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Sábado é um dia de gala para o rugby XV nacional. Além do início do Super 8, será dada a largada para a edição 2015 da Taça Tupi, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

 

O formato da disputa mudou para este ano. Buscando dar chances a mais equipes, mas ainda restringindo o torneio a clubes dos estados com federações reconhecidas (SP, RJ, MG, PR, SC e RS), a CBRu criou uma fase classificatória para o torneio, que deveria contar com 12 confrontos e 24 clubes, para serem definidos os 12 qualificados para a fase de grupos. Porém, por conta de desistências, Rio Branco, Londrina e BC Rugby garantiram suas classificações diretamente à fase de grupos, deixando a briga pelos nove outros lugares na segunda fase entre os demais clubes.

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As partidas de ida acontecem nesse fim de semana, com todos os nove jogos rolando no sábado, dia 4 de julho. Os jogos de volta ocorrem no dia 11. Os doze classificados à fase de grupos serão divididos em três grupos com quatro equipes cada, que se enfrentam em jogos de ida e volta e apenas os campeões e o melhor vice da fase de grupos avançarão às semifinais, em uma fórmula de disputa desafiante. O campeão será diretamente promovido ao Super 8 de 2016, enquanto o vice enfrentará o penúltimo colocado do Super 8 de 2015 valendo um lugar na elite do ano que vem.

 

Paulistas e fluminenses colidem

A fase classificatória da Taça Tupi colocou frente a frente três paulistas e três fluminenses, esquentando a velha rivalidade entre os dois estados. Mais tradicional clube na primeira fase da Taça Tupi, o Niterói, rebaixado do Super 10 no ano passado, tem um adversário duríssimo, o Tornados Indaiatuba, campeão da segunda divisão nacional em 2012. O confronto é de extrema igualdade e será a primeira partida que esclarecerá muito sobre os dois times e suas chances. No papel, a vantagem é do Niterói, por ser o campeão fluminense, contar com atletas de grande experiência, como Daniel Gregg – que pode desequilibrar o embate – e David Grael, além do destaque da seleção Mateus Estrela, mas os seguidos resultados ruins na elite do país colocam uma dúvida sobre o hexacampeão brasileiro. O Niterói está em um momento crucial de sua história, pois saiu da primeira divisão depois de muito tempo e tem que provar que seu lugar não pertence à segunda divisão. O Tornados, por outro lado, viveu um primeiro semestre de muito melhor nível, por ter enfrentado nada menos que cinco clubes de Super 8 pelo Paulista e teve bons desempenhos, que incluíram vitória sobre o Jacareí e um jogo maluco contra o Band Saracens terminado em 36 x 35 para o oponente. O Tornados tem um pack fortíssimo e gosta de jogos com placares elásticos, impondo aos visitantes um árduo jogo físico. Se o Niterói não aguentar o ritmo da estreia, a volta pode se tornar muito complicada. Ainda assim, o favorito é o Niterói e quem passar certamente estará entre os principais candidatos ao título.

 

O vice-campeão fluminense foi o Guanabara, que já havia tido uma ótima temporada em 2014. Pela frente dos cariocas está o complicado Lechuza, de Itu e Sorocaba, que foi campeão da segunda divisão paulista em 2014, mas optou por não ser promovido ao Paulista A. O Lechuza se apoia em um jogo simples e eficiente de forwards, mas caiu de rendimento neste ano após o título e colecionou duas derrotas em cinco jogos até aqui pelo Paulista B. O Guanabara, por sua vez, não repetiu o desempenho no estadual que teve em 2014, mas é o favorito para o jogo. Assim como o Niterói, o Guanabara terá o problema de iniciar a campanha fora de casa, em terreno desconhecido, mas tem o favoritismo do embate.

 

Já o Rio Rugby enfrentará o líder do Paulista B, o duro Wallys, de Louveira, que tem no comando Arnaldo Montenegro, ex-comandante do Volta Redonda e que conhece bem o time carioca. O Wallys também conta com um jogo físico e até agora venceu todos os seus cinco jogos do Paulista B, falhando apenas uma vez em obter ponto-bônus. O Rio Rugby, por sua vez, terminou o estadual apenas em terceiro lugar e, em 2014, fez fraquíssima campanha na Taça Tupi, não dando mostras de que, quando sai de seu estado, consegue render. Um desafio e tanto para o time da Cidade Maravilhosa, que precisa mais que nunca dar um passo adiante. Pela fase, o favoritismo é paulista, apesar do mando de jogo da partida de ida ser dos cariocas.

 

O único paulista a não ter um time do Rio pela frente é a Poli, considerada uma das favoritas ao título da segundona, que enfrenta o vice-campeão mineiro, o Uberlândia, com a primeira partida ocorrendo no Triângulo Mineiro. O time da USP tem um pack com nível de Super 8, mas fez uma temporada instável em 2015 no Paulista, passando perto do rebaixamento. A linha da Poli não está no nível dos forwards ainda e o aspecto criativo deixa a dever. Treinada por Maurício Carli, comentarista do SPORTV e que já esteve a frente da seleção brasileira, a Poli é um dos times com melhor estrutura da treinos do Brasil, se beneficiando do que a USP proporciona e do know-how de seu treinador. Resta aos amarelos darem um passo adiante, ganharem em regularidade e na capacidade de finalização. O adversário da Poli, no entanto, é complicado. O Uberlândia subiu um degrau no último ano, ganhando experiência nacional com participação no Brasil Sevens e no Super Sevens Masculino, além de deixar para trás a tradicional segunda força de Minas Gerais, o Varginha, e se garantir ineditamente na decisão do estadual de XV. Na final, no entanto, o Uberlândia foi dominado pelo BH Rugby, que teve um título tranquilo. A viagem longa pesará neste confronto, com a Poli tendo um difícil caminho até Uberlândia, o que pode dar uma vantagem para os Carcarás na partida de ida. Contudo, é inquestionável o favoritismo uspiano, pela experiência e pela campanha de 2014, quando quase chegou à final da Taça Tupi.

 

Gaúchos favoritos?

Se os paulistas sempre chegam fortes e o Niterói tem a camisa mais pesada do torneio, é talvez o lado gaúcho que mais chame a atenção. Charrua, Serra e San Diego também entram no torneio pensando seriamente na promoção e não terão muita dificuldade para avançarem à fase de grupos.

 

O Charrua encerrou o Campeonato Gaúcho com o vice-campeonato, reconstruindo-se após um sofrido 2014. O time de Porto Alegre, o mais antigo do Rio Grande do Sul, jamais conseguiu promoção à elite nacional, sucumbindo em momentos decisivos em sua história. Ainda assim, a grandeza e o potencial do clube são inegáveis e a forma com que o Charrua jogou o último Gaúcho impressiona, tendo quebrado a série implacável de vitórias do Farrapos arrancando um empate contra o time de Bento Gonçalves. O decano do rugby gaúcho e seu tradicional e temível pack reencontraram a confiança e pela frente terão o inexperiente Brusque, de Santa Catarina. O clube do estado vizinho não vem fazendo feio em seu estadual, acumulando três vitórias que lhe colocam como o melhor entre os clubes menores de seu estado. O momento ascendente do Brusque, no entanto, difícil garantirá ao time grandes chances diante dos índios gaúchos e o momento deve ser entendido como um primeiro passo para a equipe do norte catarinense.

 

O Serra tem igualdade com o Charrua no topo da lista dos favoritos à taça. Vice-campeão da Taça Tupi em 2014, a esquadra de Caxias do Sul é uma força crescente no rugby nacional, contando com um projeto bem estruturado e muita ambição. A equipe não conseguiu derrotar seu rival Farrapos no ano, mas chegou a dar calor no oponente perdendo o primeiro confronto, perdendo por menos de um try convertido de diferença, mas foi atropelado no jogo decisivo. O Serra terá pela frente outro gaúcho, o Centauros de Estrela, que mostrou evolução em 2015, terminando na quinta posição o estadual com vitórias sobre o Brummers. Nos confrontos diretos com o Serra, duas derrotas, 27 x 3 em casa e 68 x 3 em Caxias. O primeiro jogo é fora de casa e, sem ter feito tries em 2015 sobre o Serra, as chances do Centauros são pequenas. O clube ascendente de Estrela é mais um que joga a Taça Tupi como um estágio para ganhar experiência.

 

O San Diego, por sua vez, colide com os catarinenses do Joaca, com o primeiro desafio ocorrendo em Floripa. O lado verde de Porto Alegre chega forte ao torneio, ainda sem o mesmo status de Charrua e Serra, mas não podendo ser desprezado. O San Diego foi bem no gaúcho, acabou o torneio em quarto lugar, mas teve um empate com o Serra e jogos apertados com o Charrua. A equipe tem força no pack e é o favorito para o duelo, ao passo que o Joaca é uma equipe jovem, que colhe seu trabalho na categoria de base, mas ainda não decolou no estadual, acumulando duas vitórias em cinco jogos.

 

BH e Maringá têm emparelhamentos favoráveis

Nas outras partidas, BH Rugby e Maringá tiveram confrontos favoráveis. O time da capital mineira enfrenta o Montes Claros no norte do estado, em confronto entre equipes que se conhecem muito bem. Enquanto o BH conquistou o campeonato mineiro de forma invicta, vencendo com folgas todos os seus duelos, ao passo que o Montes Claros acabou rebaixado, terminando com cinco derrotas em cinco jogos na primeira fase e apenas um empate na luta pelo acesso. Sem ter vencido ainda, e com uma derrota de 56 x 17 em casa para o time de Belo Horizonte, em abril passado. O BH Rugby tem pela frente uma missão árdua: voltar a ter protagonismo na segunda divisão, após fraca campanha em 2014. O time jogou o Super 10 até 2013 e, em tese, está entre o favoritos para ganhar a Taça Tupi, mas o desempenho de 2014 impõem desconfiança sobre o time que terá que provar que o último ano foi atípico.

 

O Maringá, por sua frente, fez uma boa campanha no Paraná, acabando o estadual com o vice-campeonato. Na Taça Tupi, os Hawks medem forças com o Blumenau, que acumula quatro derrotas e somente uma vitória no Catarinense – entre as derrotas, 67 x 0 para o BC Rugby e 87 x 10 para o Joaca e 142 x 3 perante o Desterro . O Blumenau, assim como o Montes Claros, é inexperiente em competições nacionais e está começando seu caminho para se estruturar, ao contrário do Maringá, que após uma campanha irregula na Taça Tupi de 2014, busca dar um passo adiante e, quem sabe, brigar seriamente pela promoção na segunda fase. Os Hawks, que já têm um título estadual no currículo, correm por fora na competição.

 

Por fim, entre os times que já ganharam passaporte para a segunda fase, quem chama mais atenção é o Rio Branco, que se beneficiará do descanso nestas duas semanas. Os Pelicanos se somam ao Niterói como os mais tradicionais da competição, ostentando quatro título do Campeonato Brasileiro. O Rio Branco caiu muito nos últimos anos, mas vem dando mostras de reconstrução com um promissor projeto de base. A equipe tem a experiência de muitos veteranos rodados, que podem fazer a diferença, e arrancou nas rodadas finais do Paulista para fugir do rebaixamento, mas precisa provar que é capaz de sustentar uma competição longa em bom nível. O time mostrou no estadual falta de preparo físico, caindo muito durante os segundos tempos, quando sofre a maior parte de seus pontos contra, o que significa que o desafio dos amarelos paulistano é garantir físico para encarar com ambição um torneio complicado como a Taça Tupi. Já Londrina e BC Rugby não foram bem na última Taça Tupi. O Londrina não terminou bem o estadual, ficando apenas no quarto lugar, ao passo que o BC Rugby é o terceiro colocado em Santa Catarina e, apesar da boa reta final na Taça Tupi em 2014, precisa evoluir mais para poder brigar seriamente na competição.

 

Taça Tupi – fase de classificação – jogos de ida

Dia 04/07/2015 às 15h – Lechuza (SP) X Guanabara (RJ)

Árbitro: Victor Hugo Barboza

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: SESI – Itu, SP

 

Dia 04/07/2015 às 16h – Uberlândia (MG) X Poli (SP)

Árbitro: Damon Freeman

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: UFU – Uberlândia, MG

 

Dia 04/07/2015 às 15h – Tornados Indaiatuba (SP) X Niterói (RJ)

Árbitro: Murilo Bragotto

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: Moinho Bela Vista – Indaiatuba, SP

 

Dia 04/07/2015 às 15h – Rio Rugby (RJ) X Wallys (SP)

Árbitro: Marcel Santos

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: UFRJ Ilha do Fundão – Rio de Janeiro, RJ

 

Dia 04/07/2015 às 15h – Montes Claros (MG) X BH Rugby (MG)

Árbitro: Benjamin Neves

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: Colégio Marista São José – Montes Claros, MG

 

Dia 04/07/2015 às 14h – Blumenau (SC) X Maringá Hawks (PR)

Árbitro: Fernando Ceolatto

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: Campo da Floresta – Gaspar, SC

 

Dia 04/07/2015 às 15h – Centauros (RS) X Serra (RS)

Árbitro: Lucas Toniazzo

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: Parcão – Estrela, RS

 

Dia 04/07/2015 às 14h – Joaca (SC) X San Diego (RS)

Árbitro: Vinícius Aleixo

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: AMOCAN – Florianópolis, SC

 

Dia 04/07/2015 às 15h – Charrua (RS) X Brusque (SC)

Árbitro: Vitor Magalhães

Auxiliares de linha:

4o árbitro:

Local: Sociedade Hípica Porto Alegrense – Porto Alegre, RS