Foto: Dubai 7s

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ARTIGO OPINATIVO – Uma das pautas discutidas na reunião do Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Rugby no dia 22 de março foi a criação de uma nova identidade visual para as Yaras, a Seleção Brasileira Feminina.

Segundo a ata da reunião, a CEO Mariana Miné compartilhou com os membros uma nova identidade visual da seleção feminina com a intenção de garantir uma nova imagem que enalteça as Yaras.

O movimento é muito importante e já o defendi no passado. Quando o símbolo dos Tupis foi criado, em 2012, ele foi pensado claramente apenas para os homens. A imagem na logo remete a um homem indígena e, portanto, não favorece a identificação com a seleção feminina. A adoção do nome “Yaras” em 2014 ajudou a criar uma imagem própria para a seleção, que favorece a sua promoção e a criação de laços mais fortes com a equipe. Entretanto, nome e logo não conectam hoje uma com a outra. É uma falha que já tem 7 anos. Isto é, 7 anos de defasagem de uma identidade visual. A proposta que vem do Conselho corrige tal erro e cria muitas expectativas positivas.

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A questão de nomes e logos próprias para o rugby feminino pelo mundo tem abordagens distintas. Alguns países como Nova Zelândia e Austrália têm identidades específicas melhor trabalhadas para suas seleções femininas, ao passo que outros países as diferenciaram muito pouco ou nada das masculinas.

No caso brasileiro, a seleção feminina tem um posicionamento dentro do cenário global muito distinto da masculina. As Yaras estão entre as 11 melhores do mundo no sevens – e ocupam posições ao redor disso desde o primeiro Mundial que disputaram, em 2009. Trata-se de um sucesso muito maior que o do masculino e reforça a tese da necessidade de criação de uma marca própria, que faça jus à história de sucesso da seleção feminina. Uma identidade própria, se bem trabalhada, pode reforçar a capacidade da marca de atrair atenção, criar uma cultura interna ainda mais forte e valorosa. A questão parece ganhar ainda mais relevância agora com o projeto de crescimento da seleção de rugby XV. Soma-se a isso o fato do rugby masculino ter ganho mais uma marca que poderá lhe adicionar valor no futuro, os Cobras, e a necessidade de se gerar valor para a marca Yaras cresce.

Entretanto, outro assunto que já comentei algumas vezes será determinante para a valorização da marca Yaras. São os eventos. A Seleção Brasileira Feminina não disputa um evento sequer em casa diante do público brasileiro desde 2016 (quando o país recebeu o Circuito Mundial de Sevens em Barueri e os Jogos Olímpicos também no Rio). Desde então houve apenas o Sul-Americano Feminino M18 em São José dos Campos em 2018. Para que as Yaras sejam valorizadas, é essencial que elas joguem em solo brasileiro de tempos em tempos. A seleção de rugby XV poderá ajudar nisso, uma vez que o rugby XV torna mais fácil a organização de eventos. Porém, junto da nova identidade visual, seria muito importante que tivéssemos um plano – ao menos uma intenção declarada, dada a situação de pandemia – de se voltar a ter as Yaras jogando no Brasil nos próximos anos.

Não sei como será a nova identidade visual ou quando ela será lançada, mas trata-se de uma notícia muito relevante. Muito importante.