10 México

Espanha 10 x 0 Zimbábue

Rússia 17 x 26 Papua Nova Guiné

Hong Kong 19 x 7 Uruguai

 

Sábado, dia 28 de março

Inglaterra 17 x 7 Quênia

Estados Unidos 40 x 12 Gales

França 5 x 26 Argentina

África do Sul 27 x 0 Japão

Austrália 21 x 5 Escócia

Nova Zelândia 24 x 24 Portugal

Canadá 19 x 24 Samoa

Fiji 38 x 7 Bélgica

Quênia 12 x 19 Gales

Argentina 19 x 14 Japão

Escócia 14 x 12 Portugal

Samoa 29 x 5 Bélgica

Estados Unidos 21 x 21 Inglaterra

África do Sul 29 x 7 França

Nova Zelândia 14 x 5 Austrália

Fiji 45 x 0 Canadá

 

Quartas-de-final

Papua Nova Guiné 38 x 10 Uruguai

Hong Kong 0 x 24 Rússia

Zimbábue 21 x 14 Brasil

Espanha 47 x 5 Coreia do Sul

 

Quartas-de-final

Taça Bronze (Bowl)

Canadá 21 x 10 Quênia

França 26 x 14 Portugal

Gales 38 x 7 Bélgica

Escócia 28 x 7 Japão

 

Domingo, dia 29 de março

Taça Ouro (Cup)

Fiji 14 x 12 Inglaterra

África do Sul 7 x 5 Austrália

Estados Unidos 17 x 26 Samoa

Nova Zelândia 31 x 21 Argentina

 

Semifinais – 01h26 a 02h10

Papua Nova Guiné 7 x 26 Rússia

Zimbábue 24 x 14 Espanha

 

Semifinais

Taça Estímulo (Shield)

Quênia 21 x 0 Portugal

Bélgica 7 x 42 Japão

 

Taça Bronze (Bowl)

Canadá 19 x 38 França

Gales 0 x 34 Escócia

 

Taça Prata (Plate)

Inglaterra 7 x 12 Austrália

Estados Unidos 28 x 14 Argentina

 

Taça Ouro (Cup)

Fiji 21 x 15 África do Sul

Samoa 14 x 15 Nova Zelândia

 

Final

Rússia 22 x 19 Zimbábue – Rússia jogará a Série Mundial de Sevens 2015-16

 

Finais

Taça Estímulo (Shield)

Quênia 26 x 7 Japão

 

Taça Bronze (Bowl)

França 5 x 26 Escócia

 

Taça Prata (Plate)

Austrália 21 x 17 Estados Unidos

 

3º lugar

África do Sul 26 x 5 Samoa

 

Taça Ouro (Cup)

Fiji 33 x 19 Nova Zelândia

 

 

7 melhores tries

Foto: Martin Seras Lima/World Rugby