Tempo de leitura: 4 minutos

irbsac

Apesar do notório crescimento do esporte nos ultimos anos, ainda é difícil encontrar material de estudo gratuito voltado ao Rugby. Os poucos exemplares encontrados geralmente são caros, e muitas vezes não correspondem às expectativas. Porém, o site IRB Strength and Physical Conditioning, do I.R.B., tendo por objetivo levar aos treinadores uma base encontrada em estudos da ciência do esporte, promove conhecimentos básicos sobre treinamento físico  direcionado ao rugby.

O material tem a mesma característica do IRB RugbyReady e do IRB Laws, sendo realizados módulos através de questionários, com o usuário recebendo um diploma ao final, obrigatório para realização de cursos da I.R.B. direcionados à preparação física. Dessa forma, o acesso ao site  é o passo inicial para adquirir níveis de preparador físico através desta organização.

- Continua depois da publicidade -

O estudo é dividido em cinco partes, sendo a primeira voltada ao ‘’Treinamento a Longo Prazo’’, item importantíssimo, determinante para todo o trabalho do treinador, desde as categorias de base até as de alto nível. Esta fase do planejamento vai permitir uma otimização de todo o trabalho feito com o atleta. Feita a definição deste conceito, estabelecendo o que são capacidades e habilidades físicas, são abordados temas como “Desenvolvimento por idade”, apresentando uma teoria chamada “Janela de Oportunidade”, que nada mais é do que estabelecer o momento certo de trabalhar alguma habilidade ou capacidade, visando maior ganho para estes jovens atletas em um dado momento cronológico (este tema já foi discutido nesta coluna). Além disso, o estudo cita os níveis maturacionais, fazendo a comparação entre meninos e meninas.

Na segunda parte, é apresentado um teste funcional para se identificar desníveis ósteo-musculares, de forma bem simples, prática e de baixo custo. Através da observação da execução de um agachamento, é possível coletar informações que levarão ou não ao encontro destes desniveis. É importante citar a necessidade de conhecimentos específicos para a observação e correção dos problemas encontrados. Há também a descrição de “Adaptação Anatômica”, um período de treinamento em que se prepara a estrutura biológica do atleta para os ganhos e benefícios da preparação física. Define-se aqui o controle de cargas do treinamento, intensidade, volume, tipos e frequência, elementos básicos para o alcance dos objetivos nos treinos.

Neste terceiro momento, são apresentadas as demandas físicas do jogo de Rugby de XV. Desde sistemas energéticos até as variações de velocidade dos atletas. Conceitua-se também os princípios de treinamento, além da discussão breve sobre aquecimento e apresentação de formar de recuperação pós treinos e jogos.

Esta é sem dúvida a melhor parte destes estudos, pois apresenta conteúdo específico de treinamento para o Rugby, encontrados somente em artigos custosos ou livros importados.

Num penúltimo momento, são tratados os meios de condicionamento físico, principalmente da capacidade de velocidade, mostrando os passos de treinos, com esta manifestação física sendo visualizada principalmente durante a corrida. Apresentam-se também exercícios e vídeos de “drills” e jogos. Observa-se que o site trabalha com uma visão geral de treinamento integrado (chamado desta forma no Brasil por profissionais do futebol), com os aspectos técnicos e físicos, além de jogos mostrando uma forma mais complexa de treinamento físico, atingindo também treinamento tático com tomadas de decisões.

No ultimo período, nota-se uma abordagem diferenciada, o que se torna um empecilho para a compreensão de pessoas leigas no assunto, pois se apresenta apenas uma breve introdução sobre a periodização – que pode ser definida como planejamento do treinamento em base das diversas ciências esportivas, dividindo, controlando e aplicando no calendário esportivo por meios e formas de treino. Encontram-se as divisões dos períodos de treino, apresentação histórica, momentos e fases de treinos, além da optmização do treinamento relevante ao calendário de jogos e o tempo de recuperação física dos atletas.

O site utiliza uma leitura rápida, com perguntas claras e objetivas. Em geral, tem excelentes referências, apesar da lacuna deixada no “Treinamento ao Longo Prazo”, por não apresentá-lo neste módulo, visto que há situações discutíveis entre autores. Também não há qualquer referências no teste de agachamento, causando no leitor uma certa dificuldade em se aprofundar neste teste, pois existe um sistema complexo de avaliações desta forma, não somente o agachamento, como também com outros exercícios. No mais, as referências citadas são excelentes, desde autores da psicomotricidade como Gallahue, Cook, grandes nomes do treino de força, Fleck e Kraemer. Além de Tudor Bompa na área de periodização de treinamento, autor canadense conceituado no meio acadêmico da Educação Física, realizador de pesquisas especificas no treinamento de Rugby.

O site apresenta no contexto geral linguagem simplória e básica, não apresentando exercícios avançados com grande aparelhagem. Pelo contrario, utiliza-se de atividades apenas com o peso do próprio atleta, ou de companheiros de equipe, excelente para o nível econômico dos times brasileiros.

Sem dúvidas vale a pena visitar o portal, que apesar de estar todo em inglês, contém om conteúdo completo específico para o Rugby. Deve-se citar que este material não transforma alguém leigo em preparador físico, nem treinador, mas mostra a importância de conhecimento específicos da educação física e suas ciências para um treinamento seguro e de qualidade. Link para o site: (http://www.irbsandc.com)

Recentemente,a CBRu lançou no Brasil um curso de treinamento físico que é baseado nesse site. Como foi citado acima, é necessário ter o diploma para participar do evento.

O curso segue o padrão do site com o conteúdo e módulos idênticos, porém colocados em prática e na realidade brasileira, fazendo uma proposta que os participantes criem e gerenciem exercícios e atividades.

O ponto forte do curso é o conhecimento e pesquisas do professor Eraldo Pinheiro, e a parte técnica da corrida com suas fases de aprendizagem e formas de se trabalhar.

Escrito por: Flávio Mazzeu