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Os Tupis não param! Acabou o Sul-Americano de Rugby XV, mas voltou a Série Mundial de Sevens Masculina. Entre sexta (13) e domingo (15), a Seleção Brasileira Masculina de Sevens disputará a nona etapa do circuito mundial, em Paris, na França, já em ritmo de Jogos Olímpicos. E o torneio terá suas finais transmitidas no domingo pelo BandSports.

 

De fora do circuito desde 2006, o Paris Sevens faz neste ano seu retorno ao calendário oficial e terá como palco o Stade Jean Bouin, moderna casa do Stade Français, com capacidade para 20.000 torcedores. E a volta do torneio se faz em momento decisivo da temporada, que chega à sua penúltima etapa com nada menos que três seleções ainda lutando pelo título – Fiji, África do Sul e Nova Zelândia, com 8 pontos de vantagem para líder Fiji sobre a vice líder África do Sul e 12 sobre a Nova Zelândia. Igualmente intensa também segue a luta contra o rebaixamento, destinado ao último colocado da temporada, com Portugal amargando no momento a lanterna e distante da penúltima colocada Rússia por somente 4 pontos.

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O Brasil irá a campo na Cidade Luz na busca de uma histórica primeira vitória em torneios da Série Mundial, o que certamente seria mais do que bem-vindo às véspera do Rio 2016.

 

Desafios do Brasil

Os Tupis do técnico Andrés Romagnoli caíram no chamado “grupo da morte” de Paris, ao lado de África do Sul – que ainda está na briga pelo título da temporada -, Austrália e Inglaterra. Todas seleções que o Brasil já enfrentou no circuito e as quais jamais venceu.

 

Romagnoli levou à Europa um grupo experiente, mas que, assim como na disputa da etapa do Canadá, vai ao torneio logo após o término de um campeonato de XV, trocando suas atenções e foco da preparação muito rapidamente, o que poderá, mas uma vez, ter um efeito sobre o rendimento do time brasileiro. O desafio dos Tupis será, antes de mais nada, superar a decepção do último torneio disputado, o Hong Kong Sevens, do qual o Brasil foi eliminado sem vitórias, após derrotas Japão e Tonga e empate com o humilde Marrocos.

 

Entre os 12 jogadores chamados para Paris, 9 disputaram o Hong Kong Sevens. As alterações ficaram por conta das ausências de Daniel Sancery – poupado, após a sequência de jogos do XV, para se focar na disputa da etapa seguinte do circuito, em Londres -, David Harvey e Matheus Cruz, que deram lugar a Moisés Duque – de volta ao sevens, após perder Hong Kong -, Rambo e Sábados, figuras com bastante rodagem pela seleção de sevens. Todos os 12 que irão a campo na França sabem que estão no páreo por um lugar no Rio 2016 e suas atuações terão peso de ouro na decisão final do elenco que defenderá o Brasil nos Jogos Olímpicos.

 

Entre os oponentes dos Tupis, certamente o mais complicado é a África do Sul, vice líder da temporada e na briga pelo título mundial. Entretanto, diferente de seus concorrentes diretos da temporada, os Boks venceram apenas uma das oito etapas disputadas até aqui, e justamente aquela que disputaram em casa, em dezembro, enquanto fijianos e neozelandeses já acumularam três conquistas cada. O time do técnico Neil Powell sabe muito bem que o título em Paris é obrigatório se quiser seguir sonhando com o primeiro lugar geral. Da mesma forma, um título fora de seus domínios é crucial moralmente para a equipe em sua preparação para o Rio 2016.

 

No Canadá, o Brasil enfrentou a África do Sul e não se saiu nada mal, sendo derrotado por apenas 26 x 07. Para Paris, os Boks terão reforços importantes, os retornos de François Hougaard e Rosco Specman, com Powell apostando em uma rotação de atletas no final da temporada, deixando de fora Chris Dry e Branco Du Preez. Bryan Habana também não estará no elenco, focado agora na reta final do Top 14 francês, mas os Boks terão a força de Ryan Kankowski e a máquina de tries Seabelo Senatla, artilheiro de tries do circuito.

 

A Austrália vai forte também na luta pelo primeiro lugar do grupo, ocupando no momento o quarto lugar na classificação da temporada. Os australianos têm a melhor colocação entre as equipes que ainda não conquistaram nenhum torneio em 2015-16 e sabem que para chegarem ao Rio com chances reais de brigarem pelo ouro precisam mais do que nunca de uma conquista de peso. Após seu time acabar em apenas sétimo lugar na etapa passada, em Singapura, o técnico Andy Friend não contará mais com os serviços de Quade Cooper e lamentou as perdas dos excelentes Lewis Holland, Greg Jeloudev, Tom Cusack e Henry Speight por lesão, mas os retornos de nomes de peso como Ed Jenkins, Cameron Clark e Jesse Parahi animam o comandante. “The Honey Badger” Nick Cummins está confirmado no elenco aussie.

 

Já a Inglaterra aparece como a terceira força do grupo, tendo decepcionado até aqui na temporada. Em Singapura, os ingleses ficaram apenas com o 11º lugar e o técnico Simon Amor está preocupado com a condição física de seu time, optando por deixar de fora do Paris Sevens nomes de peso como Tom Mitchell, Phil Burgess e Dan Norton, que farão trabalho de recuperação física pensando já nos Jogos Olímpicos. Com isso, o Warwick Lahmert assumirá como capitão da Rosa.

 

Fiji em busca do inédito tri

Líder da temporada, Fiji encabeça o Grupo B e é favorito absoluto, especialmente após o técnico Ben Ryan chamar reforços de peso, como Leone Nakarawa (do Glasgow Warriors, que aproveitará o fim de semana sem jogos de seu time para se voltar ao sevens), Waisea Nayacalevu, Josua Tuisova, Samisoni Viriviri e Semi Kunatani. Com um grupo recheado de grandes nomes, Fiji é, mais uma vez, o grande favorito ao título. Mas, entaladas na garganta do líder estão a derrota na final de Singapura para o Quênia e o insucesso na fase de grupos conta a rival Samoa, que será oponente dos fijianos em Paris. Fiji, que busca seu terceiro título da Série Mundial de Sevens, também terá que lidar com a pressão de jamais ter conquistado duas temporadas seguidas do circuito, podendo conseguir o feito justamente no ano olímpico.

 

Samoa cresceu em Singapura e acabou com o quinto lugar, aparecendo em Paris como a segunda força da chave, mas cada vez mais estando com a cabeça no Pré-Olímpico Mundial, pois ainda não tem vaga no Rio 2016. Escócia e Gales, que não estarão nos Jogos Olímpicos como seleções independentes, completam o grupo. O destaque fica por conta do escocês Damien Hoyland, também da seleção de XV, que irá a campo sonhando com uma convocação para defender a Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos.

 

Ainda na corrida pelo título da temporada, a Nova Zelândia não é cabeça de chave no Grupo A, que é encabeçado pela nova sensação Quênia, campeão da etapa de Singapura. Os quenianos quebraram o tabu e pela primeira vez em sua história conquistaram uma etapa do circuito, entrando de vez ao rol dos postulantes a medalha olímpica. Os africanos vão à capital francesa fortes e confiantes, liderados pelo capitão Andrew Amonde e inspirados por Collins Injera, que precisa de somente 1 try para se igualar ao argentino Santiago Gómez Cora como o maior anotador de tries da história do circuito. O Quênia do técnico Paul Treu contará com mais figuras experientes como Humphrey Kayange, William Ambaka, Frank Wanyama e Oscar Ayodi, estando certamente entre os favoritos.

 

Ainda assim, mesmo credenciado pelo título na etapa passada, o Quênia não é o favorito único. Ninguém duvida que, na verdade, os primeiros candidatos ao primeiro lugar no grupo sejam os All Blacks, que ainda sonham com um título mundial improvável, mas estão preparados para fazerem uma reta final de circuito exemplar, de olho no Rio 2016. É lugar comum nas análises da temporada que o rendimento irregular da Nova Zelândia não é um caso: o técnico Gordon Tietjens está seguindo seu planejamento de olho no Rio 2016, para que os neozelandeses entrem inteiros e aptos a confirmarem seu favoritismo na luta pelo ouro. Para Paris, Titjens contará novamente com a liderança dos veteranos Tim Mikkelson e DJ Forbes, tendo ao lado Liam Messam e Sonny Bill Williams, cada vez melhor adaptados ao sevens. Nomes experientes como Kurt Baker, Gilles Kaka e Scott Curry também estão no grupo, mas os grandes retornos talvez sejam os jovens Akira  e Rieko Ioane, que têm tudo par voarem com a camisa preta. Após um fraco sexto lugar em Singapura, a Nova Zelândia vai à Cidade Luz pronta para mostrar seu melhor.

 

Rússia e Portugal completam o grupo e fazem um duelo particular que vale a luta direta contra o rebaixamento. A regularidade em obter ao menos uma vitória por torneio está do lado russo, mas foi Portugal que esboçou uma reação em Cingapura, terminando acima da Rússia e reduzindo a distância para a concorrente. Os lusos terão nomes conhecidos dos brasileiros, como Pedro Leal, Adérito Esteves e João Bello (ex SPAC).

 

Por fim, no Grupo D, a dona da casa, a França, busca mostrar algum protagonismo no sevens diante de sua torcida. Os Bleus fazem uma temporada muito irregular e pouco inspiram para o Rio 2016, mas o apoio da torcida e a confiança na forma de Vakatawa dão esperanças aos Bleus.

 

Na briga pela classificação às quartas de final junto dos franceses estão argentinos e estadunidenses. A Argentina fez um grande torneio em Singapura, terminando em quarto lugar, e contará com os excelentes Santiago Cordero e Matías Moroni no grupo, liberados pelos Jaguares. Já os Estados Unido, que começaram voando o circuito, perderam um pouco de fôlego nas últimas etapas e precisam de um grande resultado para recuperarem a confiança de um time que todos sabem ter condições de brigar por medalha no Brasil. Olhos para o campeão do Super Bowl Nate Ebner e para o veloz Perry Baker. O Canadá completa o grupo precisando mostrar serviço, após terminar em último lugar em Singapura. Os canadenses ainda não têm vaga no Rio 2016 e terão que jogar o Pré-Olímpico Mundial, necessitando de confiança para as disputas derradeiras.

 

Mulheres em campo também

Além da participação masculina na Série Mundial, a Seleção Brasileira Feminina também irá a campo em Paris para amistosos contra as seleções da França e África do Sul, em excursão que é parte da preparação das Yaras para o Rio 2016. Enquanto o retrospecto brasileiro contra as francesas é negativo – e vitórias nos jogos-treino sobre as Bleues certamente teriam grande efeito moral para a equipe durante o trabalho para os Jogos Olímpicos – o histórico contra as sul-africanas favorece as brasileiras, que já conhecem muito bem as Boks, tendo as duas seleções treinado juntas no começo deste ano.

 

Arbitragem brasileira em Paris

O Brasil também será representado em Paris pela arbitragem. Henrique Platais e Ricardo Sant’Anna serão assistentes nas partidas da Série Mundial de Sevens, seguindo ambos em preparação para atuarem também na mesma função no Rio 2016.

 

SWS 2015-16 logo

Paris Sevens – 9ª etapa da Série Mundial de Sevens Masculina 2015-16 – em Paris, França

Grupo A: Quênia, Nova Zelândia, Portugal e Rússia

Grupo B: Fiji, Samoa, Escócia e Gales

Grupo C: África do Sul, Austrália, Inglaterra e Brasil

Grupo D: França, Argentina, Estados Unidos e Canadá

 

*Horários de Brasília

Sexta-feira, dia 13 de maio

Das 14h00 às 17h00

Quênia x Portugal

Nova Zelândia x Rússia

Fiji x Escócia

Samoa x Gales

Argentina x Estados Unidos

França x Canadá

África do Sul x Inglaterra

Austrália x Brasil – às 16h34

 

Sábado, dia 14 de maio

Das 05h30 às 11h40

Quênia x Rússia

Nova Zelândia x Portugal

Fiji x Gales

Samoa x Escócia

Argentina x Canadá

França x Estados Unidos

África do Sul x Brasil – às 07h42

Austrália x Inglaterra

 

Portugal x Rússia

Quênia x Nova Zelândia

Escócia x Gales

Fiji x Samoa

Estados Unidos x Canadá

Argentina x França

Inglaterra x Brasil – às 10h53

África do Sul x Austrália

 

Domingo, dia 15 de maio

Das 04h45 às 13h45

Semifinais e Finais

 

ClubeCidadeJogosPontos
OyonnaxOyonnax3090
AgenAgen3087
MontaubanMontauban3086
Mont-de-MarsanMont-de-Marsan3083
BiarritzBiarritz3081
PerpignanPerpignan3079
ColomiersColomiers3078
AurillacAurillac3070
CarcassonneCarcassonne3064
BéziersBéziers3063
VannesVannes3061
NarbonneNarbonne3061
AngoulêmeSoyaux-Angoulême3061
DaxDax3059
AlbiAlbi3057
BourgoinBourgoin-Jallieu3017
- Vitória com 3 ou mais tries de diferença = 5 pontos;
- Vitória com menos de 3 tries de diferença = 4 pontos;
- Empate = 2 pontos;
- Derrota por 5 pontos ou menos pontos = 1 ponto;
- Derrota por mais 6 pontos ou mais = 0 pontos;
- 1º lugar: promoção ao Top 14
- 2º ao 5º lugares: mata-mata de promoção ao Top 14
- 15º e 16º lugares: rebaixamento

 

Jogos exibição – Feminino:

Sexta-feira, dia 13 de maio

06h30 – Brasil x África do Sul, em Marcoussis

13h11 – França A x África do Sul, no Stade Jean Bouin

13h33 – França B x Brasil, no Stade Jean Bouin

 

Sábado, dia 14 de maio

05h30 – França B x África do Sul, em Marcoussis

05h55 – França A x Brasil, em Marcoussis

08h10 – África do Sul x Brasil, em Marcoussis

 

Domingo, dia 15 de maio

04h30 – França A x África do Sul, em Marcoussis

05h30 – Brasil x África do Sul, em Marcoussis

10h45 – França B x Brasil, no Stade Jean Bouin

 

Brasil – Masculino:

André Luiz Silva “Boy” (SPAC);

Felipe Claro “Alemão” (SPAC);

Felipe Sancery (São José);

Gustavo Albuquerque “Rambo” (Curitiba);

Juliano Fiori (Richmond, Inglaterra);

Laurent Bourda Couhet (Band Saracens);

Lucas Muller (Desterro);

Lucas Domingues “Sábados” (Curitiba);

Lucas Duque “Tanque” (São José);

Martin Schaefer (SPAC);

Moisés Duque (São José);

Stefano Giantorno (NaFor);

 

Brasil – Feminino:

Luiza Campos (Charrua);

Angélica Gevaerd “Binha” (SPAC);

Beatriz Futuro Muhlbauer “Baby” (Niterói);

Edna Santini (São José);

Haline Leme Scatrut (Curitiba);

Isadora Cerullo (Niterói);

Julia Albino Sardá (Desterro);

Juliana Esteves Santos “Juka” (Band Saracens);

Juliana Michelle Carneiro (Curitiba);

Maira Bravo Behrendt (SPAC);

Paula Ishibashi (SPAC);

Raquel Kochhann (Charrua);

Tais Balconi “Tatá” (Desterro);

Mariana Nicolau da Silva (São José).

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