Sudamérica Rugby

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ARTIGO COM VÍDEOS – Na última semana, a Seleção Brasileira M20 encarou as disputas do Sul-Americano da categoria e uma das notícias de destaque – um destaque nada bom – foi a derrota para o Paraguai, que não acontecia desde 2011. Para analisar o que ocorreu com os Curumins naquele jogo chamamos o ex Tupi Beukes Cremer, atleta e assistente técnico da Poli, para fazer uma análise de alguns pontos importantes – positivos e negativos – da derrota para os paraguaios.

 

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No primeiro ataque dos Curumins nas 22 do Paraguai, o Brasil mostrou boa limpeza de ruck e uma bola rápida criou uma situação de 4 jogadores contra 2, mas o passe saltado acabou não saindo bem. Os jogadores brasileiros no lance estavam rasos: eles precisavam de maior profundidade na corrida para a bola e de jogarem de forma mais simples com passes rápidos. Estando mais fundos, isso tornaria o trabalho da defesa mais difícil. Nesse caso, se os paraguaios tivessem subido rápido, seria mais fácil de superá-los e se eles tivessem aguardado mais tempo na defesa o ataque brasileiro poderia chocar com mais potência e quebrar mais facilmente a linha de vantagem. Chamar os jogadores paraguaios e passar com simplicidade e eficiência – é o que a Nova Zelândia faz. Fazer o simples e não inventar.

Precisamos aprender a ter paciência nas 22 de ataque e quando tivermos isso poderemos, aí sim, tentar coisas novas.

 

Era possível ver que o Paraguai tem avançados maiores e que isso traria problemas ao pack brasileiro. O que o Brasil fez bem no jogo foi deslocar a formação à esquerda, impedindo as saídas do oitavo paraguaio e obrigando o scrum-half adversário a sempre jogador direto com o abertura.

Essa era uma real oportunidade para o Brasil de colocar maior pressão sobre o abertura. A defesa paraguaia poderia ter subido rápida sabendo que os avançados brasileiros estariam no lado aberto e os paraguaios fora de ação. Assim, os camisas 6 e 8, junto do 10, poderiam ter avançado muito mais rápido, na minha opinião.

Estas são pequenas coisas que se aprende com o tempo.

 

Na linha de 5 metros do Paraguai, o Brasil estava indo bem no scrum – sabendo que eram menores, os brasileiros iam baixo no scrum e dificultavam a vida paraguaia. Com o Brasil capaz de virar o scrum a seu favor e tirar o oitava oponente de ação, sem poder apanhar a bola no pick and go e servir o abertura.

O asa brasileiro colocou pressão sobre o 10 paraguaio, que deu um chute ruim, oferecendo a posse para o Brasil no ataque.

 

O Brasil teve uma grande oportunidade de jogar a bola até o ponta, que tinha muito espaço para correr, mas a defesa paraguaia entendeu o movimento e avançou sobre o oitavo brasileiro, que não conseguiu liberar a bola rapidamente, já que o apoio do ponta estava distante, e não teve a confiança de realizar o passe, decidindo ir para o contato.

O ponta deveria ter corrido em um ângulo que permitisse ao oitavo dar um passe simples para quebrar a linha e pegar a defesa paraguaia no contrapé, passando por ela mais facilmente.

Os 3/ds brasileiros tendem a ficar muito abertos e a esperarem a bola ao invés de buscarem e atacarem a bola. Facilitaria muito se os pontas brasileiros entendessem o momento de buscarem a bola mais ativamente.

 

Em um scrum no meio do campo é possível atacar os dois lados do campo. O Brasil teve um bom scrum com 12 atletas atacando a bola com velocidade. Porém, esse é o momento que os detalhes são importantes para os finalizadores entenderem. Se o fullback tem a bola e a opção de jogar rápido para o ponta, ele pode depois trabalhar um cruzamento, manter a bola viva e ainda ganhar metros extras e deixar a defesa adversário parte em impedimento, com buracos abertos nas pontas, com os jogadores brasileiros ainda no ataque.

Aqui, mostra-se a importância dos jogadores do fundo – fullback e pontas – de entenderem os detalhes do jogo, o que faria toda a diferença.

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