Foto: Phil Walter/Getty Images

Tempo de leitura: 5 minutos

Chegou a hora de colocar as atenções no rugby das grandes seleções do mundo. Nesse sábado, dia 20, será dada a largada para o Rugby Championship de 2019, competição que marcará o início da maratona de muito rugby internacional que só terá fim com o encerramento da Copa do Mundo em novembro.

A competição terá todos os jogos exibidos na ESPN e coloca frente a frente as quatro grandes seleções do Hemisfério Sul: Nova Zelândia (All Blacks), Austrália (Wallabies), África do Sul (Springboks) e Argentina (Pumas). Desta vez, excepcionalmente por ser ano de Copa do Mundo, o Championship contará com turno único, isto é, serão somente 3 rodadas, com os times se enfrentando apenas uma vez.

- Continua depois da publicidade -

 

Esperanças e jejuns

Desde que a Argentina foi aceita no torneio, em 2012, apenas duas seleções ergueram a taça. A Nova Zelândia venceu simplesmente todos os torneios desde então, exceto um: o de 2015, o único neste período que foi com o mesmo formato de 2019, isto é, com apenas 3 rodadas. Em 2015, o título ficou com a Austrália que, no entanto, não conseguiu repetir o feito na sequência e acabou derrota pela Nova Zelândia na final da Copa do Mundo daquele ano.

Se o formato traz esperanças para os Wallabies, o momento é de jejum incômodo para os Springboks. O último título da África do Sul foi no já distante ano de 2009, quando a Argentina ainda não participava da competição, que era na época chamada de Tri Nations (reunindo Springboks, Wallabies e All Blacks apenas). Já se vão 10 anos da última taça verde e ouro.

Para tornar o torneio de 2019 emocionante, os dois últimos colocados de 2018 jogarão 2 partidas em casa e 1 fora. Isto é, Wallabies e Pumas terão mais partidas em casa do que All Blacks e Springboks.

 

All Blacks amplos favoritos

Não há dúvida alguma de que o favoritismo do Rugby Championship seja da Nova Zelândia e os All Blacks falam abertamente da importância do torneio na preparação para a Copa do Mundo. Curiosamente, no entanto, os dois últimos títulos mundiais neozelandeses vieram em anos que a Nova Zelândia perdeu o título do Championship para a Austrália: 2011 e 2015.

O elenco kiwi é o mais completo do mundo e o momento da seleção não é o melhor, uma vez que o fim de 2018 foi de derrotas para África do Sul e Irlanda. Mas os tropeços ocorreram quando ainda eram inconsequentes e a vitória em novembro em Londres por 16 x 15 sobre a Inglaterra aponta que o time neozelandês segue superior a qualquer seleção em momentos de decisão. Mais que isso, a superioridade absoluta dos Crusaders no Super Rugby e outra grande campanha dos Hurricanes provam que o rugby da Nova Zelândia ainda está sensivelmente acima da concorrência.

As disputas pelas camisas titulares serão uma atração a parte nos All Blacks. Perguntas como “Beauden Barrett ou Richie Mo’unga?” e “Aaron Smith ou TJ Perenara?” permeiam o papo do dia a dia oval. Para o torneio, Sam Cane será o capitão, mas o elenco tem múltiplas lideranças, como Kieran Read, Sam Whitelock, Owen Franks ou Ben Smith.

Abrir o torneio foram de casa contra a Argentina será bastante interessantes, com os argentinos “mordidos” pela derrota para os Crusaders na final do Super Rugby. Mas o mando de jogo contra os Springboks no sábado de semana deverá ser o momento chave da campanha pelo título.

 

Springboks sem Kolisi e com a pior tabela

A África do Sul tem a tabela de jogos mais complicada. Os Springboks abrirão o torneio em casa contra os Wallabies, o que é crucial para a evolução mental da equipe, que ainda segue em construção, após um novembro bastante competitivo – de derrota por 12 x 11 para a Inglaterra e vitórias sobre França e Escócia. O jogo fora de casa na segunda rodada contra os All Blacks é o mais indesejáveis, mas 2018 provou que a vitória sul-africana é possível, com os Boks tendo quebrado jejum no ano passado triunfando em solo neozelandês.

Se o momento do time do técnico Rassie Erasmus é de evolução, ainda há muitas questões pairando sobre o elenco. O capitão Siya Kolisi, lesionado, deverá perder o Championship, e Erasmus já deixou claro que não terá força máxima contra os Wallabies no Ellis Park. O plano da comissão técnico foi de formar dois elencos distintos para os dois primeiros jogos, para preservar o grupo do desgaste do deslocamento da África do Sul para a Nova Zelândia. Isso significará um verdadeiro laboratório pré Mundial para os Boks.

 

Wallabies sob muita pressão

Ninguém está em situação tão delicada no Hemisfério Sul quanto os Wallabies. A Austrália se salvou da lanterna do Championship em 2018, mas fechou o ano com derrotas para Inglaterra (37 x 18) e Gales (09 x 06), vencendo em novembro somente a Itália. O técnico Michael Cheika está pressionado e de quebra não conta mais com o craque Israel Folau. Na verdade, o momento daqui até o Mundial na verdade parece uma grande despedida na Austrália, com nomes importantes, com Will Genia pendurando as chuteiras da seleção ao final do ano e Bernard Foley deixando o Super Rugby. Para piorar, Taniela Tupou foi assaltado na África do Sul ontem chegando ao país.

Mas há otimismo na Austrália também, por conta do percurso no Championship, gerado em parte pelo bom desempenho dos Brumbies no Super Rugby – superior a todos os times sul-africanos. Além disso, a abertura do torneio fora de casa contra a África do Sul, que promete um elenco alternativo, não é de todo ruim e, caso produza uma vitória australiana (plenamente possível), poderá oferecer o necessário bom ambiente para o restante do trabalho e com mais dois jogos em casa, contra Argentina e Nova Zelândia, um desfecho acima do esperado (até mesmo um título) para os Wallabies poderá se tornar realidade.

 

Pumas no embalo dos Jaguares e com tabela favorável

A Argentina vive grande momento. Após um 2018 fraco dos Pumas, de quatro derrotas em quatro jogos em novembro (Irlanda, França, Escócia e Barbarians), a vida do rugby argentino melhorou da água para o vinho, com uma extraordinária campanha dos Jaguares no Super Rugby, culminando no vice campeonato inédito.

É inegável que os Jaguares são na prática os Pumas, mas a seleção promete ser ainda superior, com adições clínicas de grandes nomes que atuam na Europa. Cordero para a linha, Sánchez e Urdapilleta para a camisa 10 (já que Bonilla não é o abertura dos sonhos), Figallo e Herrera para a primeira linha (que também precisa de reforços) e Isa para a terceira linha oferecerão uma evolução ainda maior à Argentina. Com dois jogos em casa, sendo uma estreia contra os All Blacks (como toda a estreia, sujeita a surpresas) e um encerramento contra os Springboks, além de um jogo fora de casa contra a seleção mais problemática do momento, a Austrália, o calendário argentino é o mais favorável e permite que os Pumas sonhem com sua melhor colocação na história (até hoje, apenas uma vez os argentinos escaparam do último lugar).

Sem dúvida, os Pumas são a bola da vez e não são mais “amplos favoritos” ao último lugar.

 

Tabela

*Horários de Brasília

Dia 20/07 – 12h05 – África do Sul x Austrália, em Joanesburgo

Dia 20/07 – 15h05 – Argentina x Nova Zelândia, em Buenos Aires

 

Dia 27/07 – 04h35 – Nova Zelândia x África do Sul, em Wellington

Dia 27/07 – 07h00 – Austrália x Argentina, em Brisbane

 

Dia 10/08 – 07h00 – Austrália x Nova Zelândia, em Perth

Dia 10/08 – 16h40 – Argentina x África do Sul, em Salta

 

Histórico

PaísNúmero de títulosAnos dos títulosVices3ºs4ºs
Nova Zelândia171996, 1997, 1999, 2002, 2003, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017, 2018 e 2020530
Austrália42000, 2001, 2011 e 20151370
África do Sul41998, 2004, 2009 e 20196121
Argentina0117
1996 - 2011 - Tri Nations Series (Nova Zelândia, Austrália e África do Sul);
2012 - 2019 - The Rugby Championship (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina);
2020 - Tri Nations Series (Nova Zelândia, Austrália e Argentina);
2021 - The Rugby Championship (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina);