Brasil duelou com a Espanha em 2017. Foto: FER

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ARTIGO OPINATIVO – Depois de defender a expansão da Copa do Mundo de Rugby para 24 seleções, vou brincar um pouco com o tema e analisar qual poderia ser a distribuição de vagas da Copa do Mundo em 2023, caso se confirme a expansão para 24 equipes.

Primeiramente, é importante lembrar como é a distribuição atual de vagas:

  • No modelo atual de 20 seleções, 12 equipes são definidas pela classificação do Mundial anterior (as 12 melhores de um Mundial ganham vaga no Mundial seguinte). As outras 8 vagas são distribuídas entre os continentes e disputadas ao longo dos 3 anos seguintes;
  • De 2011 para 2015, houve variação nos 12 primeiros colocados da Copa do Mundo, com Japão e Geórgia entrando para a lista dos 12 e Tonga e Samoa saindo dela. Porém, a distribuição de vagas por continentes acabou sendo a mesma quando somados todos os países classificados;
  • Na verdade, entre 1999 e 2011 a Copa do Mundo de Rugby vem tendo quase a mesma distribuição geográfica: 8 times da Europa, 5 da Oceania, 3 das Américas, 2 da África e 1 da Ásia, totalizando 19 times. A única variação vem ocorrendo na 20ª vaga, decidida pela Repescagem Mundial, que já ficou 3 vezes com Américas (1999, 2003, 2015) e 2 vezes com a Europa (2007 e 2011). Para a Copa do Mundo de 2019, a 20ª vaga será definida em novembro de 2018;
  • A Repescagem vem tendo nas últimas Eliminatórias (desde o torneio para 2007) 1 equipe da Europa, 1 das Américas, 1 da África e 1 da Ásia;

Portanto, o que fazer para 2023?

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Para mim, a primeira opção de distribuição, a mais óbvia, é efetivar as vagas da repescagem atual como vagas diretas à Copa do Mundo, ou seja:

  • 9 vagas para a Europa, 5 para a Oceania, 4 para as Américas, 3 para a África e 2 para a Ásia, restando 1 vaga;
  • Essa última vaga para mim deveria ser disputada entre Europa e Américas apenas, já que não vejo nenhuma seleção a mais hoje de Oceania, Ásia ou África justificando outra vaga para tais continentes;
    • Neste caso, provavelmente teríamos uma Repescagem entre o 5º colocado do Americas Rugby Championship (que deverá se efetivar como as Eliminatórias para as Américas a partir de 2021) e o 4º colocado do Rugby Europe Championship (o “Six Nations B”);

Usando o Ranking atual de parâmetro, teríamos:

  • 9 Europa =Inglaterra, Irlanda, Gales, Escócia, França, Itália, Geórgia, Rússia e Romênia;
  • 5 Oceania = Nova Zelândia, Austrália, Fiji, Samoa e Tonga;
  • 4 Américas = Argentina, Estados Unidos, Uruguai e Canadá;
  • 3 África = África do Sul, Namíbia e Quênia;
  • 2 Ásia = Japão e Hong Kong;
  • 1 Repescagem Europa-Américas = Espanha x Brasil;

Porém, analisando com mais cuidado o desempenho recente e a evolução apresentada em cada continente, algumas outras abordagens poderiam ser feitas.

Atualmente, há duas confederações que disputam entre si as mesmas (ou quase as mesmas) vagas: Sudamérica Rugby (América do Sul e Central) e Rugby Americas North (América do Norte e Caribe). Oras, se dois continentes foram somados nas disputas das Eliminatórias, a mesma lógica poderia ser replicada em outro lugar, mais precisamente na Oceania e Ásia.

Para mim, faz todo sentido que Ásia e Oceania tenham uma competição espelho do Americas Rugby Championship. Seria extremamente benéfico para a região, que parece ser hoje a que menos avançou em termos de competições de XV. A África, por exemplo, estreou neste ano seu torneio no estilo “Six Nations”, a Africa Gold Cup, que serviu para as Eliminatórias. Assim, Europa, Américas e África hoje têm o mesmo modelo de competições para o XV (com a diferença que as Américas ainda não iniciaram o sistema de rebaixamento e promoção, mas poderão iniciá-lo a partir de 2020, ainda a ser confirmado).

Com isso, um Asia-Pacific Championship seria lógico, aproveitando o fato do poder ovalado na Ásia estar todo no leste do continente. Tal competição poderia iniciar com Fiji, Samoa, Tonga, Japão, Hong Kong e Coreia do Sul (haveria um desnível inicial de Hong Kong e Coreia para os demais, sim, mas o mesmo era esperado com relação a Brasil e Chile no Americas Rugby Championship e o Brasil mostrou competitividade, aproveitando a oportunidade).

Além disso, eu pessoalmente desgosto do modelo de 12 seleções pré classificadas, mas entendo que os países do chamado Tier 1 (primeiro escalão mundial, os que disputam o Six Nations e o Rugby Championship) não tenham espaço em seus calendários para jogarem mais competições (como, por exemplo, uma Eliminatória inteira).

Com isso, um modelo alternativo (nascido da minha cabeça mesmo), poderia ser:

  • 5 vagas para o Six Nations;
  • 3 vagas para o Rugby Europe Championship;
  • 3 vagas para The Rugby Championship;
  • 3 vagas para o Americas Rugby Championship (sem contar a Argentina XV);
  • 4 vagas para um eventual Asia-Pacific Championship;
  • 2 vagas para a Africa Gold Cup;
  • 4 vagas de Repescagem, entre: 6º do Six Nations, o 4º do The Rugby Championship, o 4º do Rugby Europe Championship, o 4º do Americas Rugby Championship (sem contar Argentina XV), o 5º do Asia-Pacific Championship e o 3º da Africa Gold Cup, com os seguintes confrontos:
    • 1ª fase: Six Nations x Rugby Europe Championship, The Rugby Championship x equipe do mesmo continente (Américas ou Ásia-Pacífico ou África), com os campeões indo à Copa do Mundo;
    • 2ª fase: Perdedores da 1ª fase contra os dois times restantes (pelo Ranking);

Ficou confuso? Vou exemplificar usando como parâmetro o Ranking atual:

  • 5 vagas para o Six Nations = Inglaterra, Irlanda, Gales, Escócia e França;
  • 3 vagas para o Rugby Europe Championship = Geórgia, Rússia e Romênia;
  • 3 vagas para The Rugby Championship = Nova Zelândia, Austrália e África do Sul;
  • 3 vagas para o Americas Rugby Championship = Estados Unidos, Uruguai e Canadá;
  • 4 vagas para um eventual Asia-Pacific Championship = Fiji, Samoa, Tonga e Japão;
  • 2 vagas para a Africa Gold Cup = Namíbia e Quênia;
  • 4 vagas de Repescagem:
    • 1ª fase: Itália x Espanha, Argentina x Brasil;
    • 2ª fase: Espanha x Zimbábue, Brasil x Hong Kong

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