Foto: Lions

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ARTIGO OPINATIVO – A 2ª semana dos British and Irish Lions já está consumada, e nada melhor do que começar com uma vitória frente aos Lions sul-africanos, inicianod o tour em solo sul-africano em grande forma. Oferecemos a principal notícia da semana, o jogo analisado ao pormenor e ainda um alerta, desta vez positivo, que poderá fazer sorrir os fãs incondicionais de uma lenda do rugby galês.

 

A NOTÍCIA DE ABERTURA: STUART HOGG ASSUME A CAPITANIA…

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Conor Murray é o capitão do tour de 2021 na ausência de Alun Wyn Jones, e Stuart Hogg será o capitão de equipa caso o formação irlandês não comece os encontros de início, pondo fim à especulação de quem estava na hierarquia de líderes dos British and Irish Lions. Para os mais desatentos, Owen Farrell também começou o duelo frente aos Emirates Lions de início, o que demonstra a importância vista em Stuart Hogg não só pelo aspecto técnico, mas sobretudo pela força mental e carácter de uma das lendas vivas do rugby escocês e do Hemisfério Norte.

Existindo ainda a dúvida se Stuart Hogg vai começar de início mesmo contra os Springboks, pois Liam Williams está também na luta pelo lugar de 15, a verdade é que o defesa da Escócia tem um talento natural para liderar a equipa não só pelo virtuosismo e magia que impõe a cada entrada, como pela cultura táctica e capacidade de luta que traz para dentro de campo. Frente aos Emirates Lions, o defesa escocês dos Exeter Chiefs teve três situações que mostraram como o seu input no departamento da liderança pode fazer a diferença: a placagem que tira um ensaio feito de Sibusiso Sangweni, que depois de correr 60 metros sem oposição, foi caçado por Stuart Hogg nos últimos metros, num esforço imenso e que encheu a sua equipa de confiança; aos 17 minutos de jogo, a franquia de Joanesburgo estava completamente “acampada” nos últimos 10 metros dos Lions e após um somar de 4 faltas consecutivas, o juiz de jogo avisou Hogg que na próxima penalidade sairia um amarelo… o defesa pediu calma aos seus parceiros e recuperariam a oval depois, que até adveio de uma boa placagem do próprio; e a confiança depositada na execução rápida das penalidades, insistindo num jogo mais veloz e intenso, sem se preocupar com alguns dos erros que foram acontecendo.

Stuat Hogg sabe comunicar, não se perde em discursos longos e é um jogador que lidera por exemplo, seja na calma que impõe a cada recepção de bola, no perseguir um adversário que parece já estar dentro da área de ensaio ou de injectar o moral suficiente para manter a equipa no patamar certo.

A ANÁLISE AO(S) JOGO(S): LIONS DO NORTE COM RUGBY TOTAL

Penalidades executadas ao estalar dos dedos? Check. Rápido aproveitamento de movimentos e procura de risco constante? Check. Alinhamentos imprevisíveis com a bola a ser introduzida para lá do 3º saltador? Check. Atirar crosskicks sem estar a jogar vantagem nos últimos metros? Check. Ou seja, os British and Irish Lions surpreenderam na estratégia ofensiva, não só por algum facilitismo concedido pelos Emirates Lions mas também pela virtude de terem apostado numa tipologia de jogo de maior aceleração, de apanhar o adversário desprevenido e de constante pressão no centro do terreno, imposta pelas entradas no contacto de jogadores como Chris Harris, Courtney Lawes, Hamish Watson (exibição de gala do asa que marcou vários pontos na luta pela titularidade) e Wyn Jones, procurando rapidamente explorar o jogo exterior.

Finn Russell e Owen Farrell realizaram uma boa combinação entre abertura e 1º centro, que foi nutrindo a equipa comandada por Warren Gatland durante todo o encontro, subindo até de nível na parte final do jogo graças ao cansaço do adversário e pela entrada em grande de Gareth Davies (será ele a sombra de Conor Murray ou Ali Price?) e, principalmente, Elliot Daly que surgiu como 2º centro. Em termos de contrarreação após recepção de um pontapé do bloco contrário, Stuart Hogg foi decisivo no criar de excelentes situações de ataque, com quatro penetrações que resultaram em quebras-de-linha próprias ou de assistência para um colega próximo de si, impondo uma constante ameaça dos Lions sobre a linha-de-defesa contrária.

O pormenor de ter colocado quatro introduções de bola dos alinhamentos directamente nas mãos de centros (Owen Farrell ou Chris Harris) mostra a versatilidade e vontade de querer surpreender os adversários, com duas dessas situações a lançarem jogadas que acabariam por resultar em ensaios, premiando o maior jogo de risco dos homens de Warren Gatland, que apresentou ideias completamente diferentes das observadas em 2017 quando visitaram a Nova Zelândia.

Contudo, nem tudo são boas notícias, pois a defesa cometeu erros excessivos em certos momentos do jogo, como por exemplo a sequência de 4 penalidades entre os 12 e 20 minutos, melhor altura dos Emirates Lions em termos de posse de bola e território. Sim, aguentaram as constantes tentativas desta franquia sul-africana, mas frente aos Springboks, um comportamento similar vai resultar em dissabores constantes, que não vão deixar de fazer a diferença nas formações-estáticas, especialmente na formação-ordenada, outro ponto que os Lions não mostraram domínio… terá sido porque Gatland e Townsend não quiseram aplicar toda a força na disputa de avançados? Ou realmente é um sector que vai ter dificuldades em aguentar a maior mestria dos actuais campeões do Mundo?

De qualquer das formas, o 56-14 revelou um total domínio e show dos British and Irish Lions, que entram na tour com o pé direito, isto depois de terem derrotado o Japão em Murrayfield no fim-de-semana passado.

O ALERTA: ALUN WYN JONES AINDA PODE VOLTAR

De uma lesão que poderia demorar entre 2 a 3 meses de recuperação para um possível regresso em Agosto aos British and Irish Lions, esta foi a última semana de Alun Wyn Jones que parece estar no caminho certo para uma reabilitação física sensacional. Depois de novas avaliações à lesão sofrida frente ao Japão em Murrayfield, o 2ª linha foi substituído na convocatória por Adam Beard, com Warren Gatland a escolher Conor Murray como novo capitão da selecção das Ilhas Britânicas e Irlanda, perspectivando-se assim um fim de tour antecipado para um dos atletas mais emblemáticos do Planeta da Oval.

Na sexta-feira passada, dia 2 de Julho, surgiram novas notícias que apontavam para um possível retorno de Alun Wyn Jones durante os dois últimos test matches em solo sul-africano, dependendo agora da vontade da equipa em acolher o (ex)capitão, sendo este um “problema” bom para o staff técnico dos Lions, uma vez que este regresso extraordinário poderia dar um boost monumental durante os dois jogos decisivos para a conclusão da janela de test matches frente aos Springboks. De acordo com as informações passadas para os media, a equipa médica que tem dado apoio ao 2ª linha chegou à conclusão que apesar de ser um regresso antes do tempo, o facto de Alun Wyn Jones estar perto do fim de carreira possibilita arriscar o ombro, abrindo a porta para voltar à contenda pela camisola 4 dos Lions.

Em relação a Justin Tipuric, o dano sofrido frente aos Brave Blossoms o afastará decididamente até Outubro, não tendo tipo a mesma “sorte” que Alun Wyn Jones no que toca à reavaliação física, pondo um ponto final total na sua participação no tour. 

 

OS STATS QUE NOS INTERESSAM

Maior marcador de pontos: Josh Adams – 20 pontos
Maior marcador de ensaios: Josh Adams – 4 ensaios
Jogador com melhor dados no(s) jogo(s): Stuart Hogg – 3 quebras-de-linha, 80 metros conquistados, 5 defesas batidos, 1 assistência, 5 placagens efectivas e 1 turnover
Lesão preocupante: Nada a apontar
Jogador que surpreendeu: Elliot Daly – entrou do banco e foi decisivo para a obtenção de mais três ensaios na parte final do encontro