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ARTIGO COM VÍDEOS – Já se passaram sete rodadas desde o início da temporada 2016 do Super Rugby e os argentinos segue penando. O Jaguares conheceu sua quinta derrota, desta vez pelas mãos do Hurricanes, e segue ainda sem se encontrar na competição. Já os japoneses do Sunwolves seguem sem vencer, caindo diante do Stormers, líder na África. Na Australásia, destaque para a vitória do Reds sobre o Highlanders e para o desempenho dos Chiefs contra os Blues.

 

Chiefs vence clássico do norte da Nova Zelândia

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Nova rodada, mais uma vitória para os Chiefs de Waikato, agora frente aos Blues, num jogo muito disputado à boa maneira neozelandesa, em que o resultado final terminou em 29-23. Um try aos 78’ de B. Retalick, garantiu a vitória com ponto bônus ofensivo para os da casa, “matando” por completo a tentativa de reviravolta da formação treinada por Tana Umaga. Dave Rennie solidifica o primeiro lugar no Super Rugby, dominando a sua divisão e conferência, a duas semanas do jogo frente aos Hurricanes (23 de Abril). No jogo em questão, os Blues defenderam com elegância (100 tackles efetivos) , onde, e mais uma vez, Blake Gibson foi responsável por 10 tackles, abrindo a discussão se o jovem asa pode ser convocado para os AllBlacks num futuro próximo. Porém, o seu “rival” de posição, Sam Cane, foi um autêntico muro, impedindo por 12 vezes os Blues de ganharem metros, perfazendo com os seus colegas de 3ª linha, Vaipulu e Leitch, cerca de 34 tackles e 3 turnovers. Foi daqueles jogos decidido nos detalhes, com as fases estáticas a serem – praticamente garantidas por cada uma das equipes (os Chiefs em 14 alinhamentos perderam 3, mais dois do que os Blues)… atenção que os tais detalhes não se verificaram na conversão de pontapés de penalidade, já que Damian McKenzie nunca teve hipótese de pedir postes (os Blues só consentiram 4 faltas em todo o jogo, um recorde para este Super Rugby), o que obrigou aos Chiefs realizarem o seu melhor jogo para garantirem os 5 pontos.

 

Desde o primeiro minuto, Ngatai, o primeiro centro dos Chiefs, foi uma dor de cabeça para a linha de defesa dos Blues, explorando os espaços que iam encontrando para conquistar metros, possibilitando às linhas atrasadas de criar jogadas para try. O primeiro chegou por M. Graham, com o primeiro linha a corresponder da melhor forma à corrida de Brad Webber… um try iniciado através de um pontapé de Aaron Cruden. A equipe de Kaino tentou lutar contra este try madrugador, mas o melhor que conseguiu em toda a primeira parte foram os dois pontapés de I. West. À passagem do minuto 23’, S. Stevenson volta a dar outro golpe na área de validação dos Blues, graças a uma excelente incursão de Ngatai pelo meio-campo da equipe visitante. O intervalo fez bem aos Blues que entraram na segunda metade do encontro em alta intensidade, conquistando dois tries no espaço de 3 minutos: aos 41’ Nanai respondeu da melhor forma ao “insulto” do segundo try dos Chiefs (foi engolido por Ngatai) a culminar uma rápida incursão, no qual entre fintas e dribles conseguiu escapar a três adversários. Logo de seguida, uma má opção dos Chiefs (pontapé mal executado) permitiu a Rene Ranger entrar pela ponta, e com um offload de fazer inveja a Sonny Bill Williams, possibilitou a R. Ioane marcar o 18-10 (20-10 com a conversão de West). Mas os Chiefs foram atrás da reviravolta: Aaron Cruden, ao seu jeito incrível, sai a correr dos 22 metros dos Blues, sem que ninguém conseguisse tocar-lhe ou placar. 20-17, muito tempo pela frente… conseguiriam os Blues aguentar? Infelizmente para os fãs dos Blues, não houve forma de aguentar a maior velocidade e criatividade dos Chiefs, já que aos 56’, Aaron Cruden recebe e transmite a oval para Seta Tamanivalu, com o centro a aguentar a primeiratackles e depois mergulhar para lá da linha da área de validação. Os Blues bem que tentaram subir no terreno, só que o nervosismo que foram sentido, estragou a possibilidade de levarem para Auckland uma vitória. Perto do final, Brodie Retallick (considerado em 2014 o melhor jogador do Mundo) dá o 29-20 após um bom pick and go. Prémio de consolação para os Blues veio ao minuto 80, com uma penalidade de West que lhes garante o ponto de bônus de derrota. Um grande jogo, perante 25 mil pessoas, que coroa os Chiefs no topo do Super Rugby… só por mais uma semana ou duas?

 

Pesadelo argentino: quinta derrota dos Jaguares

O furacão do Westpac Stadium varreu por completo a equipe dos Jaguares, mas só a a partir do minuto 37, altura em que o centro da tempestade, Julian Savea, quis abanar por completo com o jogo. Atenção que o resultado final engana, e de que forma, o que se passou na Nova Zelândia, especialmente durante os primeiros 40 minutos. A formação dos Jaguares teve uma postura tal que chegou a estar na frente do encontro durante mais de 30 minutos, com a sua avançada (ainda sem Creevy) a impor um domínio nos rucks ou alinhamentos. Mas os erros a nível de controlo de bola ou postura do portador da mesma, criaram erros que os Hurricanes não deixaram de aproveitar: aos 10’, os Jaguares conquistam uma scrum sua, mas quando Senatore (nº8) cai no chão, foi facilmente limpo por Brad Shields, para depois Ardie Savea realizar um pontapé rasteiro, que Barrett conseguiu chegar primeiro para ir deslizando até à linha de validação (aos 10’). Como referimos, os Jaguares ainda deram a volta e tiveram o jogo na “palma da sua mão”, com tries de L. Senatore e M. Moroni, este através de uma intercepção fácil – numa altura que jogavam contra 14 por amarelo a Ardie Savea. Com 12-07, e o intervalo a chegar, os Jaguares baixaram a “guarda” e deram aos 37’ uma abertura, suficiente boa, a Julian Savea para o try da reviravolta.

 

Logo de seguida, TJ Perenara faz uma das “suas” (a Nova Zelândia tem o luxo de poder contar com dois formações de nível de topo Mundial) e atira novo grubber para as costas da defesa argentina (demasiado subida), que Savea conseguiu captar para o 21-12. Momento do encontro ficou reservado para os 55’, quando Dane Coles, o hooker mais móvel do Super Rugby (e talvez do Mundo), consegue escapar-se a dois defesas, com um side step de categoria para o 28-15 (Sánchez converteu uma penalidade à passagem dos 50’). Até ao apito final tivemos direito a mais três tries: 62’ hat-trick de Savea, a passe de Nahaholo, sem que a defesa da Argentina conseguisse dominar o ponta ou opor-se à vontade deste de chegar à linha de validação; 70’, Landajo, com a sua “manha” do costume, tira a bola da scrum e com o “adormecer” dos asas dos ‘Canes (tanta lentidão para sair de uma scrum… já é a 3ª vez que lhes custa pontos no Super Rugby desta temporada), sai disparado para a linha de try, o que tirava o ponto de bônus ofensivo à equipe da casa; e aos 80’, quando os Jaguares lutavam por conquistar um ponto de bônus defensivo, somaram dois erros (um de handling e outro de falta no ruck), abrindo a porta do try aos Hurricanes, que foi ultrapassada por um pick and go de Ben May. Ponto de bônus de vitória, Barrett, Perenara e Savea em forma e 18’ mil nas bancadas… dia quase perfeito para os Hurricanes, não fossem alguns erros defensivos pouco recomendáveis. Como tínhamos dito a “monstruosa” exibição de Savea, autor de três tries, elevou o jogo dos Hurricanes, que precisam só de pormenores para chegar a fases mais avançadas do terreno.

 

Crusaders segue subindo

Heart Breaking, a expressão inglesa que significa “partir o coração”, que se aplica ao tremendo esforço da Western Force neste jogo com os Crusaders. Por um ponto a equipe australiana perdeu a hipótese de derrotar um dos candidatos ao título… e perdeu a hipótese de sair desta fase de 4 derrotas consecutivas (única vitória foi frente aos Reds em inícios de Março). Aos 4 minutos de jogo, os Crusaders já estavam na frente do marcador, porventura de um try de M. Drummond a “castigar” uma defesa dos da casa algo passiva no primeiro contacto. A equipe australiana tem alguns problemas na eficácia defensiva, algo que se arrasta desde o início da presente temporada. A reação ao try até foi positiva, com duas penalidades de Peter Grant e uma subida no terreno, dominando com mais clareza o território (fundamental para partir em busca de pontos). Dane Haylett-Petty tentou procurar formas de atingir a área de validação da equipe de Christchurch, mas sempre em vão, devido, principalmente, pela brilhante postura defensiva dos seus adversários (só falharam 4% das tentativas de tackles). Há que destacar dois jogadores nessa área, Luke Romano e Sam Whitelock, segundas linhas dos Crusaders: placadores exímios (19 no total), seguros nas fases estáticas (100% nas FO e alinhamentos) e uns “trabalhadores” no jogo corrido (14 carries)… serão estes duas opções para a segunda linha neozelandesa? Perto da meia hora de jogo, Johnny McNicholl chega à linha de try graças a um trabalho incrível de Matt Todd e Codie Taylor, a “brincarem” aos offloads, deixando os Force com os “olhos trocados”, não conseguindo acompanhar a movimentação do ponta (terceiro try nesta temporada) para o 13-06.

 

A equipe da Force ia sempre de tentativa em tentativa, só que erros de pormenor iam estragando a hipótese de reviravolta… até ao minuto 55’. Antes Grant tinha convertido mais dois pontapés o que os aproximou de passarem para a frente do resultado, estando em 12-13, e a partir desse momento a Force conseguiu dominar os rucks e todas as fases dinâmicas, incapacitando Nadolo, Mo’unga ou Volavola, as unidades mais importantes na conquista de breaks dos Crusaders. O try da equipe da casa foi conquistado muito pela vontade e o acreditar na reviravolta, aplicando uma pressão muito bem executada que foi “assustando” a equipe dos cruzados… Solomoni Rasolea, placa e “rouba” a bola, foge pela linha, consegue agrupar alguns defesas dos Crusaders (fundamental o esforço físico do centro em conseguir todas as atenções sem si), para uma entrada de Matt Hodgoson, que num offload à virtuoso do rugby (os jogadores do Super Rugby são dedicados no trabalho desta capacidade), permite a Ryan Louwrens atingir a linha de validação. 19-13, estavam na frente do marcador, para o pânico de Kieran Read e os seus colegas. A equipe australiana foi aguentando as investidas dos Crusaders, que tiveram sérias dificuldades em quebrar a linha da Force. Não vai pela técnica e destreza, vai pela força… com um alinhamento dentro dos últimos 5 metros da equipe da casa, os Crusaders em três fases chegam ao 19-18, com o asa Jordan Taufua a aguentar bem e a chegar ao try através de pick. Todo o jogo estava nos pés de Mo’unga, que não falhou e deu a vitória aos cruzados. Após três semanas fora de casa, é tempo de regressarem à Nova Zelândia… três vitórias em três jogos fora, registro impressionante para uma das melhores franquias de sempre do Super Rugby. A formação australiana da Force sai com a derrota, mas com aplausos pelo upset que estava prestes a fazer. A “batalha” de fullbacks foi emocionante, entre Haylett-Petty e Volavola, que conquistaram um total de 160 metros (no conjunto). Os forwards dos Crusaders superou os da Force, como demonstraram no domínio nos scrums, alinhamentos laterais e rucks.

 

Japoneses atropelados na África do Sul

Sempre que há jogo entre os Sunwolves e qualquer outra equipe, é garantido que haja tries, muitos tries. Os nipônicos nesta visita à África do Sul foram dominados pela excelente prestação ofensiva e defensiva dos Stormers, com 10 tries no total. A exibição dos sul-africanos passou muito pelas mãos de Jean-Luc de Plessis (abertura), Cheslin Kolbe (defesa) e Leolin Zas (ponta), com o nº10 a estar no meio de toda a produção atacante da equipe da casa (1 try marcado mais duas assistências para o mesmo desfecho) e a ter uma atitude agressiva na tackles (12 efetivas). Já C. Kolbe não é surpresa nenhuma, uma vez que tem realizado uma época de alto nível (para além de 300 metros percorridos, mais 4 assistências e 1 try), disputando o lugar de melhor defesa do Super XV com Ben Smith ou McKenzie. Em 25 minutos, os sul-africanos da Cidade do Cabo, somaram logo quatro tries, avançando no terreno sempre com grande segurança e firmeza, apostando a saída dos rucks ou jogadas a partir dos mesmos para atacar a linha de validação dos lobos do Japão. O primeiro por S. Notshe através de um pick, o segundo de J. Van Wyk à ponta, o terceiro S. Ntubeni numa boa jogada de alinhamento com o hooker a receber a bola no corredor de 5 metros e cair para dentro da área de validação. O 4º proveio de um erro ofensivo dos Sunwolves que permitiram uma grande intercepção de Kolbe, correndo o nº15 isolado para depois possibilitar ao seu capitão, Juan de Jongh, atingir a área de try. 27-00 ao fim de 25 minutos, demonstrou as carências defensivas dos Sunwolves que tiveram muito pouco “jogo de cintura”, para aguentar as sucessivas incursões atacantes dos sul-africanos. O primeiro tackle, para além de pouco efetiva deixa o adversário com espaço para jogar ao offload ou passe, fazendo prova as 31 tackles falhados em 110 tentadas, uma das exibições mais pobres desta rodada do Super Rugby.

 

O melhor conseguido pelos Sunwolves foram dois tries no espaço de 15 minutos, com R. Viljoen e Yuki Yatomi a finalizarem boas movimentações da sua equipe. Mas todo este esforço físico para tentar nivelar os Stormers acabou por resultar em cansaço acrescido, abrindo mais brechas e erros de defesa, sempre bem aproveitados pela equipe da casa, com dois tries de rajada aos 50’ (Notshe) e 53’ (Schreuder), a castigar 6 falhas de tackles dos nipônicos, incluindo algumas duplas, isto é, quando dois jogadores “tackleiam” mas acabam por falhar. Apesar da derrota por números bem “avantajados”, Riaan Viljoen conseguiu fazer 2 tries no encontro, a culminar uma boa combinação entre avançados e ¾’s, com um desenho tático eficaz… são capazes do melhor e do pior no Super Rugby. Quando poderia vir nova carga atacante dos Sunwolves, Tim Bond, o segunda linha, decide “ganhar” um vermelho direto por uma tackles fora de tempo (ombro e num momento em que já não estava a oval nas mãos de C. Kolbe), um lance que acabou por perturbar o crescimento dos nipônicos. Aos 79’ veio, talvez, o melhor try da semana pelas mãos – e pés – de du Plessis, a conseguir driblar com a bola no pé três adversários, aumentando a vantagem para um 46-19. Stormers sai da sua casa com o primeiro lugar garantido na sua conferência, assumindo-se como um dos candidatos do Grupo Africano (que inclui argentinos e japoneses) a seguir diretamente para as semifinais do Super Rugby. Sunwolves continuam em busca da sua primeiravitória na competição do Hemisfério Sul, mas o futuro parece pouco claro para estes Lobos do Sol.

 

Reds se levanta com vitória sobre o campeão

Red Alert soou no Suncorp Stadium, já que a equipe da casa, os Reds, abateu os campeões do Super Rugby, os Highlanders. Jogo tremendo, incrível e de suspender a respiração com um 28-27 final. Os Highlanders acordaram tarde, demasiado tarde, para lutarem pela vitória, num jogo em que a equipe dos Koalas tratou de ser altamente eficaz perante a melhor defesa do Super Rugby, mas que hoje consentiu demasiados erros. Os Reds entraram a ganhar (pela segunda semana consecutiva), com um try aos 2’ por Liam Gill, após 6 fases de ataque. Os Highlanders só conseguiram responder aos sucessivos tries dos Reds através de penalidades de Lima Sopoaga (100% de eficácia em todo o encontro, 12 pontos no total), algo que foi sentido pela formação da casa como um sinal de respeito… e de medo. Aos 15’ novo try dos Reds, num lance que parecia perdido: Jake McIntyre executa um up and under, que acaba até por ganhar muita altura sem grande distância – o público até esboçou um sinal de reprovação -, todavia Eto Nabuli sobe no ar, capta a bola, foge a Patrick Osborne e transmite a Samu Kerevi com o centro a escapar a três tackles, assistindo N. Frisby para um try debaixo dos postes. O próprio nº13 dos Reds, Kerevi, foi o melhor jogador deste encontro, como provam as duas assistências e um try seu, conquistando 160 metros em toda a partida (excelente para um atleta que só tem 22 anos). Os Highlanders tiveram vários problemas em executar as suas movimentações ou combinações, esbarrando na defesa dos Coalas Vermelhos (conseguiram efetuar 8 turnovers nos rucks) ou largando a bola para a frente (7 knock-ons) algo pouco comum para uma equipe como os campeões do Super Rugby. Aos 34’ nova falha de tackles à ponta dos visitantes, permitiu a Kerevi “voar” pela linha de fora até à área de validação.

 

A primeira parte terminou com 22-06, com um domínio territorial de 70/30% a favor dos Reds, demonstrando sempre uma melhor atuação com a bola nas mãos… estavam a aproveitar a total apatia dos Highlanders, que cismavam em não aproveitar a velocidade de P. Osborne ou a “dureza” de Malakai Fekitoa (dos melhores em campo também). Parecia que a equipe dos guerreiros ia iniciar uma reviravolta logo no primeiro minuto da segunda parte, contudo o try de Shane Christie, uma vez que Osborne tinha partido à frente da bola no pontapé de Matt Fades (Ben Smith não alinhou neste fim-de-semana). Jake McIntyre converteu mais duas penalidades aos 44’ e 51’, aumentando o resultado para 28-06. Este grande trabalho da equipe dos koalas podia ter sido em vão, muito pela reação que os Highlanders iam ter até ao final do jogo e pelas facilidades concedidas pela própria defesa do time de Queensland. Três tries em vinte minutos, de Aaron Smith (58’), Fekitoa (68’) e Sopoaga (70’). O try do médio de abertura dos Highlanders foi bem trabalhado, uma vez que a defesa colectiva dos visitantes impôs uma pressão alta sobre os Reds, com A. Smith a realizar um passe fenomenal para Sopoaga correr 80 metros sem que ninguém conseguisse o interceptar. 28-27, com mais de dez minutos para o final… iriam os Reds deixar fugir a vitória depois de tanto esforço? Felizmente para os Reds, os campeões em título não tiveram a “fibra” necessária para chegar à vitória… Sopoaga bem queria uma nova penalidade para armar um pontapé aos postes, mas nada feito, o dia pertenceu aos Reds que começam a recuperar de semanas e semanas de derrota atrás de derrotas. Aaron Smith realizou mais uma exibição gigantesca, bem acompanhado por Lima Sopoaga. Do outro lado, destacar Jake McIntyre, S. Kerevi e Eto Nabuli, a realizarem uma exibição de “gala” que lhes possibilitou somar a sua segunda vitória na competição.

 

Lions triunfam fora de casa no clássico sul-africano da rodada

Welcome back Lions, é este o pensamento que deixamos o apito final do jogo entre Leões e Tubarões. Domínio total, em todas as componentes fundamentais do jogo: menos faltas (só cometeram 6 faltas em todo o encontro, três delas aproveitadas pelos Sharks para pontapés), defesa mais segura (127 totais, em que 110 “entraram nos eixos), ataque mais profundo e dinâmico (dois tries contra zero, tendo só reunido metade dos metros da formação oposta) e assertivos nas fases estáticas (12 laterais, só um perdido, 13 scrums e só duas é que terminaram em falta). Os Lions são uma das formações mais surpreendentes nesta presente temporada, e que tem reunido um coletivo muito concentrado e em que fazem um bom uso nos apoios e velocidade das suas unidades. Os Sharks pouco fizeram para chegar à área de try, onde os vários erros no ataque, principalmente no handling, destruíram quaisquer hipóteses em chegar à área de validação. A jogar fora, os leões não se “acanharam” e correram sempre um jogo bem equilibrado, à procura de um erro defensivo dos Sharks. Esse momento chegou à passagem do minuto 12, quando o par de centros caseiro não placa com clareza A. Ferreira e o segunda linha aproveita para fazer uma quebra de linha, para depois em 3 fases ser o próprio avançado chegar ao try. Elton Jantjies esteve no dia certo para os pontapés, convertendo todas as suas penalidades, aumentando o resultado a cada oportunidade.

 

O melhor que os Sharks conseguiram foram três penalidades de Joe Pietersen, mas nada de tries… e como o rugby é feito, essencialmente, de tries os Lions decidiram partir para nova tentativa de 5 pontos. Mapoe, após 10 fases de ataque, entre vários rucks e entradas, completou o segundo try da sua equipe elevando o resultado para um 18-06, que engordou para 24-09 com mais duas penalidades para os visitantes e uma para os da casa. Foi um jogo muito sul-africano, com uma batalha total no corpo a corpo, na qual os Lions levaram sempre a melhor. Willie Le Roux foi dos poucos jogadores a lutar contra a maré, num jogo em que conquistou mais de 110 metros, sem que chegasse a um try. A avançada sharkiana perdeu a “guerra” ante os Lions, eviscerada pelo bom trabalho no breakdown e altamente disciplinada. Do lado dos Leões de Joanesburgo, devemos destacar a exibição de Andries Ferreira, a completar 14 tackles, um try e um senhor nas alturas. Atenção que foi um daqueles jogos que a linha de ¾’s da equipe vencedora pouco teve de fazer para ganhar o jogo, bastou terem eficácia em cada momento que tiveram a bola nas mãos. Estão agora em segundo, a poucos pontos dos Stormers, abrindo a possibilidade para o “sonho” de chegar a uma fase que não atingiam desde 2001, quando ainda se chamavam Cats.

 

Bulls vencem com tranquilidade em Porto Elizabeth

Exibição avassaladora dos Bulls que em modo stampede, passaram pelos Kings no Nelson Mandela Bay Stadium, com uns esclarecedores 38-06. No segundo dérbi entre equipes africanas na presente rodada, os Bulls enviaram uma mensagem aos Stormers e Lions, que estão prontos para lutar pelo primeiro lugar da sua divisão, onde uma tremenda exibição de SP Marais, foi o catalisador para chegarem a seis tries contra zero. O nº15 dos Blue Bulls foi o autor de dois tries, assim como J. Ulengo, o ponta que já na semana anterior tinha estado em evidência frente aos Cheetahs. Interessante é o fato de ambas as formações sul-africanas terem só falhado 5% das tackles tentadas, com a equipe visitante sendo a de melhor defesa da 7ª rodada… 126 tackles “entraram” como se pede e só 13 é que não tiveram sucesso. Quando uma equipe tem um ataque eficaz e competente, que procura pontos, e uma defesa que não pára de trabalhar em busca não só de um bom tackles mas de um turnover para voltar ao ataque, é quase impossível serem parados… e ao estilo dos Bulls do antigamente. Os Kings tiveram sérias dificuldades em apresentar um desafio competente, para garantir uma nova vitória no Super Rugby, mas não foi pelas tackles que falharam, foi sim principalmente pela forma pouco sólida como atacaram.. 18 erros de handling, 19 turnovers e uma reação apática perante o ataque dos visitantes, em particular durante os 15 aos 25 minutos, momento esse em que surgiram três tries dos sul-africanos: aos 15’ por Jan Serfontein, Ulengo à ponta à entrada para os 19’ e Marais em cima dos 27’, sem resposta dos Kings. Nem a jogar contra menos dois, entre os 41-55, serviu para aguçar o apetite dos Reis de Port Elizabeth, que se viram entre uma falta de noção de profundidade e uma confusão sem explicação, com os Bulls a agradecerem e a partirem para uma exibição recheada de excelentes movimentações atacantes, com mais três tries (Ulengo, Snyman e Marais) para atingir o ponto de bônus ofensivo e um “calmo” 38-06. Os Bulls vão para seis rodadas sem qualquer derrota e aproximam-se, a todo o “vapor”, dos Stormers que ainda estão no primeiro lugar da divisão Africana-restante. Jesse Kriel a assistir dois tries, foi das personagens mais importantes, a revestir o papel de parede e perfurador de excelência. Jason Jenkins merece o título de “tackleador da semana”, tendo realizado 17 tackles efetivos, sem nunca falhar o alvo, em que pelo menos duas foram fundamentais para parar movimentações mais perigosas dos Kings.

 

Na África do Sul, começou a Currie Cup

Na África do Sul, teve início neste fim de semana a fase qualificatória da Currie Cup, o Campeonato Sul-Africano, remodelado, que envolve 14 times do país (incluindo 6 equipes “B” dos times do Super Rugby) e 1 time da Namíbia. Na primeira rodada, destaquea primeira zebra: a derrota do Lions para o Border Bulldogs. Os Welwitschias, da Namíbia, começaram com derrota para o Cheetahs.

 

CVC 2016

Super Rugby logo

Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão

Chiefs 29 x 23 Bulls

Force 19 x 20 Crusaders

Stormers 46 x 19 Sunwolves

Hurricanes 40 x 22 Jaguares

Reds 28 x 27 Highlanders

Sharks 9 x 24 Lions

Kings 6 x 38 Bulls

 

EquipeConferência*PaísCidadeJogosPontos
Grupo Australásia
HurricanesNeozelandesaNova ZelândiaWellington1553
HighlandersNeozelandesaNova ZelândiaDunedin1552
ChiefsNeozelandesaNova ZelândiaHamilton1551
CrusadersNeozelandesaNova ZelândiaChristchurch1550
BrumbiesAustralianaAustráliaCanberra1543
WaratahsAustralianaAustráliaSydney1540
BluesNeozelandesaNova ZelândiaAuckland1539
RebelsAustralianaAustráliaMelbourne1531
RedsAustralianaAustráliaBrisbane1517
ForceAustralianaAustráliaPerth1513
Grupo África do Sul
LionsÁfrica 2África do SulJoanesburgo1552
StormersÁfrica 1África do SulCidade do Cabo1551
SharksÁfrica 2África do SulDurban1543
BullsÁfrica 1África do SulPretória1542
JaguaresÁfrica 2ArgentinaBuenos Aires1522
CheetahsÁfrica 1África do SulBloemfontein1521
KingsÁfrica 2África do SulPorto Elizabeth1509
SunwolvesÁfrica 1JapãoTóquio1509
- Vitória = 4 pontos;
– Empate = 2 pontos;
– Derrota = 0 pontos;
– Vencer marcando 3 ou mais tries que o oponente = 1 ponto extra;
– Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

Classificam-se às quartas de final:
- o 1º colocado de cada uma das 4 conferências*;
- mais três equipes de melhor campanha no Grupo Australásia;
- mais a equipe de melhor campanha no Grupo África do Sul;

 

Currie_cup_logo2016

The Currie Cup – Fase Qualificatória – Campeonato Sul-Africano

Griquas 34 x 14 Griffons

Lions 23 x 27 Bulldogs

Western Province 30 x 16 Bulls

Pumas 9 x 12 Falcons

Sharks 25 x 37 Cavaliers

Cheetahs 32 x 17 Welwitchias

Kings 14 x 37 Eagles

 

EquipesCidade principalFiliação no Super RugbyJogosPontos
Western Province*Cidade do CaboStormers1461
GriquasKimberleyCheetahs1456
Boland CavaliersWellingtonStormers1454
Mpumalanga PumasNelspruitLions1451
Golden Lions*JoanesburgoLions1447
Free State Cheetahs*BloemfonteinCheetahs1444
Blue Bulls*PretóriaBulls1438
LeopardsPotchefstroomSharks1437
GriffonsWelkomCheetahs1436
Natal Sharks*DurbanSharks1433
SWD EaglesGeorgeKings1430
FalconsKempton ParkBulls1430
Border BulldogsEast LondonBulls1426
Eastern Province Kings*Porto ElizabethKings1413
WelwitchiasWindhoek (Namíbia)-1401
* classificados automaticamente à fase final
- Vitória = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;

* Western Province, Kings, Sharks, Cheetahs, Lions e Bulls já têm vaga assegurada na fase final. Os 3 melhores entre os demais times também avançarão à fase final.

 

Escrito por: Francisco Isaac

4 COMENTÁRIOS

  1. Os jaguares sofrem contra os sul-africanos na base do contato, mas com a velocidade conseguem equilibrar bem os jogos. Dessa vez ficou claro que velocidade x velocidade até dá pra encarar times neozelandeses, mas a diferença no nível técnico e físico ainda é visível. O positivo é que os argentinos já mostrou mais de uma vez que consegue se adaptar às adversidades, então deve ser questão de tempo pra embalar e dar alegria aos seus torcedores.

  2. Os jaguares sofrem contra os sul-africanos na base do contato, mas com a velocidade conseguem equilibrar bem os jogos. Dessa vez ficou claro que velocidade x velocidade até dá pra encarar times neozelandeses, mas a diferença no nível técnico e físico ainda é visível. O positivo é que os argentinos já mostrou mais de uma vez que consegue se adaptar às adversidades, então deve ser questão de tempo pra embalar e dar alegria aos seus torcedores.