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Nesse sábado, dia 12, Brasil e Colômbia duelarão no Estádio do Canindé, em São Paulo, às 21h00, em jogo que vale nada menos que a permanência brasileira na elite sul-americana. Para o aquecimento para esse jogo crucial, o Portal do Rugby (com seu especialista técnico Flávio Mazzeu) analisou o desempenho brasileiro contra a Alemanha na partida do Pacaembu e o desempenho colombiano na decisão do Sul-Americano B contra o Peru no mês passado.

 

Brasil em revisão

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A técnica e força dos scrum brasileiro não foi suficiente para nos empurrar até a vitória contra a Alemanha, mas o segundo jogo da série nos mostrou um futuro promissor através de determinadas atitudes.

 

O scrum novamente foi muito superior, pois de onze scrums de posse Tupi perdemos apenas um por penal logo no começo do jogo. Porém, a formação defensiva alemã sofreu 5 penais, entre eles o penal try (único try brasileiro sobre os germânicos).

 

O Brasil para marcar seu try mostrou experiência e estratégia no scrum, propondo um empurro setorial com postura especifica, obrigando os adversários a girarem, permitindo um penal ou facilitando a erguida de bola ao in-goal.


Desde o último jogo Brasil mostrou que a técnica e a postura permitiria muitas posses de bola a nosso favor, porém no jogo do Pacaembu mesmo com a troca de jogadores mantivemos a mesma qualidade ou até maior pois as trocas alemãs ficaram longe de suportar a primeira linha brasileira.

Infelizmente, obter a posse não foi o suficiente, pois temos que avançar com a bola, e o Brasil pecou diversas vezes neste quesito. De um total aproximado de 32 rucks, tivemos 5 turnovers desfavoráveis, que geraram contra-ataques, dando aos adversários vantagem territorial e no placar.

 

Perdemos a bola por entrada no contato alto e pouco controle ao afastar os oponentes durante o contato, além de apresentação da bola ruim, pouca profundidade e apoio deficiente.

Houve três momentos que o Brasil conseguiu fazer mais do que três rucks com ganho territorial, um deles gerando o penal para o qual pediríamos o scrum e marcaríamos o penal try, após excelente ataque com 8 fases, sendo a primeira no canal aberto depois de um line-out no meio de campo. O Brasil ainda conseguiu grande variabilidade ofensiva, pick and go, passes curtos e chutes rasteiros nos outros dois ataques com ganho de terreno, mas foram as únicas vezes que voltamos aos 5 metros do oponente em avanço.

No lateral defensivo, houve uma enorme evolução, principalmente na continuidade após formação. No jogo anterior, o maul alemão no total nos empurrou mais do que cem metros, mas no Pacaembu os evitamos com sabedoria e quando enfrentamos o maul germânico soubemos desenvolver boa postura e aplicamos boa estratégia. O que é muito significativo, afinal entre os dois jogos levamos três tries por mauls.

 

No line-out ofensivo, a pressa e a falta de capricho juntos de falta de sincronia nos custaram algumas bolas preciosas, o que é um grande problema, já que esta plataforma aparenta ser a principal maneira de ataque com jogo de backs. Basicamente, no terceiro canal, todas as bolas o Brasil leva até os pontas, o que é uma forma válida de se jogar (apenas como comparação, os All Blacks levam a bola até os pontas sem nenhuma fase em cerca de 80 % das jogadas de lateral). Quando conseguimos agarrar a bola neste último jogo, usamos mais vezes a arma adversária, o maul, gerando muitos benefícios territoriais e mostrando recursos ofensivos.


Destaque também para a atitude que vimos dos Tupis durante o jogo. Dessa vez, o placar não foi o objetivo, mas sim mostrar o potencial da equipe e a tentativa de evolução através do processo de erro e acerto. A cada penal, não pedimos mais para chutarmos aos postes, mas optamos pelo scrum e tentamos avançar através do contato mais vezes, e não apenas com chutes. A arrancada de 30 metros do ponta que no fim do jogo nos levou a sofrer o último try, já com o tempo esgotado, entra no processo de errar para aprender e isso mostra vontade, intensidade e atitude como se espera de qualquer seleção brasileira.

E a Colômbia?

Para o jogo mais importante deste ano para Brasil e Colômbia, espera-se mais do que uma vitória brasileira, mas uma supremacia dos Tupis por todas as diferenças entre seleções. Mas, e quanto ao desempenho da equipe colombiana, o que se pode esperar?

 

Neste ano, os Tucanos mostraram que estão acima do grupo do Sul-Americano B, com placares elásticos (77 x 13 sobre o Equador, 33 x 5 sobre a Venezuela e, mais apertado, 28 x 15 sobre o Peru), usando diversos recursos ofensivos para aumentar o placar.

 

Quando necessário e conveniente, seus forwards podem avançar através de passes sobre contato (algo que a Alemanha pouco explora) ou sua linha pode lançar mão dos passes fixando a marcação mesmo em espaço curto e agudo.

A qualidade do ataque colombiano está no controle da posse e variação do ataque com bom controle do scrum-half, podendo usar fases curtas e rápidas e explorar as laterais, imponde um ritmo intenso, curto e simples que exige atenção da defesa para não se aglomerar.

Com jogo de backs bem diferente do que o Brasil propõe, a Colômbia aposta em fases no primeiro canal, para procurar a lateral do campo, mostrando que exploram o contato para gerar espaços.

Os Tucanos possuem uma defesa simples, sem a mesma pressão que os alemães impõem, mas com padrão estratégico bem estabelecido, tendo um trio no fundo sempre em pêndulo para recepção de chutes e preenchimento de espaços quando necessário, enquanto o restante da linha pressiona com cobertura interna dos forwards, algo que o Brasil já mostrou dificuldades em executar.

Porém, na final do Sul-Americano B contra o Peru, no único jogo que os colombianos não deixaram o placar elástico, quando não estiveram estruturados para usar este padrão, como nos momentos de transição de ataque para defesa, passaram por problemas e até tomaram pontos rápidos pelo contra-golpe peruano. Com isso, a Colômbia não está madura ainda na “troca de chave’’ entre passar a bola e taclear.

A diferença mais importante do jogo alemão para o jogo colombiano está no jogo de chutes, pois a Colômbia usa muito menos o jogo aéreo para ganhar terreno, tampouco o chute rasteiro para colocar pressão, pois muito provavelmente seu abertura não tem a mesma qualidade do abertura alemão, o que gera uma provável e ótima situação a favor do Brasil.

 

Fique atento ao sábado para sabermos o desfecho de mais um desafio para os Tupis. Não deixe de ouvir a transmissão da Rede Contínua (www.redecontinua.com.br) em parceria com o Portal do Rugby, a partir das 20h00. O Sportv 3 também exibe ao vivo a partir das 21h00.

 

Escrito por: Flávio Mazzeu

Foto: João Neto/Footjump