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brasil chile 1951

Amanhã, dia 26 de abril, terá início a 36ª edição do Campeonato Sul-Americano de Rugby, com os duelos Paraguai x Uruguai, 18h00, em Assunção, e Brasil x Chile, às 19h00, em Barueri, com transmissão ao vivo pelo SPORTV 3.

O Campeonato Sul-Americano, ou CONSUR A, terá novo formato, com Uruguai, Chile, Brasil e Paraguai se enfrentando em turno único na primeira fase, entre os dias 26 de abril e 10 de maio. A grande diferença com relação aos anos anteriores é que o Sul-Americano não terá mais uma sede única, com todos os países participantes recebendo partidas. Neste primeiro ano, Brasil e Paraguai farão 2 partidas em casa e 1 partida fora, ao passo que Uruguai e Chile jogarão 2 vezes fora de casa e 1 vez em casa.

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Na segunda fase, Uruguai e Chile receberão a Argentina, pela chamada Copa CONSUR, valendo o título continental. Uruguaios e chilenos já estão previamente classificados para a fase final por terem as melhores campanhas em 2013. Com isso, os 2 primeiros colocados da primeira fase de 2014 ganharão vaga apenas na segunda fase de 2015.

A mudança no formato do torneio agradou a todos. Xavier Vouga, que jogou o Sul-Americano de 1993 pelo Brasil, quando enfrentou o Paraguai no Asunción RC, apontou que, “o modelo antigo, no qual os times faziam três jogos em uma semana, era inviável, pois era muito desgastante, apesar que jogar confinado em um local apenas também tinha suas vantagens. No geral, o novo modelo é o ideal para o que buscamos, porque é bom em termos de patrocinio e permite chamar a nossa torcida para o estádio, além de ter uma janela maior entre os jogos, o que ajuda a se preparar mais para cada jogo”, e alertou, “jogar no Paraguai é sempre muito duro, é uma guerra, pois eles costumavam fazer tudo para atrapalhar o Brasil. Jogamos inclusive no pior campo que havia lá, um terrão. Foi duríssimo”.

 

Perspectivas para o torneio

Após um empate e uma apertada derrota para os Estados Unidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, o Uruguai é tido como franco favorito à primeira posição da primeira fase do Sul-Americano. A evolução dos Teros nos últimos anos vem sendo acompanhada de um trabalho forte com a seleção M20, os Teritos, sensação do último Troféu Mundial Junior, e de uma parceria com a União Argentina de Rugby, que garante ao grupo treinado por Pablo Lemoine – que defendeu os Teros nas Copas do Mundo de 1999 e 2003 – seções de treinamentos e amistosos com Jaguares e Pumitas. Para a partida de estreia contra o Paraguai, no San José Rugby y Hockey Club, em Assunção, o Uruguai terá em campo apenas 7 atletas que enfrentaram os EUA, apostando em um renovado elenco, para dar experiências a mais atletas, com vistas à preparação do time para a Copa das Nações, na Romênia, em junho, e para a Repescagem Mundial das Eliminatórias para a Copa do Mundo, no segundo semestre. O toque de experiência no time ficará por conta dos retornos de Carlos Arboleya e Matías Arocena, que se somarão a conhecidas caras do sevens uruguaio, Gabriel Puig, Nicolás Freitas, Francisco López, Federico Favaro e Gastón Gibernau.

O Chile também apostou na renovação, com os treinadores Elías Santillán e Mark Cross, do COBS, apostando em muitos atletas de seu clube, campeão no país. Apenas 4 atletas que jogaram o último campeonato foram chamados para a abertura e o destaque fica por conta de Ignacio Silva, que atua na Nova Zelândia. A separação do XV e do sevens é clara entre os Cóndores, que optaram pelo mesmo caminho que o Brasil.

Já os Tupis não terão grandes novidades com relação ao time que vinha jogando, mesclando a experiência de atletas como Ige, Nativo e Pedro Rosa, com a juventude de jogadores como Bruninho, Di Pilla e Zé. Do sevens, Frew trouxe apenas o ascendente Martin Schaefer e Pedrinho. Ainda claramente atrás dos Teros, os Tupis são a terceira força, almejando aproveitar o mando de jogo para superar o renovado time chileno, que poderá estar enfraquecido com relação ao time de 2013.

O Paraguai, por sua vez, estreará técnico novo, e ele não é qualquer um. Ninguém menos que o ex-Puma Mauricio Reggiardo, pilar que defendeu a Argentina nas Copas do Mundo de 1999 e 2003. Também com uma parceria de desenvolvimento com a UAR, os paraguaios não são em hipótese alguma uma equipe destinada meramente a ser saco de pancadas de seus oponentes. Apesar de ser em tese mais fraca que os demais times, a seleção paraguaia aparece como genuína azarona, capaz de tirar pontos preciosos de quem não der seu máximo nos jogos com os Yacarés.

 

A primeira rodada: Tupis x Cóndores

Uruguai e Paraguai abrem o torneio com um confronto de favorito certo, o Uruguai, que deverá enfrentar resistência dos Yacarés por alguns minutos, mas a tendência é conquistar uma tranquila vitória, deslanchando no segundo tempo, dado o preparo físico elevado apresentado pelos Teros contra os EUA. Contra os paraguaios pesa o fato de jamais terem derrotado os uruguaios na história, perdendo 20 dos 21 confrontos. O grande resultado paraguaio foi o empate em 9 x 9 em 1985. Em 2009, no último duelo entre os dois, vitória uruguaia por 85 x 7.

A partida entre Chile e Brasil, por outro lado, aparece com resultado em aberto. Os chilenos têm certamente a vantagem, pelo histórico, mas o Brasil poderá aproveitar o mando de jogo, pela primeira vez em 21 anos no Sul-Americano, e a renovação no elenco chileno – menos experiente que o de anos passados – para surpreender e vencer os Cóndores pela primeira vez na história – nos registros oficiais, o Brasil tem somente um empate com os chilenos, em 1964, por 16 x 16, além de uma vitória contra um selecionado chileno não oficial por 13 x 9, em 1981, ambos em São Paulo. O último enfrentamento se deu no ano passado, em Temuco, com vitória dos Cóndores por 38 x 22. Já na última vez que os chilenos estiveram no Brasil, em 2009, em São José dos Campos, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, a vitória foi dos Cóndores por 57 x 13.

Pedro Rosa, segunda linha dos Tupis que jogou já três Sul-Americanos pelo Brasil (2009, 2010 e 2011), analisou os últimos torneios e colocou suas expectativas para 2014. “Em 2009, quando o torneio valia pelas Eliminatórias, perdemos de muito contra seleções muito fortes do Uruguai, que tinha o Capó Ortega (do Castres), e do Chile. Na época, achávamos que estávamos em um lugar, mas estávamos abaixo. O bom daquele ano é que tínhamos uma seleção A e uma B, o que na minha opinião ainda deveria existir. Em 2010, mudou a comisão técnica. Antes era a filosofia francesa do Pierre Paparemborde, e depois passamos a ter o Toto e o Juan, argentinos. Na oportunidade, emparelhamos bem com Uruguai e Chile porque não era ano de Eliminatórias, então eles aproveitaram para usar novos jogadores, não foram com força máxima. E 2011, depois de dois anos com os mesmos treinadores e a mesma filosofia, nos preparamos bem, tínhamos um scrum superior a Chile e Uruguai, fomos superiores no lineout, e foi a primeira vez que vi jogadores deles saindo de campo machucados em 15 minutos de jogo. Hoje, temos um elenco que mescla experiência e juventude. Os nosso jogadores mais jovens hoje jogam num nível mais alto do que antes, temos uma comissão técnica muito boa e ninguém está mais em posição cômoda”. E acrescentou, “o que talvez não ajudou o trabalho dos neozelandeses até agora foi a separação do time de sevens. Eles não tiveram ainda tempo para trabalhar com esse grupo [do XV] para criar uma identidade, um entrosamento, sobretudo na linha. O time de 2008, da ‘Batalha do Paraguai’, que jogou também contra Trinidad e Tobago, era quase o mesmo, por exemplo, de 2009, 2010 e 2011”.

Para Rosa, o ponto forte hoje do Brasil é jogar um rugby mais moderno, “temos mais entendimento do rugby, jogamos um rugby mais eclético, de porte físico, mais posse de bola, mais veloz, diferente do jogo do Uruguai e do Chile, que é mais básico, com unidades mais separadas. Estamos mais preparados”. Sobre o time chileno, o jogador do Band Saracens analisou que “eles devem jogar mais na nossa linha, como fez Portugal. Temos melhor preparo físico, um pack coeso e um lineout eficiente. Com a nova regra, o nosso scrum ganhou vantagem, vamos conseguir jogar em igualdade, já que antes perdíamos no peso e na agressividade. Vamos garantir nossas bolas e incomodá-los. E temos nossa torcida do nosso lado, o que não tínhamos antes”.

 

Calendário

1ª rodada

Dia 26 de abril

Paraguai x Uruguai, em Assunção

Brasil x Chile, em Barueri

 

2ª rodada

Dia 3 de maio

Brasil x Uruguai, em Bento Gonçalves

Chile x Paraguai, em Concepción

 

3ª rodada

Dia 10 de maio

Paraguai x Brasil, em Assunção

Uruguai x Chile, em Salto

 

Copa CONSUR

Dia 17 de maio

Uruguai x Argentina, em Montevidéu

 

Dia 24 de maio

Chile x Argentina, em Santiago

 

Foto: Brasil x Chile,. El Gráfico, 14 de setembro de 1951, cedida por Martin Bassino.