Tempo de leitura: 5 minutos

ARTIGO COM VÍDEO – estreia parecia que seria tranquila para a África do Sul, que teve pela frente o Japão em Brighton. Todos sabiam que o time japonês está em evolução, mas ninguém acreditava que uma vitória do Japão seria possível. E o improvável se tornou realidade. Um jogo perfeito do Japão e um pesadelo para a África do Sul terminaram com a maior zebra da história da Copa do Mundo de Rugby. Japão 34 x 32 África do Sul, de cair o queixo de qualquer comentarista.

 

O Japão fez um jogo taticamente perfeito, com o técnico Eddie Jones dando um verdadeiro nó em Heyneke Meyer, que já caiu em desgraça com a torcida. O veterano time sul-africano teve incríveis 70% de posse de bola e território, o que náo significaram nada. Sem qualquer criatividade e com sua dupla de scrum-half e abertura – Pienaar e Lambie – completamente ausente da peleja, a linha sul-africana não foi alimentada. Mas, o destaque máxima esteve no pack de forwards. Poucas seleções no mundo podem se gabar de se impor sobre os Springboks no jogo de contato. E o jogo – taxado de pequeno fisicamente – mostrou que no rugby moderno a técnica tem ainda muito espaço. Os Brave Blossoms foram valentes, mantiveram uma defesa ferrenha e precisa e venceram o jogo na base da dedicação e da inteligência, fechando os espaços dos Boks, garantindo penais preciosos e não cometendo erros (apenas dois knock-ons durante o jogo inteiro). Mais impressionante ainda foi a forma de seu pack, que jogou em igualdade com o pack sul-africano e prevaleceu no fim, quebrando os estereótipos sobre a fragilidade física asiática.

- Continua depois da publicidade -

 

Desde o começo o pack japonês demonstrou sua capacidade destrutiva, impondo grandes dificuldades aos sul-africanos. Os primeiros pontos não tardaram e Goromaru abriu o placar aos 7′ com penal para os vermelhos, mas perdeu seu segundo penal pouco depois. A África do Sul teve sérias dificuldades criativas e somente foi capaz de garantir seu try em maul após lateral aos 17′, finalizado por François Louw. 7 x 3, mas que se provaram insustentáveis. Mesmo com mais posse de bola, a África do Sul seguiu com graves problemas em achar espaços e, após lateral aos 28′, o maul quase finalizou-se em try, com os japoneses perdendo o apoio a milímetros do in-goal. Como o Japão já jogava em vantagem, a opção foi feita por novo lateral seguido de maul e, dessa vez, Leitch finalizou com o try da virada nipônica, 10 x 7.

 

Sem criatividade, a resposta sul-africana foi na mesma moeda, com Bismarck du Plessis finalizando maul com try para os Springboks, encerrando o primeiro tempo em 12 x 10 para os Springboks, que pararam na defesa asiática.

 

A conversa de vestiário parece que não ajudou muito e os Boks voltaram a sentir a pressão japonesa, com Goromaru arrematando novo penal aos 42′, virando o marcador. A maré parecia virar a favor dos verdes, que recuperaram uma bola aos 47′ e De Jager rompeu a defesa japonesa para cravar o try. Mas, a indisciplina sul-africana seguiu crônica e Goromaru concluiu mais dois penais que empataram o placar em 19 x 19. Aos 56′, Lambie converteu penal para os sul-africanos, mas Goromaru arrematou mais um empatando novamente. Somente aos 61′, em erro de Fumiaki Tanaka no box kick, Adriaan Strauss arrancou e quebrou novamente a defesa japonesa – que, apesar de sua qualidade, errou um total de 21 tackles – e fez o try de bônus da África do Sul. Alivio? Parecia, mas não.

 

Ao invés de sentir a pressão física dos Boks no segundo tempo, a Japão cresceu e nem as substituições salvaram a África do Sul do vexame. Em troca exímia de passes, Goromaru concluiu um brilhante try para os Brave Blossoms aos 68′, empatando novamente a partida. Os minutos finais tensos levaram a África do Sul a apostar em chute aos paus na primeira chance de penal que teve, sentindo o momento positivo da defesa vermelha. 32 x 29, mas mentalmente o momento era favorável aos “underdogs”. E o inesperado se consumou. Faltando um minuto para o fim, o Japão garantiu seu penal e não quis chutar aos postes. Com muita coragem, o Japão optou pelo scrum – e contra os outrora temíveis Springboks – e atropelaram, caindo para o try que não foi validado pelo TMO. O scrum foi marcado e novo colapso sul-africano deu mais um penal para os japoneses, que apostaram em mais um scrum. E o Japão foi implacável, já com o tempo regulamentar esgotado. Um chute de penal garantiria o empate para o Japão, mas o scrum permitiu o try da vitória, quando os Boks já jogavam com um a menos pelo amarelo a Oosthuizen. A bola viajou até a ponta e Hesketh concluiu o try da épica vitória dos Brave Blossoms. A primeira da história sobre os Springboks no primeiro jogo da história entre os dois times. A maior vitória da história do rugby japonês e a maior derrota da história da África do Sul. Maior zebra de todos os tempos.

 

Na coletiva de imprensa, Eddie Jones, técnico japonês, comentou que “nunca ganhamos dos Boks, mas agora temos que pensar na Escócia. Hoje fomos mais que valentes. Pedimos scrum no final porque eles tinham um homem a mmenos a nós entramos em campo querendo a vitória. Em 20 anos, nunca o Japão trabalhou tanto para um Mundial, o jogo simplesmente aconteceu”. Verdade absoluta.

 

A África do Sul joga novamente no dia 26 contra Samoa, enquanto o Japão pega a Escócia daqui quatro dias, no 23.

 

springboks logo%283%2932versus(14)34japão logo novo copiar

África do Sul 32 x 34 Japão, em Brighton

Árbitro: Jérôme Garcès (França)

Assistentes: JP Doyle (Inglaterra) e Federico Anselmi (Argentina) / TMO: Graham Hughes (Inglaterra)

 

África do Sul

Tries: Louw, B du Plessis, De Jager e Strauss

Conversões: Lambie (2) e Pollard (1)

Penais: Lambie (1) e Pollard (1)

15 Zane Kirchner, 14 Bryan Habana, 13 Jesse Kriel, 12 Jean de Villiers (c), 11 Lwazi Mvovo, 10 Pat Lambie, 9 Ruan Pienaar, 8 Schalk Burger, 7 Willem Alberts, 6 Francois Louw, 5 Victor Matfield, 4 Lood de Jager, 3 Jannie du Plessis, 2 Bismarck du Plessis, 1 Tendai Mtawarira.

Suplentes: 16 Adriaan Strauss, 17 Trevor Nyakane, 18 Coenie Oosthuizen, 19 Pieter-Steph du Toit, 20 Siya Kolisi, 21 Fourie du Preez, 22 Handré Pollard, 23 JP Pietersen.

 

Japão

Tries: Leitch, Goromaru e Hesketh

Conversões: Goromaru (2)

Penais: Goromaru (5)

15 Ayumu Goromaru, 14 Akihito Yamada, 13 Male Sau, 12 Craig Wing, 11 Kotaro Matsushima, 10 Kosei Ono, 9 Fumiaki Tanaka, 8 Hendrik Tui, 7 Michael Broadhurst, 6 Michael Leitch, 5 Hitoshi Ono, 4 Luke Thompson, 3 Kensuke Hatakeyama, 2 Shota Horie, 1 Masataka Mikami.

Suplentes: 16 Takeshi Kazu, 17 Keita Inagaki, 18 Hiroshi Yamashita, 19 Shinya Makabe, 20 Amanaki Mafi. 21 Atsushi Hiwasa, 22 Harumichi Tatekawa, 23 Karne Hesketh.
 

 

SeleçãoJogos 2014-16Pontos 2015-16Pontos 2014-16
Luxemburgo82036
Eslovênia81428
Sérvia81018
Áustria80511
Dinamarca80508

6 COMENTÁRIOS