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Nesse fim de semana rolou a primeira edição de um evento sem precedentes no Rugby brasileiro, a Copa Bullguer, que reuniu no SPAC diversas equipes do meio universitário para um campeonato de Seven a side, o formato mais difundido no meio, que ainda sofre para formar equipes de XV.

No formato, nada de novo. Campeonatos de Sevens são comuns em todo país há muito tempo, mas sempre tratados como algo menor, como uma oportunidade de voltar a jogar e rever amigos ou às vezes, até mesmo visto como uma obrigação para ganhar algum benefício como Bolsa Atleta.

Mas foi justamente fora de campo que o evento se destacou e pode se tornar um marco para o Rugby de clubes pelo país. Apostando na atmosfera que tradicionalmente o formato de Sevens propicia, a Bullguer e a Engenharia Mackenzie, que assumiu a frente da organização e operação no dia, conseguiram criar um ambiente propício para ativação de patrocinadores como Decathlon, Bacardi, Rappi, além da própria Bullguer (e até a Loja do Rugby se fez presente ;)) e mostrar seus produtos para os mais de 1200 pessoas presentes.

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E ainda mais importante: cobrando ingresso de R$40 que se esgotou dias antes do evento, esse um verdadeiro tabu no Rugby (bebidas também foram cobradas à parte, R$5 a R$15 dependendo da opção), onde todo mundo está acostumado a participar de eventos de graça e reclamar de qualquer cobrança. O que se viu foi a presença de um público novo, muitas pessoas ali tinham pouca afinidade com o esporte mas isso não as impediu de passar um dia divertido com música, boa comida e bebidas em um ambiente muito descontraído. Oxigenar, mostrar o esporte para um público mais amplo é fundamental para a sustentabilidade do esporte, algo que a CBRu já enxergou e fez muito bem no jogo dos Tupis contra os Maori All Blacks. Nos dois eventos, nem tudo foi perfeito (a fila dos hambúrgueres em um, a fila para entrar no estádio no outro), mas a experiência geral foi extremamente positiva.

No que pese o tamanho das empresas envolvidas, é possível vislumbrar ações semelhantes menores em torneios de Seven a side que muitos clubes pelo país organizam, e que se tornem não somente uma fonte de renda para os organizadores, mas mais importante, uma plataforma para aproximar um novo público e empresas locais e o clube e valorizar os patrocinadores. Visibilidade no uniforme e em mídia social deveria ser só uma pequena parte do mix de marketing que o clube pode oferecer, até porque o alcance dessas mídias são baixíssimas no Rugby e em grande parte do tempo, estamos rezando para convertidos.

No Brasil, nem mesmo a maioria dos clubes profissionais de futebol da Série A entenderam isso ainda, então é óbvio que falar é mais fácil do que fazer, mas cada desafio apresenta uma oportunidade, e quem arriscar, tem tudo para colher os frutos da iniciativa, como a Bullguer e a Engenharia Mackenzie.

Como disse Jim Morrison durante o sonho de Wayne no filme Quanto mais idiota melhor 2, “Construa, e eles virão”. Eu sei que essa frase foi originalmente dita por Ray no filme Campo dos Sonhos, mas essa referência é muito mais legal. Dizem que Noé também ouviu algo parecido de Deus antes de construir a Arca. E funcionou em todos os casos: os animais encheram a arca, os White Sox de 1919 jogaram no campo, o Waynestock foi um sucesso contando com o Aerosmith de headliner e o público encheu o SPAC.

Quem venham os próximos!