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A Federação Paulista anunciou hoje por meio de nota oficial em sua página de Facebook, que seu campeonato adulto de Sevens, programado para acontecer em Ilhabela no fim de semana de 28 e 29 de novembro em etapa única, não será mais realizado.

 

A decisão, segundo seu vice-presidente, Renato Occhionero, foi tomada após consulta aos principais clubes do estado, e provavelmente está relacionada ao fato de todo comitê de arbitragem da entidade se negar a apitar jogos em Ilhabela depois do episódio disciplinar na decisão de terceiro lugar do Paulista B. O julgamento do jogador ainda não foi finalizado, mas o mesmo está suspenso de qualquer atividade até lá. O Ilhabela também anunciou sanções ao jogador.

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Opinião:

Um ponto crítico que levantou dúvidas dos jogadores foi sobre a classificação ao Super Sevens 2016. Não sabemos ainda como será, mas podemos especular. No Super Sevens deste ano, apenas o campeão estadual teve vaga direta, assim como os melhores classificados no BR Sevens do ano anterior (resultando na participação de São José (SP), Niterói (RJ), Uberlândia (MG), Curitiba (PR), Brummers (RS)*, Desterro (SC), SPAC (SP), Ilhabela (SP) e Jacareí (SP)). Se for seguido o mesmo raciocínio, a vaga de campeão estadual estaria em aberto, e os três melhores colocados no Super Sevens que não conquistarem seus respectivos títulos estaduais, também tem vaga assegurada. Assumindo que prevaleça a superioridade de Desterro e Curitiba, São José, SPAC e Jacareí conquistariam a vaga independente de disputar a competição local. Como provavelmente o Super Sevens ocorrerá no fim do ano que vem, e não mais no início, a situação paulista é atenuada. Ainda assim, mesmo a solução das vagas não precisando ser imediata, 2015 ficou sem um campeão, e não por uma opção pré-planejada de acomodação de calendário, e sim por uma situação frustrante.

 

Haveria tempo hábil para organizar o torneio em outro local? Sim, mas há interesse? Pelo cancelamento ser em cima da hora, seria necessário encontrar uma nova sede rapidamente, e isso implica encontrar um clube que se disponha a fazer a organização em pouco tempo, para não prolongar ainda mais a temporada até dezembro. Arena Paulista (tem condições? O gramado vem sofrendo)? SPAC (usando o próprio Lions)? Outro clube? Qual o incentivo de um clube para sediar o torneio?

 

Seria possível trazer árbitros de outros estados? Provavelmente não, pois envolveriam custos mais altos, especialmente de deslocamento. Além de criar uma situação ruim com a arbitragem paulista.

 

Foi correta a decisão dos árbitros? É, no mínimo, compreensível. Segundo relatos de árbitros que o Portal do Rugby teve contato, não foi a primeira ocorrência no local, e se os mesmos temem por sua integridade física, não devem participar de uma atividade em que não se sintam seguros. No lugar deles, você atuaria?

 

Aqui, muito precisa ser debatido pelos participantes, tanto em termos de interesse de todos os envolvidos (federação, em buscar o “plano B”, e clubes, em se proporem a solucionar a situação), como em termos da construção do calendário. O sevens masculino parece ser um incômodo na montagem da temporada, e não uma disputa cobiçada e almejada. A cada ano, com o XV inflando e os jogadores mais cansados (sobretudo depois da mais intensa temporada da história), o sevens parece ser um ônus, e isso precisa ser discutido amplamente por todos. Clubes e federação têm que conversar: o que queremos do sevens masculino estadual? Com elencos esgotados depois da maratona do XV, como e quando seria melhor para todos que o sevens fosse jogado? O episódio de Ilhabela é parte do imponderável, mas a ausência de uma solução é frustrante.

 

Certamente o que não queremos é o estado com mais clubes de rugby no país simplesmente não ter estadual da modalidade neste ano. É triste ocorrer assim.

8 COMENTÁRIOS

  1. Srs.

    Nenhuma decisão será fácil para qualquer dirigente afinal cancelar um etapa de sevens no ano que antecede os Jogos Olimpícos no maior estado do Brasil que se tem rugby é frustante e todas as reações devem ser aceitas mas com respeitado a decisão final. Mas me perdoe FPR o que falta no geral é um calendário bem definido, um acerto previo com os clubes e que CBRu saiba que tudo começa pelo planejamento deles também. Não se arruma a casa em um mes e sim no mínimo 1 ano. Se o organizador desta etapa foi punido que seja punido e não se arrume desculpa para punir outros. Me faz lembrar como professor e aluno quando nos puniam ou punem que não se entregar pelo mal feito. Queremos ser grandes e mostrar os valores do rugby para o Brasil por isso devemos ter uma lógica e não essa babação de valores que poucos demosntram. Todos erram poucos amadurecem. Fico triste mas não se pode calar. Que venha 2016 mais velhos mais maduros e que realmente sejamos grandes no rugby em todos os aspectos dentro e fora do campo.

  2. Por que não fica exposto o que aconteceu e quem fez? Pra acontecer uma coisa desse nível (cancelamento) é porque é algo que todas as equipes devem saber exatamente o que aconteceu. Alguém pode me dizer? Além de “jogador discutiu e juiz não gostou”. Tive minha equipe do Pinda Rugby completamente prejudicada por essa decisão. Corremos atrás de apoio da nossa prefeitura, e conseguimos. E agora? Que situação lamentável…
    Só pra constar que seria o terceiro ano consecutivo que iríamos participar do torneio. Não fomos consultados.

  3. O grande problema é que se pensa no Seven como parte do XV, são modalidades diferentes e os times precisam montar elencos distintos, pois se caminhamos para um XV de alto rendimento de seus jogadores, devemos desvincular o seven e tratar como um núcleo também de alto rendimento independente do calendário do XV Assim solucionamos calendários.

  4. É fato que arrumar um apoiador para um esporte ainda pouco conhecido é difícil, agora, mostrar que nem a federação paulista de rugby tem organização é lamentável. Não apenas critico o péssimo fato de cancelar um evento tão próximo da data, mas tambem o tamanho descaso em não fornecer informações, “informaremos assim que tivermos noticias”, não é uma resposta respeitável para dar para uma empresa que confia em todo um trabalho. Agora fica a dura tarefa de pedir desculpas em quem um dia confiou, a dura tarefa de apenas lamentar e a dura tarefa de pedir desculpa para atletas que se dedicaram e se ajustaram para algo, que ao meu ver, seria inevitável visto a desorganização que já mostram a tempos.

  5. Amigos, realmente um fato lamentável e uma falta de respeito imensurável. Na verdade o rugby nacional e paulista vêm crescendo bastante pós-retorno do rugby nas olimpíadas do Rio. Dessa forma, a demanda por torneios, cursos de capacitação entre outros também aumentou. Entretanto, a nossa FPR continua sendo gerida da mesma forma que há muitos anos atrás. Portanto, se realmente queremos uma FPR mais estruturada e que de condições adequadas às equipes, arbitragem, dirigentes entre outros para desenvolverem, chegou a hora dos clubes e talvez a própria CBRU atuarem com mais força na FPR ou criar Ligas regionalizadas como já vem acontecendo em algumas regiões na tentativa de suprir esta deficiência .