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A Seleção Brasileira de Rugby caiu em seu primeiro desafio pelo Sul-Americano A, válido também pelas eliminatórias para a Copa do Mundo. Os Tupis visitaram os chilenos na cidade de Temuco, no frio de 10 ºC, e sofreram muito, sendo dominados durante a maior parte do jogo. Vitória indiscutível dos Condores por 38 x 22. Agora, graças ao calendário esdrúxulo do Sul-Americano, o Brasil viajará a Montevidéu para enfrentar o Uruguai na quarta-feira, dia 1º de maio. Já o Chile enfrenta a Argentina, também em Montevidéu.

O jogo se iniciou da pior forma possível para o Brasil. Os Tupis erraram na recepção e o Chile ganhou seu primeiro scrum. Na sequência, os Condores já mostraram aos Tupis que dariam muito trabalho nas formações, empurraram os brasileiro, abriram a bola e José Larenas encontrou espaço pela defesa brasileira para correr livre para o primeiro try. 7 x 0.

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O início foi todo a favor dos chilenos, que seguiram pressionando, trabalhando muito bem a bola com seu pack. O abertura Francisco Cruz também mostrou sua categoria nos chutes, empurrandos os Tupis para a defesa logo no início. Os Condores apostaram no volante e depois de muita pressão arrancaram um penal, que Valderrama não desperdiçou. 10 x 0.

Com muitos erros de manuseio e completamente dominado nos rucks e scrums, o Brasil não conseguia sair do campo de defesa, com Cruz desferindo chutes nas costas da defesa verde-e-amarela. O Brasil só saiu do sufoco com penal ofensivo dos chilenos, que Moisés chutou para a lateral, levando o Brasil ao ataque. Os Tupis arrancaram um penal no ataque, mas Tanque não foi feliz no primeiro chute.

O jogo se tornou mais aberto já se encaminhnando para o segundo quarto de jogo. O Brasil teve boa chance com arrancada de Zé pela ponta, após armação de Tanque. Mas, o knock-on impediu o avanço. Os Condores contra-golpearam com Neira, mas o Brasil soube se defender bem. Mantendo a posse no ataque, o Chile apostou no pick and go, e arrancou um penal, que Valderrama não perdoou, 13 x 0, aos 22′.

Aos 25′, saiu finalmente a primeira grande jogada de mãos do Brasil. E, quando os erros de manuseio não apareceram, o Brasil mostrou sua capacidade, revelando ter potencial para jogar em igualdade com os chilenos na linha. Após bom chute de Tcheus, o Chile se complicou e o jogo de mãos encontrou Zé na outra ponta, que correu para o try, convertido por Tanque. 13 x 7!

O Brasil cresceu no fim do primeiro tempo, apostando no jogo de mãos. Mas, novos erros de handling levaram o Brasil a se precipitar. E a cometer penal no jogo de base, que Valderrama não perdoou, 16 x 7. Os Tupis sentiram a reação esfriar, e o Chile pressionou com seus avançados. No pick and go, de novo, Sergio de la Fuente, do Dijon (3ª divisão da França) rompeu e cravou para os Condores, em lance duvidoso. A conversão de Valderrama deixou o jogo em tranquilos 23 x 7 para os donos da casa. O Brasil ainda busca pressionar o Chile no fim, mas o jogo foi mesmo ao intervalo em 23 x 7. Sem vencer um scrum sequer, o Brasil foi bem somente nos laterais na primeira etapa, deixando o Chile controlar o território e a posse de bola.

Os Tupis começaram bem o segundo tempo, com Ogum investindo pela ponta. E o ímpeto ofensivo inicial foi premiado. Após perder a bola no ataque, o Brasil levou o Chile ao erro. Croffi, muito atento, bloqueou o chute chileno a 5m do try e mergulhou para apoiar a bola na meta. Try não convertido por Tanque, que acertou a trave no chute. 23 x 12.

Apesar da rápida reação, o Brasil não foi capaz de manter o ritmo, novamente falhando na manutenção da posse de bola. Os Condores apostaram mais uma vez no volante e foram feliz, arrancando novo penal, que Valderrama, sempre impecável, não desperdiçou. 26 x 12. Na sequência, o Brasil avançou com o jogo de mãos, com Zé deixando para Gregg. O Brasil arrancou seu penal, e Tanque reduziu a diferença. 26 x 15, com a torcida chilena aplaudido com muito espírito de rugby os esforços brasileiros.

Mas, não tinha jeiito. Os avançados chilenos deitaram e rolaram na partida, dominando as ações. O Chile voltou a pressionar o Brasil e Huete quase conseguiu mais um try, se não fosse a boa ação defensiva de Abud, que levou o Chile ao knock-on a 1 metro do try. Porém, bastou vir o scrum, que o Brasil naufragou. Muito inferior na formação, o Brasil levou um try desmotivante. O scrum chileno empurrou o brasileiro até dentro do in-goal, em um genuíno push-over try. Desconcertante. Valderrama converteu, fazendo 33 x 15.

Atordoado, o Brasil ainda tentou algumas ações com as mãos, mas logo vieram os erros. Passado uma briga entre os atletas, rapidamente acalmada, o Chile voltou a atacar, embalado pela torcida. Ciente do calcanhar de Aquiles brasileiro, o Chile apostou no pick and go e depois, com um penal a seu favor, optou pelo scrum, para impor mais pressão sobre o Brasil. Dessa vez, o Brasil aguentou a pressão e Abud arrancou mais um turnover, e um dos poucos bons momentos do Brasil nos rucks. Os Condores, no entanto, não tardaram a recuperar a posse de bola e, em outro pick and go, Pardakhty fez o quarto try azul-e-vermelho. Dessa vez, não convertido por Valderrama. 38 x 15.

No fim, pela honra, os Tupis foram para cima, mas quase levaram novos tries. Leco, em chute no campo defensivo, foi bloqueado e o Chile quase fez mais um try. Tanque e Moisés usam os chutes para levar o Brasil adiante. Com penal favorável no ataque, os Tupis apostaram no lateral, seu melhor argumento na peleja. Após o perde e ganha, o Grampola arrancou para o ataque e emplacou uma boa linha de passes com os forwards brasileiros, finalizada por Nativo. Try para lavar a alma no fim do jogo. Moisés converteu, e o jogo se encerrou em 38 x 22 a favor dos chilenos.

Festa dos cerca de 8 mil torcedores presentes em Temuco, que viram os Condores levantarem a Taça Cidade de Temuco, entregue pelo prefeito da cidade. E muito mais rugby pode ir a Temuco, já que a prefeitura planeja construir um estádio exclusivamente dedicado ao esporte, como apurado pelo Portal do Rugby no Chile.

Antes do embarque ao Chile, em coletiva de imprensa, a comissão técnica dos Tupis havia declarado que não tinha ainda estudado os oponentes do Sul-Americano. Em terras chilenas, o que se viu foi um time dos Condores muito superior ao do ano passado, evoluindo. Não é apenas o Brasil que cresce, e os Tupis viram em Temuco que ainda estão atrás de seus rivais sul-americanos no rugby de XV.

A vitória rendeu ao Chile somente 3 pontos na classificação, pois a CONSUR não usa o sistema de pontos-bônus.

 

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Chile 38 x 22 Brasil, em Temuco

Árbitro: Claudio Antonio (Argentina). Assistentes: Andrés Ramos (Argentina) e Juan Gomez (Argentina)

 

Brasil

Tries: Zé, Croffi, Nativo

Conversão: Tanque (1), Moisés (1)

Penais: Tanque (1)

1 Lucas Abud, 2 Daniel Danilewicz “Nativo” (C) 3 Jardel Vettorato, 4 Lucas Croffi, 5 Lucas Piero “Bruxinho”, 6 João Luiz da Ros “Ige” 7 Matheus Daniel “Matias” 8 Diego Lopez “Diegão” 9 Leandro Castiglione “Leco” 10 Lucas Duque “Tanque” 11 Lucas Tranquez “Zé”, 12 Daniel Gregg 13 Moisés Duque 14 Gustavo Krahembuhl “Ogum” 15 Matheus Silva “Tcheus”.

Suplentes: 16 Jardel Mendonça “Cocão” 17 Jonatas Paulo “Chabal” 18 Saulo Oliveira, 19 Danilo Taino “Camisa” 20 João Dias Neto “Torosso” 21 Pedro Lopes “Pedrinho” 22 Marcos Cervi “Grampola” 23 Leonardo Frota “Leozão”.

Técnico: Scott Robertson “Razor”

 

Chile

Tries: José Larenas, Sergio de la Fuente, penal try, Simón Pardakhty.

Conversões: Javier Valderrama (3)

Penais: Javier Valderrama (4)

1 Francisco Deformes 2 Manuel Gurruchaga 3 Sergio de la Fuente 4 Matías Cabrera 5 Pablo Huete 6 Rolando Pellerano, 7 Benjamin Soto 8 Rodrigo Tobar (C) 9 Juan Pablo Perrotta, 10 Francisco Cruz, 11 Mauricio Urrutia, 12 José Larenas, 13 Felipe Brangier, 14 Francisco Neira 15 Javier Valderrama.

Suplentes: 16 Felipe Diaz, 17 Renzo Bacigalupo, 18 Roberto Oyarzun, 19 Allan Guillof, 20 Simon Pardakhty, 21 Atilio Menichetti, 22 Pedro Verschae, 23 Felipe Porter.

Técnico: Omar Turcumán