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Veja as recomendações do Dr. João Hollanda, médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, do que fazer e o que não fazer neste momento de pandemia.

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O coronavírus tem se mostrado o maior desafio em termos de saúde pública no mundo no período pós guerra, e a experiência de países que estão “a frente do Brasil” na disseminação da doença tem mostrado a importância do isolamento social para conter a disseminação do vírus.

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A prática de atividades físicas, ainda que fundamental para a saúde física e mental, tem sido cada vez mais deixada de lado. Grandes eventos esportivos estão sendo cancelados e, mesmo sem considerar as competições, os atletas simplesmente não estão mantendo suas rotinas de treino. Ainda que a falta de atividade física seja prejudicial a todos, ela é ainda mais impactante naqueles que têm por hábito a prática diária de exercícios.

Estudos demonstram que existe uma perda de força superior a 30% quando um atleta profissional fica sem treinar, e não há indícios de que as restrições impostas pelo coronavírus serão reduzidas neste período. A recuperação desta perda leva um tempo bem maior. Isso a véspera do maior evento esportivo do mundo, com autoridades japonesas e do Comitê Olímpico internacional se mantendo firmes na intenção de manter a programação dos jogos.

Não existem dúvidas de que, mesmo no caso da manutenção dos jogos, o treinamento dos atletas será comprometido. O comitê Olímpico Internacional recomenda aos atletas que sigam se preparando, mas campos, quadras e academias estão fechados e a reunião de atletas, fundamentais no caso do rugby e outros esportes coletivos, seguem proibidas ou com a orientação expressa de não acontecerem.

 

Como manter a forma física em tempos de coronavírus?

Ainda que a prática do rugby seja impensável neste momento, algumas atitudes poderão ajudar os atletas a minimizarem o problema, de forma segura e responsável.

A recomendação das autoridades públicas e autoridades sanitárias é para que as pessoas se mantenham reclusas em seus domicílios. Alguns sugerem a prática de atividade física ao ar livre, mas ainda que isso venha sendo permitido em alguns lugares, existem recomendações em contrário. Estudos demonstraram uma alta capacidade do novo coronavirus de sobreviverem no ar.

Em relação a atividades em ambiente fechado, temos visto algumas recomendações de distanciamento mínimo entre os atletas, mas não existem evidências de que isso seja seguro. A recomendação é clara: as pessoas devem ficar o máximo possível em casa. Mais do que a distância entre os praticantes, deve-se ter o cuidado com o compartilhamento de equipamentos. Uma pessoa infectada muitas vezes contamina sua mão e, ao usar equipamentos esportivos, estes acabam também sendo contaminados. O vírus é capaz de sobreviver horas, quando não dias, sobre estas superfícies, e um segundo usuário, ao utilizar os mesmos equipamentos, pode acabar se contaminando.

A recomendação, neste caso, deve ser clara: a prática de exercícios físicos deve ser feita, sempre que possível, dentro do ambiente doméstico.  Equipamentos básicos como o theraband podem ser utilizados, além dos exercícios que se utilizam do próprio peso do corpo do atleta, sem a necessidade de equipamentos específicos. Alguns programas de treinamento em alta intensidade podem ser adaptados ao ambiente doméstico, de forma a minimizar a perda da capacidade aeróbica. Além de ser importante para minimizar os efeitos psicológicos da reclusão doméstica, estes exercícios ajudarão a minimizar as perdas e garantir uma recuperação mais rápida assim que tudo isso acabar.

 

Escrito por: Dr. João Hollanda é ortopedista especialista em joelho e lesões no esporte, e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino.