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Em 2009, a comunidade do rugby mundial recebia a tão esperada notícia de que o rugby estaria incluído nos Jogos Olímpicos de 2016. Parecia inacreditável que isso aconteceria justamente no ano em que o Brasil sediaria os Jogos Olímpicos. Desde o anúncio da inclusão do rugby (sevens) no Rio 2016 muita coisa já aconteceu, muito se investiu, muito se acertou, outro tanto se errou, mas todos presenciamos fatos históricos que vem norteando o desenvolvimento do rugby brasileiro.

 

Apesar da maioria dos rugbiers brasileiros, considerarem que o XV que é realmente o rugby (em toda sua essência), foi o seu irmão menor (sevens) que trouxe, investimentos, incentivos e visibilidade, que acabaram favorecendo também o XV e todas as outras demandas do rugby, inclusive do rugby educacional.

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Com tudo, apesar de recebermos os jogos em casa (mais especificamente no Rio de Janeiro), tenho percebido, principalmente entre os alunos das escolas, e até mesmo entre alguns atletas e amigos, uma certa confusão no entendimento de algumas nomenclaturas que agora estão muito em evidência. Olimpismo, educação olímpica, movimento olímpico, Olimpíadas, Jogos Olímpicos geralmente são termos que apesar de tratarem de um mesmo tema, possuem algumas diferenças entre si.

 

Tudo começou com o barão Pierre de Coubertin (o Pierre Fredy) que, em 1894, organizou um congresso em Sorbonne, Paris, no qual propôs a retomada dos Jogos Olímpicos, inspirados nos jogos realizados na Grécia Antiga, agora relidos pela “Modernidade” (pois, apesar de inspiração para Coubertin, os jogos da Grécia diferiam em muitos aspectos, afinal mais de um milênio e meio os separam do século XIX). Durante o congresso, Pierry Fredi trouxe o termo olimpismo, para externar a necessidade e a preocupação de se manter o espírito olímpico dos jogos, com ênfase no conceito de fair play. Para Coubertin, ainda, a competição seria focada nos atletas, e não em uma disputa entre países. Dois anos depois (1896) aconteceram os Jogos Olímpicos em Atenas, na Grécia, e em 1900 eles foram a Paris, com o Rugby XV sendo pela primeira vez disputado.

 

Cento e vinte anos depois aqui estamos nós com o rugby incluído nos jogos, e com a felicidade de receber os jogos em casa.

 

Para esclarecer as definições de alguns termos, extraí das minhas pesquisas um resumo que espero que ajude a quem assim como eu não quer errar nas definições. Quem trabalha com o rugby irá perceber que nosso esporte está diretamente atrelado a filosofia do olimpismo, apenas a nomenclatura que não é muito explorada uma vez que falamos e vivemos incansavelmente os valores e o espírito do nosso esporte que é a “cara do olimpismo”.

 

Olimpismo (se refere a filosofia de vida): utiliza o esporte como instrumento para a promoção da paz, da união e pelo respeito às regras e aos adversários. Busca criar um estilo de vida baseado na alegria do esforço, no valor educacional do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos fundamentais universais. Exalta os valores olímpicos e sugere que sejam trabalhados e desenvolvidos incansavelmente durante toda a olimpíada.

 

Olimpíada: Período de tempo que compreende o espaço entre os Jogos Olímpicos. É o ciclo que corresponde ao período de quatro anos. Comumente confundido com os Jogos Olímpicos, e por isso é aceito que se chame os jogos de olimpíadas, porém, tecnicamente entende-se como olimpíada o período de tempo correspondente a preparação para os Jogos Olímpicos.

 

Jogos Olímpicos: Evento multiesportivo global com modalidades de verão e inverno, em que milhares de atletas participam de várias competições. A evolução do movimento olímpico durante o século XX obrigou o COI a ajustar os jogos a partir das circunstâncias sociais, e destes ajustes surgiram os Jogos Olímpicos de Inverno, os Jogos Olímpicos da Juventude e os Jogos Paralímpicos. A ideologia do amadorismo também foi perdida, fazendo com que os Jogos Olímpicos se afastassem da filosofia idealizada pelo barão de Coubertin.
 

Movimento Olímpico: Está relacionado a tudo que venha a permitir o desenvolvimento do olimpismo, ou seja, contribuir na educação da juventude por um esporte praticado sem discriminação e dentro de um espírito que exija a compreensão mundial e o Fair Play. O COI (Comitê Olímpico Internacional) é o órgão que dirige o movimento olímpico mundial, e tem em sua estrutura interna comissões e grupos de trabalho distintos. Cada nação engajada ao movimento olímpico possui seu comitê nacional responsável que representam as confederações esportivas.

 

Carta Olímpica: Desenvolvida a partir da filosofia do olimpismo, nos seus princípios fundamentais, estabelece o envolvimento dos cinco continentes. Utiliza os cinco aros como símbolo. Representando a igualdade a amizade, solidariedade e fair play entro os povos.

 

Valores educacionais do olimpismo

Os cinco valores educacionais do olimpismo surgiram dos princípios fundamentais e foram redigidos de modo a facilitar sua aplicação no ensino. Notem que para nós professores do rugby estes valores não são novidade, porém é importante para a área do conhecimento técnico educacional, o alinhamento com o termo, principalmente para quem tenha ambições de abordagem pedagógicas junto a instituições tradicionais do ensino. Devemos lembrar que mesmo falando em educação olímpica, trata-se de uma temática multidisciplinar que abrange várias áreas do conhecimento o que ocasionará amplo debate junto a professores de várias disciplinas.

valores do olimpismo(1)

  • EQUILÍBRIO ENTRE CORPO, VONTADE E MENTE O aprendizado ocorre em todo o corpo, não apenas na mente. A educação física e o ensino por meio do movimento contribuem para aprimorar o aprendizado moral e intelectual. Com base nesse conceito, Pierre de Coubertin se interessou pela criação dos Jogos Olímpicos.

 

  • ALEGRIA DO ESFORÇO Os jovens desenvolvem e praticam habilidades físicas, intelectuais e de comportamento quando desafiam uns aos outros na prática de atividades físicas, de movimentos, em jogos e em esportes.

 

  • JOGO LIMPO Jogo limpo é um conceito do esporte aplicado em todo o mundo de diferentes maneiras. Aprender a jogar limpo no esporte pode desenvolver e reforçar esse comportamento na comunidade e na vida.

 

  • RESPEITO PELOS OUTROS Quando os jovens que vivem em um mundo multicultural aprendem a aceitar e a respeitar a diversidade e a agir de modo pacífico, eles promovem a paz e a compreensão internacional.

 

  • BUSCA PELA EXCELÊNCIA A busca pela excelência pode ajudar jovens a fazer escolhas saudáveis e positivas, para que se esforcem e sejam o melhor que puderem em tudo que realizarem.

 

Escrito por: Leca Jentzsch