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Quais são as formas do treinamento tático na categoria de base? Como desenvolver um trabalho pensando no Modelo de Jogo – padrão de jogo?

O primeiro passo é um jogador suficientemente capaz cognitivamente para agir e reagir, tomar decisões e visualizar o jogo. Pouco importa descrever para os jovens uma rotina que vai acontecer no jogo, sendo que o jogo é imprevisível, um caos por completo, e o mesmo não consegue encontrar nem suas próprias potencialidades para enfrentar esse caos.

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Mas o que deve se sobressair no treinamento, a tática ou a técnica? Qual a progressão para se alcançar um plano perfeito da tática?

Cada pedagogia, cada ciência, tem a sua linha de pensamento, possuindo várias formas até se alcançar uma mesma meta, mas existem regras em geral. O treinamento deve ser divertido, com cada sessão e exercício tendo um objetivo. É necessária também a discussão do trabalho com os alunos, esclarecendo as dúvidas, criando dúvidas e fazendo os jovens entenderem o que estão fazendo e por  que fazem tal treino. Respeitar o nível de jogo e maturacional (por exemplo, não se importar muito com a tática até os 11-12 anos) e controlar as cargas do treinamento dos jovens são regras que não podem ser esquecidas.

A tática é completamente dependente do nível técnico e físico dos jogadores, sendo ultrapassado o pensamento em separar esses aspectos. Ela se refere às habilidades individuais dos jogadores em diferentes posicionamentos que, trabalhando em conjunto, planejam e executam buscando obter o melhor rendimento sobre o adversário em questão.

Respondendo à primeira pergunta do texto, as formas poderiam ser através de vídeos, aulas, uso de mapas, treinamentos em drills, mas principalmente em jogos.

Por que jogos? Porque eles oferecem tanto ganhos cognitivo gerais, específicos, físicos, emotivos e a tática.

Existem diversos tipos de jogos, e apresentar alguns deles é o objetivo desse texto;

  • Jogo populares – culturais, jogos regionais e  cooperativos; como mãe da rua, pique bandeira, pega- pega, cantigas.

Podem ter como objetivo a apresentação do jogo de rugby e suas táticas básicas, como buscar espaço, ir ao fim do campo adversário, a interação com a bola oval em atividades já conhecidas ou até o mesmo o contato do jogo.

  • Jogos pré-desportivos; São jogos que oferecem uma competitividade dentro de um contexto geral, mas com objetivos bem definidos, podendo ser bem distantes da modalidade como 10 passes (objetivo antecipação, comunicação, técnica, visão de jogo, reação), ou similar, por exemplo, o tag rugby  (passe, posicionamento, jogadas simples, princípios do jogo como avançar).

Esses jogos servem para iniciação da tomada de decisão junto com a técnica, ao posicionamento, a reação aos fatores caóticos do jogo.

  • Jogos técnicos; podem ser realizado tendo como os vencedores aqueles que apresentam a melhor técnica em circuitos, touchs ou jogos mesmo. Como, por exemplo, o Ball Zone, em que um dos times tem que levar a bola até a zone em que estará um companheiro a espera para receber um chute rasteiro ou um offload, que só pode ser recebido a partir de determinado ponto ou um passe, valendo um ponto para o time. Dependendo do nível em que se trabalha e qual fundamento o jogo se torna mais complexo.

Esses jogos servem para aprimorar a técnica determinada com regras alteradas, como também para oferecer uma ação cognitiva avançada que os exercícios não podem oferecer.

  • Jogos reduzidos; Reduzem o campo, o número de jogadores, e determinam em qual posição o jogador vai trabalhar. Existem inúmeras formas de se fazer jogos reduzidos com variações de regras e de construção do jogo.

Servem basicamente para tomadas de decisão, e jogadas a partir da quantidade e tipo de jogadores que estarão envolvidos nesses jogos:

  • Jogos de concepção ou conceitual; Buscam adequar um jogo em que seja possível trabalhar determinada situação que se pretende dentro da tática que o treinador deseja. Por exemplo, fases em espaço determinado, para abrir a bola após a quantidade e local desejado (tipo de padrão do jogo), ou colocação de cones  ao longo do campo, que simulam os rucks, buscando mandar os jogadores se posicionarem para fazer um touch com a bola saindo dos rucks, alternando ao comando do treinador (posicionamento, comunicação, tomada de decisão a partir do número de jogadores na atividade, físico)
  • Jogos de especificidade; Mantém as regras do rugby e a caracterização do jogo, mas usam uma situação tática especifica para aquilo que se quer desenvolver, controlando só o conceito do que se está trabalhando.
  • Jogo ao oponente-adversário; Esses jogos servem mais para estratégia em cima do que vai se encontrar na próxima partida, pois são jogos em que se trabalha em cima do adversário, descobrindo o que aquele oponente pode fazer. É necessário usar a sua tática para superar o oponente.

Para criar um jogo, independente de qual seja, é preciso pensar em como ocorre a pontuação para a motivação dos jogadores, em que a alteração das regras pode acontecer e que regras podem ser alteradas, além de determinar objetivos claros para tal atividade. Tudo isso torna o foco do treino melhor e mais consciente para os jogadores.