Brasil vencendo a Tailândia, naquela que foi a primeira vitória brasileira na Copa do Mundo de Sevens na história, 12 x 10;

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Em 2009, pela primeira vez na história o Brasil jogou uma Copa do Mundo de Rugby na elite mundial, com a seleção feminina garantindo seu lugar entre as 16 melhores do mundo para jogar o torneio que ocorreu em Dubai e marcou o início das disputas feminina na Copa do Mundo de Sevens.

No elenco brasileiro estavam jogadoras que estavam construindo a hegemonia da Seleção Brasileira na América do Sul havia pouco tempo, afinal, o primeiro Sul-Americano rolou em 2004 apenas e em questão de 5 anos as brasileiras estavam jogando diante dos olhos do mundo.

Sobre o torneio, o recém criado, o Blog do Rugby (hoje Portal do Rugby) comentou assim a participação brasileira:

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“Passaram por cima das russas em um convincente 17 a 12, depois de estar perdendo o primeiro tempo por 7 a 12 e empatar o jogo em 12 a 12 com um try de Baby Futuro, levando a partida para a prorrogação, onde Barbara Santiago marcou o try da vitória. Com a vitória, chegaram à final da Taça Bronze. Na final, enfrentaram a China, que já tinha passado por um caminho não menos difícil, eliminando as suas rivais regionais japonesas e ainda a Itália, pelo placar contundente de 28 a 0. Assim, ficou óbvio que o jogo não seria nenhum pouco fácil. E não foi, para nenhum dos lados.

No final, a derrota de 10 a 7 serviu para colocar definitivamente o Brasil no mapa do Rugby mundial, como um dos dez melhores times de Seven a side do mundo.

Acredito que o mundial tenha servido principalmente para situar a nossa seleção frente às outras ao redor do mundo, quero dizer, tanto jogadoras quanto comissão técnica, certamente identificaram os pontos que devem ser melhorados em relação às equipes mais fortes do mundo. Sem a participação no mundial, isso seria muito difícil, devido a nossa localização (longe dos maiores centros do Rugby feminino) e falta de recursos, que felizmente foi contornada, mas para evoluir, precisa de mais recursos. Se os cinco títulos sul-americanos não foram suficientes para chamar a atenção de patrocinadores (quem acompanha o Rugby no Brasil, não precisava de mais provas do potencial das nossas meninas), acredito que essa posição no mundial seja”.

Foi o começo de uma longa jornada. Logo depois de Dubai 2009, o rugby foi anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional como esporte olímpico e muita coisa mudou. Mas o pioneirismo do time de 2009 é anterior ao período dos estímulos olímpicos ao esporte.

 

Brasil:

  1. Beatriz “Baby” Futuro (Niterói);
  2. Bruna Lotufo (Bandeirantes);
  3. Gabriela Bittencourt (Niterói);
  4. Julia Sardá (Desterro);
  5. Jessica Santos (SPAC);
  6. Natasha Olsen (SPAC);
  7. Mariana Ramalho (SPAC);
  8. Paula Ishibashi (SPAC);
  9. Gabriela Ávila (SPAC);
  10. Barbara Santiago (Bandeirantes);;
  11. Emily Barker (SPAC);
  12. Cristiana Futuro (Niterói);

Treinador: Flávio Santos

Auxiliar – Maurício Migliano

Fisioterapeuta – Allan Martins

Manager – José Alpuim

 

Resultados do Brasil:

  • Brasil 00 x 19 Espanha – 1ª fase;
  • Brasil 12 x 10 Tailândia – 1ª fase – Tries brasileiros: Gabriela Ávila e Natasha Olsen – Conversão: Gabriel Ávila;
  • Brasil 00 x 38 Canadá – 1ª fase;
  • Brasil 12 x 07 Uganda – Quartas de final pelo 9º lugar – Tries brasileiros: Beatriz Futuro e Emily Barker – Conversão: Mariana Ramalho
  • Brasil 17 x 12 Rússia – Semifinal pelo 9º lugar – Tries brasileiros: Beatriz Futuro (2) e Bárbara Santiago – Conversão: Gabriel Ávila;
  • Brasil 07 x 10 China – Final de 9º lugar – Try brasileiro: Bárbara Santiago – Conversão: Gabriel Ávila;


Mais “do baú”…

No antigo Blog do Rouget Maia, no portal da ESPN, o manager José Alpuim publicava um primeiro relato dessa primeira experiência brasileira fora da América do Sul, narrando os dias que antecederam os jogos:

 

Segunda 02 Março

Pelas 23h00 de Domingo (06h00 em Dubai) fomos fazer o Check-in. Logo ali vimos que se tratava duma viagem diferente.

Uma atendente da Emirates veio nos pedir um pin, nos mostrando os pins da Argentina e Uruguay que tinha ganho no dia anterior.

Mas o melhor estava para vir. A Emirate estava nos oferendo o upgrade para a Executiva! Para uma viagem de 14 horas, isso foi um grande presente.

E como Flávio sempre diz: “Vocês são as melhores e merecem o melhor!”

Assim, a primeira meia hora dentro do avião foi um festival de fotos com a poltrona em todas as posições possíveis (inclusivé totalmente horizontal).

Os mimos da tripulação às nossas meninas também estiveram à altura.

Viajando de noite no início, só tivémos vista sobre África já sobre a Algéria, e daí até ao Dubai foram 07 horas de deserto interminável. Excepção para um manto verde gigante ladeando o Nilo, e quando cruzámos o Mar Vermelho durante 20 minutos.

Depois de 14 horas de viagem, chegámos num Aeroporto de primeiro nível, onde todo o processo de Alfândega e retirada de Bagagem foi muito rápido.

Cá fora estava nos esperando o “Attaché” Rafael, português, que rapidamente virou “Rafa”, que já aprendeu a falar “Café da Manhã”, “ônibus”, etc, e que não entende metade das converss das meninas entre elas.

Botámos as malas num Micrônibus e fomos todos em outro.

Chegando no Hotel, o melhor que qualquer um de nós já tinha estado, todas se perguntaram pelas malas, ao que nos responderam que já estavam no 3º andar, esperando o nosso Check-in, para saberem em qual quarto colocarem. Chique…

Pronto, Passaportes, Check-in, Cama, que todo mundo estava morto mesmo.

Terça 03 Março

Acordar, Café da Manhã básico, com a pequena variante de nas mesas do lado estarem DJ Forbes, Delasau, Ben Gollings, Gomez Cora, etc. De qualquer forma, a mesa preferida foi a dos australianos, e seus irmãos gêmeos Ed e Jono Jenkins.

Fomos treinar num Colégio Inglês. Chegando lá, estavam as Ugandesas terminando seu treino, e ficaram para jogarem conosco um touch.

Voltámos ao Hotel para almoçar, onde foi claro que começava a crescer o número de fãs do Brasil.

Também começou crescendo o número de dirigentes nos fazendo perguntas de como é o Rugby no Brasil.

De tarde saímos para o Estádio Principal, para um Jogo-Treino com os USA.

Retorno e Jantar, mas a Capitã, o Treinador e o Manager foram num “Welcome Function”, com a Baby obrigada a ir de Uniforme de Jogo, para as fotos oficiais.

Cocktail com churrasco e tal, depois de 02 jogos-treino, estávamos era mortos e loucos pra ir dormir.

Aí, já no final, finalmente a Foto dos Capitães. Primeiro as Femininas, e Baby no centro, claro! Depois a dos Homens.

E Finalmente, misturados. Só que eles convidaram Baby para o centro deles…

Depois dum milhão de fotos, os periodistas sulamericanos (argentinos, na verdade) pediram ao Santiago (Gomez Cora) e a Baby para tirarem uma foto lá no mesmo lugar. Muito legal.

O retorno para o hotel foi com todos os sulamericanos e as espanholas no mesmo micronibus, onde se falou de rugby, coisas de rugby, hitórias de rugby. Muito legal. Esta aproximação tem sido ótima em técnicas e táticas, trocas de DVDs, etc.

Quarta 04 Março

Dia de folga programado. Todo mundo foi no Aquaventure do Hotel, nos Lost Chambers, algumas foram mergulhar com os golfinhos, etc.

O que está claro é que a iRB tentou recriar uma Aldeia Olímpica, para mostrar ao Comitê Olímpico Internacional que o Rugby deve entrar nas Olimpiadas. E as mulheres fazem parte dessa Aldeia, o que trouxe uma novidade até para as maiores estrelas do Planeta, que estão encantados por poderem falar de Rugby com mulheres.

Amanhã treinamos pela manhã, e de tarde vamos para o Estádio (“7he Sevens”) ver os jogos masculinos e participar da Cerimônia de Abertura.