Os uniformes apresentados para os times da SLAR

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ARTIGO OPINATIVO – O anúncio oficial da Superliga sul-americana, a SLAR, suscita muitas reflexões. Uma delas é sobre seus efeitos nas seleções sul-americanas.

Ao profissionalizar de vez o rugby da América do Sul, a Superliga vai permitir que os jogadores das seleções nacionais joguem juntos o ano todo e contra oponentes igualmente profissionais. Ou seja, a Superliga tirará de vez os jogadores do ambiente dos clubes amadores e os colocará em um ambiente profissional permanente, dividido em 2: no primeiro semestre a Superliga e no segundo semestre os jogos das seleções, isto é, os amistosos e o Americas Rugby Championship (para argentinos, uruguaios, chilenos e brasileiros) e o Americas Rugby Challenge (para paraguaios e colombianos).

Nos últimos anos, a grande vantagem que o Brasil tinha sobre Chile e Paraguai era justamente o alto rendimento. Fomos capazes de profissionalizar nossos atletas e colocá-los em um ambiente de alto rendimento antes dos chilenos e dos paraguaios. Nossa ascensão no cenário sul-americano se deu a partir de uma abordagem mais profissional e melhor estruturada do alto rendimento.

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No entanto, no rugby juvenil, tal estrutura não foi ainda capaz de colocar o Brasil acima dos seus vizinhos. Mais do que isso, a derrota no último sábado para o Paraguai expôs a fragilidade de nossas categorias de base. Mesmo que tivéssemos vencido, o fato do jogo contra nossos vizinhos mais pobres ter sido parelho já exporia o problema.

O fato é que nosso rugby de clubes (adulto ou juvenil) é inferior e menos estruturado que o rugby de clubes do Chile e do Paraguai. Nossa comissão técnica não tem um universo grande de jogadores para montar as seleções de base. Em tais países, os clubes principais todos contam com categorias de base fartas e, mais que isso, com competições acirradas. No Brasil, não há campeonato nacional juvenil e apenas um estado tem um sistema de competições juvenis de rugby XV: São Paulo. Mesmo assim, o rugby juvenil paulista é muito menor do que o necessário.

O trabalho dentro das academias de alto rendimento não consegue – e nunca conseguirá – simular por completo os benefícios de um sistema de competições de clubes. Na verdade, eles são complementares: academias de alto rendimento com abordagem profissional precisam estar acima de um sistema com competições amadoras.

É nas competições que os jogadores aprendem a lidar com a influência do psicológico. A pressão da vitória, o medo da derrota, as consequência de cada resultado, de cada ponto sofrido ou negado. A influência de todos esses fatores na tomada de decisões lance a lance e cada partida. Tudo isso espalhado ao longo do ano todo e sempre com fator emocional, afetivo, influenciando. O seu clube, a sua rivalidade, os seus amigos e família.

Agora, se estamos nivelados (ou abaixo) do Paraguai e muito atrás do Chile na base, o que podemos esperar dos próximos anos? A pergunta é simples. Se nossa vantagem sobre chilenos e paraguaios era o nosso profissionalismo, agora eles terão o mesmo: franquias profissionais. Qual será nossa vantagem daqui em diante?

No início, os paraguaios provavelmente sofrerão, pois o Olimpia deverá se reforçar com argentinos, para se nivelar com os demais. Porém, com o passar do tempo mais paraguaios deverão ingressar na SLAR. Enquanto isso, a Colômbia há muito tempo já entendeu que o foco deve ser no juvenil – e está colhendo os frutos com vitórias recentes no adulto sobre o Paraguai. Os colombianos desembarcarão na liga por completo em 2021 e a pergunta se estenderá a eles também.

Se não entendermos a urgência de evoluir o rugby de clubes juvenil (para ontem), o efeito da Superliga a médio prazo poderá não ser vitória sobre Uruguai e classificação à Copa do Mundo. O resultado poderá ser derrotas para o Chile – e até mesmo Paraguai e Colômbia.

1 COMENTÁRIO

  1. Totalmente de acordo com o artigo, a CBRU tem que dar um guinada total em seu foco e começar para ontem um novo projeto guiado pelas categorias de base.
    É claro que nossa base não consegue suprir os Tupis no mesmo nível e isso ficará claro este ano na substituição do Tanque.