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Como sempre, todas as Bledisloe’s são excelentes palcos para lançar alguns estreantes dos Wallabies e All Blacks que carregam um estatuto especial de futuras estrelas dominantes no cenário internacional e na edição 2020 não deverá ser diferente. Escolhemos quatro jogadores que vão com certeza jogar em pelo menos um dos quatro encontros agendados entre as selecções da Nova Zelândia e Austrália, e explicamos o porquê de estarem predestinados a serem algo mais do que um nome nas convocatórias!
Will Jordan (All Blacks)
Pela segunda temporada consecutiva, Will Jordan foi um dos melhores finalizadores dos Crusaders com 16 ensaios em 19 jogos, sem esquecer as inúmeras assistências e quebras-de-linha provocadas pela sua velocidade quase ímpar e uma série de skills que conseguem desarmar placadores e linhas de defesa, entusiasmando tudo e todos pelo rugby pulsante, energético e vertiginoso. Aos 21 anos de idade recebeu a sua primeira chamada para os All Blacks e não há margem para dúvida do porquê de Ian Foster ter optado por convocá-lo… a questão vai então para como será utilizado o utility back dos Crusaders.
A ponta ou defesa? A polivalência de Will Jordan é uma das suas “armas” que o tornam um jogador irresistível para qualquer treinador, pois tanto tem capacidades estupendas na leitura do jogo como defesa, sabendo quando e em que tipo de estratégia ao pé deve a equipa seguir, e como ponta consegue ter os apetrechos suficientes para aproveitar oportunidades para seguir até à área de ensaio, seja através de um sidestep letal ou uma finta de passe mirabolante. Imaginem um três-de-trás com Will Jordan, Damian McKenzie e George Bridge/Sevu Reece, onde a velocidade encontra a esperteza em como encontrar pequenas, mas boas, falhas para explorar, onde o killer instinct encontra a frieza e a delicadeza de explorar o tabuleiro de jogo de uma forma assertiva.
Noah Lolesio (Wallabies)
Terá poucas oportunidades para ser titular e comandar as linhas atrasadas dos Wallabies, mas pela forma como Dave Rennie aprecia os vários e muitos talentos de Noah Lolesio, será impossível que não ofereça a sua perspicácia e genialidade durante estas series da Bledisloe 2020. Apareceu do nada nesta temporada ao serviço dos Brumbies e, desse mesmo nada, tornou-se uma referência dos actuais campeões do Super Rugby AU brilhando com a bola nas mãos de uma forma especial e que proporcionaram grandes momentos durante a época, como aconteceu na final da competição australiana.
O abertura possui um ADN algo diferente dos seus antecessores, seja pela estatura física ou pela forma como gosta de manobrar a oval em seu poder, conseguindo combinar aquela destreza e criatividade louca de Quade Cooper com a lealdade e trabalho insistente de Christian Lealiifano, mas com algumas “pinceladas” próprias suas como: a facilidade de transitar de uma opção de jogo à mão para o pé num micro-segundo, forçando um erro no adversário; um jogo ao pé de belo calibre e que oferece estabilidade de território à sua equipa (não há excelente na conversão aos postes, um detalhe que irá certamente melhorar no futuro próximo); e a disponibilidade para se envolver nos processos defensivos não só como um placador (não é extraordinário mas não consente falhas preocupantes) como também na organização e comunicação com os seus colegas. James O’Connor será o líder da estratégia ofensiva dos Wallabies nos primeiros embates, com Noah Lolesio a ser de certeza um dos agentes de solução a partir do banco de suplente. Luxo para Dave Rennie!
A future Wallaby? 🤔
Noah Lolesio guided the Brumbies to victory over the Rebels with shades of Christian Leali'ifano in his game 🔥
— Ultimate Rugby (@ultimaterugby) July 5, 2020
Hoskins Sotutu (All Blacks)
A luta pela terceira-linha na Nova Zelândia será, no mínimo, entusiasmante para os adeptos mas altamente extenuante para quem vai estar envolvida nela em cada treino e jogo, pois com Akira Ioane, Shannon Frizell, Sam Cane, Ardie Savea, Cullen Grace, Dalton Papalii e Hoskins Sotutu, sendo este talvez o que toda a gente espera mais por ver com a camisola preta vestida. Como Lolesio, Sotutu teve uma ascensão meteórica dentro do Super Rugby, conquistando um lugar nos Blues como nº8 (afastou Akira Ioane desta posição quase por completo) graças à imposição física que ostente a cada novo arranque pautada também pela destreza e agilidade como entra no contacto ou no espaço, sem esquecer o brilhantismo na leitura das fases estáticas e no apoio às movimentações mais aceleradas das linhas atrasadas.
Outro detalhe importante é a cultura defensiva presente no avançado de 22 anos, com uma placagem de supra fisicalidade e uma categoria bem trabalhada no turnover, sustendo-se nas suas pernas de uma forma impressionante. Está destinado a ser uma das futuras referências dos All Blacks e mesmo tendo Ardie Savea à sua frente, não será de estranhar vê-lo a entrar como suplente durante estas series entre Wallabies e All Blacks.
Hoskins Sotutu…is there anything you can’t do?
📽️: @SkySportNZ#BLUvHIG pic.twitter.com/ALLygP09ed
— Super Rugby (@SuperRugbyNZ) June 27, 2020
Harry Wilson (Wallabies)
Se Sotutu capturou as atenções de tudo e todos, o que dizer do wonderkid dos Queensland Reds, Harry Wilson? Em 2019 alinhou pelos sub-20 da Austrália e já nessa altura prometia ter a capacidade para se afirmar como um dos nomes de referência para o futuro dos Wallabies, conquistando um lugar no elenco de Dave Rennie logo no seu primeiro ano de sénior. Harry Wilson não é soberbo no breakdown (Fraser McReight, seu colega de equipa nos Reds e que também consta nos convocados dos Wallabies, está num patamar cimeiro nesse aspecto por exemplo) mas é um lutador acérrimo na defesa, revelando excelentes números nesta sua primeira época pelos Reds (mais de 100 placagens e uma percentagem de 94% de eficácia) para não falar da disposição física para estar sempre a recolocar-se na linha-de-defesa, o que mostra uma frescura física necessária para atingir o nível de Wallaby.
No seu bom reportório enquanto jogador existe outras qualidades a destacar, como as suas autênticas cavalgadas imparáveis com a bola em seu poder, forçando quebras-de-linha e autênticas oportunidades de ensaio para si e para a sua equipa, com um poder para equilibrar e potenciar todo o ataque. Vai ter de lutar com Pete Samu pela camisola 8 da Austrália e será interessante perceber se até ambos podem funcionar juntos na mesma 3ª linha, até porque ter os dois a semear destruição seria idílico para os Wallabies.